segunda-feira, setembro 19, 2005

insecto

Achei que eu faria dele meu abrigo...
E eu estava disposta a lhe dar o que penso ser o maior tesouro que qualquer pessoa possui: sinceridade.
No entanto, aqui estou novamente, no velho conhecido lugar quente e abafado, onde a dúvida me afoga como maré que sobe sem piedade desta carne vacilante. Aqui estou, entregue ao calor do choro contido.
Tive sonhos entrecortados. Nada se pode fazer numa tarde tão estupidamente quente. Ainda está quente. Quente demais.
Penso nele e o suor escorre testa abaixo, molha minhas axilas, entorpece minha vontade, anestesia minha confiança.
Pinto a unha de vermelho, um vermelho aberto, gritante, escandaloso. Enquanto isso, eu sufoco.
Como se esconder de um perigo que nos habita? Onde poderia eu, criança tola e indefesa, me esconder de Mim?
Será que Ele pensa em mim? Será que sente meu desespero, minha agonia lenta e viscosa que me percorre e marca? Será que a noite caindo é sua asa cortando o céu? Será que partiu de vez ou ainda respira sob o mesmo céu que eu?
Por que tanta gente anda de moto nesta merda de cidade? Por que não dão sossego aos meus ouvidos?
Por que as flores gritam Seu nome em suas cores vibrantes, tão vibrantes?
Por que o cantor no rádio grita Seu nome?
Quero me concentrar em outras coisas, quero trabalhar, quero ler, quero sair e andar pela noite quente como se houvesse um sentido e um propósito nessa merda toda, mas o medo me congela. Não faço nada.
Sou como este inseto que se lança à lâmpada... sou um inseto...