terça-feira, dezembro 12, 2006

Restos dos Últimos Dias

Hoje já é terça-feira e eu ainda sem conseguir terminar meus trabalhos. Não é que eu não tenha idéias sobre o que escrever, é que eu tenho muito mais idéias sobre milhões e milhões de outras coisas me martelando na cabeça e me desconcentrando totalmente. É difícil desligar um tipo de pensamento pra que eu me concentre só em outros, nos úteis, naqueles que me farão terminar meus trabalhos e estudar pra prova de HSPB. Bem, pelo menos consegui terminar um e meio: o de catalogação e metade do bendito de PSI. Se eu não terminar a outra metade esta noite (são duas e quarenta e três da madrugada), não ganho meu tão almejado SS, fico com um MS rasteiro, 7 cravado. E de manhã ainda tenho aquela aula das 8h na qual eu não posso ter mais nem meia falta. Professora xarope! Me dar meia falta por causa de atraso! Que raiva! Mas, tudo bem, eu quero é meu SS e pronto. Ela pode até me dar a PORRA da meia falta por atraso desde que não me tire meu SS. Já me basta pensar que não ficarei com SS em HSPB por conta do MS na bendita prova em grupo. Eu deveria ter complementado aquela bendita questão que aqueles meninos responderam. Mas eu estava cansada e de saco cheio de complementar questões. Aí me dei mal: MS. Odeio esses MS quando eu deveria ganhar SS. Mas, enfim, tá tarde pra caralho, eu tô me sentindo estranha por conta da dose cavalar de guaraná em pó que tive que tomar pra agüentar até agora, então eu paro por aqui e retomo meu bendito projeto de PSI. preciso aproveitar que, por hora, meu micro parou de dar a pala. Eu já estava pra chorar enquanto fazia o trabalho de catalogação porque ele ficava travando todo minuto e não salvava porra nenhuma do que eu havia feito. Isso é desesperador! Realmente preciso de um micro novo esse ano. Esse ano é ano de matérias muito importantes, de estágios, de gerência, não posso ficar travando batalhas contra a tecnologia. Preciso me precaver. E preciso de uma impressora que funcione. Preciso MUITO.

Boa noite, meus senhores e até as férias que esses próximos dias continnuarão punk rock hard core trash metal pra mim... :/

