terça-feira, junho 06, 2006

cinco de junho e a tristeza que transborda...

Hoje o dia foi tão pior do que eu jamais poderia supor quando acordei... Sei que a culpa é minha, toda minha, porque eu resolvi fazer algo que só poderia mesmo ter me causado tristeza, mas era algo que eu precisava fazer, apesar de ter me estraçalhado o coração... Eu pedi pra conversar com Alguém e, diante de um céu pavorosamente azul e de um dia terrivelmente bonito e fresco, eu tremi diante dele, eu mordi o lábio pra conter o choro, mas eu disse, pra encerrar aquela sucessão de silêncios e frases paridas a fórceps: “eu gosto de você e tudo o que eu queria era que a recíproca fosse verdadeira...”
E o que mais ele poderia ter me dito além de “eu não sei nem o que te dizer...”?
Seu silêncio é eloqüente o bastante, respondi, me levantei e saí. Meu coração era uma confusão de fragmentos se chocando contra o meu peito. E eu olhando pra baixo, com medo de encontrar com qualquer pessoa no caminho até um lugar onde eu pudesse chorar em paz.
Ele ainda me perguntou se eu iria almoçar por ali e eu respondi que não iria comer. Tinha vontade de pular na jugular dele. O que eu tive que engolir ali já foi mais do que suficiente. Acabou-se meu apetite.
E eu andando rapidamente, não olhei pra trás. Por que eu olharia? Por que eu deveria olhar pra ele uma vez mais?
Eu gostaria de poder não voltar ali nunca mais. Mas amanhã estarei lá de novo. Ele também. E eu respondendo gentilmente às pessoas, elas nada têm a ver com meus infortúnios. Eu morrendo por dentro e respondendo gentilmente e até espremendo sorrisos entre os lábios pra não deixar nada transparecer. Talvez eu até seja boa nisso, em fingir que está tudo bem quando está tudo uma merda... afinal, a tarde passou e eu não chorei na frente de ninguém por mais vontade que eu sentisse, por mais que o som da voz dele me fizesse querer sair correndo e gritando... Onde é que eu vou pôr o meus olhos se ele ocupa todos os lugares pra onde olho? O que eu farei com a vontade de chorar compulsivamente até secar toda dor? Pra onde levarei meu corpo que não haja o menor vestígio do corpo dele?
Odeio chorar.
Odeio.
Ele não faz a menor idéia do que eu sinto e eu não poderia jamais dizer a ele... pra quê? Por que eu diria? Pra ele é inútil, meus sentimentos lhe são inúteis. Eu sou inútil. Não sei o que ele pensa sobre mim e não vou perguntar. A mim já me basta passar por uma situação tão destruidora uma vez com cada Alguém. E esse é o tipo de pergunta que eu teria que ser muito mais idiota e masoquista pra fazer. Se ele me vê e não me enxerga, eu não quero saber o por quê. Eu odeio esse porquê sem sabê-lo. E eu me odeio por gostar de Alguém tanto assim quando não deveria gostar de ninguém. Eu sei que não fui feita pra gostar de ninguém. Por que esse meu coração imbecil continua a ir pra onde não será nunca bem quisto é um mistério... Como é que eu poderia esperar por qualquer chance com Alguém que me olha como se eu fosse uma vidraça, uma janela? Que olha através de mim sem nem se dar pela minha presença? Alguém tem pena do meu sofrimento inútil como teria pena de um cão chutado na rua... Alguém não faz idéia... não faz a menor idéia do que é estar onde me encontro agora... ele não sabe o que é sofrer por se carregar um sentimento tão puro e tão... inútil... Alguém me disse hoje que nunca passou por isso de ser gostado sem gostar da pessoa. Como uma conversa assim tão desgraçadamente cortante poderia ter durado ou ter feito qualquer sentido ou ter sido boa? Como? Como é que Alguém que nunca sofreu poderia me compreender? Como, meus senhores? Como? Como é que ele saberia a dor que me causa ao vê-lo e não conseguir dizer um oi como toda gente o faz? Ou ele é extremamente ingênuo ou muito cruel... me disse “relaxa” e me passou a mão nas costas como se fossemos camaradas. Fiquei com a impressão de que ele nunca deve ter dado um fora em ninguém. Isso lá é coisa que se diga ou que se faça? Como se fosse uma simples questão de escolha conseguir levar tudo numa boa, continuar conversando com ele, rindo das piadinhas, enfim, como se o prosseguimento da vida fosse assim tão facilmente decidido. Antes fosse! Eu não perderia uma lágrima por Alguém que não sabe o que é sofrer por desejar. Ah, meus senhores, que merda! Que grande merda!