sexta-feira, dezembro 29, 2006

Meu Dia Internacional da Auto-Comiseração

“...aquela esperança de tudo se ajeitar, pode esquecer...”

Ah, meus senhores, eu já estava chorando antes de ouvir essa seqüência (atrás da porta+trocando em miúdos) que a rádio câmara preparou pra destruir o que me sobra dos nervos...
Hoje é o Meu Dia Internacional da Auto-Comiseração. É um feriado de data móvel, na verdade, a data é multiplicável, ela se expande durante sobre os dias do ano, como uma ameba...
Estou naquela (continuo me perguntando se algum dia eu saí...) de não querer falar com ninguém, não querer sair, não querer tomar banho, faxinar, costurar, ler, comer, nada. Eu não deveria ter saído ontem, só me fez sentir mais miserável e só. Eu mencionei o fato de ter saído no meio do forró pra dormir no carro da minha amiga? Sei lá, meus senhores, me senti sobrando, inadequada, inútil e fora do contexto ali. Totalmente fora daquele contexto. Mas, afinal, qual é o meu contexto? Qual é o meu lugar? Onde eu pertenço? Onde?

Continuando a seqüência destruidora de nervos, na rádio câmara: Portishead. Claro. Tô tomando suco de laranja. Eu sei que, de estômago vazio, isso não me faz bem, mas eu não estou num dia de me fazer bem, de qualquer forma.

Pensamento recorrente: como suicidar-se pra parecer acidente. Seguros não cobrem danos auto-infligidos e nem suicídio, acho que devo ter dito isso em algum post desse ano. Que brega! Não, meus senhores, não vou tomar formicida ou raticida com guaraná e me sentar num banco de praça como fez aquele sambista que esqueci o nome agora. Era Alguma-Coisa Valente. Enfim, não vou me matar no reveillon e nem antes e nem depois. Quer dizer, não imediatamente depois. Não quero começar o ano dos outros assim tão deprimente quanto o meu. Fiquem sossegados que, quando eu resolver finalmente sair dessa tragicomédia que é minha vida, vou pensar numa forma de não comprometer as lembranças das pessoas que souberem disso, não vai ser em data comemorativa, nem no meu aniversário ou coisa assim, vai ser num dia comum, um dia sem nada de especial, como eu. Isso se a Vida não me sacanear, como eu acho que vai, e me matar da forma mais sorrateira e patética num dia bacana. Que merda, hein?, meus senhores?! Que merda.

Tenho pensado muito em sair daqui, dessa cidade, desse país. Isso daqui não é pra mim. E talvez eu devesse procurar onde é este lugar no qual eu me sentiria como parte, teria aquela sensação de pertencimento que eu pareço sentir só na BCE... Que ridícula sou eu... Que tipo de pessoas só se sentem bem num ambiente tão anônimo e empoeirado como a BCE?! Definitivamente preciso fazer algo a respeito da minha vida antes que eu realmente me convença de que nada disso vale a pena e salte pra o Nada.

Talvez só seja a merda da véspera do ano novo, meus senhores... Ano novo... pra quem? Pra mim, com certeza não vai ser. Nenhum ano é novo pra mim desde que eu percebi quem eu sou e qual é o meu papel neste mundo, nenhuma das respostas à estas perguntas são minimamente otimistas... Whatever... whatever...

Janeiro será o mês da decisão pra mim, meus senhores. Não, não se trata de esperar milagres. Trata-se d’eu cair na real. Eu preciso cair na real. Preciso em ater ao que é concreto, real, pra valer. Preciso me definir melhor como adulta, como pessoa. Aparar as arestas que podem ser aparadas, aquelas que estão nas minhas mãos e que eu estou continuamente deixando de lado. Janeiro, meus senhores. Mas parece que janeiro só chegará no próximo século. Parece que eu preciso esperar uma eternidade até janeiro... A merda toda é que antes de janeiro existe essa bendita celebração, esse Reveillon, essa festa que as pessoas fazem, pra onde as pessoas vão, na qual eu já estive também, mas – impressionante isso – nunca feliz...
Tudo o que eu não precisava agora era receber um e-mail que, inclusive, já apaguei definitivamente. Mas como apagar as palavras que se agarram nas pilastras da memória? Eu não quero passar por isso de novo, não quero relembrar, não quero tentar nada. O passado não se apaga. O passado permanece. Estou impregnada por ele, transpirando-o pelos meus poros, ruminando-o. e é bom que assim seja. Alguns equívocos não precisam ser relembrados constantemente, mas não devem ser esquecidos jamais. E eu me equivoquei gravemente. Chega. Não é porque estou num dia auto-lesivo que eu vá estender isso pra qualquer pessoa, ao contrário, muito pelo contrário, meus senhores! Eu sou tenho mais é que ficar em quarentena pra não prejudicar ninguém. No máximo, conversar com alguém pelo messenger porque aí dá pra eu fazer de conta que está tudo bem. Ninguém vai ouvir minha voz vacilante, e nem muito menos olhar essa minha cara de derrota, de quem não dormiu direito, e que provavelmente andou chorando, ninguém merece uma visão dessas. As pessoas estão se preparando pra ter um início, pra um recomeço, na verdade, uma nova chance de fazer as coisas melhores, de terem um ano melhor. Quem é precisa desse balde de água fria que sou eu ao vivo e a cores? Ninguém! Por isso é que eu preciso ficar em casa, preciso ficar aqui bem quietinha até que isso tudo passe, ou pelo menos até que pareça ter passado. Estou triste e quero ficar sozinha. Pelo menos a isso eu tenho direito, não?

Daqui a pouco eu tento dormir um pouco mais. O colchão está ali no chão me esperando. Não estou com sono, mas meu corpo está cansado. Provavelmente está exausto de mim, este parasita. Que corpo gostaria de abrigar uma mente como a minha? Só este mesmo. Eu jamais poderia ser diferente do que sou. Meu corpo sou eu, eu! Nenhum outro corpo transpareceria quem eu sou como este, magro, anguloso, desproporcional. Pena que o Schiele não me conheceu... Eu seria sua modelo perfeita. Talvez não, talvez ele me odiasse porque não haveria mais nada que ele pudesse deformar em mim, eu sou uma de suas pinturas, mas eu vivo num mundo que parece ser povoado por Michelângelos, Rafaeis, Renoirs, e... whatever... Ele teria me odiado... E eu amo as suas pinturas! Eu me reconheço nelas. Naquela solidão de ossos desajeitadamente expostos por peles que não são o bastante pra contê-los, carnes parcas e podres. Aquarelas tristíssimas. Eu me vejo ali, eu me reconheço ali. Eu nunca poderia gostar de Renoir como eu gosto de Schiele porque eu nunca seria uma das mulheres gorduchas, rosadas e sorridentes do Renoir. Meu corpo é o retrato do que eu sou e não há abundância de nada em mim, nem de carnes, nem de virtudes, só de auto-comiseração, mas acho que essa é uma daquelas grandezas de valores negativos, então quanto mais auto-comiseração, mais magra, menos carne, menos tudo o mais... Minha cor não poderia ser outra, tem que ser assim mesmo, pálida. Nem branca rosada como os brancos são, nem escura, definidamente escura, como a pele dos negros. E, assim como estou numa trincheira entre o real e o imaginário, meu corpo tem que ser assim também, tem que ser magro, anguloso, sem curvas, sem atrativos, eu não poderia ser nem alta e nem baixa, nem branca, nem negra, nem tão agudamente feia e nem esplendidamente bela. Preciso parecer o que sou: no limite, mas um limite enevoado, longe de ser nítido. Porque nada há em mim que seja nítido, bem definido, preciso. Eu sou o que sou, não é? Já quis tão ardentemente ser outra coisa e parecer outra coisa, às vezes qualquer coisa, mas não dá. Talvez isso funcione pra outras pessoas, com problemas de identidade bem piores que os meus... Eu sou isso daqui mesmo, não tem jeito, sinto muito, meus senhores... eu sinto muito mesmo.

