domingo, outubro 30, 2005

Pavlov

Meu irmão veio me trazer de volta de Sobradinho. Minha irmã pediu. Achei desnecessário, mas, enfim, não é sempre que tenho essas mordomias à minha disposição então eu aceito.
Ele me ligou e acabou me dizendo que eu sempre levo pra um lado negativo o que ele diz.
Talvez seja verdade.
Ele me exaspera porque precisa de mim. Ninguém parece precisar de mim. Acho que ninguém nunca realmente precisou de mim. Não estou me referindo a favores. Estou falando daquela necessidade, aquela necessidade específica que somente eu, somente eu, eu poderia resolver, ninguém mais. Sim, tem os meus amigos, mas, eles têm outros amigos, eu não sou a única amiga de ninguém. Não há nada que eu faça que outra pessoa não poderia estar fazendo. Inclusive pra Ele. Ele não precisa de mim. Eu preciso Dele. Preciso de cada um dos meus amigos e até dos meus irmãos e sobrinhos. Preciso que eles estejam onde estão, vivendo suas vidas. Preciso desesperadamente saber que eles existem. Só isso. Porque é difícil saber, às vezes, o que existe e o que não existe. Ele existe? Talvez. Talvez sim, talvez não. Talvez seja só mais um dos personagens que eu criei pra aliviar o tédio e a tensão da minha vidinha. Talvez eu sempre dê uma determinada interpretação ao que Ele diz porque é a contra-partida, atacar pra me defender Dele, ainda que Ele seja apenas fruto da minha imaginação descontrolada, neurótica, asmática.
Talvez eu tenha inventado as flores, as palavras, tudo, até os desentendimentos. Porque com Ele minha vida definitivamente é diferente do que vinha sendo e até os desentendimentos me fazem sentir mais viva do que há dois meses atrás. Mas eu estive acostumada a um padrão de comportamento masculino que não consigo superar e isso interfere na maneira como eu vejo o mundo, como eu O vejo... Depois do último triste fim, é difícil não admitir que os danos foram muito profundos e que as coisas que o último me disse parecem ter-se enraizado no meu cérebro, interferindo de maneira tão sombria e sempre desmerecedora na minha leitura dos outros e de mim mesma.
Tanta gente duvidou de mim a vida inteira, tanta gente que deveria me amar me menosprezou e me fez sentir mínima, infeliz e inadequada... Como não lançar este mesmo olhar depreciativo nos outros, Nele? Como acreditar que alguém não está me dizendo o pior quando ouvir o pior é a minha tendência “natural”? Como?
Se Ele é mais uma criatura da minha cabeça ou não, pouco importa, o que importa é que sua voz tem um coro de muitas vozes anteriores, vozes que me machucam até hoje. Ele não está sozinho na minha cabeça e nem no meu coração. Isso não é uma lástima?
Gostaria de simplesmente poder esquecer boa parte das pessoas que conheci, mas acho que se isso fosse possível a vida não seria vida, não concretamente, não de verdade, seria apenas uma seqüência de páginas em branco, sem conexões e sem aprendizado porque uma coisa não posso negar: o sofrimento educa. Da pior maneira, mas educa.
Sou um cão de Pavlov respondendo ao condicionamento que outros fizeram comigo.

quinta-feira, outubro 27, 2005

busy bee

Ele está doente
eu estou num quarto onde abelhas suicidas dançam pra lâmpada e depois caem zonzas no chão de madeira velho e empoeirado
nada de beijos gostosos
nada de nada
a sombra da dança louca das abelhas me incomoda
o zunido me incomoda
nada de beijos
nada
um minuto de silêncio até a próxima acometida contra a lâmpada
tungstênio
não sei se isso tem a ver com lâmpadas, mas me lembrei da palavra agora
agora, neste exato momento sem beijos e com abelhas suicidas ao meu redor
vejo as sombras dançando
é idiota
parece a minha sombra
não, minha sombra não, uma projeção de mim mesma mas não uma sombra
quero que todas morram
a próxima que cair, vai morrer
nada de zunido
só o estalo seco da havaiana sobre o inseto caído
tu não queria morrer, desgraçada? então toma! toma!
estou sem sono ainda
há algo de errado comigo
sempre há algo de errado, mas desde ontem é um desastre
não quero ver ninguém
e matarei todas as malditas abelhas que vierem zunir nos meus ouvidos sem beijos
sem beijos
de que adianta permanecer de olhos abertos se não há beijos?
Ele está doente
Eu estou piorando sem Ele
Ele não entende, Ele não sabe do que é capaz, do que sua ausência é capaz
eu sei
eu sinto

