segunda-feira, agosto 07, 2006

sete de agosto

eu precisava olhar a lua cheia de novo, vê-la bem no meio do céu, boiando como se fosse num dos meus sonhos.
peguei todos os sinais fechados pra pedestres, mas tudo bem, eu gosto de andar a pé de noite. o peso das sacolas das americanas não me incomodava tanto.
eu tinha que ver um filme e, depois, ver a lua. preciso fazer como se tudo estivesse correndo normalmente. porque se eu tropeçar e as cosias derem errado, só vai haver a escuridão. eu só posso esperar que tudo dê certo, que as cosias fiquem bem, mas e se não derem? e se tudo o que poderia der errado der errado? não estou preparada pra não ver mais a lua, nem as pessoas que eu amo, nem as cores do pôr-do-sol...
não é agora que estou preparada pra escuridão, pra o esquecimento, pra essa solidão ainda mais aguda e irreversível.

ontem, na casa de meu pai, minhas irmãs e um dos meus irmãos, o padre, relembraram passagens medonhas de suas infâncias. eu não disse quase nada. fiz questão de esquecer quase tudo o que vivi. e o pouco do que me lembra eu tento transformar em outro tipo de verdade, tento dar leveza. não sei como eles, tendo vivido o que viveram, são capazes de ir à casa dela, de se importar com ela. eu somente quero esquecê-la. gostaria de esquecê-la como se ela nunca tivesse passado pela minha vida. minha progenitora, aquela que nunca me quis e sempre fez o possível pra tornar minha vida miserável, seca, estéril. se houvesse mesmo um procedeimento como em "o brilho eterno de uma mente sem lembranças", eu faria. tiraria ela de todas as minhas lembranças. não sei como ficaria o resto da família na minha cabeça, provavelmente eu gostaria de deixar só os momentos bons dos meus irmãos e eu e até do meu pai, o negligente. não o perdôo também, esse é o tipo da cosia pra qual não existe perdão, não pra mim. meus irmãos que façam como bem entenderem, mas eu nunca tive jeito pra hipócrita. e só minto quando realmente acho que vale a pena e, neste caso, não vale.