Será que essa crisálida um dia será rompida?

sem medos, sem culpas...

“...sem medos, sem culpas...”
Sem medos, sem culpas? Você tá de sacanagem comigo?! Tudo em mim é medo e/ou culpa!
Eu não vou escrever. Não há nada a dizer que já não tenha sido exaustivamente de um ou de outro lado.
Eu não quero mais prolongar nada, não quero me envolver. Nem com ele, nem com ninguém.
Quero mais é que todas as memórias de todas as sensações provocadas por um homem – qualquer homem – sumam de mim, da minha mente, do meu corpo. Só essa azia já é sensação mais do que bastante. Chega de sentimentos inúteis, esperança... Quer coisa mais inútil do que esperança? Cansei de esperar. Agora eu faço. Eu ajo, e no domínio dos sentimentos nunca há muito o que se fazer, quer dizer, nunca há o suficiente. E pra mim tudo sempre é pouco. Sempre. Pois bem, eu abdico desses sentimentos que só me trazem malefícios. Abdico de todos eles, de todas as paixões e vaidades. De todos os caprichos. De todo Desejo. Pra mim, chega. Não quero desejar nenhum homem nunca mais. Tampouco quero ser desejada, embora isso seja extremamente fácil de se cumprir por parte deles, na verdade é só continuar a seguirem a tendência em voga.

Passei os últimos cinco dias na casa da minha irmã. Estou lá desde o natal, mas felizmente fiquei sozinha em casa. Quer dizer, sozinha não, Lost. Passei esses dias vendo a segunda temporada de Lost, achando ótimo o aparecimento do Mr. Eko, aquele monumento de ébano. Confesso que ele agora ocupa o lugar que era do Sayid: o número um, meu mais predileto entre os prediletos. Ai ai...
Mas eu vi outras coisas também: vi Ghost World, e revi Donnie Darko e Akira com meu sobrinho, e comecei a ver E sua mãe também, mas esse não deu pra terminar de ver. Eu fui convidada a passar o bendito natal na casa de um grande amigo, mas não estava no menor pique de enfrentar família de ninguém, nem a minha e nem a de ninguém. Eu deveria ter saído com minhas amigas nos outros dias, mas uma preguiça mortal me venceu e fez preferir ficar lá na casa da minha irmã. Eu não ando realmente empolgada pra sair pra canto nenhum. Não tenho sentido vontade de me vestir pra sair, de ver pessoas, de cumprimenta-las... E, claaaaaaro, minha auto-estima está em níveis críticos, abaixo do aceitável... Eu estou pesando menos de 50 kg, odeio meu cabelo, tenho certeza de que nem meu rosto é proporcional e nem muito menos meu corpo... Mas não ando chorando e nem nada não, só fico um pouco tristinha, mas depois volto ao normal.

Fui a um forró hoje, pra ser a atração principal, a freak da parada. Até aí tudo bem porque isso SEMPRE acontece. Pior mesmo foi dançar com um menino que ficou dançando comigo infinitas músicas. Eu via que ele fazia as coisas, toda a movimentação pra me beijar, mas eu estava totalmente desestimulada. O menino era bonitinho, e veio de Santa Catarina passar férias com a família. Bonitinho mesmo, educadinho, paciente com meus inúmeros erros forrozísticos, e todo cheio de amor pra dar, mas não teve jeito, eu simplesmente não consegui me ver fazendo aquilo. Senti-me como se eu tivesse 14 anos de novo e fugisse dos (poucos) caras que me apareciam pela frente. É como se eu tivesse perdido a coragem de beijar alguém, como se eu tivesse esquecido totalmente como é e agora fico com vergonha de recomeçar. Mas é melhor assim, meus senhores. Eu não tenho mesmo que beijar ninguém, não importa quão gatinho seja. Não vai rolar. Por quê? Eu é que pergunto, meus senhores, pra quê??? Se eu já sei onde vai dar e não gosto nem do percurso e nem do lugar de chegada, pra que começar? Enfim, vocês já estão cansados de saber como me sinto em relação a essas tentativas frustradas e desde sempre já sabidamente inúteis...
Whatever...

Acho que não vou sair de casa durante um bom tempo, não pra festas, só mesmo pra o cinema. E acho que o fato de estar totalmente sem nada pra fazer no Reveillon não me ajuda nem um pouco. Não pretendo ir a uma dessas festas caríssimas pra ver aquela multidão de desconhecidos e ainda ouvir música xarope a noite inteira. Jota Quest?, trance? Prefiro mesmo ficar em casa e jogar paciência spider que é mesmo o que devo fazer... Que início de ano mais pitoresco, hein? Se o Reveillon vai ser assim, que dirá o resto do ano...? Mas, por outro lado, é bom que eu vá me acostumando com essa vida de não ir à festas, de não ver essas pessoas que eu não conheço mesmo. Não é possível que iniciarei mais um ano e o levarei à cabo do mesmo jeito, sem nenhuma melhora no meu comportamento, sem acrescentar nada de novo – e de Bom – na minha vidinha medíocre e descompensada. Preciso lidar de forma adulta, responsável, com meu dinheiro e com as minhas emoções.

São quase sete da manhã. Dormirei agora antes que fique ainda mais claro. Não se preocupem comigo: talvez seja o meu grande período de lucidez, isto o que às minhas amigas parece pessimismo. Bem, talvez seja pessimismo também, mas isso não quer dizer que não seja um pessimismo bastante bem pensado e fundamentado. Boa noite, meus senhores.

domingo, dezembro 24, 2006

HANG THE DJ! HANG THE DJ! HANG THE DJ!

Acabei de chegar de uma festa, adeus 2006. Adeus 2006 era o nome da festa, eu ainda não me despedi desse ano. Aliás, pelo volume de frustrações que ele me trouxe, ou pior, que eu me deixei impregnar neste ano, acho difícil me despedir dele de verdade, deixá-lo ir e seguir adiante. Preciso ficar mais em casa. É melhor ficar em casa do que sair e ficar com essa sensação de que deveria ter ficado em casa... Dj’s, esse é o maior problema dessas últimas festas. O pior defeito que um dj pode ter – e estou convencida de que é defeito de fábrica de 99% deles – é tocar pra se mesmo. Eles simplesmente ignoram a pista esvaziando, as pessoas parando de dançar... O que interessa, na opinião desses xaropes, é a sua própria opinião. Ninguém vai pra uma festa onde toca uma banda como a Salve Jorge que toca só hits do Jorge Bem Jor pra ficar ouvindo as divagações lado B do dj! O som do dj tem que ser compatível com o som da banda. Será que só eu acho isso óbvio e ululante? Putz, aquilo ali tava parecendo um lounge, só faltavam os pufs! Que coisa mais brochante! É isso aí, os dj’s dessas últimas festas são simplesmente brochantes! São como aqueles caras que gozam, tiram o pau e viram de lado, numa comparação que, pra mim, é mais do que justa. São uns egoístas que deveriam ficar tocando uma em casa, e não em público. Foda-se a inovação! Quer dizer, se fosse uma inovação bem dançante, ok ok ok, mas não, tem que ser aquela coisa mais sem graça mas que o cara acha fabulosa fantástica alucinante e, enquanto isso, a pista fica entregue às moscas e a um ou outro bêbado eventual.
Agora eu só saio de casa pra ir a uma festa na qual eu tenha certeza de que o dj é um cara que põe as pessoas pra dançar e não pra dormir.

Mas eu já sabia que deveria ter ficado em casa... É que um incidente aconteceu aqui em casa entre as minhas amigas e eu: elas criticaram duramente a minha roupa, minha regata cinza e minha calça de chita. Começaram falando, quase em coro, que eu tava de final com tal regata e que tinha que trocar. Tanto elas me encheram, que eu troquei a bendita regata cinza. Primeiro erro da minha parte. Aí disseram que agora a outra regata, azul ciano, não estava combinando com a calça, que eu deveria pôr um jeans. Resultado: saí totalmente diferente do que estava. Foi a primeira e última vez que isso aconteceu, que eu dei ouvidos a opinião alheia sobre meu vestuário. Na próxima, digo que mudei de idéia e ficarei em casa. Não que elas tenham dito que eu só iria se trocasse de roupa, de jeito nenhum, mas eu pensei na hora “que mal pode fazer atender a elas que nunca me dizem nada sobre isso?”. Não há mal nenhum, mas simplesmente não sou eu. Eu sempre saio do jeito que eu bem entendo! E, ademais, tivesse ido eu no meu modelito hippie-sujo-de-pijamas, teria combinando 100% com as músicas do dj xarope... afff....

