domingo, outubro 29, 2006

Lost

Daqui dá pra ouvir os carros buzinando na rua. Comemorando a reeleição do Lula. Eu votei nele também, mas não tenho carro pra sair por aí buzinando. Mas também nem gosto do barulho das buzinas...

Meu dia foi passado na casa do meu pai vendo Lost. Nossa, essa porra dessa série é viciante mesmo! E estou apaixonada pela maioria dos personagens... o Jack acho que é o sonho de consumo de 100% das mulheres heterossexuais que vêem a série, mas aí tem o Sayid que, eu particularmente, acho lindo lindo lindo! Ah, e tem ainda o Sawyer que não é Sawyer... cara de cafajeste, de safado... do jeito que o diabo gosta! Mas eu acho o Jin bonitinho também, e o Michael é muito charmoso, e o Charlie também é bem fofinho. Acho que, dos que eu já vi no seriado, eu só não pegaria mesmo o gordão porque enfim, ele tem peitos maiores do que os meus. Até gosto de uns caras acima do peso, gosto mesmo de caras mais pra fofinhos que pra magrinhos, mas obeso também já é demais.
Bem, infelizmente eu só posso ver aos domingos mesmo porque nem televisão eu tenho em casa! Meu irmão comprou a primeira e a segunda temporada piratas, claaaro, mas ainda estou no capítulo 20 da primeira temporada, isso porque não deu pra ver do 10 ao 15 pq o dvd deu pau... mau dos piratas... e os episódios são grandes demais, não dá pra ver tudo num domingo só... acho q acabarei mesmo comprando uma tv e um dvd nessas férias. Aí pego as temporadas emprestadas e ficarei virando noites vendo meus lindos perdidos :>

Ontem dormi na casa de uma amiga. Eu e uma outra. Nós três temos andado muito juntas há meses. Foi bacana. Vimos três filmes: memórias de uma geixa (achei tão bonito, apesar de triiiiiste... não chorei pq estava em público), o preço da ambição (ô filme q me deixou revoltada com a covardia do protagonista! nossa, que vontade de ir lá e dar umas porradas nele! e essa covardia dele me lembrou de vocês sabem quem...) e livro de cabeceira (um dos filmes mais eroticamente inspiradores que já vi na vida... ô Ewan Mcgregor maravilhoso!). Aí hoje de manhã uma das minhas irmãs passou lá, me deu carona ao meu lugar de votar e depois fomos pra casa de pai. Putz, quem dera que toda votação fosse rápida como essa! Durante o dia, ontem não fiz porra nenhuma além de pintar as unhas e o cabelo, o que me deixa sempre bem contente porque eu adoro não fazer nada nos finais de semana. Ah, também comecei a ler um livro de contos da Marina Colasanti que comprei num sebo no Rio. Gosto muito dos contos dela. Eu tenho um livrinho de bolso dela, que amei. Esse “novo” chama-se contos de amor rasgado.

Os filmes de ontem o seriado de hoje me fizeram ficar com uma saudade tão grande de ter minhas mãos firmemente seguradas pelas mãos de um namorado. Essa coisa de segurar na mão é certamente uma das minhas favoritas... E que falta me faz! Às vezes dá até vontade de chorar de tanta falta que sinto... Mas, enfim, minha vida está muito bagunçada pra acontecer qualquer cosia boa agora... Depois que eu me acertar, aparar minhas arestas, terminar mais um semestre e puder respirar sem trabalho, sem UnB e sem vê-lo, aí sim, aí eu poderei começar a esperar qualquer coisa boa na minha vida. Não que agora as cosias estejam horríveis, não é isso, é só aquela sensação de estar sendo pressionada por forças invisíveis... Parece que tem um setor da minha vida que nunca irá deslanchar, sabe? Ah, meus senhores, talvez por isso mesmo eu me apego tanto a isso, a esse sentimentalismo, a esse romantismo cafona e ultra-ultrapassado... Eu sou uma cafona, brega, piegas, saudosista, melodramática e etc. etc. etc....
Eu quero poemas
Rosas
Chocolate
Surpresas
Quero ser chamada por diminutivos carinhosos
Quero bilhetinhos
Quero mensagens no celular
Preciso receber atenção
Quero que me liguem
Quero que me esperem na saída do trabalho
Quero tudo tudo tudo
Não namorei ninguém na adolescência... Acho que é isso... Se eu tivesse sido como as outras garotas e tivesse namorado na adolescência, todas essas carências já teriam sido preenchidas há séculos atrás.
Eu quero ser beijada no cinema sempre, embora não queira perder o filme...
Quero andar de mãos dadas para todos os lugares!
Quero ser apresentada à família e quero poder apresentar à minha também
E quero que, se for o caso, ouvir dele “que se dane o que a minha família pensa sobre você...”
Quero coragem!
Quero um cara que, ao me conhecer de verdade, não precise me perder pra querer ficar comigo
Eu quero um homem corajoso de verdade!

Que merda... acho que nunca terei o que quero... acho que estou pedindo mesmo demais... uma merda...
O jeito vai ser ficar sonhando acordada com o Sayid... ô meus deuses!!! Definitivamente comprarei uma tv e um dvd nessa férias...

Bem, como não poderia deixar de ser, fiz uma coisa idiota: mandei um e-mail pra MCA o convidando pra o meu aniversário. Como não poderia deixar de ser, acrescentei umas coisinhas a mais... Ah, agora já era, já mandei e foda-se! Se ele for, bem, se não for, amém! É como eu disse no post anterior, a esperança já era. Mandei mais pra não ficar aquela situação sem-graça no trabalho. Ninguém agora vai poder desconfiar de nada porque eu convidei mesmo todo mundo. É tão difícil isso de abrir mão... ainda que eu esteja abrindo mão do meu sofrimento... a esperança que estava por um fio, partiu-se...
Caiu e estilhaçou-se...
E não dá pra tocar mais nela sem me cortar
E não vou me machucar mais por causa dele
Não por causa dele
Ele que não me dirige sequer a menor das palavras
Não vou mais me ferir por ele que não me olha
Não me vê
Não me quer
E se eu não existo pra ele,
Ele tem que não existir pra mim também
Quem sabe um dia...
Tomara que um dia...
Como você olha nos olhos de um covarde?
Como é que alguém como eu poderia jamais olhar pra alguém como ele?
Ele é um covarde.
Ele é só mais um homem com medo de si, de mim, do mundo.
Foda-se!!!
Foda-se!!!
Eu sei que mereço mais do que isso.
Ninguém deveria contentar-se com as migalhas que caem do banquete de outros.
Eu não me contentarei, Homem-Covarde!
Ainda hei de caminhar de cabeça erguida, coroada pelos meus méritos, pelas minhas qualidades que você ignora conscientemente.
E se a minha Beleza passa totalmente despercebida aos seus olhos, é porque você não mercê mesmo enxergar o que seja o esplendor nos olhos de uma mulher que Deseja um homem.
Minha Beleza está além do que esse corpo magro, frágil, pudesse um dia lhe comunicar ou a qualquer outro, ela irradia do meu peito, do meu coração que quer saltar pela boca toda vez que você me surge diante dos olhos...

Um dia este coração partirá dessa prisão chamada corpo.
Um dia estes olhos contemplarão outros olhos que... pelos deuses!... outros olhos que estarão plenos de Amor.
Um dia, Homem-Covarde, preste bem atenção no que digo, um dia você vai me ver e vai se arrepender por ter me ignorado, ignorado a mulher que se daria toda pra você, como numa oferenda, como se... Que merda! Que merda isso tudo!
Eu odeio você!
Não, não odeio você, odeio sua covardia que o iguala a tantos outros milhões de covardes, de idiotas! Por que você tinha que ser assim tão medrosos?
Que ódio!

Duas músicas do Eisley que acabei de ouvir:
I wasn't prepared
Telescope eyes

quinta-feira, outubro 26, 2006

vinte e seis de outubro de dois mil e seis

eu ouvi a voz dele e nem sabia ao certo de quem era, mas aquele som fez algo em mim vibrar...
nunca me conformarei com o desperdício de tanto sentimento. Tanto sentimento de mim para ele.
dele para mim, nada.
gostaria de saber exatamente o que me falta, além dele comigo...
eu e minhas reticências
nunca tenho certeza...
“quero poder reagir, olhar você sorrir e não desabar...”
queria mesmo.
e se eu me movo como se não sentisse nada, é porque é muito sentimento.
sentimento demais pra expressar, que dirá verbalizar.

