12/05/05
vi meu girassol hoje de tarde
meio de banda
meio de lado
e já não era o meu
já era outro
já era...
como as pessoas podem mudar tanto e continuar sendo as mesmas?
como um rosto que já foi só seu pode ser só mais um na multidão da ala norte?
como alguém que vinha sorrindo em sua direção agora passa batido sem nem olhar pra o lado
sem nem ver o céu
sem nem notar quanta coisa passou e quanta ainda continua
talvez seja melhor andar assim sem perceber tais coisas
mas como o girassol sobreviveria sem virar-se na direção do calor do sol?
e como dois e dois são quatro,
e tão certo quanto a noite dobra-se por sobre o dia
viver é inútil e é bom
dói, mas nem sempre e nem tanto como nos dias bons de céu claro e gentes passeando por cima das minhas misérias e pequenezas
e eu vi um girassol que não era meu
eu vi um rosto no meio da multidão
não vi olhos e nem sorriso
vi um homem que já não mais conheço
não sei ao certo o que vi
só sei que doeu
meu corpo quebrou-se no estalo do passado
13 chibatadas bem dadas
açoite no coração do dia, em praça pública
o girassol que não conheço
o girassol que correu e sumiu no mundo
eu sozinha ali na ala norte
eu sem eira nem beira
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