Um dos caras da banda da festa, o trombonista, era simplesmente a cara do israelita da Ilha Grande! Claro que só eu achei. Mas achei mesmo. Exceto pelo fato de que o trombonista usa óculos e tem o cabelinho um pouco maior, os dois são irmãos gêmeos idênticos, na minha opinião. Pior é que devo ter passado o show inteiro olhando pra o rapaz e conjecturando se era ou não igualzinho. Por mim, tudo bem porque ele é bem bonitinho e tem aquele arzinho nerd que eu adoro, mas, coitado, se ele reparou em mim – o que acho dificílimo – deve ter se sentido um franguinho de padaria sendo contemplado pelos vira-latas da vizinhança... Coitado. Juro que não falo por mal...

Decidi, mas ainda não comuniquei a elas (minhas amigas), que não viajarei no carnaval. Sim, tudo o que eu queria era viajar no carnaval, mas vai ficar caro demais, não posso bancar isso porque, mesmo que eu divida em dez vezes, as prestações ainda ficarão altíssimas. E eu preciso ajeitar minha vida. Preciso pôr os pés no chão. Chamem de síndrome de final de ano se quiserem, meus senhores, mas o fato é que eu tenho que assumir imediatamente a responsabilidade sobre minha vida, sobre a falta de bens duráveis na minha vida. Já deu pra perceber, a esta altura do campeonato, que não posso continuar vivendo como se eu fosse morrer amanhã. Porque estou nisso há anos e – surpresa! – continuo vivinha da Silva... Não que eu ache ruim, não é isso. Até que estou gostando de estar viva ultimamente, apesar dos pesares, mas é que eu realmente não imaginava durar tanto. Enfim, preciso tomar jeito e começar a viver como se eu fosse continuar viva amanhã porque essa é uma possibilidade das mais concretas. Estranho, mas é verdade.
Quanto às saídas, melhor me poupar dos aborrecimentos que um dj xarope pode trazer ficando mesmo é em casa. Além do mais, vou dar um jeitinho de deixar minha casa mais atraente pra mim mesma. Ah, se vou! Também tenho que em acostumar a estar cada vez mais só porque a vida é assim mesmo, especialmente pra alguém que não terá nem filhos pra ocupar os espaços e o tempo. Enfim, as amigas e os amigos vão tomando cada qual seu rumo e eu tenho que tomar o meu também, decidir coisas que serão boas pra mim a longo prazo e não imediatamente e somente imediatamente... Putz, essa é a tarefa mais árdua que conheço pra mim mesma... Ai meus deuses! Ai meus deuses!

Preciso ocupar minha vida com algo além da UnB. Trabalho não conta porque é pura obrigação. Pura obrigação. Preciso fazer algo pra me manter ocupada, de repente voltar pra academia, ou fazer um curso de corte e costura, pintura em porcelana ou qualquer coisa! Qualquer coisa! Deve ser mesmo a crise de final de ano... que merda...
Sim, meus senhores, hoje eu chorei sozinha. Estava conversando comigo mesma e não pude evitar. Eu não deveria ter saído de casa...

Definitivamente preciso de uma tv e um dvd... o que eu vou ficar fazendo no reveillon? Meus senhores, não há época no ano mais deprimente do que essa! E não estou dizendo isso na tentativa de receber um convite pra o reveillon não até mesmo porque se alguém me convidasse pra fazer qualquer coisa a essa altura do campeonato eu saberia que é por pura pena, não porque realmente queria que eu estivesse presente. Já passei da fase de achar que sou imprescindível num lugar, quer dizer, tirando no meu aniversário, sou prescindível em qualquer outro lugar e tudo bem, acho que se pode dizer isso de quase todo mundo mesmo.
Eu tenho evitado isso, meus senhores, mas acho que chegou o momento d’eu me isolar. É, é sério. Não ando sendo muito útil pra ninguém mesmo. E tive a certeza absoluta disso hoje por conta de uma conversa que tive com uma amiga pelo messenger. É que ela passou por uma fase muito difícil meses atrás e eu não liguei pra ela. Ela estava me contando que as pessoas simplesmente pararam de ligar pra ela. Meu consolo foi que eu nunca ligava mesmo antes disso, mas me senti triste assim mesmo. Eu quis dizer a ela que eu não liguei porque tive medo de, numa dessas conversas, deixa-la mais triste já que tenho uma vocação medonha pra deprimir os outros, pra dizer justamente aquilo que eles não querem ouvir de ninguém, muito menos de mim. Basta perguntar praquelas pessoas que costumavam ser minhas amigas e agora não são mais que elas confirmarão isso. Em momentos ruins o melhor é eu não falar com ninguém pra não piorar as coisas.

É, hoje eu tô me sentindo um beco sem saída.
Será possível pra um ser humano ser mais patético?
Odeio final de ano! Ainda não consegui nem mastigar a porra desse ano de agora e já vem outro aparecendo me gritando pra eu engolir logo que não dá mais pra adiar o novo, mais um ano novo, novinho em folha e já totalmente perdido...
Eu não gosto de comemorar “ano novo” porque, no final das contas, eles são sempre iguais. As coisas trash que acontecem, e tudo o que eu quero e nunca acontece, permanece numa constante ao longo dos anos e isso com certeza é culpa minha porque eu é que não consigo guiar direito minha vida, não é mesmo? Eu tinha tudo pra ter uma vida menos imbecil. Tinha potencial. Mas desperdicei tudo. Me concentrei demais na minha infância infeliz e na minha adolescência insuportável. Nem sequer amei as pessoas como elas mereciam e, porra!, isso era o mínimo que eu poderia ter feito. Não se preocupem, meus senhores, isso não é um bilhete suicida não, é só mais um triste retrospecto... Mais um. Não acrescentará absolutamente nada de novo aos meus lamentos anteriores... Que merda, né? Sou repetitiva, monótona até onde a vista alcança. Mas eu não tenho forças pra me matar. Pelo menos não ainda. Então vou continuar vivendo, mas em 2007 vou viver um pouco diferente porque me ocuparei com qualquer outra coisa além da UnB. Não faz bem pra uma mulher solteira à beira dos 30 se ocupar só com trabalho e faculdade. Hum hum, meus senhores. Não faz nenhum bem não, de jeito nenhum. Então eu arranjarei outras ocupações pra essa minha cabeçona de mamão, nem que seja um curso de culinária vegan!

Pois é, meus senhores, cá estou eu tomando suco de banana com morango (ele já vem assim na caixinha e eu adoro!) e fazendo cara de choro em frente ao computador pensando em como eu arruíno direitinho a minha própria vida e faço isso sem ajuda de ninguém. Nunca sou tão independente quanto nesses momentos de auto-sabotagem. Que merda, né?
E meu pulso continua doendo. O esquerdo. Tem um lugar específico nele que não pára de doer. Putz, estou de final demais!, é dor nas costas, no maxilar – e conseqüentemente no ouvido e na cabeça –, e agora, até no pulso! Continuo tendo o coração acelerado como se tivesse acabado de correr uma maratona. Não sei o que é isso, que porra de ansiedade é essa, mas tenho medo, meus senhores, de ir a um médico e de ouvir a resposta... Tenho medo mesmo. Porque se já faço coisas idiotas só com a vaga possibilidade de que morrerei amanhã, imagina se isso se transformar num laudo médico?! Aí é que fudeu tudo mesmo. Fudeu mesmo!

Who cares?!

sábado, dezembro 23, 2006

Ciano volta e Ciano vai...