Mas agora as pessoas não me perguntam mais o que há de errado porque eu consegui, mais uma vez, calar meu peito. Eu me calo e prossigo.

Mais triste que levar um fora é perder as esperanças...

Meus senhores, eu não existo no universo dele. Este Certo Alguém está além de tudo o que me diz respeito. Não há esperanças. Nunca houve a possibilidade, eu sei, eu sei!, mas havia esperança. Eu tinha esperança de que ele talvez fosse me olhar com olhos menos severos, mais afetuosos e – finalmente! – ele me veria. Ele veria que eu sou uma mulher que ama, que quer se doar, se dedicar a um homem só: ele. Mas esse dia não chegou. Muito pelo contrário, meus senhores: eu fui toscamente ignorada... Quando muito, devo ter sido uma piada de mal gosto pra ele.
E hoje um dos meus colegas estava brincando comigo que é apaixonado por mim e que se não fosse casado, ia ficar comigo. Eu disse que já era apaixonada por outro cara, mas se ele fosse solteiro, e se eu não gostasse de outro, com certeza daria a ele uma chance. Mas, no fundo no fundo estive pensando comigo que se ele fosse solteiro, provavelmente se comportaria como esse cara de quem eu gosto.
Não sei que praga foi essa que me jogaram, mas pegou em cheio!

Eu queria convida-lo pra minha festa de aniversário. Mas acho que eu experimentaria um calvário se o visse lá e não pudesse fazer nada nada nada nada nada... se tivesse que ficar lá olhando pra ele sem poder beijá-lo, abraçá-lo... Uma pena a recíproca não ser verdadeira... Uma merda. Acho melhor não convida-lo. Seria estupidez minha. E se eu o convidasse e ele não aparecesse, putz, que merda seria, eu tenho certeza que ficaria muito chateada e decepcionada. Mas vai ser estranho convidar todo mundo do trabalho e não convida-lo. ah, foda-se, eu não vou chamar. Porque eu quero tão desesperadamente que ele vá que não posso correr o risco... Ele nunca vai entender que eu realmente gosto dele assim desse jeito que me deixa fora de órbita... Queria que ele me fizesse rir como me faz chorar... Queria não precisar desviar meus olhos dos dele porque eu só quero ver os olhos dele. Queria não querer tanto o que eu não posso ter.

A última vez que eu passei por um sofrimento parecido foi quando terminei com o ex. Ele me fez me sentir também a última das mulheres, mas também tinha em feito sentir nas nuvens. Me dava flores, me tratava com um carinho enorme! Houve momentos MUITO felizes. Mas agora... agora é só tristeza, é só choro, é só rejeição... Não há nada de bom nisso, não há nada de bom em gostar dele que me trata assim... Não há nem esperanças... O que há então, diabos? NADA! É só pura perda de tempo. Do meu precioso tempo! Como eu gostaria de poder mudar de estorinha, de fugir dessa roubada e entrar logo numa outra, se for o caso, mas parar essa merda. Parar esse sofrimento unilateral de merda... Não, eu não quero que ele sofra, eu quero que ele me ame!

E, pra melhorar minha situação, uns colegas lá no trabalho estão pensando em ler meu blog... Bem, minha primeira medida foi tirar o endereço do meu perfil no orkut. Eu não quero que eles leiam sobre o Certo Alguém. Talvez um dia eu até diga pra eles quem ele é e como eu me sinto, mas só se tudo já tiver ficado pra trás e virado anedota. Por enquanto não dá pra falar nada com ninguém lá, nem com a minha amiga do matutino eu não comento mais nada. Quero que isso acabe logo. Quero que esse ano acabe logo. Quero férias. Quero descansar meus olhos da fuga dos olhos dele e das lágrimas que toda essa merda me dá.
Pensei agora que eu preciso de tratamento psicológico. Preciso mesmo. Daí lembrei que, semana que vem, tenho consulta com a homeopata. Na outra vez eu me controlei pra não chorar... Não sei se conseguirei o mesmo dessa vez... Preciso de um psicólogo e de um psiquiatra. Qualquer dia desses eu surto. Não, não é só por causa dele, mas ele é o que mais tem pesado na balança do meu desassossego. É claro que ele não é o primeiro homem que me faz sofrer. Mas, como eu disse, eu tive pelo menos muitos bons momentos com os ex. Mas ele não é e nem nunca vai ser meu atual, que dirá ex... os momentos bons que existiram entre nós foi quando não havia nós, quando éramos eu e ele indo pras nossas respectivas casas conversando, rindo, ouvindo música... Sinto falta disso, da companhia dele, da risada dele, das piadinhas infames dele... De ouvir música boa com ele... De sonhar com a mão dele na minha... Eu sou uma idiota! Que tipo de mulher sonha, aos vinte e nove anos de idade, em segurar a mão de um cara? Eu sou uma retardada!

Ontem sacanearam ele até na hora do recreio, e eu bem que quis dizer alguma coisa em sua defesa, mas eu não disse nada e até ri em determinados momentos, mais por nervosismo do que por achar qualquer graça... Eu sempre tenho medo de que as pessoas comecem a fazer brincadeiras unindo nós dois. Ontem, por conta disso, eu quase saí da sala chorando de nervosismo... Odeio quando isso acontece. É muita ansiedade numa pessoa só...

Isso já deveria ter passado, não é, meus senhores? E por que não passa? Porque essa merda desse sentimento me acompanha em todos os lugares o tempo todo? O que eu faço com isso?! O quê?

Pra ajudar (?) a aumentar a confusão nessa minha cabeçona de mamão, vi meu ex-objeto de desejo hoje. Conversamos civilizadamente durante alguns minutos enquanto eu corria pra aula que, aliás, não aconteceu.
Ele é simplesmente lindo. Perfeito. Isso é uma coisa séria, meus senhores. Porque meu lado esteta fica perturbado com esse tipo de coisa. Eu não gosto mais dele há tempos, mas gosto de olhar pra ele. E tenho vontade de ter um namorado negro como ele, preto. É muito lindo!
Black is beautiful!!!
Mas agora acho que não dá mais pra ser nada mais que amizade porque eu gosto muito de conversar com ele. Ele pensa numas coisas que ninguém me diz, coisas profundas, coisas do cotidiano dele. Não sei de onde ele tira as idéias, mas gosto delas. Essa coisa da originalidade sempre me deixou muito interessada nos caras. O que é loucura pra uns ou perda de tempo pra outros, eu considero interessantíssimo! Não, meus senhores, MCA não é interessantíssimo. Também não é esteticamente perfeito. Mas ele... ele me cativou de uma forma tal que agora é ele. Sabem? É ele!

segunda-feira, outubro 23, 2006

meu aniversário

Sábado à tarde eu fui fazer uma hidratação e, do salão, fui direto pra a pizzaria onde marquei de encontrar parte da minha família e dos meus amigos. Foram todas as minhas irmãs e dois dos meus irmãos. Nem todas as minhas sobrinhas e os meus sobrinhos estavam lá. Nem todos os meus amigos foram. Nem todos foram convidados. Pizzaria é um lugar pra onde não se chama todo mundo, você chama somente algumas pessoas porque o espaço deve ser utilizado por muitas pessoas, não só pelos seus amigos, a não ser que você seja rica o bastante pra mandar fechar uma pizzaria só pra você e seus convidados vip's. Infelizmente eu não tenho dinheiro suficiente, então tive que escolher algumas pessoas pra convidar.
Mas o que é importante é que foi bem divertido, comi horrores, ri muito, e -- o que eu mais gostei -- pus minhas irmãs e irmãos em contato direto com minhas amigas e amigos num ambiente bem light.
Ah, meu pai também foi! Ele comeu pizza, se comportou direitinho. Realmente o derrame mudou muita coisa nele. Se ele estivesse como antes, teria feito piadinhas sem-graça e sido bem inconveniente, apesar de engraçadinho às vezes. Às vezes.

