sábado, abril 29, 2006

vinte e nove de abril

Durante a volta pra casa, depois de ver "Terapia do Amor", outra pergunta que pop up na minha cabeçona de mamão: como é que a gente faz pra demonstrar que está interessada em alguém sem ser ridícula? Não, meus senhores, festas não são o ambiente que me interessam pra o presente caso. Em festas dá-se um jeito, pode-se olhar mais livremente pra o objeto de nossa cobiça, pode-se esbarrar maliciosamente, sei lá. Mas e em outros ambientes? O que se faz?
Quem tiver alguma sugestão, favor entrar em contato porque preciso de umas dicas urgentemente.
I really mean it.

vinte e sete de abril

O dia está lindo. Posso vê-lo logo ali, fora destas paredes.
Enquanto caminhava da BCE pra o ceubinho, eu sentia a beleza avassaladora do céu perto de maio dessa manhã quente porém agradável. Senti-me mal por isso, por toda esta abundância de céu, de azul, de vida. Senti as grades do trabalho forçado/forçoso, me seqüestrando do gozo do dia para, enfim, confinar-me aqui onde agora me encontro. Queria cabular o trabalho como cabulara aulas muitos anos atrás...

As crianças estão calmas, lendo um gibi em voz baixa – na medida do possível – pra depois fazerem uma “leitura dramática” do mesmo.
Elas não são de todo mal, são crianças. O problema é meu, é a minha rabugice, minha vontade de ter esta tarde livre, de poder desfrutar da companhia das pessoas apenas por assim o desejar, e não pela força da obrigação. Ou, antes, gostaria de poder passar sozinha o dia, quem sabe, terminando de ler o livro que tão boa companhia tem-se mostrado, ou ainda costurando um pouco, lendo e-mails com piadas velhas das quais eu sempre rio sozinha, indo pagar contas no banco, vendo um filme divertido e tolo, enfim, gostaria de passar comigo mesma esta tarde.
Não, meus senhores!, nada de atividades ao ar livre! Considero o dia ainda mais belo quando desfruto dele pelas molduras das minhas janelas. As minhas janelas, não estas à esquerda da cadeira que aqui ocupo.

Esta é minha segunda turma da tarde. Alguns alunos agitados demais e dispersivos demais. Estão deitados “relaxando”, mas esta paz é deveras efêmera... Que pena!...
Gibi de novo. Infelizmente não dá pra fazer isso com as duas próximas turmas porque elas são da 1a série e vários alunos ainda não foram alfabetizados. Aproveito esta nova calma pra voltar a escrever.
Acabou de me ocorrer que ninguém me liga. Este é um pensamento recorrente nestas tardes cansativas... Trago o celular comigo tanto por precisar controlar o tempo das atividades com as crianças, quanto pela ardente esperança de receber um telefonema. Mas o celular virou mero relógio!... ninguém me liga... Dias atrás uma amiga me ligou e não pude falar direito com ela por conta do terrível barulho dentro e fora da sala. Mas foi bom tê-la ouvido, saber que, do nada, alguém pensou em mim a ponto de me telefonar. Isso foi tudo. Amanhã, passando pelo camelódromo do conjunto nacional–conic, hei de comprar um dos reloginhos baratos e de plástico/aspecto infantil que eu costumava usar. Passarei a deixar o relógio–celular na bolsa, no armário ou, melhor ainda, esquecido em casa. Ninguém me liga e meus créditos nunca conseguem durar o bastante pra que eu incomode todas as pessoas que eu adoro. Definitivamente comprarei um relógio.

Queria ter um Mr. Darcy na minha vida... e nem precisava ser rico, só ser interessante e interessado nos meus belos olhos. Cério que o único Mr. Darcy que participará de minha vida é o cacto de crochê que ganhei e ao qual assim batizei... e, até mesmo ele já tem um par à sua altura: Miss Elizabeth Bennet, outro cacto adorável de crochê. Só assim eles não morrem.Os cactos são, depois das orquídeas, as plantas que mais admiro. Me identifiquei com eles desde que dei por sua existência. Não é novidade, reafirmo, pois: sou um cacto. Sou um cacto feito só, sem par.

quinta-feira, abril 27, 2006

o inevitável assunto...