Estranho como as coisas podem ser diametralmente opostas de um dia pra o outro. Incríveis essas mudanças, eu diria. Na noite de quarta, por exemplo, eu passei mal, muito mal mesmo, tive uma intoxicação alimentar do mal graças a um sanduíche do giraffa’s... Nossa, como eu passei mal naquela noite, nem dormi direito. Mas na noite de quinta eu passei muito bem e muito bem acompanhada! O Ciano voltou. Ele desdobrou uma passagem e passou o dia aqui. Foi bom o nosso dia, conversamos muito, andamos pela cidade, encontramos um amigo e conversamos mais, depois voltamos pra casa, demos uma cochilada e fomos pra o gate’s numa festa bem medíocre – graças ao dj peba que tava lá – com duas amigas minhas, depois fomos deixá-lo no aeroporto e cá estou eu.
Hoje de dia eu passei mal ainda, mas de manhã, assim que acordei. Mas depois tomei um bom banho, deitei e fiquei cochilando e esperando ele ligar dizendo que havia chegado. O vôo dele atrasou três horas, então consegui descansar bastante. Quando ele chegou, ficamos deitados conversando (eu no meu colchão e ele no chão porque não quis desenrolar o colchonete dele) um tempão até surgir a fome que nos impeliu pra fora.
Nossa, conversamos muito o que me deu até mais forças pra vencer o dia à base de suco, já que comida foi coisa que quase não vi de tanto medo de passar mal de novo hoje. Tomei uns sucos deliciosos no marieta em compensação.
Eu me cansei mais facilmente hoje, depois do passa-mal, do que normalmente. Tanto que tivemos que voltar pra casa pra eu cochilar, e ele também porque não tinha dormido na noite anterior.

Essa hora ele ainda deve estar lá no aeroporto, talvez cochilando porque seu vôo só sai mais tarde, mas ele precisava aproveitar a carona da minha amiga pra lá. Foda é que a festa tava tão peba que acabou cedo demais. Nossa, nunca vi o gate’s tão trash! Tinha só cara mala e feio. E a música teve baixos demais quando deveria ter tido só altos. Também tava bem vazio aquilo ali. Nossa, normalmente o gate’s é um inferno cheio de gente! O importante é que nós conseguimos nos divertir. Eu queria ter bebido mas fiquei com medo de passar mal, então tomei só água... afff...

Bem, amanhã preciso fazer várias e várias coisas, mas só depois que eu dormir até tarde, até estar tostando de calor aqui. Não tenho pressa pra nada mais agora.

Putz, já tem vários dias que meu pulso esquerdo está doendo quando faço determinados movimentos como abrir e fechar a mão.

Ah, fiquei super feliz porque consegui achar e comprar a agenda 2007 pequena, igual a que usei neste ano.
Fiquei feliz pela visita do Ciano e espero que ele chegue direitinho e sem muitos atrasos lá na casa dele.

Engraçado é que realmente a gente não tem nada a ver como casal, não poderíamos ter dado certo mesmo, mas como é bom sermos amigos assim! Putz, é muito bom tê-lo como amigo. Espero que continuemos assim por muitos e muitos anos....

terça-feira, dezembro 19, 2006

de férias!!!

Meus deuses como é bom estar de férias!
Ontem, por exemplo, eu saí! Plena segunda-feira e eu na rua de madrugada! A última vez que eu fui ao Criolina foi nas férias do início do ano.
Fomos eu e uma amiga e foi bem legal, exceto por três coisas: a fila pra entrar que me fez perder um montão de músicas bacanas; de novo os rappers naquela coisa de improviso que se estendeu por tempo demais; um rastafari inglês que tava cantando como numa espécie de karaokê e que durou uma eternidade e isso foi o pior dos três de loooooooonge.
No mais, foi bem bacana. Dancei pra caramba, tomei xiboquinha, não peguei fila no banheiro das mulheres e ainda tive um início de conversa em línguas estrangeiras ao sair, o que, pra mim, foi o mais divertido da noite. Bem, é que, na saída, eu e minha amiga estávamos do lado de fora esperando o táxi pra ir eembora, quando chegou um cara e perguntou se estávamos esperando um táxi. Ele pareceu bebum e inofensivo, mas não inconveniente, então eu respondi que sim e ele perguntou pra onde íamos, eu respondi asa norte, ele perguntou se queríamos dividir o táxi, porque ele estava indo pra o final da asa norte, então a gente pagaria a nossa parte e ele pagaria o restante, até a casa dele. Eu disse que tudo bem. Ele era simpático, sabe? Deu boa noite pra gente, se apresentou, disse que era legal e eu respondi “tomara!”. Aí ele encontrou com um amigo e eles começaram a conversar em italiano, depois em francês e ele falou de mim, aí eu vasculhei o fundo do meu cérebro em busca de palavras em francês pra responder porque eu consigo entender o que é dito, mas não consigo mais falar direito. E ele me respondeu em francês. Foi divertido. É difícil encontrar um cara que fale francês. E eu acho o idioma mais lindo do mundo, depois do português :>
Mas aí o táxi chegou e como ele e resolveu ir com o amigo e inclusive queria que o amigo nos desse carona, o que recusamos, entramos logo no táxi e ele ainda pediu pra gente não ir não, em inglês, e eu respondi que não dava, em inglês. Foi minha conversa mais idiomística em séculos. Gostei. Pena que realmente tínhamos que ir. Eu gosto de poder falar em outras línguas porque aí pratico alguma coisa, aprendo, porque como não faço curso de idiomas, meu conhecimento está indo embora... Depois, já na W3, descobrimos que aquele não era o nosso táxi... foi engraçado.
Quando chegamos em casa, eu estava abrindo a porta quando finalmente tive resposta aquela pergunta que me fiz sobre o amigo do bebum-simpático: de onde eu conheço esse menino? Resposta: eu estive na casa do menino, ele doou as camisas que um certo leitor me deu e que eu distribui pra quem quis. Putz, isso é o que dá tomar xiboquinhas num curto espaço de tempo... Ô memóriazinha de bosta. Puxa vida, se o menino me reconheceu, deve ter me achado uma mal educada por não tê-lo cumprimentado direito. Enfim, agora é tarde.
Nossa, eu quero sair todas as segundas-feiras que eu puder! É muito bom sair e não ter hora pra voltar e nem muito menos hora pra acordar!

Ah, meus senhores, e agora eu tenho uma arma secreta contra esse povinho barulhento que me circunda nessa vizinhança farofeira: protetores de ouvido pra isolar o som. Por exemplo, hoje de manhã, bem antes do que eu pretendia acordar, ouvi um puta barulhão vindo da Kombi embaixo da minha janela, daí eu levantei, pus os protetores, deitei e só acordei quando minha amiga já estava saindo, porque ela precisava que eu abrisse a porta. Nossa, foi bom demais! Não ouvi porra nenhuma do barulho!