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O meu amigo do trabalho gravou outro cd pra mim, uma cópia de um dos cd’s novos da Bethânia, Mar de Sophia. Ele já me disse que ano que vem não estará mais na escola por conta da modulação e eu fiquei triste. Gosto muito dele, gosto de conversar com ele, das piadinhas dele. Ele é um cara bacana, divertido e bem agradável de se conversar. É, essa coisa de se trabalhar em escolas públicas tem disso: os colegas estão sempre mudando, chegando e saindo. Não costuma acontecer d’eu dar graças aos deuses por me livrar da companhia de colegas de trabalho (direção não incluída aí, claaaaaro!), normalmente eu fico é triste por mudar de escola ou por eles mudarem, mas isso é positivo, até certo ponto, porque nos coloca em contato com gente diferente o tempo todo. Especialmente no que diz respeito aos contratos temporários que têm mais mobilidade, são menos estáveis nas escolas. Puxa, desde que entrei na SE, já conheci tanta gente bacana! Bem, não dá pra ser tudo sempre bom, então as direções sempre têm que ter alguma coisa meio fora de propósito ou ser simplesmente bizarras como na escola passada. Mas, enfim, o importante é que esse era um dos meus maiores medos, não me relacionar bem com as pessoas do trabalho. Até hoje, na verdade, isso ainda me dá medo, sabe? Mudar de escola, começar algo totalmente diferente, deixar o que demorou tanto tempo pra ser cativado de lado e recomeçar. Recomeçar. O ano está acabando e isso bom porque entrarei de férias em breve. Não viajarei. Não tenho pra onde ir e nem muito menos com quem. Nem pra o Piauí devo ir esse ano... afff... Ficarei aqui mesmo, farei o Verão se tiver alguma matéria que eu possa fazer. Se não, ficarei acordada de madrugada como eu tanto gosto, dormirei de dia, lerei muitos dos livros que estão ali na fila de espera e farei uma base de dados pra eu saber tudo o que tenho. É que às vezes me pedem livros emprestados que eu não consigo saber se tenho ou não. Assim eu já até saberei quem pegou emprestado, quando e coisas do tipo, afinal eu sou uma bibliotecária, n’est pas? Provavelmente passarei uns dias na casa da minha-irmã-13-anos-mais-velha-que-eu porque ela já me chamou e eu gosto dela e do meu sobrinho e a gente pode ver um monte de filmes lá. Ela quer que eu vá pra roça com ela no reveillon. Acho que não vou. Não gosto de roças nem no reveillon. Ok, seria uma experiência antropológica finalmente conhecer essa tal “roça” que o povo da minha família tanto gosta, mas não sei se o reveillon será o melhor momento. Talvez, se não houver mais nada o que se fazer, até seja mesmo e eu até vá. Sei lá. Vou pedir pra ficar na casa dela é no natal. A festa desse ano será na casa da minha-irmã-cujo-marido-eu-não-suporto, portanto não irei. Óbvio e ululante. Pra não ficar à toa na minha casa que não tem tv nem dvd, peço pra ir pra lá. Bem, pra mim o natal é mais um dia como todos os outros, é mais um feriado religioso, mas o foda é ouvir musiquinha de natal de tudo quanto é lado, e gente comemorando como se realmente fosse o aniversário de alguém e tudo fica fechado, ou seja, eu nem sequer poderei ir ao cinema sozinha... É, eu sei, meus senhores, preciso comprar mesmo um computador novo com leitora de dvd porque aí não precisarei ir a lugar algum em ocasiões como essa. Poderei ficar em casa vendo Lost sossegadamente enquanto o resto do mundo comemora nascimento de Jesus e, nos outros 364 dias do ano, se esquecem de toda a misericórdia e compaixão que tão apaixonadamente pregavam nesse dia de natal. Desde que eu não ganho presente de natal a festa perdeu totalmente o sentido pra mim já que não sou cristã, eu sequer acredito na existência desse deus da tradição judaico-cristã. Ainda por cima acho um absurdo essa cara-de-pau das pessoas que resolvem dar comida pra os pobres como se eles só sentissem fome nesse dia específico do ano. Todos os abraços que são facilmente esquecidos porque falsamente dados apenas porque era natal... Natal é uma coisa tão artificial! Talvez pra o pessoal do sul do país com seu clima frio e sua origem européia pode até não ser, mas no Planalto Central ver essa decoração de pinheiros cobertos de neve é agressivo! Tudo bem, eu confesso que gosto das comidas de natal, as mesas fartas, frutas, pernil, salpicão, arroz de forno com passas, tender, etc. etc. etc. Whatever. Quem quiser e puder que aproveite o natal. Eu já estarei de férias mesmo, então será mais um feriado sem serventia alguma pra mim.
Ainda bem que existe Lost em dvd!

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Não tenho saído muito. Na verdade, tenho saído só aos sábados mesmo. Não sei se nessas férias será diferente. Não adianta querer ir a festas sozinhas. Nem quando eu ia às festas góticas eu não ia sozinha, imagina agora! Ir ao cinema sozinha, tudo bem, eu até fui outro dia, mas esqueci completamente o que fui ver... Enfim, ir ao cinema só agora até que é mais normal pra mim, mas ir à festas... ah não, acho que esse é um processo bem mais demorado, se é que algum dia vai acontecer d’eu ir a uma festa sozinha.

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Não, meus senhores, nada de mais, nada de novo aconteceu. Somos só eu e essa minha cabeçona-de-mamão completamente cheia de coisas que, no final, mais me atrapalham que ajudam. Fui a uma festa há dias atrás e a qualidade do som estava ruim, mas eu dancei e isso é sempre o que me importa numa festa. Eu nunca vou à festas pra bater papo e – FELIZMENTE – já passei há séculos da fase predadora. Bem, não estou numa fase presa também porque, meus senhores, se vocês me conhecem sabem, eu fico no meu canto e danço e olhos fechados. E não é todo dia que algum corajoso (bêbado ou não) me aparece falando alguma gracinha. Eu também fico na maior preguiça de fazer qualquer movimento que seja na direção de qualquer cara que seja então vou ficando assim mesmo, sem ficar com ninguém. Ok, eu admito que depois da cirurgia eu até que abro mais os olhos enquanto danço, mas a cirurgia só reparou a miopia, minha lerdeza continua intacta. Acho que fingi durante tanto tempo ser uma tapada que acabei acreditando e agora fica difícil não ser tapada... É como no filme que vi dia desses também “o grande truque”. Eu também vivi durante tanto tempo esse “truque”, que já não há mais diferenciação entre o que é mentira e o que é verdade na minha vida de tapada...

