sábado, maio 13, 2006

treze de maio

Bem, aqui vamos nós... mais uma vez eu estou chorando essa semana. Acho que chorei todos os dias... Confesso que estava me acostumando a não fazer isso, mas as últimas semanas não têm sido tão fáceis... O que aconteceu? Nada. Nada acontece e eu choro sem motivo ou então pelos motivos mais absurdos aparentemente. Hoje é a segunda vez que choro... A primeira vez foi vendo um balé com alunos no Clube do exército hoje a tarde. Ninguém viu nada porque as luzes estavam apagadas e, felizmente, não havia nenhum professor perto de mim, só os alunos. O balé era lindo, e chorei várias vezes. Mas não acho que foi tanto a beleza do espetáculo quanto o que ele me fez sentir que deixou chorona. Eu quis estar ali sozinha. Nada de alunos, de colegas, de pessoas estranhas ao meu redor. Eu quis estar só de fato porque eu me sentia terrivelmente sozinha de qualquer maneira. Essa solidão é a pior pra mim: estar cercada de pessoas e estar só. Me senti desmoronar e, no entanto, o espetáculo acabou e meu dia prossegui normalmente. Mas me sinto em cacos. E amanhã meu dia prosseguirá normalmente. Ainda estarei em cacos. E o domingo prosseguirá normalmente. E nada vai acontecer na “realidade” concreta deste mundo concreto que mude qualquer coisa, mas aqui por dentro, eu não sei pra onde ir, nem muito menos por que ir... Vocês conhecem, meus senhores, aquela música do Chico Buarque em que ele diz que tem a leve impressão de que já vai tarde? Pois é, é assim que me sinto, como se em todos os lugares em que estou, já devesse ter ido embora há tempos. Eu me sinto como não pertencendo a lugar algum, como alheia a tudo e a todos. Embora eu queira estar em alguns lugares com algumas pessoas, não é isso o que me tem sido dado porque tenho obrigações e horários a cumprir e deveres e tudo isso exclui minha simples vontade por mais forte que ela seja. Submeto-me ao cotidiano, mas perco-me nele de uma forma vaga e triste. Sou um borrão, uma foto tremida, sem foco.

Um amigo me ligou há alguns minutos e me pediu que fizesse um bolo surpresa pra um outro amigo que faz aniversário amanhã. Quando ele me mandou uma mensagem hoje mais cedo eu já imaginei que fosse pra isso e me senti feliz. Dificilmente ele me liga, mas eu sei que ele gosta de mim. Eu também dificilmente ligo pra ele e o amo profundamente. Dificilmente eu deixaria de fazer algo que ele me pedisse. Mas aí ele me perguntou “e como é que você está?”. Respondi um to bem tão mentiroso que saiu baixo e fraco e ele perguntou por que e eu repeti com a falta de convicção de quem não quer prolongar o assunto. Me despedi rapidamente, desliguei o telefone e comecei a chorar. Por quê? Porque eu não to nada bem e ninguém deveria me perguntar isso nunca. Nunca. Especialmente ao me ligar pra pedir um favor e oferecer outro como se eu precisasse de uma contra-partida pra fazer qualquer coisa. Ele me ofereceu uma carona pra o aniversário de uma outra amiga pr’o qual eu bem provavelmente não vá pelo mesmo motivo de sempre: falta de carona. Eu não vou ligar pra ninguém pra pedir carona. Repassei o e-mail da festa mas foi só pra que as pessoas saibam que vai ter algo bacana pra se fazer. Não tenho a menor intenção de ficar pedindo carona pra ninguém. Nem pra esse aniversário e nem pra nenhuma outra festa, já disse isso e repito. Hoje, por exemplo, tem o show do Nação Zumbi mas eu não vou. Queria muito ir, mas não vou. Chamei só minha única amiga que, como eu, não tem carro. Agora eu só chamo ela pra sair. Porque aí ela não vai poder me chamar de interesseira porque andamos de ônibus. Os outros eu informo dos eventos, não chamo mais pra nada não, especialmente se precisar de carona, aí mesmo que eu não chamo.
Então esse telefonema me caiu como uma bigorna na cabeça... Eu disse pra ele que, mesmo que ele não me oferecesse carona, eu faria o bolo, não precisava oferecer carona. Dificilmente ele me oferece carona, até mesmo porque ele não tem carro também, vai de carona com um amigo dele que, aliás, eu adoro. Mas não vou pegar carona com eles não. Fico em casa mesmo, não tem problemas. Não vou fazer o bolo pra poder estar apta a receber a carona. Sei que existe uma grande probabilidade dele nem ter visto a situação por este ângulo, mas é assim que eu vejo e é bem provável que eu esteja ficando louca com essa estória e aí eu gostaria de abrir um parênteses e agradecer às minhas “amigas” por mais este benefício de sua falsa amizade. Não, meus senhores, não tem como esquecer isso não. Não tem porque me magoou de uma forma muito profunda e eu não quero passar por isso nunca mais na vida, embora nada garanta que eu esteja livre dessa merda.
Chorei já demais essa semana. Chorei já lendo e-mails de um outro amigo que está bem longe de mim, mas está sempre comigo. Odeio chorar por tudo! Odeio!

