domingo, novembro 19, 2006

Final de Semana Ciano

Ele acabou de ir embora. O CARA. O Ciano dos meus dias de anos e anos atrás. Houve o Ciano antes daquele que causou O Estrago.
Ele me abriu os olhos pra uma categoria de homens totalmente diferente. E causou uns estragos em mim, mas já passou. E nada comparável ao que o Outro fez.
Não dá pra forçar as pessoas a sentirem o que a gente sente, por melhor que nossos sentimentos sejam, por mais Nobres e Belos que sejam.
Ciano é a cor dos olhos deles.
Pelo menos pra mim.
E é a palavra que sempre me vinha – e vem – à mente quando eu penso nele.
Bonito? Não exatamente e talvez ele seja bonito só porque foge aos meus padrões e à minha loucura.
Ele é muito branco, mas pra se fazer tatuagens é a pele mais bonita. Ele tem uma tatuagem linda, uma salamandra de fogo descendo pelo braço. Linda mesmo.
Loiro de olhos azuis. Clichê, eu acho. Mas ele tem um sorriso lindo e uns olhos curiosos do mundo. Olhos famintos por coisas e pessoas e estórias e livros e sabores e festas e música e conversas.
Ele é O CARA. Não, eu não o amo mais. Na verdade nunca amei, não esse amor entre mulheres e homens. Antes era aquela coisa de uma menina ultra-romântica clamando por seu poeta pálido que vivia muito muito longe dela...
Ele me fez criar poesia sem nem saber...
Ele me fez sentir coisas que eu guardava tanto em mim e que pularam dos meus dedos pra fora.
Eu fui apaixonada por ele e sofri ao não ser correspondida. Mas ele nunca me magoou, por estranho que possa parecer. Ele me disse que tinha gostado mesmo era da idéia d’eu gostar dele e se empolgou e confundiu.
Achei fabuloso um cara gostar da idéia d’eu gostar dele. Por que, enfim, o que há de especial em ser alvo das minhas paixões? O que poderia haver de especial em mim mesma que eu pudesse oferecer a ele pra ele gostar da idéia d’eu gostar dele?
O fato é que quando ele disse isso, quando ele admitiu que não gostava de mim como eu gostava dele, minha admiração por ele não parou e nem tampouco diminuiu. Não mesmo. Eu continuei gostando muito dele, das qualidades dele, do temperamento dele. Ele é um cara que eu admiro demais demais demais. Mas é um gostar diferente, não mais carnal. Agora somos amigos. Tanto somos que ele dormiu duas noites num colchonete ao lado do meu e tudo o que fizemos foi conversar.
Não foi à toa que eu me apaixonei perdidamente por ele e poderia ter chegado a amá-lo porque ele é FODA. Ele é O CARA! O Ciano é super simpático com todo mundo, é nerd de óculos e tudo mais, no entanto bebe (mas nem tanto assim, pelo menos não ontem) não fuma, e ainda tem um adicional: dança tudo quanto é música bacana!
Ahhhhh, outra coisa: ele é umbandista!!! Ontem nós conversamos tanto sobre a Umbanda, sobre orixás, ele me contou umas histórias, umas lendas. Monoteísmo é entediante! Essas questões da tradição judaico-cristã, embora eu saiba a importância delas pra nossa (argh...) cultura ocidental, são coisas que não me apaixonam, que não me movem. Nossa, se ele fosse do Candomblé, acho que eu teria lhe pedido em casamento :> Brincadeirinha. Eu não me casaria com ele, assim como não me casaria com nenhum amigo, exceto aquele que já me trocou por outro e vai dar risadas se algum dia ler isso. O Ciano é um cara maravilhoso, mas isso não me faz querer trepar com ele, nem mesmo sair por aí agarrando o menino nem nada. Eu só gostaria de poder tratá-lo com a mesma afetuosidade que trato outros amigos. Mas não dá, fico com medo que ele ache que ainda tenho esperanças com relação a ele, então nós só nos abraçamos duas vezes: uma quando ele chegou e outra quando foi embora.

