quinta-feira, maio 25, 2006

combustão interna e espontânea...

Sinto-me queimando
um incêndio nas entranhas
mas sinto-me bem...

E apesar de tão sentimental humor, ouvindo Sundays, escrevendo neste ônibus barulhento, pensando em Alguém e sentindo vontade de chorar, estou bem.
Extraordinário me sentir assim, contente só de pensar na forma como ele me olhou nesta tarde...
Loucura...
Eu o abracei hoje de novo e deveria ter sido só uma brincadeira, porque uma colega o abraçou dizendo que não se importava que eu abraçasse um outro colega que ela o abraçaria. Eu abracei este outro colega porque ele me trata muito carinhosamente e conhece meu irmão mais velho e me parece uma figura paterna. Aí ele me chama de Veroniquinha, e me faz sentir como se eu realmente fosse querida, de uma forma paternal mesmo. Mas quando a tal colega abraçou Meu Certo Alguém, nossa, eu olhei rapidamente e já fiquei desconcertada de tão enciumada. Não olhei duas vezes. Fiquei muito muito enciumada e sei que isso é uma loucura só porque era só uma brincadeira e, ainda que não fosse, quem sou eu na vida dele pra sentir ciúme? Enfim, assim que ela o soltou e ficou dizendo bobagens, eu me aproximei dele e o abracei e disse algo do tipo “eu abraço ele também, pode ficar com inveja”. Soou como brincadeira e as pessoas riram e fizeram mais piadinhas, mas pra mim não foi brincadeira coisa nenhuma! Eu, só eu e ninguém mais além de mim poderia abraçá-lo!
O bom da coisa, além do fato óbvio de ter podido abraçá-lo novamente, foi que vi, ainda que olhando apenas de relance, que ele não ficou lá muito confortável com o abraço dela, mas me abraçou carinhosamente quando eu o abracei. Mas, aqui estamos na encruzilhada novamente, meus senhores: não há como saber, como ter a mínima idéia do que ele realmente pensou ou sentiu diante de tão absurda situação. E isso me mata...
Mas o que eu sei é que algo mudou na forma como ele me olhou durante o resto do dia. Eu já havia percebido uma leve mudança na hora em que ele chegou e nos cumprimentamos, mas depois do segundo abraço, ele me olhou com mais freqüência, melhor dizendo, eu percebi que ele me olhou mais freqüentemente do que de costume. E eu, como bicho-do-mato que sou, quase me engasguei com o todinho que bebia no intervalo quando interceptei alguns de seus olhares pra mim. O que eu fiz? O que toda covarde faz: virei o rosto e abaixei os olhos. Meus senhores, o caso é grave, é patético!: eu não tenho forças pra sustentar meus olhos diante do olhar dele. Não sei como receber o peso de seus olhos... não sei se é um olhar de reprovação, de escárnio, de admiração, de melancolia, de desejo... Eu só sei que esse olhar tem mudado e hoje foi diferente. É claro que, na minha cabeça-de-mamão, eu vejo o olhos dele me observarem com desejo, mas entendo que isto é tão provável quanto o extremo oposto... E isso me mata...
Hoje era o dia em que eu daria a parte leste do meu reino por uma carona dele, mas ele nunca me oferece na quarta. Talvez nunca mais me ofereça com medo de ser assediado... Que pensamento horrível! Não, meus senhores, não o fato de ele achar que eu poderia assediá-lo, o fato de não desfrutar mais a sós da companhia dele. Se deixasse, claro que eu gostaria de assediá-lo! E é mais claro ainda que se ele me perguntasse, eu lhe diria com todas as letras que gosto dele... Mas acho que esse é o tipo de pergunta que as pessoas não fazem às outras, e que ele não teria motivos pra fazer à mim. Talvez seja bom eu agradecer o fato dele ainda falar comigo normalmente depois de eu tê-lo abraçado tão “do nada”... Sim, meus senhores, eu lhe diria o que sinto porque estou queimando de dentro pra fora e é uma sensação gostosa agora, mas por quanto tempo continuará sendo? Por quanto tempo eu vou conseguir vê-lo diariamente, e tratá-lo normalmente? “I’m only human and I want to be loved just like everybody else do…”
Eu compreendo perfeitamente aquilo de “I wanna hold your hand”… eu quero segurar a mão dele, quero tocá-lo a porra do tempo inteiro! Quero poder acariciá-lo, fazer carinho durante muito tempo nele, ser abraçada por ele, sumir no abraço dele, deitar naquele peito, tocar aquele corpo, cada pedaço daquele corpo, sentir os lábios dele, as mãos dele, a pele dele. Ficar com o cheiro dele impregnado em mim. Eu penso nele o tempo inteiro! Que merda!!!
Talvez um dia eu venha a segurar suas mãos e tocar muito delicadamente seu rosto e beijá-lo violentamente, apaixonadamente... um dia... talvez um dia...
Que droga, agora fiquei triste...
Gostaria que esse dia fosse hoje, agora!
Ah, meus senhores, espero que os deuses sejam mais brandos no castigo desta vez... porque eu o quero, e isso me consome tempo e energia, apesar de me deixar nessa euforia louca... Gostaria de não sofrer tanto dessa vez... Mas é que ele é tão... Ele mexe muito comigo, muito. E sei que isso começa a me atrapalhar inclusive, e talvez mais especificamente, no trabalho. Tenho medo de não conseguir segurar minha onda por muito tempo... Tenho medo de passar por uma situação constrangedora por causa de um cara que eu acho que talvez me olhe, mas que talvez nem perceba a minha existência de forma particularizada... Sofrer tanto por conta de um cara que não está nem aí pra mim, que nem sequer pretende estabelecer comigo um vínculo de amizade fraternal, que dirá de envolvimento romântico...
E eu queria tanto tanto tanto encontrar com ele sábado na festa, vê-lo fora do circo e do cerco das formalidades (ainda que mais relaxadas que em outros empregos) de lá, conversar mais com ele, rir com ele, dançar com ele. Queria vê-lo noutro contexto, e queria muito. E eu quero tanto que sei que ele não vai aparecer. E aí eu ficarei devastada, tentando fazer de conta que a festa está ótima e que simplesmente não perdeu o sentido pra mim só porque ele não foi quando quase tudo o que eu queria é que ele estivesse ali...
Ou talvez, totalmente dominada pelo medo, eu não vá a festa e resolva ficar chorando em casa abraçada ao travesseiro pra economizar o processo de engolir à seco e segurar o choro em público ao perceber que ele não vai à tal festa.
Loucura...
Eu sei que ficar pensando essas coisas é Loucura pura. Mas é que o Medo é grande... é enorme. E eu tenho muito a perder.
Ah, meus senhores, esse homem está me deixando aos pedaços, sem rumo...
Eu queria que ele se manifestasse positivamente a favor da minha causa, mas não de forma sutil porque eu não tenho paciência pra isso; tinha que ser uma explícita demonstração de afeto e algo mais. Ele poderia me mandar isso até por escrito, via e-mail, sei lá. Mas o importante mesmo é que me desse mais esperanças ou então as retirasse totalmente de mim, o que não é tarefa nem minimamente difícil. Ai, ai...