Tenho coisas pra fazer, mas as negligenciarei momentaneamente em favor da escrita. Preciso escrever. Preciso escrever! Sim, um desabafo composto de várias várias várias coisas que me perturbaram a concentração ao longo do dia e sobre pensamentos que saltaram sobre mim nesta última hora.
Não, meu senhores, não caberia ligar pra um amigo ou amiga, não é esse tipo de desabafo que eu tenciono fazer, é um outro, de outra natureza e finalidade: um monólogo, ou antes, um solilóquio. Preciso desabafar pra mim mesma, segredar-me coisas, falar-me livremente sem correr o risco de ser interrompida no meio da narração, da explanação, das comparações, dos dramas... enfim, preciso não de um interlocutor, mas de paciência.
A última coisa na qual comecei a pensar e que me fez querer derramar palavras e mais palavras a respeito foi uma conversa com um colega de trabalho que me deu uma carona. Cabe esclarecer várias coisas a partir daqui: em primeiro lugar, eu não pedi carona a ele. Nem hoje e nem nunca. Ele me oferece carona de vez em quando porque passa, necessariamente, aqui por perto de casa. Algumas vezes, não é todo dia. Não acho que seja descortesia da parte dele não oferecer todos os dias, ao contrário, acho que ele está coberto de razão de ir e vir sozinho. E se ele nunca mais me oferecer carona, não acharei estranho, não ficarei magoada, nada. Mas, enfim, eu vim com ele. Normalmente falamos sobre os problemas no trabalho, sobre música, generalidades, coisas leves, nada filosófico, hermético ou íntimo. Mas hoje conversamos sobre a questão de não mais sairmos com a freqüência e intensidade de tempos atrás, tanto eu quanto ele. Acho que ele é uns anos mais velho que eu, ou seja, é um balzaquiano. Hoje ele comentou que está mais sem sair porque seus amigos estão casados e o pessoal de outro círculo ainda é jovem demais, tem outras diversões e encaram as “baladas” de outra forma, se concentrando na pegação e etc., e ele não, ele me disse que é “mais tranqüilo”. Conversamos um pouco sobre isso, e eu disse que nunca passei por essa fase de ficar com vários caras numa festa, que preencher a cartelinha de beijos nunca foi meu forte embora seja legal e tal, mas não como as pessoas costumam fazer, nessa ânsia de ter que ficar. Deu pra entender que ele não tem namorada. Mas o que desencadeou a torrente de pensamentos foi o fato de, ao sair do carro, eu me dar conta de que ele é o único solteiro do trabalho e que, além das suas qualidades inerentes, isso por si só já faria muita mulher se interessar por ele. Bem, ele é bem legal, divertido, o tipo que faz gracinha sem parecer idiota ou infantil. E é bonito, alto, tem ombros largos. Definitivamente um cara para o qual eu olharia se me fosse dada a oportunidade. Mas o que, pra mim, significa pegar carona com o único solteiro de lá? Na verdade significa que poderíamos ficar amigos mais facilmente já que eu não correria o risco de ofender ou enciumar uma esposa/namorada. Eu sou ciumenta, sei como é difícil imaginar o cara que a gente namora passando a maior parte do tempo com uma amiga e não conosco... Não penso que poderia sair mais nada do que uma amizade bem legal e oportuna pra mim, afinal ele mora aqui perto, gosta de cinema, vai a festas quando pode e é divertido. Eu sou péssima em fazer novas amizades mas sei o quanto é importante aumentar o círculo de amigos, especialmente no trabalho porque, afinal, eu passo muito mais tempo lá. Seria bom ter um amigo “no meio”, poder ir ao cinema depois do expediente, conversar mais abertamente, contar e ouvir coisas bem pessoais, e não só generalidades. É sempre bom ter um amigo por perto. Mas sempre me freio por temer uma interpretação equivocada do meu interesse e, depois de me saber interesseira (ver alguns tópicos anteriores...), agora é que fico realmente com medo de passar por algo que não sou. Eu não quero nada dele além da amizade. Sinto-me deslocada lá, embora me esforce ao máximo pra não transparecer. Ele é um cara legal e a gente conversa numa boa, acho que isso é mais do que um bom começo pra nos tornarmos amigos. Eu gostaria de estreitar vínculos com as mulheres de lá, mas fico sempre com a impressão de que elas gostam de mim só até certo ponto e, desconfiadas que todas as mulheres se sentem pelo meu aspecto, além do mais, a maioria delas está naquela esfera das mulheres mais velhas, casadas, separadas, com filhos... outro nível de realidade que está a alguns anos luz do meu... Tem uma que é solteira e sem filhos, mas sempre fico receosa de me aproximar das pessoas e parecer uma força-amizade, sei lá. Vou ficando na minha.
Bem, eu pensei em tudo isso e ainda pensei no fato de vocês, meus senhores, me indagarem a respeito de por que não forçar a amizade com o colega? Ah, meu senhores... além de não querer ser tomada por atirada e/ou interesseira, nada há que me iluda a respeito de qualquer outra coisa além deste conhecimento que já possuímos um do outro. Nem amizade profunda, porque confesso que ele não parece ser e nem nunca demonstrou querer ter amigas; tampouco jamais me fez qualquer menção a qualquer tipo de interesse em mim que não o fato de me dar carona de vez em quando. Sendo o tipo de mulher que eu sou, nada há que me iluda a respeito de eu poder vir a ter qualquer relacionamento com qualquer homem, sendo esse colega em particular menos provável ainda. Este foi o ponto que me fez apressar o passo pra chegar em casa e vomitar estas palavras. Não há nada que me leve a imaginar que alguma outra vez na vida eu terei um namorado. Nada nada nada, absolutamente nada, meus senhores! Ao contrário! Muito muito muito ao contrário! Estou convencida de que a resignação agora é meu único remédio e, a despeito da gravidade do fato, não sinto-me desesperada. Não, preciso é de resignação.