Bem, eu estou de férias, meus senhores, mas como nem tudo é perfeito, ainda preciso voltar à escola pra terminar de preencher quatro diários... mas só pelo fato de poder chegar lá quase às três da tarde e não ter alunos, já é bom demais da conta! Nossa, bom demais!!! :>

domingo, dezembro 17, 2006

terreiro

Fui ao terreiro contem, à casa do Dr. Fritz, mas ontem, sábado, não era dia dele atender, era o dia da umbanda. Mas lá não é batuque não, não tem nem atabaque, pra minha tristeza. É light mesmo, só na base das rezas e banhos e cosias do modelo. Mas o bicho tá pegando pra minha família, o que é bem triste, mas, sabendo-se o que nos ataca, já há uma forma de contra-atacar. Eu espero.
Mais tarde, ao chegar do terreiro, fui ao cinema com duas amigas e vimos “o amor não tira férias” que é bem água-com-açúcar e achei tãaao fofinho... ai ai... mas não chorei não. Sei lá porquê, mas não chorei e o filme tem altos momentos com os quais eu muito em identifiquei, os deprês, claaro, porque coisas boas como essas de comédia romântica nunca acontecem na minha vida.
Depois fomos ao Conic, pra uma festinha que ia acontecer. Mas a festa demorou demais a começar, isso porque já começaria tarde, meia-noite, mas ainda começou depois disso o que me deixou bem cansada já antes da festa, ter que ficar lá fora em pé parada esperando... Eu não gostei dessa festa não e foi por dois motivos:
- estava fazendo uns 70o C porque não havia UMA ÚNICA janela aberta, e aquele monte de gente respirando, dançando, suando junto só fazia a temperatura subir e ainda SEMPRE tem os fumantes totalmente sem noção do que seja respeito e adicionam a esse quadro já medonho toneladas de fumaça fedorenta de cigarro que só serve pra empestear nossos cabelos cheirosos e nossas roupas cheirosas;
- eu não sabia, mas alguns dos nomes anunciados não eram de DJ’s, eram MC’s que ficavam entrando e cantando e improvisando ao invés de deixar a música rolar e me deixar dançar em paz. Putz, não há nada mais chato do que ir a uma festa pra dançar e ter q parar pra ficar ouvindo caras rimando. Tudo bem que é bacana, eu dou o maior apoio e valor à arte dos caras, MAS NÃO NUMA FESTA! Nada que interrompa a música dançante numa festa é bem-vinda pra mim. NADA.
Eu e minha amiga acabamos indo embora antes das 4h, o que é bem cedo considerando a hora em que a festa começou... Bem, fazer o que, né?, nem todas as festas podem ser fantásticas e fabulosas...

Hoje de tarde eu fui ao burger king comemorar o aniversário de uma amiga e, só pra variar, quando cheguei lá só tinha um pinguinho de gente, mas achei isso ótimo porque eles foram embora logo e eu fiquei comendo e conversando com minha amiga e o namorado dela que eu gosto bem mais do que o anterior, embora eu simpatizasse com o outro, mas esse agora é mais solto, mais engraçadinho. Depois fomos à uma livraria e eu comprei meus presentinhos de natal! Nossa, fico tão feliz quando ganho presentinhos de natal de mim mesma! É que já se foi ao longe a época em que eu ganhava umas lembrancinhas das minhas irmãs; agora sou adulta, né? Então eu mesma me presenteio. O bacana é que eu sempre me dou aquilo que eu queria, não tem erro! :>
Comprei pra mim dois livrinhos de bolso (meus senhores, eu já lhes disse como sou louca louca louca por livrinhos de bolso? É que é tão bom poder levar na bolsa livros pra onde eu for!) e uma coletânea da Rita Ribeiro que eu acho o máximo! Na verdade eu queria um zilhão de cd’s que tinha lá, mas...
* Interrompendo porque, neste momento, a Rita começou a cantar “você vai comigo aonde eu for, você vai bem, se vem comigo, serei teu amigo e teu bem, fica bem...” *
Então, retomando, eu queria um zilhão de cd’s que tinha lá, mas putz, como estavam caros! Eu queria muito um da Virgínia Rodrigues, mas não tinha. No final, achei até bom não ter porque se estivesse na mesma faixa dos outros... putz, cd nacional a R$33,00 ou mais é um absurdo! Absurdo! Cd nacional tinha que custar, no máximo, R$15,00. Aí todo mundo compraria cd’s originais, eu aposto.
Tinha uns cd’s de música erudita na promoção, a R$6,90, aí eu comprei uns de uns compositores que eu não conheço as músicas: Liszt, Saint-Saëns, e Granados. Depois que eu ouvir o da Rita eu começo a ouvi-los. É tão bom conhecer coisas novas em música!

Depois encontrei o meu mais novo amigo e fomos ver “filhos da esperança”. Bem, dessa vez a gente acabou se encontrando um tempão antes da hora do filme, aí ficamos conversando e conversando e conversando. Mas hoje ele parecia mais desconfortável e eu não sei com o quê... Até brinquei que havia o assustado ontem quando disse que não poderia ver o filme porque estava num terreiro... Ele riu e respondeu que ficou mais surpreso mesmo com a minha sinceridade porque eu respondi bem espontaneamente, naturalmente. Eu já respondi rindo que não tenho o hábito de inventar respostas menos ofensivas...
Acho que ele não gostou muito de ter saído comigo hoje, mas, enfim, ele que me ligou perguntando se eu queria ver o filme... Ele poderia ter simplesmente não ligado. Poderia. Bem, eu fico no silêncio numa boa, mas tem gente que não fica. Assim como tem gente que não curte o esquema da sinceridade...
Whatever.
O filme, “filhos da esperança” é muito bom, putz, do caralho. E, embora, seja tristíssimo, eu também não chorei. Ómeusdeuses! Acho que estou voltando ao normal! finalmente! Chega de lágrimas! Chega de sofreguidão, de lamúrias! Chega de chorar por tudo! Chega!
Bem, só sei mesmo é que o próximo filme que eu for ver terá que ser bem engraçadinho pra contrabalancear esse que foi foda. Putz, muito intenso... Um tema escroto: o fim do mundo, o fim das esperanças, a guerra, o desespero... nossa, que filme forte. Eu bem que gostaria de ter podido fazer uma coisa que eu queria: segurar a mão dele, mas achei totalmente inapropriado. O que ele poderia pensar?! Provavelmente a verdade: que eu queria segurar a mão dele e me sentir um pouquinho acolhida... Putz, ando nos limites da carência... ainda mais nessa época do ano... droga de natal. Sinceramente, esta seria a melhor época do ano pra eu começar a namorar. Sim, essa época do ano é difícil, é pior do que o maldito dia dos namorados. É natal, férias, dias inteiros sozinha, cercada por livros e por frustrações... eu sozinha nessa cidade vaga, sem vontade de ficar com minha família no bendito dia de natal, com vontade de dormir até que tudo fique bem e passar pelo reveillon como se ele nem precisasse existir... Nossa, natal e reveillon... que diazinhos mais deprimentes pra se estar só... E lá vem eles... lá vem eles na esquina... Então, poxa, sabe-se lá quando é que a sorte vai em extirpar desse mundo, então eu gostaria de ter podido segurar a mão do menino no cinema nas cenas tristes. Queria ter intimidade o bastante com ele pra ter feito isso. já que ele quer ser só meu amigo, podia me dar essa intimidade. Eu gosto de abraçar e tocar meus amigos. Mas ele eu não sei se posso. Só abraço e beijo quando a gente se vê e depois quando eu vou embora. Tadinho, ele não tem nada a ver com isso, isso é problema meu, das minhas faltas, das minhas lacunas, das minhas... ódeuses... da minha carência, da vontade de me apaixonar e ser correspondida, de ser tocada, de ser querida. É triste estar assim tão à deriva nesse Planalto Central... Será que eu realmente nunca mais terei um namorado? Será que eu só abraçarei meus amigos e irmãos e nenhum outro homem? Será que é isso, só isso?, eu dei um puta azar e acabou? Só isso? Simples assim?!
Nada de namorado pra você, mocinha!
Taí um presentinho que o Papai Noel poderia me dar... Não precisa ser o Jude Law não, especialmente não se ele vir com duas filhas pequenas... Pode ser só um cara do qual eu realmente goste e que goste de mim apaixonadamente. Reciprocidade, né, meus senhores, reciprocidade...

Acho que levarei minha afilhadinha-linda-linda-da-tia pra ver um desenho no cinema comigo. Idéia da minha irmã pra eu passear um pouquinho com ela, já que ela está de férias e eu – muito em breve – também estarei. Ómeusdeuses! Amanhã acho que é o último dia quem apareço no trabalho. Preciso preencher os benditos diários. Sou paga pra isso também, né? Então, ok, irei lá justificar meu salário nababesco passando o dia inteiro com meu rabinho ossudo grudado naquelas cadeiras da sala dos professores preenchendo meus lindos dezesseis diários escrevendo a mesma meeeeeeeerrrrrrrrda neles. Trabalho idiota. Tudo poderia estar informatizado. Poderia, mas quem quer simplificar a vida dos professores??? Pra que diminuir nosso sofrimento???