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Ando numa correria louca por conta dos trabalhos de final de semestre. Eles sugam toda a minha energia, por isso nem andei escrevendo apesar da vontade. Agora, por exemplo, estou contemplando a tela vazia onde deveria estar o trabalho de Planejamento de Sistemas de Informação. Um horror. Não consigo ouvir nem música numa hora como essas. Um horror.

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Fui à formatura da 8a série do ensino fundamental pra o ensino médio dos meus sobrinhos. É, é uma menina linda e um menino e eles têm menos de dois meses de diferença de idade. Têm olhos claros também: ela, verdes, ele, azuis. Ela é filha do mais velho dos meus irmãos, ele, da minha irmã que é 13 anos mais velha que eu. Eu gosto pra caramba dos dois, eles são bacanas. Aí eu fui pra colação e depois pra o baile deles que, como era de se esperar, me fez mofar quase o tempo todo na mesa por causa da trilha sonora... afff... eu deveria ter delicadamente recusado o convite pra o baile. Mas, só pra variar, é tão difícil dizer não quando eu simplesmente posso dizer sim...

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Noutro dia, um cara começou a puxar conversa comigo no ponto de ônibus. Ah, foi sexta-feira. Já passava das 22h e chovia. Eu fui respondendo o que ele me perguntava, nunca gostei muito dessas conversas com estranhos, mas achei que seria melhor – àquela hora e naquele lugar – ter como companhia um sujeito extrovertido que um psicopata. Era um cara estranho, que parecia mais velho do que soava, mas acho que era por conta dos dentes que ele parecia não ter ou então tê-los de uma forma muito bizarramente disposta na boca. Ele tinha aquela boca-murcha que os velhinhos que tiram a dentadura têm, mas o resto, os olhos, o cabelo, nada parecia tão velhinho assim. E o cara me contava que tocava bateria e blá-blá-blá. O pior mesmo foi entrar no ônibus: me apressei pra entrar antes e sentar sozinha, mas nada adiantou porque o cara sentou-se do meu lado e continuou a conversa. Lá pelas tantas, como eu temia, ele me pediu meu telefone pra gente continuar conversando num bar, fazer qualquer coisa um dia desses, mas eu disse Acho melhor não, e tentei olhar o tanto quanto possível pra os meus pés porque olhar praquele cara com aquela boca esquisita me dava agonia. Eu gosto de sorrisos bonitos. No rosto de um cara, o sorriso certamente é o que me chama mais atenção. Gosto de ver as pessoas sorrindo, e gosto até daqueles dentinhos meio fora de lugar, especialmente caninos. Quando preciso me defrontar com banguelas ou pessoas com dentes podres e coisas assim eu fico me sentindo extremamente incomodada. Taí menos um ponto pra os fumantes com seus dentes amarelos e bafo de nicotina... Eles nem sentem, claro, mas eu sinto. Mas me sinto meio culpada por ter uma percepção tão aguçada apontada pra uma coisa: sorrisos. Provavelmente os caras que me evitam o fazem por terem suas percepções apontadas fatalmente pra alguma coisa que, em mim, lhes parece abominável. Não dá pra eu parar minha vida e começar a fazer uma pesquisa junto aos prováveis caras pra mim, pra que eu venha a saber o que é que lhes desagrada tanto a meu respeito, então continuo na mesma merda de ignorância, negação e auto-comiseração.

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Um dia, ajoelhada na cozinha a procura de algo no armário sob a pia, senti uma picada no joelho direito. Continuei ajoelhada até encontrar o produto de limpeza que procurava. Quando me levantei, vi escorrer languidamente por minha pele pálida um filete carmim. Eu me cortei com um minúsculo fragmento de vidro de um copo que deixara cair no dia anterior. Estranho é que eu sempre passo mal quando vejo sangue, especialmente o meu sangue. Mas ali eu só consegui ter vontade de tirar uma foto, de fazer algo artístico como uma foto ou um poema. Fiquei olhando o sangue escorrer enquanto ia ao banheiro lavar e passar uma coisa pra assepsia. Sempre tive medo de ter uma morte idiota. Bem, ainda tenho. Mortes idiotas ou violentas. Creedo. Por que as pessoas simplesmente não podem morrer dormindo?

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Tive dias variados desde a última vez em que escrevi. Não, os dias foram sempre os mesmos, as coisas que eu pensei é que foram das mais variadas.