Eu ganhei presentes! Não esperava, mas ganhei! Ganhei uma xícara especial pra pôr coisinhas e fazer chá. E um livro, auto-biografia da Billie Holiday. E um par de meias de lã vermelhas e calcinhas com gatinhos. Ah, e uma boneca que parece uma mexicana, ou peruana, não sei, mas é beeem bonitinha. Uma irmã minha pagou a hidratação. E uma outra me deu um livro chamado "ei, professor". Uma outra amiga, que trabalha comigo, me deu um cinto branco de bolinhas azuis, uma presilhinha decorada e (hoje), uma bolsinha azul com bolinhas brancas, pra combinar com o cinto e com a presilha. Pra mim, a presença de quem foi era o bastante porque, poxa, afinal foi gasta uma grana lá e eu sei como é foda arranjar dinheiro... Mas eu ganhei presentes e me senti o máximo!

Depois da comilança, eu, minha sobrinha e mais duas amigas fomos pra Makossa. Putz, como estava cheio aquele lugar! Terrivelmente cheio! Tinha momentos em que não dava pra dançar direito. Mas eu achei ótima! Eu e a referida sobrinha tínhamos tomado suco com guaraná em pó pra conseguirmos ficar um pouquinho acordadas e acho que funcionou bem porque chegamos em casa por volta das 5h30 e ainda ficamos conversando até amanhecer! Adorei tê-la tido como companhia porque isso é tão raro!

No domingo fomos de manhã pra a casa do meu pai e ficamos lá até de noite, como sempre. Mas de tardezinha o pessoal foi lanchar na casa da minha irmã mais velha e eu fiquei na casa do meu pai e com a minha sobrinha. Ficamos vendo lost. Meu irmão comprou um monte de episódios piratas. Acho que deve ser a primeira temporada. Mas eu só tive tempo de ver os 5 primeiros. Eu nunca tinha visto! Achei boa pra caralho essa série. Domingo que vem quero ver mais.

E hoje o dia foi... eu não sei... mas consegui conversar melhor com o pessoal do trabalho. Só só não consegui olhar pra ele, olhar nos olhos dele... acho que eu devo ser realmente ccomplexa.

segunda-feira, outubro 16, 2006

as coisas mais doces...

Ele me diz as coisas mais doces. Infelizmente ando meio desanimada até pra isso, mas agradeço. Agradeço sempre porque é tão difícil ter alguém pra pelo menos tentar me fazer sentir melhor...
As rosas, infelizmente, não vão me ver fazer aniversário porque, eu disse a ele, como tudo que é Belo, acabam rápido. A Beleza não dura. Me pergunto como poderia durar...

Hoje, eu já conversei mais com as pessoas no trabalho, mas é bem difícil sorrir ainda. Nada soa engraçado. As conversas podem até ser legais ou podem, ao contrário, ser totalmente enervantes como a que uns professores travavam perto de mim no recreio, mas engraçadas, divertidas, isso não. Mas eu sinto falta do meu bom-humor. Sinto mesmo. Não é que eu esteja de mal-humor, não ando respondendo mal às pessoas, mas ando sem vontade de rir, de brincar... Que merda. Deve ser o meu Inferno Astral... deve ser...

Eu quis ter ido ao cinema hoje quando voltei do trabalho, queria ver uma comédia, mas lembrei do meu extrato bancário e desejei que caísse toda a rede do BRBosta e ele perdesse todas as suas informações pra sempre e levasse minhas dívidas consigo. Não quero que ninguém perca dinheiro honesto e suado por minha conta, por isso deixei de lado a idéia clube-da-lutista de explodir aquela merda, o BRBosta... É claro que eu sei que as dívidas sou eu quem faço, nisso ele não tem tanta culpa, mas os juros são altos, viram uma puta bola de neve que estaria muito perto de me esmagar não fosse meu 13o salário a ser recebido no próximo mês... Aí já era o sonho de dar entrada num automóvel... Mas, sobre isso, eu já ia ter que esperar mesmo, esperar pra ver se o Lula ganha ou não a presidência pra saber se vou ou não perder nenhuma gratificação e, assim sendo, poderei ou não pagar as benditas infinitas prestações do bendito carro.
Não agüento mais as propagandas no rádio do Alckmin... ô mentirada! Os caras tiveram séculos pra mudar a situação, mas só agora, com os escândalos da banda podre do PT é q se acham capazes de, finalmente, consertar alguma coisa, inclusive aquilo que eles ajudaram a detonar. É foda! Eu ia votar nulo, mas é tanta demagogia que resolvi votar no Lula de novo.

De novo o aniversário de um amigão meu vai cair na véspera da lei seca... um saco. Nem sei como ele vai comemorar...
O meu aniversário é sábado. Ai ai ai...
Hoje ele me disse, o cara das rosas, que me mandaria muitas mais, se eu quisesse... Ele sabe ser convincente. E eu amo flores, mas não posso cruzar a linha agora. Claro que eu me sinto imensamente lisonjeada com a atenção e com as delicadezas dele para comigo, mas não dá, simplesmente não dá, não consigo. Mas se acontecer de novo comigo o que aconteceu na sexta-feira passada, receber um lindo buquê de rosas vermelhas, eu vou corar, ouvir piadinhas e sorrir sem jeito pra os observadores atentos, mas por dentro estarei me sentindo o máximo! Não posso fazer muita coisa com relação a isso: é como se me escrevessem um poema me elogiando da cabeça aos pés, eu adoraria. Ficaria embaraçada à princípio, mas adoraria. Porque é tão difícil receber um elogio válido, e rosas são O elogio.
Talvez ele leia isso e pense: ela quer que eu mande rosas. Mas, na verdade, eu só queria dizer obrigada por tê-las mandado. E eu não posso dar nada em troca. Nada além de ligar dizendo obrigada agora que tenho créditos no celular...
Ele me liga e diz as coisas mais doces, mas completa dizendo que eu preferiria ouvir o que ele me diz de outro. Respondo que não sei. E não sei mesmo. Eu quis, já quis muito muito muito mesmo ouvir qualquer coisa de MCA. Uma palavra sequer... Ele poderia ter me libertado no minuto mesmo em que dissesse qualquer palavra que fosse pra sair do seu isolamento e me tocar, tocar de leve. Mas agora ele me quebrou. Seu silêncio de taco de beisebol me quebrou, me deixou em estilhaços. Agora eu preferira nada ouvir dele, nem vê-lo. isso não significa que eu esteja querendo ouvir qualquer coisa de qualquer outro homem. Na verdade eu queria ser neutra, cinza. Apática com relação aos homens e seus ardis e sua falta de sensibilidade naquele momento em que eu preciso que ela exista. O timing deles é uma bosta, pelo menos com relação à mim. E é só à mim que esse bendito timing interessa quando não funciona. Dane-se se isso acontece muito com outros homens e com outras mulheres. Quero poder me dar ao luxo de ser egoísta. Por que eu não posso pensar só em mim e só naquilo que me afeta pelo menos alguns minutos desse dia que já está quase amanhã? Essa idéia de se ser altruísta em tempo integral me parece tão falsa... Enfim, vou deitar e ler um pouco, quero mergulhar na fantasia de outrem, no caso, Jane Austen. Comecei a ler o sangue azul na semana passada, mas na lerdeza que me encontro, li um tanto no dia em que resolvi abrir o livro e, depois que fechei, não mais abri... Ando terrível com essa horrível mania de começar a ler os livros e não termina-los, mas é como se eu não precisasse termina-los. É como se o ato de abri-los e começar a lê-los fosse o bastante pra saciar a minha curiosidade deles. Bem, agora que a máquina parou e o barulho irritante da lavagem cessou eu posso me deitar e ler algumas páginas antes de cair no sono. Não posso demorar a dormir porque passei muito mal esse dia mal-dormido graças à insônia de ontem... creedo.

Despeço-me, pois, meus senhores, e lanço-me no sangue azul.

Ah, olhando agora para minha barrigona inchada de lasanha, lembrei: recoloquei outros dois piercings: o do umbigo e o da sobrancelha esquerda.

rosas II...

Eu olho pras rosas. Elas são perfeitas! Perfeitas!
Queria que durassem pra sempre... Estranho pensar que elas desabrocham ao mesmo tempo em que morrem, dia após dia... Isso, a morte das rosas, me deixa triste. Queria que as rosas durassem pra sempre.