Ah, foda-se, já to ficando puta de raiva e ainda tem um pião escroto filho de uma escrota que tá ouvindo a porra do som do carro no maior volume e já são quase meia-noite. Por isso que esse mundo está como está! As pessoas simplesmente não dão a mínima se atrapalham os outros, se estão fodendo a vida dos outros. FODA-SE a humanidade! Respire fundo, Verônica. Respire fundo e pense em coisas boas.

Bem, meus senhores, agora eu vou sair disso daqui e vou ler um pouco antes de dormir, ou até dormir... :>

Boa noite a todos.

terça-feira, dezembro 12, 2006

39 horas

Estou acho que há umas 39 horas sem dormir, mas tô bem, só me falta conseguir encontrar as palavras certas pra dizer coisas pras pessoas quando elas me perguntam... Falar hoje foi uma coisa complicada, especialmente com as crianças no trabalho...
De manhã, quando cheguei na aula, eu tinha vontade de correr de um lado pra o outro, de falar tudo o que viesse à minha cabeça e foi um exercício e tanto me controlar na auto-avaliação que a professora da aula das 8h nos deu. Além de auto-avaliação, era pra se avaliar o desempenho dela e fazer sugestões e blá-blá-blá. Até aprece que alguém que tenha a mínima pretensão de tirar nota boa vai dar uma avaliação negativa pra ela. Mas eu falei da coisa da meia falta por atraso. Falei mesmo que merecia SS e que tinha achado injusto essa meia-falta, na verdade beeeem no plural, porque eu sou uma boa aluna de fato, eu participo, eu pergunto, eu presto atenção, não fico me perdendo em conversinhas paralelas e coisas do tipo como muitos outros alunos fazem. Enfim, aquilo me estressou um pouco mais e minha perna mexia sem parar. No decorrer do dia foi estranho me manter acordada. A sensação que eu tinha era de que caso eu fechasse os olhos, só os abriria no outro dia, amanhã, e perderia tudo o que deveria ter feito.
Ficar tanto tempo sem dormir, hoje em dia, me afeta ainda mais od que na época em que eu vivia fazendo isso. Ás vezes dá a impressão que o corpo e a mente estão indo em direções opostas. Parece que minhas pernas e braços estão no piloto automático enquanto minha mente divaga...
Mas sabe o que é mais esquisito? Eu não quero dormir agora. Eu quero ficar acordada e fazer tudo o que eu tenho que fazer. Tudo.
Fui, inclusive, ver um filme quando saí do trabalho. Achei que precisava tentar relaxar já que essa coisa de ficar acordada parece me fazer ficar mais acordada ainda. Eu vi “o labirinto do fauno” e me arrependi. O filme é bom, na verdade achei-o excelente, mas não é o que eu precisava ver numa noite como hoje... Felizmente, na sala do cinema, encontrei com um casal de conhecidos que me pouparam do ridículo de chorar em público porque fiquei com vergonha de chorar com eles do meu lado... Enfim, o filme não é o terrorzinho que eu imaginei, é uma fantasia de ultra violência, que trata de uns temas super pesados e me deixou com os olhos úmidos... E tudo o que queria era relaxar... Bem, eu queria ter visto o tal do “happy feet”, mas a sessão já havia começado quando cheguei ao shopping. Com certeza neste eu teria rido bastante.
Whatever...
No final de semana eu me presentearei com um filme levinho, light, bobo que seja!

Bem, meus senhores, preciso pelo menos me deitar e tentar dormir porque amanhã a vida continua no aperto do final de semestre.
Aliás, amanhã é a confraternização do trabalho mas não tenho certeza se participarei ou não, vai depender de quem vai. Ou será que eu não posso me dar ao luxo de dizer, de ano bissexto em ano bissexto “só vou se vc for, Fulaninho...”?!

Beijo na bunda e até segunda, ou qualquer outro dia da semana no qual eu consiga tempo e vontade pra escrever.

Restos dos Últimos Dias

Hoje já é terça-feira e eu ainda sem conseguir terminar meus trabalhos. Não é que eu não tenha idéias sobre o que escrever, é que eu tenho muito mais idéias sobre milhões e milhões de outras coisas me martelando na cabeça e me desconcentrando totalmente. É difícil desligar um tipo de pensamento pra que eu me concentre só em outros, nos úteis, naqueles que me farão terminar meus trabalhos e estudar pra prova de HSPB. Bem, pelo menos consegui terminar um e meio: o de catalogação e metade do bendito de PSI. Se eu não terminar a outra metade esta noite (são duas e quarenta e três da madrugada), não ganho meu tão almejado SS, fico com um MS rasteiro, 7 cravado. E de manhã ainda tenho aquela aula das 8h na qual eu não posso ter mais nem meia falta. Professora xarope! Me dar meia falta por causa de atraso! Que raiva! Mas, tudo bem, eu quero é meu SS e pronto. Ela pode até me dar a PORRA da meia falta por atraso desde que não me tire meu SS. Já me basta pensar que não ficarei com SS em HSPB por conta do MS na bendita prova em grupo. Eu deveria ter complementado aquela bendita questão que aqueles meninos responderam. Mas eu estava cansada e de saco cheio de complementar questões. Aí me dei mal: MS. Odeio esses MS quando eu deveria ganhar SS. Mas, enfim, tá tarde pra caralho, eu tô me sentindo estranha por conta da dose cavalar de guaraná em pó que tive que tomar pra agüentar até agora, então eu paro por aqui e retomo meu bendito projeto de PSI. preciso aproveitar que, por hora, meu micro parou de dar a pala. Eu já estava pra chorar enquanto fazia o trabalho de catalogação porque ele ficava travando todo minuto e não salvava porra nenhuma do que eu havia feito. Isso é desesperador! Realmente preciso de um micro novo esse ano. Esse ano é ano de matérias muito importantes, de estágios, de gerência, não posso ficar travando batalhas contra a tecnologia. Preciso me precaver. E preciso de uma impressora que funcione. Preciso MUITO.

Boa noite, meus senhores e até as férias que esses próximos dias continnuarão punk rock hard core trash metal pra mim... :/

