quinta-feira, maio 12, 2005

02/05/05

02/05/05 eu gosto de olhar pela janela e ver a cidade quando o sol acabou de se pôr. É como se a noite fosse abocanhando o dia devagarinho e, ao mesmo tempo, rapidamente. Pela minha janela, vejo um restinho de azul no céu, uns lilases e laranjas ao fundo. Pela outra janela já vejo a escuridão da noite. Gosto de ambas as visões: a noite e a tarde juntas e separadas pelo teto do metrô. Gosto das coisas perdendo a nitidez e se transformando simplesmente em silhuetas escuras, contrastando com o ciano escurecendo no céu. daqui a pouco tudo será noite. Dentro de mim, arde uma chama que me consome aos pouquinhos como uma vela quase acabando, mergulhada nas lágrimas de cera. Não sei se é bom ou ruim. O metrô ali parado, cheio de pessoas. Eu suspiro. Pessoas podem ser tão interessantes e absurdamente entediantes e desnecessárias. Todas as luzes ali fora estão acesas. Não, alguns apartamentos estão desligados. Eu gosto de morar em apartamento. O meu também está apagado. Minhas plantas estão no escuro. Acho que todo mundo tem televisão, menos eu. Preciso tanto de uma televisão quanto de um namorado. Acho que vou pôr um piercing na boca de novo. Seria bom ir pra o casamento da Eliane com um, mas eu vou deixar pra furar semana que vem porque eu terei tempo. Vou tirar um abono, melhor, vou fazer uns exames na segunda-feira que vem. Não tem mais ciano no céu, nem de longe. Azul era belle de jour, era bela da tarde. Seus olhos azuis como a tarde, na tarde de um domingo azul. La belle de jour. O Fabiano gravou essa música pra mim. O cd ficou super bom. Talvez ele sinta falta de ter alguém pra quem fazer coisas fofas. Eu sei que eu sinto. Argh, minha franja está simplesmente medonha! Preciso cortar esse cabelo urgentemente!