sábado, setembro 30, 2006

encantamento

Este terceiro e último cd do Cordel do Fogo Encantado, Transfiguração, é uma reunião de crônicas do infinito. Pensei em muitas palavras, mas fiquei com infinito porque é um universo de possibilidades, tal como acontece com a banda. A banda é nordestina, mas esse nordeste expandiu-se de tal forma nas músicas que não cabe mais nas fronteiras geográficas. As músicas têm um sotaque fortíssimo, e isso é um norte, uma direção, mas falam de coisas que podem ser tão banais que se dariam em qualquer canto deste país, inclusive em Recife. Acho isso lindo essa capacidade de se falar muitas coisas diferentes com a maior das simplicidades. É uma mistura tão doce, tão lírica de sonoridades complexas em si, e mais ainda nesse todo, que não sei se choro ou rio quando os vejo no palco. O Cordel é a banda que eu mais gosto de ver. Desde o Chico Science & Nação Zumbi não me sinto assim tão maravilhada diante de um palco a ponto de querer ir a todos os shows que acontecem nesta cidadezinha.
Ainda me lembro do primeiro show que vi do Cordel do Fogo Encantado. Eu fui, na verdade, porque conhecia a outra banda, Casa de Farinha, e achei que não faria mal ver o show dessa nova banda da qual eu nunca ouvira falar, mas que tinha o nome legal... Ali, no Teatro Nacional, deu-se uma coisa, uma coisa tão surpreendente, tão singular, tão maravilhosa: eu me apaixonei pela banda, por aquela sonoridade que misturava um monte de coisas que eu gostava, como os tambores, com uma performance fabulosa, não só por parte do vocalista, mas dos outros integrantes também. Eu fiquei extasiada! E, desde então, toda vez que escuto falar em show do Cordel, eu vou atrás. Não sou groupie, nunca consegui ser com nenhuma banda. Sou amante! Eu amo essa banda! Acho que é lindo demais vê-los no palco e espero que todos os discos lançados futuramente não percam de vista a qualidade excepcional que mantiveram até hoje, e continuem incorporando/aglutinando/fagocitando/transfigurando todo tipo de novidade que acrescente positivamente ao seu som. O show de ontem foi lindo! Lindo!
E espero que mais e mais pessoas possam desfrutar desse verdadeiro espetáculo que é o Cordel do Fogo Encantado num show. Coisa mais linda! Eu, às vezes, até evito ouvir os cd’s em casa porque por melhor que seja o trabalho de estúdio, não chega aos pés do que é senti-los ao vivo, bem ali a alguns metros de distância, aquela música preenchendo o espaço, as batidas repercutindo no seu peito, seu corpo todo vibrando sem saber nem por quê. Eu começo a ouvir os cd’s quando fico com muita saudade dos shows. O dvd eu não comprei porque não tenho nem televisão em casa, que dirá dvd player... Quando eu tiver, mas realmente não tenho pressa em adquirir esses aparelhos, eu devo comprar o dvd do Cordel antes de qualquer outro dvd, porque é lindo vê-los no palco, suando, rindo, fechando os olhos em alguns momentos, deixando aquela emoção invadir a platéia, deixando as músicas pulsarem neles e em todo mundo.
Tudo bem, o Lirinha (José Paes de Lira, como vem escrito neste último cd) é um foco de atenção, ele chama e retém a atenção de qualquer um, mas não monopoliza o público tanto assim que a gente não consiga apreciar a performance dos outros rapazes. Cada um mais maravilhoso que o outro. Cada movimento, cada braço que sobe e desce, as mãos percorrendo as cordas, cada instrumento sendo tocado é um show. Eu me pergunto, então, se as pessoas que vão aos shows entendem a importância dessa banda, se conseguem perceber o privilégio de ver essa banda, de ter todos os sentidos revirados de cabeça pra baixo...?
Esperarei, pois, pelo próximo show!

A pergunta que não quer calar: por que o Lirinha pega tanto no saco? Eu acho que vou me candidatar pra entrar num revezamento com ele.