Explico-me da forma que parece mais inteligível: sendo a mulher que sou, com um histórico como o meu, tendo as idéias e valores que tenho, que homem neste mundo caberia a mim??? Nenhum, meus senhores! Não, não se precipitem em me julgar arrogante ou pretensiosa. Não sou boa demais pra todos. Minha auto-estima me diz que sou acima da média em termos de predicados, não de beleza física, o que já afasta boa parte dos homens de mim. Mas não é só isso: se só coisas boas acontecessem a pessoas boas – e, logicamente, me incluo nesta categoria –, qual seria o significado da palavra injustiça em tal mundo? O mundo não privilegia de forma alguma as pessoas boas, o que acontece é por força do mero acaso, creio eu. Tampouco o mundo faz sofrer aos maus. Quando eles sofrem, é também fruto do acaso. Ah, meus senhores, vocês terão coragem de discordar de mim quando digo que, na maioria das vezes, os maus se beneficiam enquanto os bons tomam no cu sem preliminares ou KY?! Então! É isso o que digo, não acontecem só coisas boas às boas pessoas. Porque deveria ser eu uma espécie de eleita? Amar e ser amada é algo que me parece improvável no meu caso. Bem, nem tanto amar porque sou dada a Romantismos totalmente fora de moda, mas ser amada... ah, meus senhores, isso equivale a ganhar na loteria: é coisa raríssima, embora aconteça com certas pessoas.
Há ainda um outro fator de ordem prática: tem poucos homens heterossexuais solteiros na mesma faixa etária que a minha disponíveis. Se eu for pensar nos que, além dos requisitos acima, ainda são inteligentes e divertidos... xiiii, este número deve cair ainda mais. Se ainda este homem for não fumante, bonito e monogâmico, pronto, acabou-se a lista! Não preciso sequer adicionar o último e, talvez, o requisito de maior peso: gostar de mim. Bem, talvez, com exceção do último item, talvez haja uns poucos espécimes de tal homem espalhados pelo mundo. Talvez. Acredito na existência deles tanto quanto na dos buracos negros, mas ainda não vi nenhum dos dois e é provável que qualquer um dos dois que eu visse me causasse perplexidade e fascínios idênticos.
Meus senhores, não pensem que menosprezei a existência de caras legais no mundo, se assim o fizesse, seria injusta com meus próprios amigos, a questão é que não creio que eu venha a contemplar um homem heterossexual, na minha faixa etária, solteiro, monogâmico, não-fumante, inteligente, divertido e bonito que esteja interessado em mim. Estou certa de que há muitos caras ótimos por aí, solteiros, e meus amigos estariam aí incluídos, mas a maior parte deles é galinha, não tem nada de monogâmico, ou isso ou então fumam, e, obviamente, não estão nem um pouco interessados em qualquer tipo de relacionamento comigo que não seja fraternal, daí serem meus amigos.
Assim é, pois, que me encontro nesta descrença quanto à esperanças de um dia vir a ter uma vida afetiva novamente por pura falta de matéria-prima, de recursos humanos...
Não, meus senhores, não me culpabilizo mais por isso. Chega. Sei que nada possuo de extraordinário, nem Beleza (mas não sou feia), nem posição social e/ou dinheiro (vivo endividada), nem inteligência (sou inteligente mas nunca brilhante), nem Coração (nunca tive vocação pra Madre Tereza). Nada de extraordinário, mas, afinal, quem o tem? E não é isso o que eu espero de um homem, nunca foi.
Eu tenho muitos atributos, o que me faz uma pessoa legal, boa de se conviver em termos sociais, e também tenho defeitos, o bastante pra ser “normal”. O problema não reside em mim. Sim, o inferno são os outros. O problema é o maldito senso comum que me afasta do conceito de mulher desejável. Eu tenho piercings demais, opiniões demais e bunda de menos aos olhos da maioria esmagadora dos homens. O problema está na nossa cultura, não neles especificamente. Não julgo maus aqueles que me olham e vêem só uma menina esquisita. Eles foram criados pra serem assim. E, se fosse menos difícil tornar-me em outra coisa alheia aquilo que realmente sou, eu, por vontade própria, já teria, há muitos anos, deixado de ser assim e assumido uma postura mais cômoda que me garantiria pelo menos entrar no páreo por um par. Mas é menos difícil continuar sozinha. Então fiz minhas escolhas e tenho permanecido com esta aparência porque isto é menos difícil pra mim. Eu me reconheço assim, com estas idéias, esta cor indefinida no cabelo, estes óculos, estas calças quatro números maior do que o necessário, com este (mal) humor, com meus ideais e convicções. Eu sou assim e tento mudar não pra agradar ao senso comum, mas pra ser uma pessoa melhor pra mim e pra quem me cerca.
Felizmente meu humor tem sido bom nestes últimos tempos, do contrário, depois de tais pensamentos, eu estaria aos prantos, soluçando como uma garotinha desamparada. Mas, fazer o quê? Chega de desespero pelo que não tem conserto. Chega.
É, realmente vou precisar de todos os livros que puder reunir nos próximos anos pra me manter ocupada durante a velhice, especialmente depois da aposentadoria, se é que isso vai acontecer um dia.
E é justamente por saber da barreira intransponível entre mim e o sucesso no amor que preciso estar cercada por amigos. Por isso seria tão importante ampliar meu círculo de amizades, conhecer pessoas novas. Ficarei sozinha em não muito tempo, porque não pretendo constituir família, não terei sequer namorado, minhas amigas se casarão todas, meus amigos também. Alguns inclusive vão sair da cidade, e aí o que me restará? Só a MA, porque esta precisaria da minha mão pra afastá-la de mim... Preciso de amigos e livros, do contrário terei uma vida muito triste. Bem, consegui: fiquei melancólica agora...