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O meu amigo do trabalho gravou outro cd pra mim, uma cópia de um dos cd’s novos da Bethânia, Mar de Sophia. Ele já me disse que ano que vem não estará mais na escola por conta da modulação e eu fiquei triste. Gosto muito dele, gosto de conversar com ele, das piadinhas dele. Ele é um cara bacana, divertido e bem agradável de se conversar. É, essa coisa de se trabalhar em escolas públicas tem disso: os colegas estão sempre mudando, chegando e saindo. Não costuma acontecer d’eu dar graças aos deuses por me livrar da companhia de colegas de trabalho (direção não incluída aí, claaaaaro!), normalmente eu fico é triste por mudar de escola ou por eles mudarem, mas isso é positivo, até certo ponto, porque nos coloca em contato com gente diferente o tempo todo. Especialmente no que diz respeito aos contratos temporários que têm mais mobilidade, são menos estáveis nas escolas. Puxa, desde que entrei na SE, já conheci tanta gente bacana! Bem, não dá pra ser tudo sempre bom, então as direções sempre têm que ter alguma coisa meio fora de propósito ou ser simplesmente bizarras como na escola passada. Mas, enfim, o importante é que esse era um dos meus maiores medos, não me relacionar bem com as pessoas do trabalho. Até hoje, na verdade, isso ainda me dá medo, sabe? Mudar de escola, começar algo totalmente diferente, deixar o que demorou tanto tempo pra ser cativado de lado e recomeçar. Recomeçar. O ano está acabando e isso bom porque entrarei de férias em breve. Não viajarei. Não tenho pra onde ir e nem muito menos com quem. Nem pra o Piauí devo ir esse ano... afff... Ficarei aqui mesmo, farei o Verão se tiver alguma matéria que eu possa fazer. Se não, ficarei acordada de madrugada como eu tanto gosto, dormirei de dia, lerei muitos dos livros que estão ali na fila de espera e farei uma base de dados pra eu saber tudo o que tenho. É que às vezes me pedem livros emprestados que eu não consigo saber se tenho ou não. Assim eu já até saberei quem pegou emprestado, quando e coisas do tipo, afinal eu sou uma bibliotecária, n’est pas? Provavelmente passarei uns dias na casa da minha-irmã-13-anos-mais-velha-que-eu porque ela já me chamou e eu gosto dela e do meu sobrinho e a gente pode ver um monte de filmes lá. Ela quer que eu vá pra roça com ela no reveillon. Acho que não vou. Não gosto de roças nem no reveillon. Ok, seria uma experiência antropológica finalmente conhecer essa tal “roça” que o povo da minha família tanto gosta, mas não sei se o reveillon será o melhor momento. Talvez, se não houver mais nada o que se fazer, até seja mesmo e eu até vá. Sei lá. Vou pedir pra ficar na casa dela é no natal. A festa desse ano será na casa da minha-irmã-cujo-marido-eu-não-suporto, portanto não irei. Óbvio e ululante. Pra não ficar à toa na minha casa que não tem tv nem dvd, peço pra ir pra lá. Bem, pra mim o natal é mais um dia como todos os outros, é mais um feriado religioso, mas o foda é ouvir musiquinha de natal de tudo quanto é lado, e gente comemorando como se realmente fosse o aniversário de alguém e tudo fica fechado, ou seja, eu nem sequer poderei ir ao cinema sozinha... É, eu sei, meus senhores, preciso comprar mesmo um computador novo com leitora de dvd porque aí não precisarei ir a lugar algum em ocasiões como essa. Poderei ficar em casa vendo Lost sossegadamente enquanto o resto do mundo comemora nascimento de Jesus e, nos outros 364 dias do ano, se esquecem de toda a misericórdia e compaixão que tão apaixonadamente pregavam nesse dia de natal. Desde que eu não ganho presente de natal a festa perdeu totalmente o sentido pra mim já que não sou cristã, eu sequer acredito na existência desse deus da tradição judaico-cristã. Ainda por cima acho um absurdo essa cara-de-pau das pessoas que resolvem dar comida pra os pobres como se eles só sentissem fome nesse dia específico do ano. Todos os abraços que são facilmente esquecidos porque falsamente dados apenas porque era natal... Natal é uma coisa tão artificial! Talvez pra o pessoal do sul do país com seu clima frio e sua origem européia pode até não ser, mas no Planalto Central ver essa decoração de pinheiros cobertos de neve é agressivo! Tudo bem, eu confesso que gosto das comidas de natal, as mesas fartas, frutas, pernil, salpicão, arroz de forno com passas, tender, etc. etc. etc. Whatever. Quem quiser e puder que aproveite o natal. Eu já estarei de férias mesmo, então será mais um feriado sem serventia alguma pra mim.
Ainda bem que existe Lost em dvd!

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Não tenho saído muito. Na verdade, tenho saído só aos sábados mesmo. Não sei se nessas férias será diferente. Não adianta querer ir a festas sozinhas. Nem quando eu ia às festas góticas eu não ia sozinha, imagina agora! Ir ao cinema sozinha, tudo bem, eu até fui outro dia, mas esqueci completamente o que fui ver... Enfim, ir ao cinema só agora até que é mais normal pra mim, mas ir à festas... ah não, acho que esse é um processo bem mais demorado, se é que algum dia vai acontecer d’eu ir a uma festa sozinha.

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Não, meus senhores, nada de mais, nada de novo aconteceu. Somos só eu e essa minha cabeçona-de-mamão completamente cheia de coisas que, no final, mais me atrapalham que ajudam. Fui a uma festa há dias atrás e a qualidade do som estava ruim, mas eu dancei e isso é sempre o que me importa numa festa. Eu nunca vou à festas pra bater papo e – FELIZMENTE – já passei há séculos da fase predadora. Bem, não estou numa fase presa também porque, meus senhores, se vocês me conhecem sabem, eu fico no meu canto e danço e olhos fechados. E não é todo dia que algum corajoso (bêbado ou não) me aparece falando alguma gracinha. Eu também fico na maior preguiça de fazer qualquer movimento que seja na direção de qualquer cara que seja então vou ficando assim mesmo, sem ficar com ninguém. Ok, eu admito que depois da cirurgia eu até que abro mais os olhos enquanto danço, mas a cirurgia só reparou a miopia, minha lerdeza continua intacta. Acho que fingi durante tanto tempo ser uma tapada que acabei acreditando e agora fica difícil não ser tapada... É como no filme que vi dia desses também “o grande truque”. Eu também vivi durante tanto tempo esse “truque”, que já não há mais diferenciação entre o que é mentira e o que é verdade na minha vida de tapada...

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Ando numa correria louca por conta dos trabalhos de final de semestre. Eles sugam toda a minha energia, por isso nem andei escrevendo apesar da vontade. Agora, por exemplo, estou contemplando a tela vazia onde deveria estar o trabalho de Planejamento de Sistemas de Informação. Um horror. Não consigo ouvir nem música numa hora como essas. Um horror.

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Fui à formatura da 8a série do ensino fundamental pra o ensino médio dos meus sobrinhos. É, é uma menina linda e um menino e eles têm menos de dois meses de diferença de idade. Têm olhos claros também: ela, verdes, ele, azuis. Ela é filha do mais velho dos meus irmãos, ele, da minha irmã que é 13 anos mais velha que eu. Eu gosto pra caramba dos dois, eles são bacanas. Aí eu fui pra colação e depois pra o baile deles que, como era de se esperar, me fez mofar quase o tempo todo na mesa por causa da trilha sonora... afff... eu deveria ter delicadamente recusado o convite pra o baile. Mas, só pra variar, é tão difícil dizer não quando eu simplesmente posso dizer sim...

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Noutro dia, um cara começou a puxar conversa comigo no ponto de ônibus. Ah, foi sexta-feira. Já passava das 22h e chovia. Eu fui respondendo o que ele me perguntava, nunca gostei muito dessas conversas com estranhos, mas achei que seria melhor – àquela hora e naquele lugar – ter como companhia um sujeito extrovertido que um psicopata. Era um cara estranho, que parecia mais velho do que soava, mas acho que era por conta dos dentes que ele parecia não ter ou então tê-los de uma forma muito bizarramente disposta na boca. Ele tinha aquela boca-murcha que os velhinhos que tiram a dentadura têm, mas o resto, os olhos, o cabelo, nada parecia tão velhinho assim. E o cara me contava que tocava bateria e blá-blá-blá. O pior mesmo foi entrar no ônibus: me apressei pra entrar antes e sentar sozinha, mas nada adiantou porque o cara sentou-se do meu lado e continuou a conversa. Lá pelas tantas, como eu temia, ele me pediu meu telefone pra gente continuar conversando num bar, fazer qualquer coisa um dia desses, mas eu disse Acho melhor não, e tentei olhar o tanto quanto possível pra os meus pés porque olhar praquele cara com aquela boca esquisita me dava agonia. Eu gosto de sorrisos bonitos. No rosto de um cara, o sorriso certamente é o que me chama mais atenção. Gosto de ver as pessoas sorrindo, e gosto até daqueles dentinhos meio fora de lugar, especialmente caninos. Quando preciso me defrontar com banguelas ou pessoas com dentes podres e coisas assim eu fico me sentindo extremamente incomodada. Taí menos um ponto pra os fumantes com seus dentes amarelos e bafo de nicotina... Eles nem sentem, claro, mas eu sinto. Mas me sinto meio culpada por ter uma percepção tão aguçada apontada pra uma coisa: sorrisos. Provavelmente os caras que me evitam o fazem por terem suas percepções apontadas fatalmente pra alguma coisa que, em mim, lhes parece abominável. Não dá pra eu parar minha vida e começar a fazer uma pesquisa junto aos prováveis caras pra mim, pra que eu venha a saber o que é que lhes desagrada tanto a meu respeito, então continuo na mesma merda de ignorância, negação e auto-comiseração.