As rosas são um fato, elas estão aqui, vivas.
Elas vivem. Eu, eu não sei não... Talvez eu seja só uma lembrança também, menos real do que o perfume das rosas vermelhas na minha casa pequenina. Será que existo de verdade? Será que esta casa, tão pequena, é de verdade?
Talvez seja só o sono, afinal, são quase três da manhã e eu ainda estou acordada quando deveria estar dormindo há horas.
Mas não consigo sonhar com tantos pensamentos me inundando a mente. É muita coisa, muito tempo, muita estória, muita culpa e remorso.
E as rosas continuam ali, vermelhas como o meu sangue. Não o meu sangue não é tão vermelho. Acho que eu tenho mesmo é, como se diz, sangue de barata. Aliás, sou uma mosca morta.
Mas as rosas, as rosas resistem a tudo, até a mim, até ao tempo que esmaga a tudo, até a mim. As rosas vão continuar ali mesmo quando nada mais houver, nem sequer a minha memória dessas rosas lindas.
Dá uma tristeza...

Dá um certo desespero pensar no fim das rosas, não de todas as rosas do mundo, não penso nisso, ademais todas as rosas do mundo estão num tempo e num espaço que não são meus, que eu não conheço. Não, eu penso na morte das minhas rosas, das rosas que eu ganhei, que me foram presenteadas, que eu ganhei nem sei porque... Porque eu não mereço rosas. Não, não mereço receber rosas de ninguém. Menos ainda dele... ele deveria estar mandando rosas pra quem de fato as merecesse, alguma gentil dama de olhos cândidos, de mãos delicadas e cheia de boas intenções. Eu sinto-me como uma víbora, uma serpente pronta pra dar o bote, mas não sei em quem... Quanto veneno desperdiçado, digo eu....

Mas as rosas estão aqui, bem perto de mim, com um gesto eu poderia toca-las. Elas são um fato. As rosas existem e insistem em dizer que alguém gosta de mim. Sim, meus senhores, eu sou mal-humorada, irritadiça, tenho uma memória horrível, meu rosto não é nada simétrico, sou magra demais, ando triste demais, preguiçosa demais, e, ainda assim, tem alguém que se dá ao trabalho de me mandar flores. E não quaisquer flores, não. Não! Ele me mandou rosas. Sim, meus senhores. E mandou no meu trabalho. Todo mundo lá agora sae que tem alguém que gosta de mim o bastante pra me mandar flores no trabalho. Eu nunca recebi antes rosas vermelhas no trabalho. É um tanto quanto emaraçoso, mas não deixa de ser lisonjeiro.

Rosas vermelhas.
Perfeitas

Eu olho pra elas e sei que eu também existo.

Eu queria poder viver pra contemplar mais beleza.
Eu tenho certeza de que um dia as rosas serão eternas e eu poderei... ah, deixa pra lá.... não quero dar início aos pensamentos fúnebres porque, embora fazendo muitas coisas pra me ocupar e me lembrar que estou viva, que estou viva aqui e agora e isso deve ser bom, ainda estou triste, e sinto-me aos caquinhos, como um copo de vidro que acabou de cair e se espatifou em muitos e muitos pedacinhos no chão... como diz a Fiona “I’m a mess he don’t wanna clean up...”

Whatever...

Me pergunto como pode alguém ter tanta raiva e tanta tristeza... Será que um dia isso passa? Será que o nó na garganta um dia se desfaz? Será que esse frio na barriga sem fim, um dia finalmente acaba?

Meu aniversário está chegando. E eu queria estar feliz de verdade. Estar feliz pra conseguir ficar melhor perto dos meus amigos e da minha família. Queria não pensar mais nele e nem na minha vida, pra ser sincera. Queria poder achar que isso que eu sou é o bastante... Espero que o povo do trabalho não me pergunte mais como estou, ou por que estou triste, etc. Queria poder passar mais tempo sozinha. O feriado não foi o bastante. E hoje, então, passei a tarde e parte da noite na casa de uma das minhas irmãs ajudando ela nuns trabalhos da faculdade... Foi bacana, mas a vontade de me isolar é grande.
Mas eu vou ficar melhor até o meu aniversário. Vou sim. Preciso ficar. Preciso sorrir honestamente, de alegria, de contentamento por ter continuado viva durante mais um ano. Por poder desfrutar da companhia daqueles que me são caros, caríssimos! Não posso ceder ao isolamento, nem no meu aniversário e nem em nenhuma outra situação porque eu me acostumo muito facilmente à solidão, mas de um jeito não muito saudável, eu sei.

Vou deitar mesmo que seja pra sonhar acordada. Mas preciso descansar pelo menos o corpo já que a cabeça está a mil. Daqui a pouco precisarei acordar e tocar a vida porque eu mal existo pra Lógica da Mundo. E eu gostaria mesmo de me ver menos como esse amontoado de sentimentos, e mais como um ser produtivo, pró-ativo, dinâmico... Mas como, com esse sangue de barata e essa sensação de ser a última entre as mulheres? Como?

As rosas preenchem minha solidão de forma estranha. Por um momento achei que elas me sufocariam... Eu não posso com a Beleza das rosas. Elas existem. Delas eu não posso duvidar. As rosas são. Eu, estou e não-estou. Eu própria sou o meu “não-lugar”...
As rosas existem mas não preenchem o vazio em mim. Nada preenche, nem häagen-dazs...

Definitivamente a música do dia é Acontece, do Cartola...

sábado, outubro 14, 2006

rosas...

Recebi flores. Gostei delas. Amo as flores. Mas sinto como se eu as tivesse ganho sem nenhum mérito... Se ele soubesse o que andou me acontecendo nos últimos dias, não teria me mandado as rosas vermelhas lindas.
Eu cheguei em casa muito cansada na quinta-feira pra escrever qualquer coisa. Também estava confusa demais pra ordenar as palavras...
Fui, na quarta-feira, a um forró com amigas e um amigo do ex-trabalho. Encontrei uma das minhas irmãs lá e um amigo da família. Foi legal, legal mesmo, dancei bastante, ri, me diverti. Estava precisando muito disso. Mas vi também um cara que há um ano, ou mais, foi o objeto dos meus desejos. Ai, aquela pele preta, aqueles olhos pertos... Ai de mim diante de tanta beleza crua, violenta como só aquele sorriso provocativo atrás daqueles óculos sérios pode ser.
Eu já havia suspirado tanto por ele noutros tempos... Havia escrito sobre ele e para ele. Havia me debruçado sobre muitas das convicções e ideologias para poder olha-lo melhor, embora sempre com uma certa distância que ele próprio me impunha.
Ele, esse homem, esse menino lindo e distante estava lá e já veio falar comigo todo cheio de amor pra dar. Eu fiquei feliz, isso fez bem pra o meu ego. A gente ficou. Normal, não era a primeira vez que a gente ficava. Mas depois, na quinta, eu pensava nele, e percebi que não havia mais nada do antigo desejo, só carinho e muita admiração. Foi bom, nesse sentido, ter ficado com ele, serviu pra mudar essa página definitivamente. Por outro lado, no entanto, me fez içar pensando com grande tristeza no MCA, que talvez eu nunca nem beije, que provavelmente nunca vai me dar sequer um abraço... Foi uma quinta-feira cinzenta... Mas eu fiquei com essa sensação só pra mim porque uma das minhas irmãs, a que estava no forró, acabou vindo aqui pra casa com meu sobrinho. A princípio eu deveria ajuda-la com uns trabalhos da faculdade, mas acabei dormindo em cima do texto... Fiquei de ir lá no domingo então. Nós lanchamos no giraffa’s perto daqui de casa e tomamos sorvete no Mcdonalds. Aliás, parênteses, meus senhores, o top sundae com cobertura de amora é sensacional! No final da tarde eles foram embora. Pouco depois uns amigos chegaram aqui e fomos ver filme. Vimos Dália Negra. Entre esses amigos, na verdade três amigas e o namorado de uma delas, estava a minha melhor amiga. Ela nunca me deixa ficar em casa quando percebe que estou recusando alguma saída porque estou triste...
Estranho como algumas pessoas conhecem tão bem a gente.

Eu me sinto triste por mim e por eles. Sinto-me terrivelmente culpada com relação a ambos, mesmo sabendo que não deveria que não devo nada a nenhum assim como eles nada me devem. Mas sinto-me culpada assim mesmo porque sempre magôo o cara das lindas rosas e porque sou louca a ponto de me sentir culpada por ter ficado com outro cara como se eu tivesse qualquer compromisso com MCA. Ele não me dá a mínima e eu me sinto culpada quando um outro cara dá... É loucura, eu sei, meus senhores, mas não sei como desligar esse maldito impulso! Gostaria... mas não sei como faço pra não ser assim... uma merda isso tudo...

