Prisão Domiciliar
Passei o dia inteiro hoje pensando sobre casamento. Pensei muito mesmo e continuo sem entender por que as pessoas me perguntam tanto por que eu não quero casar. Eu não consigo entender por que elas continuam casando. Pra ser sincera, a palavra que melhor ilustra meu desconforto com a idéia de casamento é prisão. Para as mulheres então, muito pior, é a solitária. E não adianta colar fotos nas paredes e pintar as grades de cor-de-rosa...
Não sei se é realmente esperança, medo da solidão ou puro cinismo o que continua fazendo com que as pessoas se casem. Desejo sempre que elas sejam felizes e tal, porque não faz sentido desejar o mal pra quem a gente gosta, mas isso não significa que eu veja essa instituição com bons olhos. A idéia de se assumir tal compromisso com outra pessoa é... deixe-me pensar numa palavra... demais. É, é isso, a idéia de que duas pessoas devem viver, co-habitar juntas para o resto de suas vidas, criando filhos, animais e/ou plantas em comum, é demais, extrapola meu entendimento. Não consigo conceber isso.
Talvez seja porque eu só tenha visto exemplos de pessoas que se prometem milhões de coisas, se comprometem não apenas consigo mas com toda a comunidade e aí, tudo cai. E, no caso das mulheres, a casa tende a cair nas costas delas. Eu, tô fora!
Na verdade, sinto-me triste por pensar que a mentalidade hegemônica ainda é de que ovários e útero têm uma ligação concreta com a cozinha e demais tarefas domésticas. Acho muito escroto uma mulher casada chegar em casa correndo do trabalho pra dar conta de serviços que poderiam ser divididos com seu marido já que a casa é dos dois, assim como os filhos e tudo o mais. Por que a dupla jornada de trabalho? Por que tratar o marido como se fosse mais um filho? Por que tratar os filhos como aleijados, criaturas incapazes de cuidar de si e de ajudar a cuidar da casa? Eu, tô fora!
“As coisas estão mudando!” Claro, meu senhores... claro... acho muita ingenuidade ficar esperando por isso.
Viva os radicalismos!
Vamos subverter logo isso tudo, toda a ordem estabelecida em torno dessa família que cria submissas e opressores. Por mim, chega de exploração das mulheres que, muitas vezes, sequer se dão conta da exploração que sofrem de tão naturalizado que esse discurso maldito de papéis limitados não às capacidades dos indivíduos, mas às suas genitálias propõe. Odeio isso.
Odeio também ter que ouvir da boca das mulheres idiotices do tipo “mas o cara tem que pagar as coisas”. Tem?! Absurdo!!! Tem porra nenhuma. De que serviram todos os séculos de luta por reconhecimento e emancipação?! O pênis também não tem nenhuma ligação com a carteira recheada de dinheiro.
Se não me falha a memória, já ultrapassamos em alguns milênios a condição de macho provedor, não é? Ou por acaso ainda há a necessidade dos homens saírem por aí com suas lanças caçando? Pelo menos na nossa cultura, a “ocidental”, acho que é mais fácil ir ao supermercado e pegar uma lasanha pronta e pagar com cartão. Coisa que qualquer mulher ou homem – acreditem – pode fazer desde que tenha dinheiro.
A casa não é domínio das mulheres. Dinheiro não é privilégio dos homens. Pra que, afinal, as mulheres estão na porra do mercado de trabalho?!
Quanto a mim, são tantas as restrições e imposições que eu faria, que nenhum homem, não deste mundo e neste século, aceitaria. Exemplo? Bem, meu senhores, casas separadas; não terei filhos; monogamia; nada de cerimônia religiosa e nem de animais; caso haja uma necessidade sobrehumana de morarmos juntos, as tarefas serão matematicamente divididas, assim como as contas, mas quero, no mínimo, um quarto separado. Ah, enfim, é muita coisa pra continuar enumerando.
A maioria dos homens que conheço parece se casar simplesmente pra juntar numa coisa só sexo garantido e, a prior, de graça + uma empregada que durma no serviço e não receba salário, ou seja, uma escrava + a dedicação da sua santa mãezinha + a garantia de perpetuação dos seus preciosos genes que, certamente, todo mundo sempre acha que a humanidade não pode passar sem. Quanto às mulheres, querem estabilidade financeira, um companheiro de solidão, alguém pra brigar pelo controle-remoto, sexo insatisfatório e um pai pra os seus filhos porque obviamente as mulheres de verdade são as que se reproduzem e “padecem no paraíso” pela prole preciosíssima.
Não peço desculpas pelo olhar cru com que vejo o casamento, mas é isso o que vejo, não sou ficcionista.
Quem quiser casar que se case, por mim, tanto faz. Na verdade acho até bonito ter tanta fé numa coisa tão improvável, mas eu, eu tô fora!, meus senhores. Minha fé nunca alcançou patamares tão altos. Mas uma coisa é certa, eu gostaria de passar por alguma experiência de relacionamento amoroso que durasse mais que uns meses porque acho que isso é provável, mas, enfim, eu também acredito piamente na vida extra-terrestre mas nunca vi nenhum ET... Se bem que ultimamente tenho sentido que está cada vez mais fácil eu ser abduzida do que ter um namorado. Afinal pra que servem as mulheres com idéias? Acho que pra mesma coisa que servem os homens com sensibilidade: chacotas.
1 Comments:
Fale comigo em uma linguagem que possa ouvir...
hmmm...Velocidade da luz de agosto, interessante
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