domingo, agosto 07, 2005

sete de agosto

a flor da angústia brotando
neste solo árido
o Deserto das coisas não ditas
nem vistas
que olhos não há para dentro de nós
coisas desejadas, tão intensamente desejadas
e nunca nunca nunca executadas
o Deserto do Medo
Eu estou aqui
assim como Você está aí
me deito neste chão
me cubro com as pálpebras da noite
me afogo nos risos das putas
baratas
e dos fétidos bêbados
bastardos
sou um náufrago
soçobro de sonho em sonho
tenho medo
tenho fome
aperto meus dedos
fecho meus olhos
cerro os dentes
hoje a noite eu quero matar
quero matar e beber sangue
minha camisa molhada de suor
cabelos em chama
sou ave de rapina sem presa
nem predador
vôo em círculos
soçobro de vida em vida
rumo à Inevitável
Fim.