domingo, abril 23, 2006

Lucianna

O dia de hoje foi dedicado à minha sobrinha e afilhada Lucianna, a coisa mais fofa e linda e alegre e linda e fofa que tive o prazer de conhecer!
Hoje ela estava especialmenente feliz, acho que pelas brincadeiras com meus sobrinhos mais velhos que estavam enchendo-a de brincadeiras engraçadas e fazendo-a de "cobaia" pra experimentos divertidos como a enrolar na blusa de frio de um deles e depois vê-la se denroscando toda, dando aquelas risadinhas tão peculiares e falando daquele jetinho engraçado dela.
Ela tem quase três aninhos e é um dos amores da minha vida.
Gosto muito dos meus sobrinhos todos, mas não tenho esse papo de "amar igualmente". Isso não existe. Eu gosto de todos, mas tenho uma afeição muito maior por aqueles com quem convivo mais. E tem ela, a Lucianna, minha afilhada. Ficquei tão imensamente feliz quando minha irmã me convidou pra ser madrinha dela! Caramba, muita responsabilidade, mas muitas esperanças também :>
Eu não tenho lá muito jeito com crianças, nem muito menos paciência, mas amo minha sorinhazinha do fundo do coração e adoro essas tardes de ouvi-la rindo tão inocentemente das brincadeirinhas mais bobas e sentindo seus bracinhos em volta do meu pescoço quando ela me abraça, e vendo-a crescer e aprender milhões de coisas novas e... Bem, eu não quero ter filhos, não mesmo, e acho que toda a convivência com meus sobrinhos e com os alunos já é mais do que suficiente pra reafirmar esta desvontade cada vez mais. Mas isso não significa que eu não aprecie a companhia das crianças - em doses homeopáticas, claro! - de vez em quando. Gostaria de ser mais divertida, de saber divertir uma criança, mas eu não sei. Detesto correr e pular e fazer essas coisas que as crianças adoram. Acho que até quando eu era pequena eu não gostava dessas coisas..., o que só me reforça a tese de que já nasci com uns 63 anos de idade.
Eu quero muito poder estar sempre perto dela, da minha neguinha, minha Lux. E gostaria que ela pudesse ser sempre feliz como foi no dia de hoje, sorrindo e brincando enquanto a vida vai passando.
O amor para com os membros da família é uma coisa tão estranha...

