sexta-feira, julho 22, 2005

22/07/05 no final da tarde

Eu estava pensando que a dança pra mim é equivalente a sexo. Eu simplesmente adoro dançar! Não que isso signifique que eu tenha qualquer vocação pra dança artística, eu gosto é de ir à festas e dançar até elas acabarem. Me sinto feliz dançando. Aí me disseram uma vez pra eu dançar sozinha em casa. Bem, ficar dançando sozinha em casa eu fico, mas isso é como se fosse masturbação: é divertido e tal, mas nem se compara a dançar numa festa. Aqui em casa não tem ambiente: não tem jogo de luz, não tem estrobo!, nem fumacinha, nem dj. É claro que essas coisas fazem diferença e, nesse ponto, dançar fica mais complicado que fazer sexo.
Mas tem um ponto em que a dança ganha do sexo: eu posso ir pra uma festa e ficar dançando sozinha a noite toda. Infelizmente é preciso pelo menos mais uma pessoa pra se fazer sexo. Mas dançar e trepar não são auto-excludentes, na real não têm nenhuma ligação: posso dançar e não trepar e vice-versa. A necessidade de dançar, sempre existiu em mim, desde pequenininha, nesse sentido, a necessidade de sexo é bem mais recente. Ah, se eu pudesse... se fosse apenas uma simples questão de escolha, independente de dinheiro, meio de transporte e tal, eu iria a festas todas as noites e passaria a noite toda dançando.
Por isso forró é legal, mas eu não gosto tanto assim das festas porque não é a mesma coisa ficar dançando sozinha: existe a necessidade de um parceiro e isso me incomoda num certo sentido porque não pode ser qualquer um, tem que ser um cara que saiba o que está fazendo, que realmente saiba dançar. Confesso que gosto de dançar com os caras que fazem aqueles malabarismos de me jogar pra cá e pra lá, rodar, e isso e aquilo porque acho superdivertido, me faz rir porque eu nunca sei o que estou fazendo e sempre erro as rodadas, mas é divertido. Só que é bacana em doses homeopáticas porque dançar sem exibicionismo é mais legal. Eu escuto bastante forró em casa, sem obrigação de dançar, mas ir a uma festa e ficar lá dançando sozinha é estranho, fica realmente incompleto, perde a metade da graça. Engraçado que, há uns três anos atrás, eu simplesmente convidava os caras pra dançar e assim dançava a noite inteira, eu tinha iniciativa. Hoje em dia... das últimas vezes em que fui a forrós, não chamei ninguém pra dançar. Putz, tô ficando velha e mais tímida. Que palha! Talvez eu faça isso de novo, chamar um cara pra dançar. Eu acho que não tem nada de mais. É o tipo da coisa que eu posso fazer. Acho que vou montar uma lista com as coisas – possíveis – que eu deveria fazer.
Ah, mas as festinhas de rock e de black music... ah, nessas sim dá pra se ficar dançando a noite inteira sozinha e sem óculos, sem nada: só eu e a música. É por isso que eu danço de olhos fechados: pra ficar imaginando que estou sozinha na festa. Eu não vou a festas paquerar ninguém, até mesmo porque eu não sei paquerar; não vou pra conversar, isso posso fazer em qualquer outro lugar com um som ambiente mais adequado; eu vou pra dançar e só isso. Tem uns momentos em que até rola de fazer algum comentário com um amigo ou amiga do meu lado, mas tem que ser rápido, nada de conversas. Quanto à paquera, meus senhores, como é que alguém que dança de olhos fechados e de cabeça baixa paquera? Por mim, tanto melhor, eu nunca fui boa nessa coisa de seduzir, de fazer caras e bocas e ficar secando os caras. Putz, só de pensar em ter que fazer isso já começo a suar frio. Eu não fui feita pra ficar dando voltinhas no meu objetivo: se tem um cara que eu gosto, eu vou em linha reta, chego logo e falo. Infelizmente parece que é uma espécie de ofensa pra um cara se uma mina chega junto. Não me lembro de ter levado nenhum fora porque numa sociedade machista como a nossa, um cara que recusa uma mina é sumariamente tachado de viado. Mas já ouvi bastante comentários a respeito do assunto da iniciativa feminina e não gostei não. Whatever. Também já faz muito tempo que não tomo iniciativa alguma com cara algum e creio que continuarei assim porque, meus senhores, vocês sabem, eu quero que os homens morram com dorrrr.