não dormirei ainda
espero pela próxima abelha

o fardo da madrugada de vinte e sete de outubro

pois bem, meus senhores, já passa de uma da manhã e ainda estou aqui, desperta. talvez seja culpa do sono pesado e amorfo da tarde, talvez seja essa sensação ainda mais pesada e amorfa, essa angústia, quase dor, quase real, quase...
o dia havia começado muito bem, apesar da noite mal dormida. mas o dia começara bem e eu estava bem.
acho que tudo piorou depois do intervalo no trabalho, por conta de mais uma "reunião". ridículo. gostaria de mandar transformar tais cínicos em estátuas de sal. não lembro nunca de ter detestado e desprezado ninguém como aqcontece agora com aquelas pessoas. e olha que já detestei muita gente...
DETESTO-OS
se pudesse, limparia a face da terra desses vermes. eu e meus colegas de trabalho, "companheiros de copo e de cruz", não merecemos estar no mesmo ambiente que aquelas pessoas. sim, tenho certeza absoluta que sou melhor. essa estória de que ninguém é melhor que ninguém é uma grande mentira. eu, por exemplo, tenho certeza absoluta que sou muito melhor do que aquele emaranhado de vermes que circula fazendo pose de chefia naquele trabalho. assim como estou certa de que há muitas pessoas melhores que eu, mais sensíveis, mais tolerantes, mais compreensivas. ninguém é igual a ninguém. ainda mais neste país. nem as leis se aplicam igualmente à todos. há melhores e piores sim e tudo é uma questão de caráter.
e não posso deixar de ficar tristíssima vendo pessoas totalmente incapazes assumirem cargos não por sua real competência, mas simplesmente por conhecerem este ou aquele fulano que, mais infelizmente ainda, tem acesso ao poder de manipular e conceder tais benesses. é triste, é muito triste.
mas o que me amarga por dentro, agora, não é só isso, não é saber que irei trabalhar e tudo continuará do mesmo modo, com aquelas mesmas criaturas lá, lugar que certamente não ocupariam se houvesse uma prova de conhecimentos desvinculada de interesses particulares como arrebanhar cabos-eleitorais. voto de cabresto não acabou. ao contrário, só está cada vez mais perverso e sofsticado.
o que me consome por dentro não é a gastrite, pelo menos não agora.
o que me consome não é imaginar um final de semana sem meu Luis, meu caleidoscópio, que vai viajar.
o que me consome
não sei que coisa é esta que me consome a ponto de impedir que eu durma.
não sei...
sei que preferiria estar dormindo e sei que estou suficientemente cansada pra estar dormindo há horas.
na tentativa de sentir sono até fiz uma calda de chocolate pra um bolo de cenoura que pretendo dividir com meus colegas amanhã, ou melhor, daqui a pouco.
também já tentei ler mais um pouco do livro que comecei a ler "O Amante" da Marguerite Duras, mas não consigo me concentrar porque fico me lembrando dos olhos âmbar amendoados Dele e muitas lembranças me vêm e muitos pensamentos dispersos me vêm e perco e me perco no livro e em mim.
senti a falta Dele muito pontuada no dia de hoje, desde o momento em que entrei no carro e fui trabalhar, vi aquele sol incediário no horizonte, comi, falei, andei, escrevi, dormi. mas Ele não veio.
tive vontade de chorar quando abri o e-mail com as fotos do meu aniversário que o Nélio tirou. não estou em frangalhos. eu sou. e tossindo. Ele me deixa assim: tristíssima quando não o vejo, como se fosse sempre definitivo, a última vez e que já passou, não se repetirá. mas, ao mesmo tempo, Ele me transborda, me inunda de uma alegria simples como uma das florzinhas vermelhas que ele me deu.
agora vou ficar aqui jogando paciência spider até me descobrir com sono. e tossindo.
gostaria de saber não jogar um fardo tão grave nas costas do Amanhã...