não fui trabalhar hoje. saí de casa crente que iria, mas não fui. problemas ainda com os óculos e com os exames. fazendo uma retrospectiva: quinta-feira numa festa eu deixei os óculos caírem e alguém pisou em cima e o óculos ficou todo estropiado. na sexta eu não conseguia ver direito com os óculos mas queria ver uma palestra sobre uma exposição no ECCO sobre Hiroshima, então pus as lentes de contato e fui. as lentes de contato irritaram tanto meus olhos que tive que ir embora do trabalho no segundo horário, direto pra o oftalmologista que me passou um colírio pra inflamação causada pelas lentes. fui a várias óticas e os atendentes todos me disseram a mesma coisa, que poderiam apertar os parafusos do óculos, mas que se mexessem na armação ela se romperia, então ele ficou um pouco menos torto, mas ainda me deu umas dores de cabeça. fui pra uma festa no conic, mas estava cansada e fui embora antes das 3h da manhã, mesma coisa da festa de quinta. estou me sentindo tão entediada e cansada de tudo, inclusive das festas... a impressão que tenho é que tudo o que poderia acontecer de legal numa festa contece só até as 2h. depois é tudo a mesma coisa. é um pensamento estranho, mas é o que tenho sentido.
no sábado eu enrolei o dia inteiro, fiz compras, tentei costurar, tentei ler, tentei ouvir música. estava meio agitada, e, ao mesmo tempo, sem energia pra nada. sei lá. de noite fui ao aniversário de um amigo, depois ao de outra amiga e, por fim, a um chá de fraldas vanguardista no conic. levei minha sobrinha comigo pra o chá de fraldas. ela até que gostou. eu também. mas me diverti mais nos aniversários, especialmente no primeiro porque só tinha gente conhecida lá e rimos muito vendo vídeos xaropes no youtube. o segundo foi uma coisa muito mais light, até porque eu fiquei muito pouco tempo e só conhecia as donas da casa e mais umas poucas pessoas, inclusive uma que eu preferiria evitar de encontrar, apesar de não ter sido tãoo ruim assim... mas, enfim, tenho que aprender a lidar com isso também. no sábado minha cabeça doía constantemente de forma estranha, latejando, creio por conta dos óculos totalmente tortos.
no domingo eu fui pra casa do meu pais com minha sobrinha e meu irmão padre. eu tinha duas festas pra ir, mas acabei perdendo a vontade de ir a ambas. preferi dar mais atenção ao meu irmão que vai embora daqui uns dias. as festas acabam sendo sempre as mesmas e eu acabo indo só pra dançar mesmo, mas a verdade é que posso dançar em casa, posso dançar na próxima festa. nada de excepcional acontece e eu não sou necessária em nenhuma, então, não preciso ir, eu posso ir só quando realmente estiver com vontade mesmo de dançar fora de casa. talvez eu me divirta mais mesmo indo ao cinema ou indo jogar na casa de amigas. acho que o grande problema é que tenho sentindo muitas expectativas com relação a festas e nada nunca acontece. nada nunca acontece.
hoje, segunda, fui ao oftalmo fazer uns exames e num deles minha pupila foi dilatada permanecendo assim durante quase todo o dia, só voltei a poder encarar a luminosidade do dia depois das 16h, isso porque a mocinha me garantiu que o efeito passaria em duas horas. foi por isso que não fui trabalhar hoje, fiquei morgando na casa da minha irmã até conseguir ir embora. e ela ainda teve que me buscar no consultório porque eu não conseguia manteer os olhos abertos fora de sombras e/ou lugares fechados. não deu nem pra aproveitar e ver meus seriados reprisados na tv dela porque eu não tava enxergando quase nada, nem de óculos. ao sair da casa dela, fui pra kingdom dar uma entrevista pra o canal da justiça sobre justiça trabalhista e preconceito estético. falei sobre como foi entrar no mercado de trabalho com tatuagens e piercings, preconceito, relações entre colegas e trabalho e coisas do tipo. foi bacana. dei a entrevista sem óculos porque ele tá me machucando atrás da orelha e tava torto ainda. depois eu fui ao pronto socorro dos óculos e o cara colocou uns pininhos de ferro na partezinha que liga as lentes porque eu deixei os óculos caírem na kingdom e ele partiu no meio... coisa bizarra! tentaram colar com superbonser rpa mim, mas eu deixei cair de novo e aí não queria colar mais de jeito nenhum. tentei até durex, mas também não funcionou. aí fui lá e o cara deu um jeitinho. decidi que veria um filme e fui ver " a prova" com aquela sem-graça da Gwneth Paltrow, mas como tinha o Anthony Hopkins que é ótimo e o lindinho-esquistão do Jack Gyillenhaal, eu me interessei. gostei do filme. acho que eles poderiam ter colocado uma atriz mais expressiva, mas, enfim, ela não esteve tão ruim, o lance é que ela é sempre ela em todos os filmes e, no caso dela, isso não é bom. se fosse o Robert deNiro interpretando ele mesmo, como ele faz às vezes, ou o Jack Nicholson faz sempre, aí seria outra estória. mas, enfim, eu gostei do filme, da estória. triste mas não o suficiente pra comprometer minha noite com pensamentos dramáticos, mas também não esperançosa o suficiente pra me arrancar dos meus costumeiros devaneios do tipo "niunguém em ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire..." é que teve uma cena em que a Gwneth e o Jack estão começando a se amassar e aí ela diz sontransgida que está sem prática. putz, na hora eu pensei, meus deuses, eu também! será que eu ainda vou lembrar um dia como é dar uns malhos? saí do cinema e vim caminhando e pensando que talvez eu não saiba mais como beijar! pode aprecer absurdo, mas é essa a impressão que eu tenho. meus senhores, acho que eu não sei mais como é o gosto de um beijo. eu lembro que eu gostava muito de uns e não gostei nem um pouco de outros, mas como era, exatamente como era eu não consigo lembrar e faz tempo. eu me esqueci dessas cosias todas. sexo então, aff..., disso eu nem me lembro mesmo! não lembro mais o que eu sentia. não lembro. e, mais uma vez, me vem aquele pensamento de que eu deveria era ter ficado virgem pra me poupar a falta que isso faz. já disse e vou dizer de novo: detesto essa coisas que precisam, que exigem a presença física de outra pessoa. detesto! mas, enfim, esquecer é mesmo a melhor coisa a fazer porque aí isso me incomodará cada vez menos. nos primeiros meses me incomodava muito mais, agora... agora eu tento me lembrar como era, gostaria de saber de novo como era, ou como pode ser, mas isso não depende só de mim, e, por isso, é melhor deixar quieto.
whatever...

meus senhores, tenham todos uma boa noite e até uma próxima oportunidade.

1 Comments:

At terça-feira, agosto 08, 2006 5:21:00 PM, Blogger jana said...

Vev's vamos combinar de sair, sinto que estamos no mesmo nível de desilusão amorosa. Porque diabos temos a necessidade de alguém para ser feliz. Merda a felicidade deveria ser algo unilateral. Sucks!!!!! =< Triste da vida prá dedéu... Vamos combinar algo assim damos colo uma para outra. Bjkas da amiga
Jacléclé...q anda desiludida da vida... Aff!! Mas te adoro de montão...
E realmente a lua ontem tava linda e cruel para os corações abandonados....=<

 

Postar um comentário

<< Home