quinta-feira, maio 04, 2006

Maldito Alface!

Meu único amigo no departamento é o cara mais carinhoso que eu já conheci. Ele é um mimo e é assim com todo mundo que conhece. Acho isso fantástico! Nunca consegui ser assim, expressar meus sentimentos com tamanha naturalidade e extroversão. Lembro do dia em que ele me disse que me amava “de graça”, sem eu precisar fazer nada. Foi no bandeijão, durante um de nossos jantares. Ele simplesmente virou pra mim e disse isso rindo. Eu nunca nem falei isso pra maioria das pessoas que eu amo há muitos anos, minha família, minhas amigas e meus amigos... Queria poder fazer isso, gostar de alguém e dizer assim, na lata, sem firulas e sem rodeios. Talvez um dia eu consiga.
Não, meus senhores, nem pensem que há algo entre nós além de amizade. Ele é carinhoso e faz questão de demonstrar quando gosta de alguém. Só isso. Só isso mesmo. E eu acho ótimo. Pelo menos tenho alguém pra abraçar todas as vezes em que encontro. Não dá pra fazer isso com o pessoal do trabalho, por exemplo, e tem muita gente lá que eu gosto, apesar de conhecer há pouco tempo. Eu gostaria de poder chegar lá e abraçar todas as pessoas das quais eu gosto. Não consigo, fico achando sempre que serei mal interpretada e, além do mais, nunca vejo ninguém lá se abraçando quando se vê. Talvez as pessoas achem que, por se verem diariamente, não precisem desse gesto. Bem, eu preciso. E por isso fico feliz em encontrar meu amigo que vai me abraçar carinhosamente todas as vezes em que nos virmos. É claro que acontece o mesmo com todos os meus amigos e com as amigas também, mas ele eu encontro três vezes por semana na bendita da aula do último horário.
Hoje também encontrei com o leitor (talvez ele leia isso algum dia...). Ele me disse que foi aceito no mestrado. Acho que ele já havia me comentado isso antes, mas minha memória meia-boca não me permite afirmar nada. De qualquer forma, fiquei feliz por ele, não tivesse, não o teria parabenizado. Este é um mérito que deve ser reconhecido. Espero que ele aproveite bem tudo o que esta experiência lhe forneça, tanto as partes boas quanto as ruins: tudo é aprendizado nessa vida, pois não?
Continuo achando que ele ficaria melhor sem o perfume de tabaco.
Só não entendi porque ele fez questão de não me apresentar o amigo apesar de ter permanecido tempo o bastante pra cumprimentar um dos meus amigos que ele já conhece e um outro que lhe apresentei naquele momento. Não pude deixar de pensar se isso ainda era um resquício de seu velho hábito de – SIMBOLICAMENTE – urinar em torno de mim pra delimitar território. Engraçado como um “lapso” pode indicar vários caminhos de interpretação, todos eles nada simpáticos...
Voltei pra casa pensando sobre essa questão de como o meio acadêmico tanto pode fazer com que nossa mente se dilate, nossos horizontes abram-se em todas as direções possíveis, quanto pode nos fazer pular num assunto limitado e nele permanecer como se fosse uma ilhazinha de segurança e arrogância, achando que se pode filtrar todo o Mundo por este pequeno conhecimento específico e limitado. Pensar nesses acadêmicos que se acham auto-suficientes porque sabem muito sobre um assunto me faz lembrar do Pequeno Príncipe reinando seu planetinha e achando que sua rosa era a única rosa. A diferença é que o pequenino foi conhecer o que havia por aí, cheio de boas intenções, e não foi sem amor à sua rosa que se deixou conhecer outras rosas, conheceu até raposas!
Ah, sei lá, essa metáforas estão ficando cada vez piores. Bem, mas se alguma aspirante a Miss ler isso, vai reconhecer alguma coisa... Estou com uma vontade louca hoje de ofender alguém, nem que seja uma categoria tão ridícula quanto a das misses. Pra que serve uma miss universo, por exemplo? Pra que serve uma rainha da primavera e coisas assim, senão pra fazer com que as outras candidatas a odeiem? Meus senhores, é claro que eu entendo que algumas coisas nesta vida não têm outra finalidade a não ser a fruição, eu passei anos suficientes num curso de Artes pra saber isso. Mas entendo que há coisas que deveriam ser banidas por representarem apenas um lixo da indústria cultural. Eu acabaria com todo e qualquer concurso de beleza. Quanto às mães das misses, essas seriam obrigadas a pular da prancha antes das filhas. Quanto às filhas, todas deveriam pular tendo amarrado ao corpo o equivalente ao seu peso em chumbo, acrescido de um exemplar do Pequeno Príncipe e com a frase “salvar o mundo” ou qualquer baboseira dessas que elas dizem da boca pra fora tatuadas na testa.
Os organizadores desses concursos de merda seriam enforcados e decapitados pra que suas cabeças fossem expostas na entrada de grandes cidades.
Silicone flutua?
O que eu acho é que a beleza feminina deveria ser incentivada por ser natural, ou seja, às mulheres belas são as normais, não as que passam mais tempo nas academias e consultórios de cirurgias estéticas do que vendo um filme, lendo um livro ou fazendo qualquer coisa menos inútil. É, estou me sentindo radical hoje. Meus senhores, o fato de eu tingir os cabelos, dentre outras coisas, não me foi esquecido. Mas, enfim, estou à quilômetros do padrão de beleza. Mas conheço tantas mulheres bonitas que são postas de lado por serem pessoas normais, por terem defeitos como todo mundo normal. Por pesarem mais de 50kg e terem menos de 1,75m. Esse padrão de beleza de hoje em dia é desumano e absurdo. Só uma meia dúzia de esquálidas anoréxicas e/ou bulímicas consegue participar dele. Abaixo a ditadura do alface!!!
Sabe, eu tenho quase 30 anos.
Vocês sabiam, meus senhores, que eu tenho quase trinta anos?

Não prestem atenção no que digo, meus senhores... não me levem à sério, me levem pra tomar um sorvete... (isso é o mais descarado plágio, mas eu não consigo lembrar de onde tirei essa frase...)

Talvez hoje eu tenha me superado no quesito idiotices por linha, mas, enfim, eu escrevo o que me pop up na cabeça e lê quem quer...
Boa noite, meus senhores. E que os deuses me livrem de mais pesadelos nesta noite.

1 Comments:

At quinta-feira, maio 04, 2006 10:38:00 AM, Anonymous Anônimo said...

Verônica, sobre vaidade acadêmica:

"Especialista é o que só não ignora uma coisa." - Millôr Fernandes

Vou te mandar um e-mail dentro em breve. Preciso da sua ajuda num negócio...

Beijo,

Nélio

 

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