trinta de maio
Que dia... A manhã foi bastante comum, a não ser pelo fato de eu ter tirado o único 10 na prova na bibliografia da turma.
Alguém passeando na minha cabeça, volteando meus pensamentos, me confundindo, me entristecendo... E O Outro também, reinando nas minhas memórias recentes e passadas, me entristecendo e apetecendo também. Isso deveria ser proibido por lei, homens maltratando mulheres até por pensamento. Que absurdo!
Almocei com uma amiga querida. Comi uma mexerica de sobremesa, a primeira que eu comi no RU. Não gosto de comer mexerica fora de casa. Abri uma exceção por conta do meu humor, do meu desalento, por causa dos homens. Definitivamente, eu nunca mais deveria querer nada nada nada com nenhum deles. Espécie estranha.
Mas a tarde, ah, a tarde... Que tristeza! Meus senhores, será que um de vocês poderia me ensinar a não ter tanto medo, a sustentar os olhos na altura dos olhos de Alguém? Por favor!
Foi mais uma tarde fria, e eu sozinha, cercada por pessoas. Horrível. Odeio essa sensação! Odeio! E, no entanto, estou presa a ela. Não há pra quem acenar... Não há como deixar a vontade fluir, o grito sair da garganta, não há como não me reprimir pra manter a ordem, as aparências de normalidade... Vontade de sair correndo e gritando daquele lugar e não voltar nunca mais; ao mesmo tempo, vontade de esmurrá-lo, chutá-lo, porque me faz sofrer quando tudo o que deveria fazer era me desejar como eu o desejo; vontade de ouvir a voz dele, de tocá-lo, lambê-lo, senti-lo, chorar, rir, deixar tudo transbordar, inundar aquele emprego de amor, de sentimento... E, no entanto, mantive-me silenciada todo o tempo, não falei palavra que fosse com ele, Meu Certo alguém, certo, na medida, do meu modelo... não lhe disse uma palavra sequer, joguei-as fora diante dos outros. Mas elas, aquelas palavras, nada valiam, não eram feitas de nada senão tristeza dissimulada. As palavras pra ele estão aqui, entaladas no meu peito, zunindo entre minha língua e meus lábios, prisioneiras do NÃO, do medo, da tristeza... As palavras dele não podem ser dadas a mais ninguém, devem perecer, extinguir-se como fogo de vela que se consome...
E eu encolhendo diante da possibilidade remota dos olhos dele cruzarem o caminho dos meus... Eu sozinha tremendo de medo da vida, de ser engolida, morrendo de medo de acabar acreditando nas mentiras que devo me contar pra continuar andando, seguindo em frente nessa estrada sem paradeiro, sem rumo, sem nada...
É impreterível chorar, meus senhores.
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