Hoje fui ver um amigo fazendo uma tattoo e aproveitei pra recolocar outros dois piercings: sobrancelha esquerda e umbigo. Fiquei com um louca vontade de fazer outras tattoos, mas não posso, preciso controlar melhor meus gastos. Preciso mesmo.

Fiz uma pausa pra ler um e-mail de uma amiga que está em Roma. Ela fez umas visitas a uns lugares que eu pedi. Não que eu tenha ido lá e achado ótimo e dado as referências. Claro que não! Nunca deixei esta país a não ser nos sonhos que tenho acordada, debruçada sobre os fabulosos livros de Arte. Pois foi o que fiz, corri à minha estante e peguei uns livros e aí disse pra ela ir ver as esculturas e as pinturas que eu tanto amo, mas não conheço. Isso me faz lembrar de um filme que eu gostei muito: nunca te vi, sempre te amei, preciso dizer que eu me identifiquei com ele? Eu tenho essa tendência bizarra de amar o que não conheço... Acho que a exceção é parte da minha família e minhas amigas e amigos, o resto, no que diz respeito à pessoas, mais especificamente homens, tanto menos os conheço, mais os amo.
Me lembrei que um me disse recentemente que eu tinha o esquecido muito rapidamente... Pois é, acontece. Às vezes demora muito tempo, muito mesmo pra um cara ser superado, ser página virada do meu folhetim, tudo depende – falando bem honestamente – do seu sucessor. Quanto mais rapidamente houver um outro capaz de me ocupar os pensamentos, tanto mais rapidamente o anterior será esquecido. Simples assim.
Agora é esperar pelo próximo, o que fará a imagem de MCA desbotar na minha memória até oi completo apagamento. Espero que ele venha rapidamente porque essa situação de agora é embaraçosamente triste...

* Música do dia cantada pela Adriana Maciel *

Mora na filosofia (Monsueto e A. Pessoa)

Eu vou lhe dar a decisão
botei na balança e você não pesou
botei na peneira e você não passou
mora na filosofia pra que rimar amor e dor
se seu corpo ficasse marcado
por lábios ou mãos carinhosas
eu saberia, ora vai mulher!
a quantos você pertencia
não vou me preocupar em ver
teu caso não é de ver pra crer
tá na cara...


Bem, talvez devesse ser Acontece do Cartola, que acho que tem mais a ver tanto comigo e MCA, quanto comigo e o cara das rosas...

Esquece o nosso amor, vê se esquece.
Porque tudo no mundo acontece
E acontece que eu já não sei mais amar.
Vai chorar, vai sofrer, e você não merece,
Mas isso acontece.
Acontece que o meu coração ficou frio
E o nosso ninho de amor está vazio.
Se eu ainda pudesse fingir que te amo,
Ah, se eu pudesse
Mas não quero, não devo fazê-lo,
Isso não acontece.

Realmente impressionante como as músicas podem falar tanto de tanta gente diferente em, tantas épocas diferentes! Música realmente é uma coisa fabulosa!

terça-feira, outubro 10, 2006

dez de outubro de dois mil e seis

– Você tava doente, Verônica?
O que eu pensei: – Que te interessa, seu cuzão?!
O que eu respondi: – Não, Peguei um abono.
Nossa, eu fiquei tão indignada, meus senhores quando MCA me perguntou isso!!! Tive vontade de pular no pescoço dele. Fala sério! Depois de me tratar como se eu simplesmente não existisse ali, vem me perguntar isso, como se ele se importasse... Que ódio! Tive vontade de gritar com ele, de berrar dizendo que ele me deixa doenteeeeeeee!!! Mas eu nem olhei pra ele, só respondi secamente, só pra não ser muito mal-educada.
Ah, meus senhores, não é porque as lágrimas secam que o sorriso vai brotar pra ser distribuído. Ora, faça-me o favor! Não sei porque ele faz esse tipo de coisa. Só deve ter percebido que faltei se isso tiver lhe causado algum problema, se ele tiver que ter pego minhas turmas. No mais, não tá nem aí pra mim. Deveria simplesmente não me dirigir a palavra que, aliás, é o que pretendo com relação a ele, extirpa-lo até dos meus bons-dias e conversinhas fiadas e piadinhas. Pra mim, ele já era. Agora estou com ódio! Ódio não dele que realmente não tem mesmo nem um motivo sequer pra gostar de mim, pra se interessar por mim ou mesmo ter por mim qualquer afeição. Estou com ódio de mim mesma por continuar embarcando nessas canoas furadas. Tomara que a freqüência disso diminua até cessar um dia, antes do dia da minha morte, espero. Só mesmo uma anta como eu, uma idiota total e completa, pra ficar sofrendo e me remoendo toda por conta dele... Pior é que meus planos de ficar numa boa lá no trabalho foram por água abaixo no mesmo momento em que o vi... Ele não precisava ter me dirigido a palavra e o estrago já teria sido grande. Depois de falar comigo então, putz, lá se foi minha tarde de trabalho...
Continuo me sentindo triste e só e totalmente desamparada ali... Eu faço o que tenho que fazer, até falo direito com as pessoas, não resmungo só uns monossílabos não, mas isso tudo consome uma energia enorme. E eu não sei por quanto tempo conseguirei manter esse ritmo. Não sei mesmo. A impressão que me dá é que cairei ali durinha qualquer hora dessas de tanta fraqueza. Eu me alimento direitinho, não tenho mais muito o que fazer além de comer, ainda que eu não sinta tanta fome, porque não quero que meu estômago doa de novo. Essa cosia de gastrite é um saco.
Ah, sei lá, meus senhores, eu só queria poder tirar férias compridas disso tudo. Queria poder chegar num lugar onde eu não conhecesse ninguém e ninguém me conhecesse.
Que droga...

domingo, outubro 08, 2006

o meu sangue ferve por você...

– Verônica, essa é pra você!!!
– “Teu, todo teu
Minha, toda minha
Juntos, essa noite
Quero te dar todo meu amor

Toda minha vida
Eu te procurei
Hoje, sou feliz com você que é tudo o que sonhei

Ahhhh, eu te amo
Ahhhh, eu te amo meu amor
Ahhhh, eu te amo
E o meu sangue ferve por você...”

