
Uma vez um cara me disse que eu nunca estava satisfeita com nada. Foi a coisa mais acertada que ele disse a meu respeito. Sim, eu nunca estou satisfeita com nada porque eu quero muito, eu quero tudo. E, na época em que ele me disse isso, eu queria o mar e ele me ofereceu uma piscina...
Bem, quem dentre vós, meus senhores, se satisfaria com uma piscina, ainda que olímpica, quando vosso desejo apontava o litoral, o mar, o céu e o horizonte se fundindo em azuis? Lago Paranoá é o caralho!!! Eu quero o mar! O mar!
Agora estou me aproximando de um mar âmbar... E olho pra ele, fixamente, pensando apenas no momento de me atirar, de me lançar, de mergulhar de roupa, sapato e tudo. Foda-se quem estiver perto olhando e achando graça porque eu estive esperando há tanto tempo por isso, como alguém que vê o mar pela primeira vez mas já quase morreu afogada tantas vezes...
O possível..
Ele é possível. Apesar de ser claro pra mim que tudo é sempre um risco, que eu posso me perder de novo, que a Vida é sempre muito maior e mais complexa do que o meu entendimento limitado jamais poderá alcançar, quer saber?, eu quero mais é viver simplesmente. Sim, estou mais calma, mais tranqüila, porque quando me desespero, acabo fazendo grandes merdas e me machucando e machucando quem está perto e isso é tão ruim... Não, eu quero viver simplesmente. Quero viver. Chega de sobreviver, chega de vegetar. Chega de tatear na escuridão com medo de dar passos largos. O abismo, se ele existe e está logo à minha frente, se for pra cair, cairei de qualquer forma, a passos largos ou a passinhos hesitantes, porque desde que um pés encontre o vazio, pra o outro não haverá meio de segurar-se.
Mas o abismo não está ali, está aqui, bem aqui dentro de mim. E sei que posso puxar pra dentro quem eu mais quero bem. E isso dá medo. Mas não posso pensar nisso porque tudo, na verdade, é uma possibilidade. Mas como deixar de viver com medo de que esta ou aquela possibilidade se concretizem? Eu quero viver. Eu quero viver tendo Ele ao meu lado. Ele, o Menino Possível dos olhos inacreditáveis. Ele não é só um fruto das minhas idéias delirantes, Ele é. Nada de por-vir, nada de talvez. Ele é.
We were both raised in the House of Pain.
A gente se conhece. A gente se entende mesmo quando não se entende. E acho que Ele nunca poderá me quebrar como me quebraram, porque Ele me diz Suas coisas.
Ele é o Verbo e Ele é a Ação e Ele é o Sentimento.
E se Ele é instável, eu também sou. Não conheço calmarias. Mas queria conhecer com Ele.
E se Ele se deixa conhecer por mim, isso é o meu pára-quedas.
Se eu O conhecer, não haverá queda.
Por isso estou mais calma, por isso estou mais tranqüila.
Mas ainda temo e tremo diante da Vida. Ainda sinto indistintas coisas quando Ele me abraça. Porque ele é a urna em que deposito o que tenho pra ser salvo de mim mesma. Protect me from what I want…
Ele é O Possível. Ele está aqui, me impregnando do que é Belo e Bom. E eu quero que Ele permaneça quando tudo o mais tiver desaparecido. Agora, Ele é o que há de mais real. Agora, neste exato momento, neste preciso momento, eu quero estar com Ele.
Eu preciso Dele.
O que eu quero? Ele. Quero que Ele me leve a ver o que eu nem sabia que existia fora e dentro de mim.
O Amor tem data de fabricação e validade, meus senhores?
Pra quem esperou como esperei, desejou como desejei, nada está indo rápido demais porque só posso usar o meus parâmetros pra medir, não os dos outros. O inferno são os outros. Os outros e suas medidas, seus cálculos, suas idéias do certo, errado, conveniente, aceitável. Os outros que se fodam com todas as suas receitas de bolo pra felicidade. Eu quero descobrir minha própria Vida vivendo, que se fodam as receitas de sucesso, as revistas femininas, os programas de debate sobre moda, comportamento e saúde. Que quero é fazer minhas coisas, quero ser alguém mais verdadeira, menos comprometida com todo esse lixo e falsidade que anestesiaram o mundo. Não quero fazer parte deste mundinho. Quero ser outra coisa, estar em outro lugar, construir tudo novo, nem que seja só na minha cabeça porque, afinal de contas, onde mais as coisas existem?
Ele segura a minha mão. Meus senhores, vocês sabem o que é isso? Alguém, dentre vós, tem a menor noção do que é ter a mão segurada por Ele? Alguém dentre vós, já viveu isso? Já soube o que era ouvir a voz Dele, aquela voz linda linda linda linda sussurrada? Quem, meus senhores, quem saberia o que é sentir com essa intensidade a resposta – a Luz – depois de tantas preces ditas aos deuses que sempre me viraram as costas e se divertiram das minhas tolices e sofrimentos de mera mortal? E quem saberia o que é poder tocá-lo depois de um dia de espera? Ele conversa comigo e diz Suas coisas... alguém aí sabe o que é isso?! Acho que não... Mas eu sei! Eu sei! Eu sei!
E se chegar o dia em que a gente não se dê mais as mãos? Bem, isso é uma possibilidade. Mas, entre tantas possibilidades, porque eu tenho que me preocupar com a pior? Se Ele é o que há de melhor, porque me preocupar com algo menor do que isso?! Ele é O Possível Belo e Bom. E desde que Ele esteja assim, me dizendo bom dia, mergulho de roupa e tudo...
2 Comments:
não deve exitir essa possibilidade quando existe algo maior
Uau.
Você sabe o quanto eu torço por você, né? Tô MUITO feliz com isso.
Te amo,
J.
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