rosas II...
Eu olho pras rosas. Elas são perfeitas! Perfeitas!
Queria que durassem pra sempre... Estranho pensar que elas desabrocham ao mesmo tempo em que morrem, dia após dia... Isso, a morte das rosas, me deixa triste. Queria que as rosas durassem pra sempre.
As rosas são um fato, elas estão aqui, vivas.
Elas vivem. Eu, eu não sei não... Talvez eu seja só uma lembrança também, menos real do que o perfume das rosas vermelhas na minha casa pequenina. Será que existo de verdade? Será que esta casa, tão pequena, é de verdade?
Talvez seja só o sono, afinal, são quase três da manhã e eu ainda estou acordada quando deveria estar dormindo há horas.
Mas não consigo sonhar com tantos pensamentos me inundando a mente. É muita coisa, muito tempo, muita estória, muita culpa e remorso.
E as rosas continuam ali, vermelhas como o meu sangue. Não o meu sangue não é tão vermelho. Acho que eu tenho mesmo é, como se diz, sangue de barata. Aliás, sou uma mosca morta.
Mas as rosas, as rosas resistem a tudo, até a mim, até ao tempo que esmaga a tudo, até a mim. As rosas vão continuar ali mesmo quando nada mais houver, nem sequer a minha memória dessas rosas lindas.
Dá uma tristeza...
Dá um certo desespero pensar no fim das rosas, não de todas as rosas do mundo, não penso nisso, ademais todas as rosas do mundo estão num tempo e num espaço que não são meus, que eu não conheço. Não, eu penso na morte das minhas rosas, das rosas que eu ganhei, que me foram presenteadas, que eu ganhei nem sei porque... Porque eu não mereço rosas. Não, não mereço receber rosas de ninguém. Menos ainda dele... ele deveria estar mandando rosas pra quem de fato as merecesse, alguma gentil dama de olhos cândidos, de mãos delicadas e cheia de boas intenções. Eu sinto-me como uma víbora, uma serpente pronta pra dar o bote, mas não sei em quem... Quanto veneno desperdiçado, digo eu....
Mas as rosas estão aqui, bem perto de mim, com um gesto eu poderia toca-las. Elas são um fato. As rosas existem e insistem em dizer que alguém gosta de mim. Sim, meus senhores, eu sou mal-humorada, irritadiça, tenho uma memória horrível, meu rosto não é nada simétrico, sou magra demais, ando triste demais, preguiçosa demais, e, ainda assim, tem alguém que se dá ao trabalho de me mandar flores. E não quaisquer flores, não. Não! Ele me mandou rosas. Sim, meus senhores. E mandou no meu trabalho. Todo mundo lá agora sae que tem alguém que gosta de mim o bastante pra me mandar flores no trabalho. Eu nunca recebi antes rosas vermelhas no trabalho. É um tanto quanto emaraçoso, mas não deixa de ser lisonjeiro.
Rosas vermelhas.
Perfeitas
Eu olho pra elas e sei que eu também existo.
Eu queria poder viver pra contemplar mais beleza.
Eu tenho certeza de que um dia as rosas serão eternas e eu poderei... ah, deixa pra lá.... não quero dar início aos pensamentos fúnebres porque, embora fazendo muitas coisas pra me ocupar e me lembrar que estou viva, que estou viva aqui e agora e isso deve ser bom, ainda estou triste, e sinto-me aos caquinhos, como um copo de vidro que acabou de cair e se espatifou em muitos e muitos pedacinhos no chão... como diz a Fiona “I’m a mess he don’t wanna clean up...”
Whatever...
Me pergunto como pode alguém ter tanta raiva e tanta tristeza... Será que um dia isso passa? Será que o nó na garganta um dia se desfaz? Será que esse frio na barriga sem fim, um dia finalmente acaba?
Meu aniversário está chegando. E eu queria estar feliz de verdade. Estar feliz pra conseguir ficar melhor perto dos meus amigos e da minha família. Queria não pensar mais nele e nem na minha vida, pra ser sincera. Queria poder achar que isso que eu sou é o bastante... Espero que o povo do trabalho não me pergunte mais como estou, ou por que estou triste, etc. Queria poder passar mais tempo sozinha. O feriado não foi o bastante. E hoje, então, passei a tarde e parte da noite na casa de uma das minhas irmãs ajudando ela nuns trabalhos da faculdade... Foi bacana, mas a vontade de me isolar é grande.
Mas eu vou ficar melhor até o meu aniversário. Vou sim. Preciso ficar. Preciso sorrir honestamente, de alegria, de contentamento por ter continuado viva durante mais um ano. Por poder desfrutar da companhia daqueles que me são caros, caríssimos! Não posso ceder ao isolamento, nem no meu aniversário e nem em nenhuma outra situação porque eu me acostumo muito facilmente à solidão, mas de um jeito não muito saudável, eu sei.
Vou deitar mesmo que seja pra sonhar acordada. Mas preciso descansar pelo menos o corpo já que a cabeça está a mil. Daqui a pouco precisarei acordar e tocar a vida porque eu mal existo pra Lógica da Mundo. E eu gostaria mesmo de me ver menos como esse amontoado de sentimentos, e mais como um ser produtivo, pró-ativo, dinâmico... Mas como, com esse sangue de barata e essa sensação de ser a última entre as mulheres? Como?
As rosas preenchem minha solidão de forma estranha. Por um momento achei que elas me sufocariam... Eu não posso com a Beleza das rosas. Elas existem. Delas eu não posso duvidar. As rosas são. Eu, estou e não-estou. Eu própria sou o meu “não-lugar”...
As rosas existem mas não preenchem o vazio em mim. Nada preenche, nem häagen-dazs...
Definitivamente a música do dia é Acontece, do Cartola...
1 Comments:
Não fiquei magoado naum, digamos que apenas senti inveja dele, pois pouco ele sabe o quanto vc é valiosa pra mim e o quanto eu saberia fazer esse valor. Sim vc mereceu cada rosa daquele buquê e idependente de qualquer cara que vc fique ou goste eu te daria aquelas rosas de novo, não posso controlar os seus desejos, não posso fazer nada que faça vc vir pra mim, mas posso te dar rosas, posso te dar o meu carinho e a minha presença quando vc precisar, posso te dar tudo que tiver ao meu alcance pra te deixar feliz, mesmo que seja por alguns instantes, mas que estes sejam tão intensos que por estes breves momentos vc esteja com os seus pensamentos fora desse caos. Não posso negar que dói, mas essa dor já era esperada, eu ainda não sei pegar no seu caule, e me furo de vez em quando, mas eu sei que poderia passar por isso, logo não se sinta culpada, vc sempre será a minha rosa e sempre que possível estarei disposto a te fazer feliz.
Um grande beijo menina.
Montana
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