Minha cara ficou vermelha, queimando, e eu rindo nervosamente, compulsivamente. A mulher dele deu uma olhada pra trás, pra mim, que foi fulminante... Meus deuses, que vergonha! Que vergonha! E minhas amigas rindo...
Essa cena bizarra aconteceu ontem na festa de um colega de trabalho. Claro que não foi do MCA, meus senhores, era outro, o que me deu os cd’s legais e que me viu tristinha, cabisbaixa a semana inteira e me convidou pra ir a uma festa brega na casa do seu irmão. Eu fui e ainda levei minhas fiéis companheiras + minha sobrinha. Chegamos lá, nós o vimos tocando na varanda e aí fomos guiadas pela necessidade de pôr os refrigerantes q levamos em algum lugar. Passamos pela sala onde estava rolando umas músicas bem legais, bem dançantes, então ficamos por lá mesmo. Lá pelas tantas começou a tocar funk e nós saímos, fomos nos sentar na varanda e ver o pessoal cantando hits da música brega de décadas passadas. Quando fizeram uma pausa, eu acenei pra o meu amigo e ele foi logo “Verônica?! Verônica, meu amor! Que bom que você veio!!!”. Aí me apresentou pra esposa que fez aquela cara de “mas quem, diabos, é essa pessoa?” e eu tentando ser simpática... Ele se sentou conosco e conversamos ligeiramente e ele já bem-mais-pra-lá-do-que-pra-cá com sua latinha de cerveja na mão... Aí voltou ao violão e gritou: “Verônica, essa é pra você” e os cantores (uma mina e o irmão do meu colega) começaram a cantar o meu sangue ferve por você do Sidney Magal. Nossa, eu achei que ia ter um troço de tanta vergonha! Piorou, lógico, quando a mulher dele que estava sentada bem na minha frente olhou pra trás daquele jeito psico que as mulheres com ciúme têm de olhar... Depois dessa ele falou algo do tipo “agora vai” e eles começaram a cantar outra:
“Eu sou rebelde
Porque o mundo quis assim
Porque nunca me trataram com amor
E as pessoas se fecharam para mim...”
Depois dessa eu e as meninas nos levantamos e voltamos pra pista. Mas não acabou por aí não! Lá pelas tantas, estávamos dançando felizes e contentes quando chega um cara e pergunta pra minha sobrinha se ela era Verônica ela diz que não e me aponta. Aí o cara me diz que o meu colega está me chamando. Chegando lá fora, quando ele me viu, gritou meu nome e disse que queria me mostrar algo e aí falou pra o povo que tocava com ele repetir tudo e eles começaram a tocar as músicas da Gretchen que eu gosto pra caramba e a mina era muuuuito engraçada. Depois ele veio me dizer, quando já estávamos saindo, que ele tinha mandado me chamar só pra eu ver a performance da cantora, não ele tocando bateria... Eu disse que tinha achado legal, ela era engraçada e tals, agradeci o convite, dei beijo e abraço e fui embora.
Não creio que ele tenha feito por mal, sei que ele gosta de mim, que me acha bacana porque a gente sempre conversa bastante lá no trabalho, mas que pegou mal, isso pegou... Lógico que eu não vou tocar nunca nesse assunto com ele, a não ser que ele mencione algo porque acho que não se deve aumentar uma situação que pode muito bem não ter significado nada além de um colega de trabalho que gosta de mim e queria me ver contente depois de ter me visto triste a semana inteira... E não quero ter o menor atrito com ele porque ele é um dos meus favoritos lá, adoro conversar com ele e pretendo que nossa amizade só aumente.
No mais, já acordei ontem bem menos deprê do que nos outros dias. Chega uma hora em que as lágrimas acabam, né? Não dá pra ficar chorando a vida inteira por um camarada que tá cagando e andando pra mim, essa é a triste verdade. O cara me ignora. O cara é totalmente insensível à minha causa, ao meu sofrimento, aos meus sentimentos, não importando o quão puros e sinceros eles sejam. Então é isso aí, vou sofrer mas não passivamente. Chega! Ele que tenha uma ótima vida, e eu também, sozinha, com meus estudos, minha família, meus amigos – não necessariamente nesta ordem...
É óbvio e ululante que se ele me dissesse amanhã que quer me dar uma chance, que eu daria a bendita chance, nem que fosse pra no dia seguinte ele dizer que não quer mais nada não. Bem, eu preciso fazer minha parte sempre, é isso o que acho. E ele que fique com os recalques dele. Tenho certeza que mesmo que eu nunca venha a saber, um dia ele vai pensar consigo mesmo que deixou escapulir por entre os dedos, bisonhamente, uma excelente oportunidade de ter ao seu lado alguém que realmente gostava dele, mas que por conta de preconceitos idiotas (que não vão abraça-lo, ou beija-lo ou segurar sua mão quando ele realmente precisar ou por nenhum motivo aparente), aí ele vai se arrepender. Isso sempre acontece, meus senhores! Jogue a primeira pedra quem nunca se arrependeu de não ter dado uma chance a uma pessoa! Mesmo que esse pensamento só venha quando a gente está no fundo do poço da carência afetiva, mas que vem, vem!

Bem, eu ia tirar um abono amanhã, mas mudei de idéia. Acho que já estou forte o suficiente pra olhar pra ele e continuar de pé. Quero poder reagir, olhar ele sorrir e não desabar... Talvez não... ai meus deuses... talvez não... Talvez eu deva mesmo tirar o dia e ficar comigo mesma, com meus pensamentos, talvez visitar a outra escola em que trabalhava, ver meus colegas queridos... Eu não me apaixonei por nenhum, não sei por que motivo, razão ou circunstância tinha que me apaixonar logo por MCA... Mas que merda! Merda!

Ah, meus senhores, devido a essa alteração psicótica de humor, vou deitar-me. Retiro-me desses pensamentos tristonhos pra tentar abraçar Morfeu ser mais bem sucedida no Mundo dos Sonhos... Boa noite a todos!

quinta-feira, outubro 05, 2006

“Só uma coisa me entristeceO beijo de amor que não roubei
A jura secreta que não fiz...”

_ Você pode pular essa música?
_ Claro.
_ Obrigada.

Eu virei o rosto novamente pra janela e fiquei tentando saber onde estava naquele momento. Meu pescoço já estava doendo de tanto ficar naquela posição, mas eu não queria ficar olhando pra frente pra que o meu colega pudesse me ver pelo retrovisor. Foi uma das caronas mais longas que tive na vida. Demorou mesmo porque pegamos engarrafamentos e demorarmos meia hora pra fazer um percurso de seis quadras, tempo demais mesmo pra o horário de pico.
Eu não pedi carona, uma colega perguntou se eu não queria aproveitar a carona que ela estava recebendo. Como havia uma chuva torrencial e eu não queria chegar ensopada na aula, eu aceitei. Mas acabei desistindo de ir, matei aula. Passei quase uma hora no carro com eles falando muito pouco e ouvindo umas músicas tristes. Eu mordia o lábio superior pra não chorar. Não chorei, mas houve momentos em que foi por um triz. Primeiro quando ela (a outra colega que estava de carona também) me perguntou se eu não ia pra aula porque estava atrasada. Eu ia dizer algo do tipo “eu não vou porque estou me sentindo um lixo”, mas depois de engasgar e quase ganir eu soltei um “eu sempre chego atrasada, não é isso não, é que estou muito cansada”. Nem lembro quantas vezes eu disse isso hoje “nada não, só estou cansada”. Sim, de fato estou cansada, estou cansada dessa vida, desse tipo de coisa. Queria poder rir à toa como já ri em outros tempos... Mas agora estou muito mais é pra chorar à toa... A segunda vez em que quase chorei no carro foi quando começou a tocar Jura Secreta, a música que pedi pra ele pular. É que as músicas anteriores até que eram tristinhas, mas eram light; agora, Jura Secreta é triste demais e eu me identifico demais com ela... Se eu ouvisse mais um verso, teria chorado compulsivamente naquele carro.
Ah, tive que sair correndo pra não chorar em público hoje de novo... Foi depois do tenso intervalo. Eu estava indo à sala dos professores quando encontrei esse colega (que mais tarde me daria carona) no pátio e ele disse “você precisa de um abraço, né? Você precisa é de carinho”. Nem lembro se eu cheguei a dizer sim ou se só concordei balançando a cabeça. Mas eu o abracei. Estava realmente precisando daquilo, de um abraço. Mas ainda bem que foi rápido, porque eu já me separei dele com os olhos marejados e foi o tempo de me trancar no reservado pra começar a chorar. Pior é que entrou alguém bem depois e eu tive que engolir o choro pra que não tivesse que dizer nada. Foi palha...
O intervalo foi horrível pra mim, especialmente porque não consegui nem ficar só no meu cantinho... eu fui me sentar no lado do sofá que estava vazio, o lado mais distante da mesa dos professores, meu lugar costumeiro. Precisava ficar longe dos olhos dele. Mas um outro colega veio e sentou-se muito perto e começou a conversar e, como a situação já estava suficientemente estranha, eu conversei com ele com toda a falta de ânimo que me tem sido particular ultimamente. E eu soltei “nada não, só estou cansada” no atacado e no varejo. Mas não havia outra coisa a dizer e se eu ficasse calada, seria grosseiro de minha parte. Não quero ser rude com meus colegas de trabalho porque gosto deles. Espero só poder ficar “normal” o quanto antes porque essa situação é horrível! Horrível!

Agora há pouco, conversando pelo msn com uma amiga, ela me disse que estava se sentindo muito ruim, mal mesmo, e eu só pude responder que era a pior pessoa pra conversar com ela no momento pra animá-la porque estou me sentindo péssima também. Me sinto como a última das mulheres, a última mesmo. Não gostaria que ela estivesse assim, ela não merece sofrer... Mas, por outro lado, todo mundo sofre por algum motivo, não? Todo mundo tem experiências tristes, ruins, desagradáveis... Eu não queria ser diferente dos outros não, só queria que a Dor fosse mais breve e que minha memória fosse uma deletadora eficiente. O que me incomoda é sofrer durante tanto tempo por um mesmo – estúpidíssimo – motivo.