quarta-feira, outubro 19, 2005

meu corpo me odeia


putaqueopariu!
putaqueopariu!
putaqueopariu!
mas foi só eu escrever aqui que ia sair pra começar a espirrar feito uma condenada. por que meu corpo me odeia tanto?
por que eu tenho que ficar resfriada na semana do meu aniversário?
desde domingo de manhã que estou me sentindo meio mal, mas ontem e hoje o dia foi simplesmente podre!
odeio ficar doente
mas, enfim, quem manda eu me alimentar mal, viver remoendo coisas insolúveis e idiotas, ter renite alérgica e trabalhar naquela cidade que parece que só tem poeira?!
whatever
resfenol que não faz efeito
organismo que não reage
corpo que não me pertence!!!
preciso sair daqui
só ainda não sei pra onde, mas um dia eu vou
deixo esse corpo fracote aqui e vou embora pra Pasárgada...
no momento, com medo da gripe piorar, fico em casa mesmo
amuada
chateada
e com sono
sim, meus senhores, com sono! dá licença d'eu ter sono?!
eu não sou todo mundo, eu sou apenas eu e não me sinto culpada por não funcionar como os outros organismos
os organismos dos outros
o inferno isso sim!!!
às favas com os organismos alheios!
às favas!
e eu não tenho pique e nem disposição mesmo
tenho sono

às favas!!!!!!!
às favas!!!!!!!!

eu penso em ir embora todos os dias, mas como me separar de mim?
como deixar pra trás tudo o que tão intensamente me desagrada?
como?
então fico
inteira e aos pedaços
sem querer olhar pra trás
com medo de olhar pra frente
permaneço aqui e espero por algo bom no fim do dia, mas nem sempre tenho nada de bom
às vezes espero e espero e espero e espero e, quando me canso, acabo indo ao cinema...
talvez eu vá ao cinema hoje
eu e o resto de mim
eu e o que não tem nome
eu e a fome do que não pode ser nem nunca será
eu sozinha.

espero pelo pô-do-sol para sair
maldito horário de verão
maldito seja!
atrasa minha saída
antecipa o fim dos meus sonhos sofríveis
maldito seja!
espero então o pôr-do-sol
já passa das 19h e ainda não é noite
como alguém pode achar que isso é bom?
bom pra quê?
bom pra quem?
não importa
eu não importo
o que é uma verônica diante do Estado?
NADA
NADA
NADA
esperarei, pois que o céu do dia perca esse azul em favor do negro da noite
e sairei eu também para onde minhas obrigações me enviam
e caminharei sozinha
assim como caminham minhas amigas e meus amigos
e eu prefiro acreditar que é pura ingenuidade achar que alguém que tem amigos não está só
tal otimismo não pode ser outra coisa senão pura ingenuidade
não pode ser outra coisa
pois bem, meu senhores, eu tenho amigas e amigos e sei-me só
não o tempo inteiro
e nem de forma tão opressora ou deprimente todo o tempo
mas, não se iludam: ninguém está livre da solidão, não importa o número de pessoas ao seu redor, ou, tanto pior, às vezes justamente pelo número de pessoas ao seu redor a solidão é maior e mais avassaladora
mas agora eu espero apenas pelo véu da noite
e me calo









*Thaíse: não uso licenças poéticas, o erro é o erro mesmo. é entediante retocar o que deveria simplesmente pular pelos meus dedos pra fora de mim.

