quarta-feira, outubro 04, 2006

quatro de outubro de dois mil e seis

Uma amiga queria que eu fosse com ela pra festa da arquitetura. Acabei de lhe dizer, via scrap orkustico, que gastei o dinheiro do ingresso com Häagen-Dazs. Bem, eu não estou realmente querendo ver outras pessoas... e estou naqueles dias em que chocolate parece ser a minha melhor companhia... Eu é que ando uma péssima companhia pras pessoas, não o contrário. De segunda-feira pra cá meu humor decaiu sensivelmente. Hoje, até chorei no trabalho... claro que não foi na frente de todo mundo, deu tempo de segurar até chegar no banheiro.

Ando me sentindo um farrapo, um caco.

Pus um batom vermelho, mas me olhei no espelho e me senti uma palhaça. Não consegui nem manter uma conversa decente com os colegas. Não consegui ficar atenta o bastante na conversa deles. Quis rir, mas não deu. Estou triste, triste mesmo. Estou querendo é ficar em casa pra poder chorar sozinha e não posso, todos os meus dias e noites estão entupidos de coisas e, aliás, foi justamente por isso que enchi minha vida de coisas, pra não poder fugir da minha vida, não me deixar isolar tanto a ponto de descobrir que sou totalmente desnecessária. Não posso parar pra pensar sobre a necessidade (ou não) da minha existência porque senão eu vou preferir sair logo de campo...

Acho que não vou mais ficar na sala dos professores nos próximos dias, até isso tudo passar. Por que, meus senhores?! Não é óbvio que é por causa do Meu Certo Alguém? Ele continua me ignorando da maneira mais cruel possível, como se eu fosse invisível, como se eu não existisse. Ele deve achar que eu sou tão legal de se ter por perto quanto sarna. E se ele escolheu não me dar nenhuma chance é porque me acha insuportável, me acha intolerável. Homens heterossexuais, solteiros, dispensam alguma mulher minimamente interessante que se lhes mostra assim acessíveis? Claro que não! Se eu não pude receber uma mísera chance é porque ele me acha intragável! Deve me achar horrorosa e chata. Chatíssima e feia pra caralho. Se ele me achasse bonitinha, simpática que fosse, me daria a bendita chance. Se me achasse legalzinha, me daria a porra de uma chance. E agora eu não consigo nem olhar pra ele de tanta tristeza. Queria não precisar voltar àquela escola. Se ele fosse a única variável a ser considerada na minha vida, eu pediria remoção na primeira oportunidade. É simplesmente horrível sentir a presença dele e saber que nossos sentimentos com relação um ao outro são diametralmente opostos. Horrível!

Eu não gosto de ficar me expondo pra o pessoal do trabalho não e sei que eles vão dar por minha falta, mas vai ser muito pior se eu ficar lá com a minha cara de cu tentando disfarçar enquanto me perguntam o que tem de errado comigo. Nossa, por um triz não chorei hoje quando uma colega começou a brincar comigo e eu não consegui dizer nada além de “pode falar...”, aí ela já emendou um “o que você tem, Verônica? Por que está assim?”. Eu achei mesmo que fosse chorar ali na frente de todos os outros professores, mas consegui segurar um pouco. Fui chorar no banheiro. Deprimente, eu sei, mas não daria tempo de chegar de novo na sala da coordenação. Lá até que é mais calmo, dá pra ficar sozinha de um jeito “menos pior”, mas não ia dar tempo e o pátio estava já cheinho de alunos que não deixariam de me massacrar se me vissem passar chorando.

Tá foda, meus senhores. Tá muito foda. Até nos ônibus eu ando olhando fixamente pela janela pra que os outros passageiros não vejam a minha cara de choro. Eu sinto as lágrimas chegando na superfície dos olhos, mas tenho que engoli-las à seco. Tá foda.
Eu não ia nem escrever nada, mas não tá dando pra fazer de conta que tudo está na mais perfeita calma porque está longe disso. Paz é um artigo de luxo... e eu sou do proletariado, sou povão, e só vejo luxo na tv, quer dizer, veria se eu tivesse uma...
Será que ele tem noção do mal que me faz?

Eu tô ruindo, sabe? Não sei se é tudo por causa dele ou se ele é a cereja do sorvete, mas o fato é que isso tem tomado cada vez mais tempo na minha vida, e eu tenho vontade de chorar o tempo inteiro e é só com muito esforço que eu continuo indo pra o trabalho e trabalhando de fato, ainda que a caneta na minha mão ás vezes trema tanto que eu tenha que parar de escrever pra fingir que leio algo. Embora o lanche que eu coma na frente de todo mundo tenha gosto de tristeza porque o apetite é uma das coisas que está à anos-luz de mim...
Eu tento levar uma vida normal, mas a minha vontade era de sair por aí gritando que eu sou apaixonada por ele e ele não tá nem aí pra mim, é bom demais pra mim, ou pelo menos ele deve se achar artigo infinitamente superior à mim pra me dispensar tão sem cerimônias, sem absolutamente nem um “eu sinto muito” ou coisa que o valha.

E o pior é que isso só me faz pensar que ele deve ter mesmo razão...

1 Comments:

At quinta-feira, outubro 05, 2006 4:01:00 PM, Anonymous Anônimo said...

bem, se vc mudar de idéia (não que isso jamais aconteça! :D) estou pensando em ir à festa-show (isso mesmo, festa-show, q vc odeia!) de bandas de meninas amanhã (sexta-feira).. acho q vai ser legal.. 10 réal.. bjos
june

 

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