Conversando com um amigo no mesmo msn, recusei o convite de ir pra um forró hoje. Se eu já estou me sentindo triste, o que é que vou fazer num lugar cheio de casais se arrochando? Não sou tão masoquista assim... Ele me disse que eu deveria ir, que sou bastante “arrochável” e que sempre tem um monte de caras nesses lugares querendo arrochar alguém... sei que ele teve a melhor das intenções ao me dizer isso, mas o efeito foi exatamente o contrário; comecei a me lembrar dos forrós que fui e comecei a me sentir triste e mais triste porque dificilmente os caras me chamam pra dançar. Por quê? Porque eu sou uma esquisita. Ninguém quer nem dançar comigo, que dirá ficar comigo... E aí eu terminei a conversa porque queria chorar na cama que é lugar quentinho.
Que merda!
Não devo sair pra lugar nenhum nesse final de semana, nem sequer pra festa da arquitetura. Se meu humor melhorar MUITO, talvez eu vá pra o show domingo do Pedro Luis e a Parede. No momento eu só queria mesmo era dormir e acordar só quando estivesse tudo resolvido no meu coração...

A colega da carona me perguntou o que eu queria ganhar de aniversário, se uma cama ou um mp3player. Eu disse que só os parabéns já estava bom demais. Eu gosto dela. Ela é bacana. Mas eu fiquei chateada com ela por conta do MCA. Não exatamente com ela, mas com o fato dele olhar pra ela e não pra mim. Pra ser mais precisa, com isso eu fiquei puta mesmo, indignada. Mas ela nunca foi o alvo da minha raiva. Eu só queria que ele gostasse de mim. De mim, de ninguém mais. Não sei se vou agüentar vê-lo aos beijos e abraços com ela... por mais que eu ache que ela é uma pessoa bacana, eu sou apaixonada por ele e isso me dói MUITO MUITO MUITO. E eu queria que isso passasse rapidamente porque detesto ficar gastando meu tempo e minhas forças com um cara que não tem por mim a menor consideração. Ele é um insensível de marca maior! É um insensível e não merece nem um décimo do que sinto por ele. Gostaria de não gostar dele, não desse jeito. Poxa, não tem nada a ver eu ficar gostando de um cara que não consegue me dizer nada, não consegue nem me dar um fora decente. Por mais infantil que ele tenha me achado em todo e qualquer momento, eu não sou só isso, eu sou uma pessoa legal e ele tá cansado de saber isso. o que é que custava a ele falar comigo direito? O quê? Ele não tem nada a perder mesmo, nada dele está em jogo, ele está no mais alto degrau e eu estou cá embaixo. Mas dele eu não posso esperar nenhuma palavra, por mais tola e vã que seja. Ele deve achar que eu não mereço sequer uma palavrinha...

Ele é foda e eu quero sair dessa o quanto antes!

Que merda

quarta-feira, outubro 04, 2006

quatro de outubro de dois mil e seis

Uma amiga queria que eu fosse com ela pra festa da arquitetura. Acabei de lhe dizer, via scrap orkustico, que gastei o dinheiro do ingresso com Häagen-Dazs. Bem, eu não estou realmente querendo ver outras pessoas... e estou naqueles dias em que chocolate parece ser a minha melhor companhia... Eu é que ando uma péssima companhia pras pessoas, não o contrário. De segunda-feira pra cá meu humor decaiu sensivelmente. Hoje, até chorei no trabalho... claro que não foi na frente de todo mundo, deu tempo de segurar até chegar no banheiro.

Ando me sentindo um farrapo, um caco.

Pus um batom vermelho, mas me olhei no espelho e me senti uma palhaça. Não consegui nem manter uma conversa decente com os colegas. Não consegui ficar atenta o bastante na conversa deles. Quis rir, mas não deu. Estou triste, triste mesmo. Estou querendo é ficar em casa pra poder chorar sozinha e não posso, todos os meus dias e noites estão entupidos de coisas e, aliás, foi justamente por isso que enchi minha vida de coisas, pra não poder fugir da minha vida, não me deixar isolar tanto a ponto de descobrir que sou totalmente desnecessária. Não posso parar pra pensar sobre a necessidade (ou não) da minha existência porque senão eu vou preferir sair logo de campo...

Acho que não vou mais ficar na sala dos professores nos próximos dias, até isso tudo passar. Por que, meus senhores?! Não é óbvio que é por causa do Meu Certo Alguém? Ele continua me ignorando da maneira mais cruel possível, como se eu fosse invisível, como se eu não existisse. Ele deve achar que eu sou tão legal de se ter por perto quanto sarna. E se ele escolheu não me dar nenhuma chance é porque me acha insuportável, me acha intolerável. Homens heterossexuais, solteiros, dispensam alguma mulher minimamente interessante que se lhes mostra assim acessíveis? Claro que não! Se eu não pude receber uma mísera chance é porque ele me acha intragável! Deve me achar horrorosa e chata. Chatíssima e feia pra caralho. Se ele me achasse bonitinha, simpática que fosse, me daria a bendita chance. Se me achasse legalzinha, me daria a porra de uma chance. E agora eu não consigo nem olhar pra ele de tanta tristeza. Queria não precisar voltar àquela escola. Se ele fosse a única variável a ser considerada na minha vida, eu pediria remoção na primeira oportunidade. É simplesmente horrível sentir a presença dele e saber que nossos sentimentos com relação um ao outro são diametralmente opostos. Horrível!

Eu não gosto de ficar me expondo pra o pessoal do trabalho não e sei que eles vão dar por minha falta, mas vai ser muito pior se eu ficar lá com a minha cara de cu tentando disfarçar enquanto me perguntam o que tem de errado comigo. Nossa, por um triz não chorei hoje quando uma colega começou a brincar comigo e eu não consegui dizer nada além de “pode falar...”, aí ela já emendou um “o que você tem, Verônica? Por que está assim?”. Eu achei mesmo que fosse chorar ali na frente de todos os outros professores, mas consegui segurar um pouco. Fui chorar no banheiro. Deprimente, eu sei, mas não daria tempo de chegar de novo na sala da coordenação. Lá até que é mais calmo, dá pra ficar sozinha de um jeito “menos pior”, mas não ia dar tempo e o pátio estava já cheinho de alunos que não deixariam de me massacrar se me vissem passar chorando.

Tá foda, meus senhores. Tá muito foda. Até nos ônibus eu ando olhando fixamente pela janela pra que os outros passageiros não vejam a minha cara de choro. Eu sinto as lágrimas chegando na superfície dos olhos, mas tenho que engoli-las à seco. Tá foda.
Eu não ia nem escrever nada, mas não tá dando pra fazer de conta que tudo está na mais perfeita calma porque está longe disso. Paz é um artigo de luxo... e eu sou do proletariado, sou povão, e só vejo luxo na tv, quer dizer, veria se eu tivesse uma...
Será que ele tem noção do mal que me faz?

Eu tô ruindo, sabe? Não sei se é tudo por causa dele ou se ele é a cereja do sorvete, mas o fato é que isso tem tomado cada vez mais tempo na minha vida, e eu tenho vontade de chorar o tempo inteiro e é só com muito esforço que eu continuo indo pra o trabalho e trabalhando de fato, ainda que a caneta na minha mão ás vezes trema tanto que eu tenha que parar de escrever pra fingir que leio algo. Embora o lanche que eu coma na frente de todo mundo tenha gosto de tristeza porque o apetite é uma das coisas que está à anos-luz de mim...
Eu tento levar uma vida normal, mas a minha vontade era de sair por aí gritando que eu sou apaixonada por ele e ele não tá nem aí pra mim, é bom demais pra mim, ou pelo menos ele deve se achar artigo infinitamente superior à mim pra me dispensar tão sem cerimônias, sem absolutamente nem um “eu sinto muito” ou coisa que o valha.

E o pior é que isso só me faz pensar que ele deve ter mesmo razão...

terça-feira, outubro 03, 2006

é mole???

Putz, eu já estava triste (motivo? O de sempre – dos últimos meses: MCA) ainda recebo o seguinte e-mail de uma colega de curso...