segunda-feira, outubro 10, 2005

greve

Os bancários estão em greve. Acho que realmente deveriam estar. Mas... bem... acabei de voltar do banco, de um caixa rápido onde fui pagar contas e contas e realmente preciso de um empréstimo pra poder pagar o que devo. O lance é que só dá pra se pedir empréstimo dentro da agência, direto com o gerente. E se não rolar? Aí eu estarei MUITO fodida, e no pior dos sentidos...
Não terei grana nem pra comprar comida.
Quando se mora só, essa coisa da grana fica estranha porque não tenho pra quem apelar, não dá pra virar e dizer, ei, colega de casa, paga essa conta esse mês que no próximo eu pago. Eu tenho que pagar tudo todos os meses, esse ó preço de se morar longe dos aborrecimentos da família.
Tempos difíceis já estavam por vir mesmo com o empréstimo, imagine sem ele!
Que merda... que merda...
Pior é que estou assim sem nem querer falar com ninguém... nem com minhas amigas e amigos, nem com o Luis... foi ele, aliás, quem me lembrou que os bancos estão fechados por conta da greve. Quase chorei na hora. Tive vontade de sentar ali e chorar. Odeio lidar com essa merda de dinheiro que me escapa dos bolsos assim tão sorrateiramente... Eu não sei lidar com dinheiro!!! Sou uma mulher adulta de quase 28 anos que simplesmente não consegue lidar com dinheiro!!! Isso é, no mínimo, humilhante!!! Ridículo!!! Ridículo!!!
Putaqueopariu!!! Putaqueopariu!!!
Eu queria sair por aí gritando!!!! Gritando porque eu sou uma imbecil que não sabe nem pra onde seu próprio dinheiro vai... sou uma imbecil... eu deveria estar sob a constante supervisão de um adulto...
Acho que vou me voluntariar pra trabalhar no BRB logo, porque, no final das contas, é pra ele que acabo trabalhando mesmo, meu dinheiro vai todo pra ele... seria pra eu economizar burocracia. Aí eu nem pegaria no meu salário porque ele já seria mesmo do banco... Que merda... Que merda...
Meus senhores, me desculpem pela negligência atual, mas eu realmente não estou em condições de falar com ninguém... Quero ficar sozinha até ver onde é que isso vai dar. Preciso ficar sozinha e planejar o que fazer caso isso dê merda, caso não seja assim tão ruim...
E amanhã eu levo meus aluninhos pra visitar exposição no CCBB... que tristeza... Poxa, esse é o mês do meu aniversário e não vou poder nem fazer um bolinho pra chamar meus amigos pra comer comigo porque não vou ter grana pra comprar os ingredientes... Que palha! No mês do meu aniversário e não vai rolar de fazer porra nenhuma porque não tenho um centavo disponível... que grande merda...

quinta-feira, outubro 06, 2005

quase sete

A vida cotidiana deixa bem pouco espaço pra romantismos e espontaneidades...
O trabalho é uma máquina de sufocar o Amor.

mais seis

Eu vinha carregando as sacolas de compras (apenas pão de forma, leite e suco) e aí parei pra esperar pelo sinal. Olhei pra o céu. A lua está sorrindo de novo. Não sei se ela ri pra mim ou de mim, mas acho seu sorriso surpreendente. O céu bem preto e a lua que é só sorriso. Acho que é por isso que gosto das pessoas negras. Pretos. Negros como a noite, pois não? Lindos como a noite negra. Tão diferente de mim com essa pele pálida, cor de sei lá o quê...

...

Eu também quero ir embora pra Passárgada mesmo sem conhecer ninguém importante por lá...
No momento, eu gostaria de poder ir pra qualquer lugar longe das pilhas de trabalhos de alunos e dos diários. A tensão de final de bimestre sempre me deixa em frangalhos. Odeio ter que trabalhar. Eu deveria ser uma ricaça que faz serviço voluntário. Aí o trabalho me pareceria a coisa mais dignificante do mundo mesmo. Quando a gente faz as coisas sem necessidade, mas por vontade, apenas por vontade, tudo parece tão melhor...

seis de outubro

Acho que faltam alguns minutos para as seis da tarde. Esse céu de fim de tarde, fim de dia, fim de expediente... parece que desliza pra noite com a mesma preguiça que eu.
A noite vai abraçar o dia atrás do horizonte.
E a mim, quem abraçará?
Penso na pilha de trabalhos pra corrigir e nos números – milhares deles – pra digitar. Trabalho é um castigo.
Há motos expostas nas lojas. Grandes promoções nas lojas. E eu trabalho pra não ter dinheiro. Trabalho pra pagar juros.
Acho isso deprimente.

terça-feira, outubro 04, 2005

seeing through me...