quinta-feira, abril 20, 2006

Vinte de Abril

Tem um ex-aluno meu fazendo uma matéria comigo na UnB. Ele falou comigo hoje. Havia algo de familiar nele, mas não pude reconhece-lo. me lembro bem de poucos alunos antes de Samambaia... também, pudera!, passei três longos anos da minha vida lá! Algumas alunas e alunos passaram por esta “experiência” comigo... três anos... Eu gostava dos alunos de lá. Por que eu sempre gosto dos alunos?Por que eu gosto deles e não do fato de ter que trabalhar? Aliás, odeio ter que trabalhar. Odeio.

Dezoito de Abril

(escrevi isso enquanto jantava sozinha no shopping aqui perto)

Eu o vi ontem. O último. O último homem a me tocar. Ele e seu sorriso lindo, seus lindos olhos claros de cristais incertos e fora de alcance pra mim. Ele nunca mais. O último.
Eu, sempre a mesma, não reconheci quase nada nele do que antes havia. O nós acabou.
Ah, a incompatibilidade de gênios...
Agora é Um Outro me rondando as noites, os sonhos. Sua pele preta fechando meus olhos pra o fim certo. Certeiro como ele só. Por que será que O Homem Errado Pra Mim tem sempre olhos e sorriso certeiros? Perfeitos, eu diria. Odeio isso. Não, não, não odeio. Amo os olhos e o sorriso de todos Os Homens Errados Pra Mim: são os piores!

Preciso aceitar a possibilidade de nunca mais ser tocada novamente, ser beijada novamente. Estou farta de olhos perfeitos e efêmeros e o que eu quero, aquilo porque anseio, é grande demais pra me ser dado sem prejuízos igualmente grandes. E, por que querer tanto, talvez os deuses me concedam esta graça pra me punir por Tudo.

Por que as pessoas me afligem tanto?
Não, meu senhores, não estou triste, estou preocupada com as pessoas. Preocupa-me o fato de ter que conviver com elas...

...

(pensado durante o banho e escrito depois, claaaro!)

Tão bom esse cheirinho de canela do sabonete! A água quente... tenho vontade de ficar tomando banho por horas e horas... mas preciso sair. Preciso dormir. E minhas mãos já estão com dedos-passas. Imagino-me com a aparência de uma banana-passa. Rio sozinha.
Durmo sozinha. Acordo sozinha. O que me cruza os pensamentos como se fora estrela cadente: por que os caras gostam de mim, mas sempre preferem me transformar em algo que não sou? Por que eles gostam mais daquilo que me é alheio?
Nevermind...
Este tipo de pensamento só serve pra me deixar triste.
Nevermindo...
O dia será cheio e a noite é curta, tão curta...

sexta-feira, abril 14, 2006

reincidente merece...