“DESABAFO - MULHER MODERNASão 6h...O despertador canta de galo e eu não tenho forças nem para atirá-lo contra aparede...Estou tão cansada... não queria ter que trabalhar hoje... Queria ficar em casa, cozinhando, ouvindo música, cantarolando, até... Setivesse filhos, gastaria a manhã brincando com eles, se tivesse cachorro,passeando pelas redondezas... Aquário? Olhando os peixinhos nadarem... Se eu tivesse tempo... gostaria de fazer alongamento...Brigadeiro...Tudo menos sair da cama e ter que engatar uma primeira e colocar o cérebropra funcionar.Gostaria de saber quem foi a mentecapta, a infeliz matriz das feministas que teve a estúpida idéia de reivindicar direitos de mulher... queria saberPORQUE ela fez isso conosco, que nascemos depois dela...Estava tudo tão bom no tempo das nossas avós... elas passavam o dia abordar, trocar receitas com as amigas, ensinando-se mutuamente segredos de molhos e temperos, de remédios caseiros, lendo bons livros das bibliotecasdos maridos, decorando a casa, podando árvores, plantando flores, colhendolegumes das hortas, educando as crianças, frequentando saraus, ENFIM, a vida era um grande curso de artesanato, medicina alternativa e culinária.Aí vem uma fulaninha qualquer que não gostava de sutiã nem tão pouco deespartilho, e contamina várias outras rebeldes inconsequentes com ideias mirabolantes sobre "vamos conquistar o nosso espaço"!!!Que espaço, minha filha??? Você já tinha a casa inteira, o bairro todo, omundo aos seus pés.Detinha o domínio completo sobre os homens, eles dependiam de você para comer, vestir, pra tudo!!! Que raio de direitos requerer?Agora eles estão aí, são homens todos confusos, que não sabem mais quepapéis desempenhar na sociedade, fugindo de nós como o diabo foge da cruz...Essa brincadeira de vocês acabou nos enchendo de deveres, isso sim. E nos lançando no calabouço da solteirice aguda. Antigamente, os casamentosduravam para sempre, tripla jornada era coisa do Bernard do vôlei - e olhelá, porque naquela época não existia Bernard do vôlei.PORQUE???..me digam PORQUE um sexo que tinha tudo do bom e do melhor, que só precisava ser frágil, foi se meter a competir com o macharedo? Olha otamanho do bíceps deles, e olha o tamanho do nosso. Tava na cara que issonão ia dar certo!!!Não aguento mais ser obrigada ao ritual diário de fazer escova, maquiar, passar hidratantes, escolher que roupa vestir, e que sapatos combinar, queacessórios usar... tão cansada de ter que disfarçar meu humor, que sairsempre correndo, ficar engarrafada, correr risco de ser assaltada, de morrer atropelada, passar o dia ereta na frente do computador, com o telefone noouvido, resolvendo problemas que nem são meus!!!E como se não bastasse, ser fiscalizada e cobrada (até por mim mesma) deestar sempre em forma, sem estrias, depilada, sorridente, cheirosa, com as unhas feitas, sem falar no currículo impecável, recheado de mestrados,doutorados, e especializações (ufffffffffffffffffff!!!!!!!). ..Viramos super mulheres e continuamos a ganhar menos do que eles...Não era muito melhor ter ficado fazendo tricô na cadeira de balanço? CHEGAAAAAAA!!!... eu quero alguém que pague as minhas contas, abra aporta para eu passar, puxe a cadeira para eu sentar, me mande flores comcartões cheios de poesia, faça serenatas na minha janela... ai, meu Deus, já são 7:30,tenho que levantar!..., e tem mais, quero alguém que chegue dotrabalho, sente no meu sofá, coloque os pés pra cima e diga "meu bem, metraz um cafezinho, por favor?", descobri que nasci para servir. Vocês pensam que eu tô ironizando? To falando sério! Estou abdicando do meuposto de mulher moderna....Troco pelo de Amélia. Alguém se habilita?(Autora: uma Executiva Puta da Vida)!!!!”


Meus senhores, isso é possível? Eu, euzinha, eu mesma, receber um e-mail desse tipo??? Como não ficar puta de raiva?
Eu pensei bastante e resolvi mandar uma resposta pra criaturinha do pântano que me mandou essa merda:


“ Fulana, como é que você tem coragem de me mandar um e-mail desses? Logo pra mim, feminista mesmo, e logo você que eu julgava ter um nível de discernimento até elevado!!!
Olha, faz tempo que não vejo tanta bobagem junta. Aliás, uma das últimas vezes que vi tanta bobageira foi quando um amigo me mandou esse mesmo e-mail pra me sacanear. Foi essa a sua intenção também, fazer uma brincadeirinha comigo?
Essa pessoa que escreveu o texto se esqueceu que quem tem filhos (e não é das classes média alta ou alta) acorda às 6h do mesmo jeito pra preparar o café da manhã das criaturinhas bem como do marido porque numa sociedade machista como a nossa, homem que faz tarefa doméstica o pinto cai. E se ela fosse dona de casa, a última coisa que faria era ter tempo pra ficar fazendo alongamento, a não ser aquele famoso entre o fogão e a pia. Só no tempo em que se possuíam criadas, servas, é que a mulherada, as sinhazinhas, as madames, ficavam a tarde inteira fazendo, durante suas vidas inteiras, tarefas como bordar. O que me faz perguntar se quem escreveu esse LIXO não anda assistindo demais a novela das seis global, ou então se não está propondo a volta do regime escravocrata pra que as branquinhas possam se entediar com essas atividades que agora ela considera legais, enquanto vai ter uma pretinha executando todo o serviço pesado da casa. Dona de casa tem que lavar, passar, cozinhar, limpar, arrumar, tirar pó, buscar e trazer as crianças da escola, entre outras coisas. Quando sobra um tempo, aí sim o tricô, o crochê. Nada que uma mulher que trabalhe fora não possa fazer nos seus momentos de folga, ou será que todas as mulheres que trabalham fora são burros de carga nos seus empregos? Com certeza as trabalhadoras domésticas são, na sua maioria, burros de carga. Mas eu, por exemplo, apesar de trabalhar 40 horas semanais, estudar e fazer as tarefas domésticas na minha casa, tenho tempo de fazer crochê, de costurar, mas isso é hobby. Faça disso uma obrigação e aí você vai ver o que é tédio. E quanto à mim, não troco minha vida de trabalhadora independente pela de mulher sustentada pelo típico macho provedor.

Esse e-mail é um retrocesso à Humanidade, especialmente às mulheres. E se alguém quer voltar à era das Amélias, sinta-se à vontade, mas lembre-se que até na música tudo relativo à ela é dito no passado porque certamente o camarada trocou a excelente Amélia, a que era mulher de verdade, por uma ninfetinha da qual ele reclama na música, já prestou atenção? Eu já.

E quem é essa mulher feliz do passado do qual trata esse péssimo e-mail? Com certeza a vida da minha avó e das mulheres antes dela não eram em absoluto parecidas com o que é relatado! E quantas mulheres foram internadas como histéricas pelo que sabemos hoje serem os sintomas da TPM? Quantas foram queimadas na Inquisição por trocarem receitinhas de remédios caseiros de ervas? Quantas foram mantidas em cárcere privado, como minha bisavó, porque não podiam sair à rua pra não serem "perdidas"? Quantas foram obrigadas a casar sem nem conhecer o marido como se fossem meros objetos de troca? Quantas não sabiam nem ler já que dona de casa não precisava disso? Quantas não puderam nem sequer exercer o direito básico de ir e vir porque só podiam sair acompanhadas e com a permissão dos seus senhores? Quantas mulheres não foram estupradas pelos próprios maridos e companheiros porque não quiseram cumprir seus "deveres" de esposas? Então não me venha com essa bobageira sem tamanho de que a vida das Amélias é que era boa. Isso é uma idiotice sem tamanho! Não me mande e-mails desse jeito nunca mais, por favor, e espero que você pense mais demoradamente sobre aquilo que repassa porque o humor tem um caráter extremamente perverso, mas que não resiste a uma olhada um pouco mais crítica.

Boa noite e até a próxima ,
Verônica (feminista até a última gota!)”


Meus senhores, eu bem que gostaria de ter escrito com a cabeça mais fria, tentando argumentar melhor, de forma mais inteligente e tals, mas não deu. Fiquei muito puta mesmo. Sabe quando é que o machismo vai acabar? Nunca! Porque tem mulher que é uma anta! Que acha que essas merdas são boas, que é isso aí mesmo, que mulher nasceu pra isso e homem pra aquilo. Vá se fuder! Vá se fuder! Que vontade de gritar!!! Espero não ter o desprazer de olhar pra essa menina nem tão cedo e espero que minha memória ruim se encarregue de amenizar minha raiva. Mas que eu acho uma pena, acho. Continuando desse jeito, teremos um retrocesso terrível no campo das conquistas no direito das mulheres.
Que merda.