sem palavras...
Ele parou o carro.
Eu juntei minhas coisas e sai.
Eu não disse nada.
Ele não disse nada.
Nada me ocorreu.
Nada havia que ser dito.
Agora?
Bem, agora somos só eu e a eternidade desta noite...
Sou um animal.
Ele diz que sangra.
Eu menstruo.
Ele disse que não sabia que era tão mau.
Eu não disse nada.
Poderia ter dito.
Se eu soubesse o que dizer, teria dito.
As palavras nunca estão presentes quando preciso delas.
Então eu bati a porta do carro e sai levando minhas coisas.
Ele não disse nada.
Eu estou aqui.
Continuo sem palavras.
Eu e a falta das palavras.
Ele ligou o carro e foi embora.
Eu entrei.
Subi as escadas guardei as compras e liguei o computador e pus meias e tomei suco e tomei água e pensei que eu sou um desperdício de vísceras e tinta pra cabelo e que Ele vai ficar melhor sem mim e não chorei como de costume e andei um pouco por este minúsculo apartamento e fechei as cortinas e pensei que eu realmente não consigo me habituar a ser uma pessoa melhor e que Ele está definitivamente melhor sem mim e me senti nauseada e...
Não olhei pra trás.
Bati a porta do carro sem dizer nada nem sequer um adeus, até um dia, foi incrível ter te conhecido e me desculpe por não me desculpar mas eu não sei ser outra pessoa...
Eu não disse nada.
Nada havia pra ser dito.
Ainda não há nada pra ser dito.
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