domingo, janeiro 30, 2005

30/01/05

Continuo comprando cd’s compulsivamente. Ontem comprei mais quatro. Quer dizer, ontem não, hoje beeem cedinho: depois que saímos da escola de música, fomos ao extra do final da asa norte. Saímos de lá precisamente às 6h. Detesto o horário de verão nessas horas... se estivesse no horário normal, teríamos visto o alvorecer. Gosto tanto de ver o sol nascendo, colorindo as nuvens de laranjas e dourados... mas não gosto de acordar pra ver isso, tem que acontecer quando já estive a noite inteira acordada senão não tem graça nenhuma. Seria tão bobo quanto acordar pra ver o sol se pôr.
Ontem encontrei um cara que conheci há nos atrás e que fazia uns dois anos que eu não via. Quando eu o conheci, ele era um garotão, um menino. Mas eu gostava de passar tempo com ele e sua meninice, porque eu já era velha como hoje. Nós costumávamos ir a uma lanchonete, pedir alguma coisa e conversar sobre coisas bobas ou simplesmente ficar em silêncio ou rindo sei lá do que. Era isso. Era só isso e era bom. Eu gosto de poder ficar em silêncio perto das pessoas. Muita gente se sente desconfortável com isso, eu não. O .. não consegue ficar um minuto em silêncio ao meu lado e eu gosto menos dele por isso.
Bem, não sei quantos cd’s comprei essa semana. Estou no auge da ansiosidade. O limite do meu cartão já era... não sou uma adulta tão responsável quanto deveria e isso é tão patético! Ah, malditos moldes!!! Malditos padrões!!! Só porque pessoas antes de mim envelheceram sendo responsáveis, tendo bom senso, fazendo poupança, decidiram que isso era o que eu deveria fazer também. Isso me angustia. Eu queria ser respeitada. Quem não quer, porra?! Não acredito em quem não está nem aí pra ninguém, só eu.
Mas é claro que eu ligo pra o que os outros pensam ao meu respeito! Se não ligasse, passaria a me comportar como a massa, as mesmas roupas, o mesmo corte de cabelo, as mesmas mentiras saídas de uma linha de produção, as mesmas aspirações por um marido rico, filhos bonitos, casa espaçosa, cartão de crédito ilimitado, valium, vodka, terapia ocupacional, amantes casuais, missa aos domingos, natal com a família.
Bem, cada vez q eu passo e alguém ri ou me diz algo ofensivo, eu rio. Eu gosto do escárnio. Eu desprezo as pessoas na rua que falam com desconhecidos mas só querem desabafar suas próprias frustrações. Eu rio sempre porque é bom vencer. Bem, essas pessoas não sabem, mas só servem pra reforçar minha idéia de ser diferente delas. Bem, seria um completo desastre se eu tentasse ser igual... Eu sei, eu sei, não há nada de original a meu respeito, mas, enfim, também não preciso ser como a massa, posso ser igual a outras poucas pessoas, com um pouco de coisas em comum de cada uma. É demais pedir a alguém pra ser uma pessoa original, um ser humano original! O que eu poderia fazer ou pensar ou sentir que já não foi vivido por outra pessoa? Ah, deixa pra lá essa conversa.
Tenho ido bastante ao cinema. Mais uma compulsão. Estou aproveitando agora pra tomar uma overdose de coisas que eu gosto porque depois passarei um tempo na abstinência... odeio trabalhar...Só mais uns diaszinhos de liberdade e aí, cativeiro de novo... lerê, lerê, lerê-lerê-lerê... humpf...