O dia hoje foi ótimo. O dia...
Fui comer uma feijoada na casa de um casal de amigas e estava tudo ótimo, inclusive a companhia. Foi um almoço super bacana, regado a muita risada e caipirinha. Espero que isso aconteça várias outras vezes.
O problema foi a noite...
Aliás, o problema foi eu aceitar carona pra ir ver filme naquela porra de Academia. Eu deveria ter mantido minha palavra de não ir mais a esses lugares. Aconteceu que uma amiga que estava no almoço quis ver um filminho e sugeriu de irmos à Academia. Achei que não haveria problema. O filme que eu sgeri passaria só em uma hora e quarenta minutos e ela não disse nada sobre a demora, então esperamos pelo bendito filme "Pele de Asno". Ela detestou o filme, e eu achei trash também, mas queria continuar assistindo porque era tão trash que acabei achando engrçado. Ela queria ir embora, eu queria ficar. Resultado, como a merda do Academia é totalmente inacessível a pessoas como eu,k sem carro, tive que ir embora. Juro que, se eu tivesse grana, teria pego um taxi. Nunca fui embora no meio de um filme! Nunca! Joguei horas da minha vida fora e ainda por cima oito reais que eu poderia ter visto outro filme até o final.
Lição do dia: Verônica, sua idiota, nunca mais pegue carona pra essas merdas de lugares inacessíveis porque quem tem o carro é que manda. Ponto final. Não tem jeito, não mesmo, eu não posso pegar carona não. Quem manda reincidir! Aprendeu agora, idiota? É, eu sou uma idiota mesmo. Poderia ter tido um dia maravilhoso e ter ido dormir com a sensação de que coisas boas acontecem, mas não, eu tinha que aceitar uma carona praquela porra de lugar na putaqueopariu e passar o constrangimento de sair no meio de um filme que eu realmente queria ter terminado de ver porque eu estava de carona, porque eu não tenho carro e nem dinheiro e, logo, não tenho vontade. Deveria ter ficado em casa.
Não, não culpo minha amiga não. O carro é dela, ela vai e vem a hora que quer de onde quer. Se eu não tinha como voltar no final do filme, problema meu. Problema meu. Mas tudo bem, isso não vai se repetir. Chega de passar por essas merdas. Me desculpem meus outros amigos e amigas e até ela que, de vez em quando, me chama pra ver filmes na porra do Academia: eu não vou mais. Chega, chega de passar por isso. Não dou conta mais não.
Meus senhores, não falei nada pra ela não, o que eu poderia dizer que já não havia dito no cinema? Eu queria ver o filme, ela não. Ela tem carro, eu não. Nada há pra se dizer além disso. Ok, ok, ok, quem tem o carro é que tem razão. Ponto final.
Depois o povo reclama que sou radical... Ela mesma disse isso uma vez em que me recusei a ir com ela pra uma festa. Radical, né? Se eu tivesse mantido minha "radicalidade" do jeito como pensei que deveria, não estaria tão triste agora, com o estômago queimando, me sentindo idiota, uma pobre coitada que não pode sequer ver a merda de um filme até o final porque não tem como se deslocar da merda do Academia até a porra de casa.
Radicalismo é o caralho!

segunda-feira, abril 10, 2006

bom-humor... será que isso pega?