Lembrei agora do i-meigo que o italiano me mandou dizendo que está esperando um filho com a dona que ele namorava antes de vir para o Brasil. Eu li a notícia e não senti nada além de indiferença. Por que eu me sentiria feliz ou triste? Isso diz respeito a eles apenas. Ele sempre dizia que queria filhos, mas em alguns anos quando estivesse mais estabilizado. Eu me sentiria feliz se soubesse que ele está feliz com a chegada da criança, ou me sentiria triste por ele se soubesse que ele não queria esse filho, na real aí eu me sentiria infeliz por ele e pela criança... eu gosto muito dele, tenho um carinho enorme por ele e realmente espero que as coisas dêem certo na vida dele. É esse o afeto que tenho, nada mais. Talvez realmente seja possível que a gente goste da pessoa certa para gente porque ele tinha tudo pra virar minha cabeça, mas também tinha outras coisas que me fariam sofrer demais, como o fato de morar em outro continente, e eu estou totalmente saturada de me meter nessas estórias roubadas, chega de caras chave de cadeia.

Ontem eu estava montando meu horário pra UnB e percebi, chocada, que se eu já não tinha tempo pra porra nenhuma no semestre passado, agora então é que estou fodida mesmo... Se eles me derem tudo o que eu pedir, farei cinco disciplinas, uma no sábado de manhã, inclusive porque eu mereço sofrer. Cinco disciplinas não é tanta coisa, os senhores podem pensar, mas acrescentem aí as minhas quarenta horas de trabalho semanal e o bicho pega. Tenho que montar uma estratégia pra maneirar meu trabalho na escola, do tipo fazer provas objetivas e não corrigir mais cadernos. E nada de trazer trabalho pra casa! Nem pensar! Meu tempo extra vai ser consumido com leitura pra UnB. Meus senhores, aí é que se fará necessário que eu saia pra dançar muito pelo menos no sábado a noite que será o meu único dia disponível. Tomara que haja muitas festas nesse segundo semestre nos sábados porque nas de sexta eu não poderei ir... Por que as pessoas inventam aulas no sábado de manhã?! Poderia ser, no mínimo, de tarde, né? Sem condições. Imagina só chegar em casa às 5h, 5h30 da manhã, tomar banho, tomar café e ir pra aula das 8h?! dói dó de pensar. Ah, será o enterro da minha vida social que andava moribunda semestre passado... Mas, quer saber, eu só produzo mesmo quando estou cheia de atividades, cheia mesmo, entupida, lotada, abarrotada. É bom porque não terei tempo de pensar em muita merda.
Sabe, esse fim de tarde está sensacional e, na verdade, não há nada de especial nele. Adoro isso. O pôr de sol é uma coisa tão linda, tão linda! Até dá vontade de sair por aí caminhando. Mas eu não vou a lugar algum, eu vou ficar aqui sentada olhando pra o céu mudar de cor lentamente e depois... ah, sei lá, tenho que terminar Os Anos pra devolver na biblioteca. Na real eu gostaria mesmo era de ir pra outra festa hoje porque ontem as músicas ficaram muito ruins ainda cedo e cheguei aqui antes das quatro... que triste. Mas deu pra dançar bastante enquanto o som tava bom.
Aí, como ficar parada aqui enquanto toca Prince na rádio?! “maybe I’m just too demanding...”