meu erro...
Hoje eu vou matar aula
Hoje eu vou deitar e chorar até dormir
Hoje eu fiz algo estúpido que me custará horas, dias, semanas e meses de preocupação
Hoje eu não soube me manter quieta
Hoje eu falei demais
Hoje eu me descontrolei e abri a caixa de Pandora pra Alguém
Hoje eu me expus e falei francamente pra Alguém que mal me conhece, mal me vê e o pior é que, apesar de todo meu sofrimento, amanhã será um dia exatamente igual pra todo mundo no mundo, e eu terei que sobreviver a ele também, depois ao domingo, e chegar na segunda-feira com todos medo, com dor, e ser ignorada por Alguém porque eu mesma pedi pra ser ignorada, porque eu não me contento com pouco, porque eu quero tudo.
E de tanto querer, por tanto desejá-lo, sofrerei isolada dos olhos dele, serei esquecida pelos olhos dele.
Eu mesma soltei as palavras de descontentamento no mundo, eu mesma, mais ninguém. Eu cortei minha garganta pra não mais proferir palavra. Eu vazei meus olhos pra não mais ver. A mim não me interessa ver o que não poderei nunca possuir, e que, nos meus sonhos, me atormenta, me queima, me persegue.
Sentimentos dessa natureza só são bons quando repartidos, quando o sonho é de dois, quando a realidade de dois. E eu sou só uma, eu sozinha. Sempre eu sozinha.
Eu carregando o peso dessa porra de imaginação superprodutiva, que não dorme, que não me deixa em paz. Eu não consegui carregar esse fardo sozinha por mais tempo, eu precisava larga-lo no meio do caminho, ou talvez jogá-lo ao mar pra que ele se perdesse. Foi o que fiz, meus senhores, eu dividi meu terror, minha tristeza com Alguém, mas eu disse também “afasta-te! Não quero tua pena! Se não puder colher teus beijos, nada mais me interessa que saia de tua boca, então guarda para ti as palavras de consolo, as belas palavras de consolo, tão úteis para mim quanto para um ornitorrinco”. Eu não sei ser suave, e este Alguém faz bem por não me tomar a mão, por não me acalentar. Sou rude nos meus sentimentos, meu sangue é espesso, e jorra do peito pra fora, derramando carmim por onde passo. Eu não sei ser delicada e nem submissa como é do gosto de tantos homens. Para Alguém, melhor seria não conhecer minha face, ignorar meus sentimentos.
Quanto a mim, sigo sofrendo sozinha. Pois, afinal, que tipo de dor é sentida em conjunto?
Boa noite, meus senhores. Esqueçam de mim também.
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