Retomando minhas reflexões a cerca do Ciano, depois de passar dois dias inteiros na companhia dele, de conversar tanto com ele, só tive mais certeza de tudo o que eu pensava sobre ele, que ele é muito natural e fala de bobagens com a mesma espontaneidade e desenvoltura que fala sobre política e Literatura e que diz que não sabe porra nenhuma sobre algum determinado assunto. Ele não é um sabe-tudo, uma enciclopédia ambulante que fica arrotando citações pra dizer que leu este ou aquele livro, mas ele simplesmente é inteligentíssimo e tem uma visão de mundo tão não linear, que dá vontade de conversar com ele atéeeeeeeeeee.... Impressionante!
Por isso eu não chorei quando o abracei na despedida de agora, porque ao mesmo tempo em que é muito bom estar com ele e conversar com ele, é uma espécie de tortura estar com ele e conversar com ele por tanto tempo e não poder sequer esticar minha mão na direção dos cabelos dele. Como tivemos uma ridícula estorinha no passado, agora eu me sinto totalmente despreparada pra lidar com ele fisicamente falando porque eu gosto de falar com as pessoas que eu gosto tocando nelas, nem que seja pra, no caso dos amigos, dar uns tapinhas ou uns murrinhos bem de leve. Mas fico com medo dele achar que estou dando em cima dele e que nossa amizade está arruinada e aí ele não vai mais querer falar comigo muito menos me ver e nem muito menos ainda ficar na minha casa.
Ontem era tão bacana vê-lo empolgadíssimo no show do Casa de Farinha e depois no do Nação Zumbi! Nossa, ele pula horrores e canta e dança e sorri. Ele se diverte mesmo, fica feliz mesmo e eu achei isso muito muito bacana. Homens que dançam têm sempre uns pontinhos a mais, mesmo que dancem da forma mais bizarra e fora do ritmo possível e imaginável. Ele curte música brasileira o que é muito bacana porque ele gosta de umas coisas gringas bacanas também. Putz, agora eu lembrei que sábado, enquanto estávamos na Livraria Cultura, eu entrei naquela sessão do jazz/música clássica e fiquei até me sentindo atrapalhada, sem saber pra onde olhar até que vi o cd que eu ainda comprarei um dia The Love Supreme do John Coltrane... ó meus deuses! Eu tenho gravado em k7! K7! Creeeeedo. Bem, mas não foi ontem que eu comprei não porque tava caro e eu já estava de olho nuns livrinhos bacanas que aliás, comprei!

Estou pensando seriamente em entrar pra um terreiro, mas só pra visitar mesmo durante um tempo. Já estava pensando nisso há séculos, mas a vontade ficou mais intensa quando tive que fazer a apresentação de um texto sobre “a resistência dos Candomblés de Salvador”. Cada vez eu fico mais encantada com a ritualística do Candomblé e sua estrutura e seus mistérios e suas especificidades. Mas eu não conheço ninguém do Candomblé... Mas esse será um dos projetos na minha pauta para 2007.
Outro projeto? Carnaval 2007 fora de Brasília e dessa falta de carnaval de rua. Quero me acabar no carnaval do ano que vem. Quero é botar meu bloco na rua....

Fiquei pensando que seria bacana se o Ciano ainda estivesse em Curitiba porque eu poderia conhecer o terreiro que ele freqüentava e, quem sabe, conhecer algum amigo com umas qualidades dessas. Pelo fato de ser umbandista, o amigo já sairia com uns 3 pontos na frente de qualquer outro :> Putz, como eu sou palha! Mas é verdade!

Meus senhores, eu já lhes contei minha brilhante constatação sobre o meu casamento? Bem, é o seguinte, se por acaso um dia eu cair, bater com a cabeça no chão e levantar falando em casamento, já tenho um homem perfeito imaginado que tem os seguintes pré-requisitos básicos (antes de prosseguir eu gostaria de lembrar vossas senhorias que homem perfeito, pra mim, não é aquele sem defeitos, mas aquele cujos defeitos não são no caráter, e são todos socialmente aceitáveis, mas as virtudes têm que superar e muito os defeitos que ele tem):
1. me ama loucamente e é monogâmico convicto;
2. é super bem-humorado mas de forma alguma paspalhão;
3. é inteligente sem ser pedante;
4. tem um sorriso bonito;
5. é não-fumante;
6. fez vasectomia;
7. tem curso de massagista, sabe e adora fazer massagens em mim, eu suponho.

E é nessa ordem mesmo aí, meus senhores. E aí, quem acha que eu vou me casar levante a mão!
Afff... Ah, meus senhores, todo mundo elege um ideal que deseja alcançar. Eu elegi o meu. Se é um ideal de homem que não existe para além dos limites da minha imaginação fantasiosa, foda-se! Eu não estou desesperada pra casar. Então eu posso inventar o que quiser. É que eu gosto de brincar com essas coisas, como a Penélope que dizia que iria casar-se depois que o tapete estivesse pronto e aí desmanchava de noite tudo o que havia feito durante o dia. As listas desse tipo servem pra eu não encontrar nunca aquilo que sequer procuro. Nossa, mas se eu achasse um homem assim me dando mole por aí, teria que casar com ele! :>