anotações no meu caderninho
Bem, nestes últimos meses estive sem computador. Não faz mal, também não tinha muito o que escrever. Final de ano em escola é uma merda e eu quase tive um troço pra entregar os malditos diários a tempo, ou melhor, menos atrasada do que de costume.
E aqui estou eu, triste como sempre, escrevendo, meus senhores, o de sempre: desfiando o rosário das minhas misérias, interpretando esta tragicomédia que parece não ter fim...
Então aí seguem as coisinhas que andei ruminando e anotando no meu caderninho ultimamente:
10/12/05
Ando montada no meu próprio bolso
e se meus fundos são curtos, não vou muito longe não
que também são curtos os meus passos
medos, esses são grandes
mas por dentro, ah...
vi tantos mundos, corri tanta estrada, tantos caminhos... já fiz e desfiz universos.
E se os fundos e os medos me deixam estática, meu coração me dá voltas, abre minhas portas, solta minhas pernas pra outros mundos, bem outros.
20/12/05
Bebi um pouco. Álcool, assim na medida certa, é ótimo. Nem demais, pra eu não passar mal, nem de menos, pra meu humor se fortalecer. Agora estou lendo “A Assustadora História do Sexo”. É divertido.
“... a maneira mais segura de tornar as pessoas menos pecadoras é reduzir o número de pecados.” Richard Gordon
12/01/06
No Piauí.
Está escurecendo. O sol poente à esquerda. A lua cheia, brilhante, à direita. Isso sempre me faz lembrar “o feitiço de Áquila”.
Preciso me lembrar de nunca mais viajar de carro...
No quarto ao lado, minha avó materna está morrendo. Pessoas ficarão a noite inteira indo e vindo, checando se já se foi ou se “vive” ainda.

Meu irmão disse à pouco que minha mãe ligou para avisar que meu pai teve um derrame e está hospitalizado, as pernas inertes. Não, as duas pernas não, o lado esquerdo do corpo. Excesso de álcool num organismo velho e amargurado. Tenho pena dele. Sobretudo, a despeito de toda mágoa, tenho pena dele.
E eu pensei que seria uma viagem pra relaxar...
13/01/06
sexta-feira treze
Ainda bem que as coisas no dia de ontem não aconteceram hoje.
Minha avó dorme no quarto ao lado. Como sabem se ela dorme ou se morreu? Não tenho coragem de ir ver eu mesma. Prefiro o benefício da dúvida.
Tomei outro banho e agora vou dormir um pouco. Talvez eu leia um pouco até dormir.
17/01/06
“águas de março” Essa música seria uma trilha sonora bem lírica pra esses quilômetros de sol e poeira de agora...
árvores grandes
árvores pequenas
tentamos desviar dos animais mortos apodrecendo
calor dos infernos!
nuvens de poeira
campos de soja
paisagens lindíssimas, numa melancolia e abandono que dá gosto de se ver
estradas de chão batido, esburacado e desnivelado se estendendo por quilômetros e quilômetros
cidades minúsculas paradas no tempo
tantas nuvens!
tantas nuvens...
crianças vendendo frutas sem o menor viço e esmolando
quero ir pra casa
a beleza desses espaços abertos me deixa embriagada, tonta, pelo avesso
e esse sol!
esse sol não perdoa nada
não posso com esse sol
não posso com nada disso
quero ir pra casa e ficar lá, cercada de paredes, de concreto,
vendo o verde em doses homeopáticas na segurança do meu lar
Será que minhas plantas estão bem?
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