quarta-feira, junho 14, 2006

café com tristeza

sonhei com ele, meu herói de capa e espada
vi-o vestindo meus beijos apenas
e cega de desejo,
sonhei que e ele viu à mim, à mim somente...
durou nem um segundo: acabou-se a ilusão
caí do sonho, beijei a lona
triste triste triste
triste de mim
nem realidade
nem sonho
nem esperança
nem nada

seus lábios
seus olhos
nenhum pensamento dele em mim

nunca sussurros
nunca segredos
nunca nós
só eu sozinha
e ele e deus...

de sonhos, de beijos, de nunca mais nenhuma lágrima, de tardes frescas, de céu azul, de sombra, de Graça... cobri-o de tudo que eu podia ter e dar de Belo
mas foi sonho
sonho e só sonho mesmo
que moça estranha feito eu, anda só, anda sempre só nas beiradas desses caminhos de pó e pranto
moça que sonha acordada com homem de coração feito Mar, nada em troca pode esperar,
nada que dure pode querer
nada que sorria
nada

ele, O Mar
eu, eu era muita coisa, muita esperança se guardando pra o herói trágico, pra o homem que é menino, pra ele que foge de mim até em sonho que era pra ser ele juntinho assim de mim
O Menino abraçando O Mar
e eu me afogando e não ter esperanças numa hora como essas

_ Acorda, Verônica! Acorda que tem noite de lua cheia pra ser vista e sofrida. Acorda que esse homem nem nunca será seu. Acorda que nem fosse grande esse abismo entre você e o Mar.

eu nunca quis entrar no Mar, meus senhores. mas agora que sou obrigada a olhar pra ele e somente somente somente olhar pra ele e fingir que meus olhos não estão transbordando de água e sal, agora que preciso conter meus olhos, que represo minha alma que tenta loucamente escancarar suas portas e janelas e gritar..., agora eu queria mergulhar de cabeça nesse Mar e me deixar levar pelas ondas e rir enquanto a areia fica pra trás, fica longe.
agora eu olho de soslaio pra ele, finjo que nem dou por sua presença. digo palavras como quem despeja água num copo...
é preciso manter o sorriso e o assunto nos lábios já que os lábios dele não preencherão os meus. é preciso olhar pra o lado oposto, conversar com outros, e nunca nunca jamais olhar ao redor procurando por ele.
é preciso conter o choro.
é preciso sufocá-lo.
engoli-lo à seco.

tomo um café, como um biscoito.
faço comentários.
tento me interessar por tudo aquilo que não me interessa em absoluto.
a mim me interessaria ouvi-lo, mas eu não posso
não devo
devo esquecê-lo
preciso esquecê-lo
e não chorar
não sofrer
ausentar-me dele,
esquecê-lo.
E ponto final.