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Um dia, ajoelhada na cozinha a procura de algo no armário sob a pia, senti uma picada no joelho direito. Continuei ajoelhada até encontrar o produto de limpeza que procurava. Quando me levantei, vi escorrer languidamente por minha pele pálida um filete carmim. Eu me cortei com um minúsculo fragmento de vidro de um copo que deixara cair no dia anterior. Estranho é que eu sempre passo mal quando vejo sangue, especialmente o meu sangue. Mas ali eu só consegui ter vontade de tirar uma foto, de fazer algo artístico como uma foto ou um poema. Fiquei olhando o sangue escorrer enquanto ia ao banheiro lavar e passar uma coisa pra assepsia. Sempre tive medo de ter uma morte idiota. Bem, ainda tenho. Mortes idiotas ou violentas. Creedo. Por que as pessoas simplesmente não podem morrer dormindo?

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Tive dias variados desde a última vez em que escrevi. Não, os dias foram sempre os mesmos, as coisas que eu pensei é que foram das mais variadas.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

desperdídio

Meu ouvido esquerdo dói. É a maldita DTM. Ou talvez seja só culpa. Eu sinto-me culpada por tudo. Por tudo. Especialmente pelas coisas que eu não fiz, mas que pensei um dia em fazer.
Eu só queria ser uma mulher como as outras. Não dá pra ser como todas, claro, mas eu queria estar na média. Não queria ser fisicamente diferente. Nem muito menos emocionalmente. Não me sinto acima da média, ao contrário, ainda me sinto a última das mulheres. E ainda queria poder ouvir Maysa, mas tenho medo de ouvi-la... Desliguei o som de novo. Às vezes meus pensamentos me fazem tanto barulho na cabeça que não consigo ouvir música. E o ouvindo latejando insistentemente.

Me dei conta hoje, agora, agorinha mesmo, que o aniversário dele, do Certo Alguém, foi no domingo. Eu não lembrei no dia, mas eu nunca lembro mesmo o aniversário de ninguém no dia, nem mesmo o dele. Talvez tenha sido por isso que ele tenha me olhado com aquela cara de cachorro que caiu da mudança na segunda quando apareceu no trabalho depois de uma semana... talvez ele quisesse que alguém tivesse se lembrado, alguém como eu. Mas ninguém bateu parabéns e nem nada. Não vi ninguém dando abraços e dizendo “foi seu aniversário? Parabéns atrasado!”. Não, nada, nem uma palavra. Eu gostaria de ter podido dizer algo, se tivesse lembrado no dia, ou mesmo depois, agora. Mas não posso. Pra minha própria proteção, apaguei o número dele do meu celular e o endereço de e-mail também. Eu não tenho motivos pra ligar ou escrever pra ele, não somos amigos. Somo apenas colegas de trabalho. E, entre todos aqueles homens, ele é o que menos gosta de mim. Claro que é, se não, qual a graça? Se ele gostasse de mim, se desse em cima de mim, que graça teria gostar dele? Portanto, não ligarei e nem escreverei pra ele e nem darei parabéns atrasado. Só quero mesmo é que este ano termine logo pra eu poder ficar longe dele o tanto quanto possível. Tomara que eu durma muito nessas férias e esqueça como a vida é quando estou acordada. Tomara que eu possa ler muito e mergulhar na fantasia dos outros porque a realidade da minha vida é monotonia em tempo integral. Não, monotonia e frustração em tempo integral. Talvez ele seja o único que não tenha se deixado levar por falsas impressões e fantasias a meu respeito, e por isso ele seja o que menos gosta de mim lá. Sei que tem uns que gostariam de me comer, porque devem achar que sou algo de exótica, sem inibições sexuais e que vou fazer coisas que as esposas não fazem. Erro crasso. Não sou nenhuma dançarina exótica e estou anos-luz atrás de qualquer mulher mediana na minha faixa etária no que diz respeito a coisas sexuais. Falta-me a experiência que

Comprei perfume pra mim hoje. E fui ao cinema com minha melhor amiga. Melhor fazer hoje coisas boas do que esperar por um futuro que – ninguém garante – vai acontecer. Eu queria comprar um perfume específico, um que só sei como se pronuncia, mas não sei como se escreve: amarija. É doce, mas não muito. Estava falando sobre ele quando vi a lojinha de perfumes genéricos na minha frente. Acabei comprando uns frasquinhos de três outros perfumes, e não levei o tal amarija. Me identifiquei com um outro, fantasme. Ele é um perfume estranho, não sei explicar com que se parece, mas eu gostei. Talvez porque ele é realmente estranho. Até o nome dele é estranho. E, assim, com um gosto pra coisas estranhas, como é que eu poderia ser uma mulher como as outras, na média? Com tornozelos normais acompanhados de pés normais, tamanho 36 pra ser exata? Como, meus senhores? Como?
Pouco me interessa que algumas pessoas não tenham pés, ou braços, ou não se movam da cintura pra baixo. Saber que existem pessoas em situação pior do que a minha não em faz sentir aliviada. Não mesmo. Me faz ter raiva da idéia de que existe um deus. Deus sádico-filho-da-puta! Faz uns sofrerem pra caralho pra que outros se sintam felizes por terem problemas menos grandes, ou por serem medíocres e darem graças a deus por serem medíocres. Ninguém deveria se sentir mal, se sentir inferior, se sentir apartado, diferente. Ninguém.

Nas lojas, nada nunca me cái bem. Impressionante como meu humor cai por conta disso. Eu estava olhando umas roupas hoje numa loja e estava tocando uma música bacana, desses hip hops de festa e eu estava com vontade de dançar mas aí entrei no bendito provador e foi aquela tristeza porque nada me servia. É como se eu tivesse que usar roupas que simplesmente não são fabricadas! O tamanho 38 fica largo, o 36 fica apertado, o M não caí bem, nem muito menos o P ou o G. Será que eu sou uma espécie de Frankenstein que tem que ter roupas com cumprimento 40 e largura 38? Nossa, na hora já dei aquela brochada e toda a vontade de dançar ou de fazer qualquer outra coisa foi por água abaixo... Sapatos então, putz, melhor nem olhar muito porque todos os modelos bonitinhos param no 36. Quando tem um 38 pode ter certeza de que a cor é algo como branco ou bege que eu detessssssssssto. Eu preciso mesmo aprender a costurar porque senão não vou nem ter como me vestir de um jeito diferente da combinação calças folgadíssimas e camisetas.
Sim, meus senhores, eu comprei uma roupinha no sábado e comprei melissinhas também. Mas aquilo foi uma exceção tão grande! Por isso comprei duas melissinhas e não uma, porque quando aparece alguma coisa no meu tamanho e que me agrada, preciso comprar porque sabe-se lá quando é que encontrarei algo bacana pra mim e em mim de novo!
Eu queria ser uma menina. Não precisava nem ser um mulherão nem nada. Só uma mulher normal. Na média. Alguém que experimentasse as roupas e elas ficassem boas. Acho que isso é pedir demais mesmo. Nunca serei normal em nada. Talvez só no meu desempenho acadêmico. Aí eu sou bem na média. Pelo menos não estou abaixo da média lá... Acima também não estou, não sou nem um pouco versátil ou articulada. Nem minha memória é boa. Nunca serei uma acadêmica também, não tenho nada de novo pra dizer sobre nada. Nem muito menos alguma coisa de útil, algo que fosse uma coisa boa pras outras pessoas. Não não. Eu estou na média. Me formarei, e começarei a estudar pra concursos. Devo tentar muitos e muitos e muitos até desistir porque nunca tive notas boas, nada além da média. Talvez um dia eu passe em algum mas com aquela classificação láaaa pelas últimas. Ou seja, eu sou um desperdício de matéria-prima, de mitocôndrias. Um desperdício de proteína. Um desperdício de carne e osso... O desperdício em carne e osso.

Alguém pode me dizer o que diabos estou fazendo aqui neste planeta?

Deixem pra lá, meus senhores porque este é o tipo de pergunta que nunca tem uma resposta muito animadora e eu não preciso de sal nas minhas feridas por hora...