Ontem repassei o e-mail da festa pra Alguém... e já me arrependi amargamente. Vai ver que ele também deve estar achando que só faço as coisas pra garantir caronas. Na hora de ir embora hoje, eu amarrava meu cadarço quando, ao perceber que estávamos só nós dois na sala dos professores, ele disse que não poderia me dar carona hoje porque ia a uma missa de sétimo dia. Eu disse que não havia problema, que estava indo pra UnB. Mas saí com meu rabinho entre as pernas, com vontade de me dar uns tapas porque aquela cena foi tão ridícula! Pensei em mandar um e-mail pra ele dizendo que não acho que ele me deva caronas ou explicações, mas não vou mandar não porque isso vai ser interpretado de uma forma totalmente contrária às minhas intenções. Acontece sempre assim, então chega de criar mal-estar pra mim mesma. Eu realmente acho que ele não tem a menor obrigação de me dar carona. Não é porque a gente mora perto que ele tem que fazer isso. Nós somos apenas colegas, não somos amigos. E acho que ele nem gosta muito da minha companhia e isso é normal, ninguém agrada a gregos e baianos. Não, eu não vou ficar mortificada se ele não me oferecer carona nunca mais. Vou me sentir triste porque eu realmente gosto da companhia dele. Gostaria de estar com ele no grande circular lotado também. Gosto da voz dele e de conversar com ele, só isso. Mas isso eu também não posso falar. Aliás, isso é o que eu menos posso falar. Tenho certeza de que se eu mandasse um e-mail falando pra ele da não-necessidade de me dar caronas, ele interpretaria isso como orgulho ferido, arrogância ou qualquer merda do gênero porque eu não consigo demonstrar meus sentimentos da forma mais agradável e, de novo, recorro a uma outra música porque acho que tenho um jeito muito estúpido de ser... Então insistir no erro pra quê? Eu estou sempre me precipitando com relação aos homens e já passei da hora de parar com isso. Não farei nada mais com Alguém porque nem eu posso ser assim tão masoquista e inconseqüente.

Sabe, antes eu ia pras festas pra dançar, mas tinha uma certa esperança de conhecer alguém legal. Agora eu quase não saio e quando o faço é só pra dançar mesmo, até as esperanças acabaram. É que fica difícil lutar contra as provas, contra o empírico... eu não conheci nenhum cara que valesse a pena em nenhuma festa. Amigos de amigos não contam porque não contam, são só pra dar dois ou três beijinhos no rosto, virar e continuar dançando. Os outros com quem fiquei não deram em nada. Sim, tem alguns que cumprimento até hoje e até acho que são legais, mas é isso, não deu em nada, nada de telefonemas no dia seguinte, de expectativas. Nada de nada. E agora eu não consigo mais conviver com a idéia de beijar alguém e essa pessoa não ter um significado na minha vida além de cumprir com o papel de boca-da-noite. Já tive essa fase e a aproveitei enquanto ela fazia sentido, agora já não faz mais e isso me dá ainda mais motivos pra me sentir triste porque o desejo existe, a libido existe, mas o medo do sofrimento e do vazio são maiores do que qualquer desejo.
Tenho sentido vontade de me afastar dos meus amigos também. É como se eu pudesse quebrar tudo o que toco, então é melhor me distanciar. Estou lutando escrotamente contra isso, contra mim e minhas loucuras, mas é muito foda e Às vezes eu simplesmente não dou conta. Ah, meus senhores, eu me esforço por continuar a vida normalmente com todas as minhas forças todos os dias e isso inclui desde acordar até escrever aqui, tudo pra manter a cabeça voltada pra “realidade”, tudo pra não ser arrastada pela minha Fraqueza.
Mas sabe que imagem me vem à cabeça quando penso em mim mesma? Uma floresta desmatada, uma imensidão de tocos cerrados com um céu cinza de fundo.
Eu não deveria ter mandado a porra do e-mail. Emiti sinais demais, me expus demais a troco de nada. Que merda. Não posso fazer isso comigo mesma. Não posso dar mais deixas ainda pra vida me sacanear. Que merda.

1 Comments:

At sábado, maio 13, 2006 6:26:00 PM, Anonymous Anônimo said...

Eu notei q há coisas q quebram por falta de serem tocadas... uma porcaria...

 

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