sexta-feira, julho 15, 2005

15/07/05

Defina humildade
Defina arrogância
Defina cinismo
eu não sei fingir que sou humilde
mas talvez seja isso o que a Sociedade quer
eu não sei fingir que sou benevolente
mas talvez seja isso o que a Sociedade quer
e talvez a Sociedade me imagine – finalmente- liberta dos piercings, cabelo castanho na altura dos ombros, corte reto, saia godê dois dedos acima dos joelhos, sapato bico-fino, blusa de tecido leve, bem feminina, e no rosto um doce ar de compaixão e benevolência emoldurando olhos humildes.
me sacaneiam: darei a outra face
puxam meu tapete: perdoarei outra vez
sete vezes setenta, pois não?
Lá pela 500a vez, eu, ainda prostrada, parei de contar há séculos, mas continuo juntando as mãozinhas e lançando um olhar manso aos céus, rogando para estes que “não sabem o que fazem”.
Se é isso o que a Sociedade quer, pode esquecer meu camagada. E se pra fulano&ciclano minhas “quedas não foram muito altas, pois a [minha] arrogância e cinismo refletem muito bem este fato”, o que eu posso dizer além de que minhas quedas me puseram exatamente onde estou hoje – acima do bem e do mal! HAHAHAHAHAHAHA!!!! (risada de bruxa maquiavélica).
Eu não preciso fazer de contas que sou muito boazinha e compreensiva para que fulano&ciclano gostem de mim. Eu sou quem eu sou. Melhor mesmo que algumas pessoas se mantenham à quilômetros de distância porque eu não sou do tipo que se curva a opiniões alheias, especialmente quando elas são feitas de esterco.
Foda-se a falsa modéstia!
Foda-se quem se vitimiza para dizer que é humilde!
Foda-se quem diz “mas é claro que eu te desculpo, beltrano!” só da boca pra fora, tão falsamente quanto político beijando criancinha de periferia em eleição.
Meus senhores, será que eu preciso disso? Agora terei que contratar uma agência publicitária pra me filmar casualmente ajudando velhinhas a atravessar a rua, tirando gatinhos de árvores, comendo buxada junto com pedreiros e pondo um sem número de criancinhas catarrentas no colo?! Já até posso ver as fotos com o slogan “Verônica, a humilde!”
Meu povo! – hum, hum – meus senhores, eu realmente preciso dessa demagogia para que a Sociedade possa dormir tranqüila? Na real, por que eu perco meu tempo com drama queens?
Humildemente me despeço.
Vossa serva, Verônica, a Humilde!


Ps: como diria um colega de trabalho: tem base um trem desse?!

Ó, Azia!
Ó, Azia!
Que vem para comemorar comigo
o despontar de um novo dia!
Eu, cínica e arrogante
tenho a astúcia de afastar o amigo
e atrair sempre mais vilania
Eu, cínica e arrogante
beijo os pés do nefasto inimigo
ando cercada pela pior companhia
pois prefiro o verdadeiro inimigo
mil vezes ao falso amigo
Eu, cínica e arrogante
e a este triste dia seguirá outro dia
no qual estarei sozinha comigo
minha melhor companhia
Ó, Azia!
Ó, Azia!
dá-me tua mão companheira e fria,
vamos romper com rimas e simetria
rumo à Verdade
rumo à Beleza
rumo à latrina.