o fardo da madrugada de vinte e sete de outubro
pois bem, meus senhores, já passa de uma da manhã e ainda estou aqui, desperta. talvez seja culpa do sono pesado e amorfo da tarde, talvez seja essa sensação ainda mais pesada e amorfa, essa angústia, quase dor, quase real, quase...
o dia havia começado muito bem, apesar da noite mal dormida. mas o dia começara bem e eu estava bem.
acho que tudo piorou depois do intervalo no trabalho, por conta de mais uma "reunião". ridículo. gostaria de mandar transformar tais cínicos em estátuas de sal. não lembro nunca de ter detestado e desprezado ninguém como aqcontece agora com aquelas pessoas. e olha que já detestei muita gente...
DETESTO-OS
se pudesse, limparia a face da terra desses vermes. eu e meus colegas de trabalho, "companheiros de copo e de cruz", não merecemos estar no mesmo ambiente que aquelas pessoas. sim, tenho certeza absoluta que sou melhor. essa estória de que ninguém é melhor que ninguém é uma grande mentira. eu, por exemplo, tenho certeza absoluta que sou muito melhor do que aquele emaranhado de vermes que circula fazendo pose de chefia naquele trabalho. assim como estou certa de que há muitas pessoas melhores que eu, mais sensíveis, mais tolerantes, mais compreensivas. ninguém é igual a ninguém. ainda mais neste país. nem as leis se aplicam igualmente à todos. há melhores e piores sim e tudo é uma questão de caráter.e não posso deixar de ficar tristíssima vendo pessoas totalmente incapazes assumirem cargos não por sua real competência, mas simplesmente por conhecerem este ou aquele fulano que, mais infelizmente ainda, tem acesso ao poder de manipular e conceder tais benesses. é triste, é muito triste.
mas o que me amarga por dentro, agora, não é só isso, não é saber que irei trabalhar e tudo continuará do mesmo modo, com aquelas mesmas criaturas lá, lugar que certamente não ocupariam se houvesse uma prova de conhecimentos desvinculada de interesses particulares como arrebanhar cabos-eleitorais. voto de cabresto não acabou. ao contrário, só está cada vez mais perverso e sofsticado.
o que me consome por dentro não é a gastrite, pelo menos não agora.
o que me consome não é imaginar um final de semana sem meu Luis, meu caleidoscópio, que vai viajar.
o que me consome
não sei que coisa é esta que me consome a ponto de impedir que eu durma.
não sei...
sei que preferiria estar dormindo e sei que estou suficientemente cansada pra estar dormindo há horas.
na tentativa de sentir sono até fiz uma calda de chocolate pra um bolo de cenoura que pretendo dividir com meus colegas amanhã, ou melhor, daqui a pouco.
também já tentei ler mais um pouco do livro que comecei a ler "O Amante" da Marguerite Duras, mas não consigo me concentrar porque fico me lembrando dos olhos âmbar amendoados Dele e muitas lembranças me vêm e muitos pensamentos dispersos me vêm e perco e me perco no livro e em mim.
senti a falta Dele muito pontuada no dia de hoje, desde o momento em que entrei no carro e fui trabalhar, vi aquele sol incediário no horizonte, comi, falei, andei, escrevi, dormi. mas Ele não veio.
tive vontade de chorar quando abri o e-mail com as fotos do meu aniversário que o Nélio tirou. não estou em frangalhos. eu sou. e tossindo. Ele me deixa assim: tristíssima quando não o vejo, como se fosse sempre definitivo, a última vez e que já passou, não se repetirá. mas, ao mesmo tempo, Ele me transborda, me inunda de uma alegria simples como uma das florzinhas vermelhas que ele me deu.
agora vou ficar aqui jogando paciência spider até me descobrir com sono. e tossindo.
gostaria de saber não jogar um fardo tão grave nas costas do Amanhã...
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