*
"eu queria ver no escuro do mundo
onde está tudo o que você quer
pra me transformar no que te agrada,
no que me faça ver
quais são as cores e as coisas pra te prender
eu tive um sonho ruim e acordei chorando
por isso eu te liguei
será que você ainda pensa em mim?"

talvez o meu maior esforço não seja o bastante
acho que eu não sou o bastante
o que eu tenho, o que eu sinto, o que eu sou
não é o bastante
devo ficar acordada
devo trabalhar das 7h20 às 12h30 de segunda à sexta, ficar acordada de madrugada conversando e trabalhar todos os dias de segunda à sexta das 7h20 às 12h30
nada de bocejos
nada de sono
devo estar disperta
sempre
sempre disperta e disponível
nada de bocejos
nada de sono
e seguir trabalhando das 7h20 às 12h30 de segunda à sexta (fora as tardes de segunda e terça)
mas sono, nada de sono!
nada de sono!
e estar disperta
disperta
disperta
disperta!!!

não sei quando comecei a ter tanto sono... talvez no dia do meu parto ao invés de chorar eu simplesmente bocejei e disse "mais cinco minutos" e bocejei novamente.
antes, eu trocava noites pelo dia, ou passava as noites em festas e ia trabalhar sem maiores problemas no dia seguinte. agora, pertinho, beeem pertinho dos 30, se passo das 23h acordada, o outro dia será pra mim de falta de concentração e bocejos. meus alunos devem adorar me fazer perguntas simples e eu demorando pra responder porque as palavras não vêm numa seqüência inteligível nem pra mim, muito menos pra eles...
infelizmente eu não tenho mais a disposição dos meus 20 anos, quando eu morava longe e pegava ônibus de madrugada pra voltar pra casa, dormia umas 3 horas e a vida seguia, especialmente se tivesse outra festa no dia seguinte, mas tendo sempre em mente o final de semana e as 12 ou 14 horas de sono ininterrupto que me aguardava.
desde que me lembro, sempre fui de dormir muito quando podia. sempre ODIEI acordar cedo. fodam-se os pássaros cantando!!! foda-se o sol brilhando!!! quem gostar do dia que o aproveite. eu gosto da noite. e, não fosse o detalhe de ter que trabalhar pra me manter, trocaria de vez o dia pela noite. e dormiria feliz das 6h da manhã às 18h. doze horas!!!!
nunca pensei que pudesse chegar o dia em que eu deixaria de fazer qualquer coisa porque deveria trabalhar no dia seguinte, mas, bem, é isso aí: estou velha e cansada e adoro dormir.
e se o que eu tenho pra oferecer é pouco, bem, todos somos livres pra escolhermos os caminhos que desejamos percorrer, pois não?
eu não imponho correntes.
eu não prendo ninguém.
tudo é uma questão de escolha.
eu escolhi morar sozinha, continuar num emprego entediante ao invés de ser hippie.

eu escolhi me arriscar e não me arrependo.
e não uso grilhões
nem correntes
mas sei que a Liberdade é uma enorme utopia, cercada de deveres e regras e obrigações por todos os lados.
e sei que ninguém é perfeito e que ninguém vai ser tudo o que eu quero e eu nunca serei tudo o que alguém espera. acho que viver é saber lidar com essas questões, com nossa imperfeição, com a imperfeição dos outros, com limites, vontades, caprichos, desejos, necessidades...
e conviver com isso é uma questão de escolha
como diria o Grande Sábio e Técnico de de Som Frango, quem não quer ver estrela, não olha pro céu.
mas às vezes parece que as pessoas me olham e vêem através de mim e não dentro de mim...
mea culpa
mea maxima culpa


* "seeing through you"- Barbara Krueger