Bem, não sei o que anda acontecendo comigo, mas estou de bom-humor. Estranho, não?
Até comprei uma camiseta rosa!!! E comprei uma verde também, tudo divididinho na renner, claro... Sei lá, ando com vontade de conversar com estranhos na rua e, agora, quando eles falam comigo, eu respondo com uma simpatia mais estranha ainda! Antes eu respondia com monossílabos e era educada, e só isso. Mas nos últimos dias, algo mudou: agora quando um estranho fala comigo, eu sorrio!!! Eu respondo sorrindo!!!
Ah, meus senhores, um de vós pode me dizer o que algumas almas tontas já me insinuaram, que esta mudança de humores deve-se a alguma paixão repentina... Ledo engano! Nunca estive tão assexuada em toda minha vida! Opa, será que é isso?! Será que este é o segredo?!
Eu só sei que ando cantarolando mais, ando sorrindo mais, tenho gostado de ficar mais em casa e tenho até desfrutado melhor da companhia dos meus irmãos. Tô, como diriam meus ex-alunos, de boa :>
Ah, e hoje ainda tive uma notícia que me deixou suuuper alegre! Foi vendida a bolsa que deixei lá na Verdurão!!! Eu tinha medo que talvez ela fosse ficar lá semanas, meses... entulhada num canto pegando poeira... Eu fiz bem feitinha, caprichei mesmo porque acho que se as pessoas vão usar aquilo, tem que ter qualidade. Eu, particularmente e sem a mínima falsa modéstia, achei a bolsa linda e fiquei com pena de não ter ficado com ela pra mim, mas ainda assim nada me garantia que as pessoas fossem gostar dela como eu havia gostado. E, hoje, hoje me disseram que ela foi vendida! Puxa, alguém que não me conhece, que não é minha amiga nem parente gostou tanto da bolsa que pagou por ela!!! Achei isso fantástico!!! Pra vocês, meus senhores, pode ser bobagem, mas significa muito pra mim. E é por isso que encerrarei este post agora pra ir costurar a minha próxima bolsa a ser deixada lá.
Quanto ao dinheiro da venda, eu não quis receber hoje não porque sei que gastarei rapidamente, até mesmo porque a bichinha foi baratinha, mas eu preciso antes é ir à minha agência de banco e perguntar qual o número da minha poupança porque esqueci completamente! Juro pra vocês!!! Aí eu vou depositar este dinheirinho lá porque ele é simbólico demais pra ser torrado em discos ou livros, que são ótimas aquisições, mas podem esperar. Resolvi que depositarei todo o dinheirinho que ganhar com as vendas futuras na poupança.
Agora vou costurar e ouvir musiquinha que é o melhor que eu faço.
Espero permanecer de bom-humor por muitos e muitos e muitos dias ainda :>
Calma, meus senhores, estou de bom-humor, não sofri lavagem cerbral não! Ainda uso minhas camisetas pretas básicas, meu allstar surradíssimo e continuo ouvindo Maysa :>
Ah, e ainda acho que parte da população mundial deveria desaparecer por falta de serviços relevantes prestados à Humanidade, tais como os nossos políticos corruptos (isso é um pleonasmo? :> ), os políticos corruptos de todos os outros países, os estupradores, apresentadoras de programas infantis, apresentadores de programas de “variedades” do modelo Hebe e Faustão, traficantes (sou favorável ao “não compre, plante”) e bandidos malvados em geral, principalmente os banqueiros e publicitários imorais, etc etc etc. Enfim, alista é graaaande. Mas o que eu quero dizer é que todo mundo que prejudica a vida dos fracos e oprimidos ao invés de melhora-la, deveria sumir do mapa, evaporar. Os prejuízos afetivos e sentimentais não contam, claro, senão a raça humana se extingue! , bem, mas talvez isso não seja lá uma idéia tão ruim...
Pronto, estou em pleno vôo de novo... Chega de devaneio! Vamos às costuras!

Vida Breve...

Tô de boa apesar da falta de grana na conta e não, meus senhores, não troquei de emprego ainda... Também não fui pedida em casamento pelo Denzel Washington, não ganhei uma herança milionária de um parente longínquo e desconhecido, nem sequer fui paquerada pelos pedreiros da obra perto do trabalho.
Quem é que pode explicar este tipo de fenômeno? Talvez a mesma criatura iluminada que explique a tristeza profunda que brota na nossa alma sem razão aparente, mas que fere diariamente, e, sendo invisível à nossa sensibilidade tosca, vai nos envenenando sem deixar vestígios de início e sem esperança de fim... Ah, A Melancolia... eita que esta me causou graves danos... Mas deixa ela pra lá por enquanto, deixa ela dar uma cochilada e me deixa correr o mais longe possível, brincando com dentes-de-leão...
Quem me dera poder correr agora, no meio desta noite fresca e com lua a ¾ pelas ruas deste Plano Piloto! Quem me dera... Fico em casa agora, mas não claustrofóbica.
Estou quieta. Estou me sentindo quieta, acalentada por mim mesma, como se eu pudesse, enfim, me ninar. Eu mereço este sossego, este cafuné. Mereço deitar bem espichada numa rede colorida e me balançar até dormir bem gostoso. No meio da tarde dos meus sonhos. Bem no meio do mundo. Eu comigo mesma. Verônica. E se é pra causar espanto pra qualquer pessoa que seja, que eu espante então. E que essa pessoa possa ver, depois do susto, que nada havia de mais ali, só eu comigo no colo, balançando na rede com as cores do pôr-do-sol.
Meus senhores, hei de me esquecer do que eu não quis pra mim, hei de reter só o que me existe de Bom. Hei de ficar aqui quietinha, sem ter mão de homem nenhum que me acaricie sem que esta seja mão de amigo. Perto de mim, agora quero mesmo só minhas amigas e amigos, e minha família.
Os problemas de ontem permanecem os mesmos hoje, nada é resolvido da noite pra o dia, meus senhores, mas os amanheceres são lindos e não podem ser outra coisa senão sinal de recomeço, de persistência na labuta.
O que impede o céu de desabar amanhã sobre a terra?
O que garante que o dia amanheça amanhã?
Não sei e nem preciso saber, basta a mim acreditar que o dia amanhecerá em todas as suas cores, resplandecente como hoje e ontem, estando o céu preso no ar pra cima de nossas cabeças-de-mamão, e a terra firme aqui embaixo dos nossos pés. Acho que descobri que tenho Fé. Sim, tenho Fé! Não, meus senhores, não em deuses, que esses fomos nós mesmos que criamos, tenho Fé é no Mundo, na Vida, na Beleza da Vida no Mundo, neste nosso caótico, injusto, e breve e vasto Mundo. Eu e vocês vamos morrer, meus senhores, e isto é o que possibilita a existência do Amor e da Beleza neste Mundo. Eu e vocês vamos morrer, meus senhores, e o fato de desejarmos ardentemente que isto não aconteça, é que nos move diariamente desde o momento em que abrimos nossos remelentos olhos até o momento em que deitamos fatigados pelas desgraças desta Vida e deste Mundo. Eu tenho Fé em mim e em vocês, meus senhores, porque isto é o que é real pra mim agora, exatamente agora neste mesmo instante em que digito isto que acabei de pensar. E não é realmente Belo poder pensar e depois expressar isto em caracteres que outros irão ver e, na melhor das hipóteses, não deitar por terra?
Eu e vocês vamos morrer todos, assim como os que virão depois de nós, cada qual a seu tempo. E, se diferente fosse, que valor teria esta Vida nossa sofrida, mal-vivida, desperdiçada com intolerâncias e violência contra nós mesmos e contra todas as outras criaturas? Se fôssemos imortais, qual seria o gosto da chuva que nos pega de surpresa voltando pra casa e molha só bastante pra nos fazer praguejar contra ela e sua futura gripe? Como seria beijar o primeiro amor? Como seria cometer erros idiotas várias vezes por pura preguiça? De que valeria os sorrisos efêmeros das crianças e seus abraços sinceros? Se pudéssemos ter sempre e pra sempre tudo o que é efêmero e imprevisível, que merda de Vida seria... que bosta de eternidade!
Um tédio só!
E é só porque eu sei que não sei quando vou morrer que eu gosto hoje, agora, agorinha mesmo, de estar viva digitando este texto que nem sei se alguém vai ter paciência de ler...
Muito boa noite, meus senhores!

domingo, abril 09, 2006

São quase duas da manhã e eu ainda não posso dormir...
Culpa da minha compulsão por armarinhos! Tivesse chegado em casa cedo, a esta hora estaria dormindo ou então me acabando de dançar na makossa. Mas, enfim, tenho que esperar a calda do bolo esfriar pra pôr em cima e aí sim me lançar nos braços de Morfeu.
Não fiz muita coisa hoje não: fui ao salão tentar dar uma geral neste meu cabelo desidratado, e depois de horas e horas de espera, fui comprar umas coisinhas pra MA no taguacenter, paraíso dos armarinhos. O tempo sempre dá essas aceleradas quando estou me divertindo, que injustiça! É, meus senhores, olhar aviamentos e tecidos é diversão pra mim. E eu me deleitei com tantas prendas lindas! Cada coisinha mais fofa que a outra! Me dá vontade de saber todas as técnicas artesanais do mundo pra poder usar todos aqueles materiais maravilhosos!
Meu sobrinho me pediu um cachecol preto e eu vou fazer, claro. Na verdade, vou tentar fazer, já que minhas habilidades no tricô são ainda piores do que no crochê... Mas eu quero tentar fazer algo pra ele. Comprei a lã preta como ele pediu, mas não sei se era da que ele queria. Se não for, ele compra um novelo da que ele quer e aí eu faço outro. Gosto quando as pessoas me pedem coisas que eu posso fazer por/para elas. É bom me sentir útil.

Ah, meus senhores, enquanto eu mexia a calda de chocolate, me veio de assalto um pensamento: se a história na bíblia for minimamente verdadeira, o primeiro casamento da humanidade já começou dando em merda: Adão e Eva foram condenados a viver um com o outro num lugar beeem longe do paraíso, sem a menor chance de optar por outra coisa, ou por outras pessoas. Com um histórico de fracasso desses, como é que os relacionamentos poderiam dar certo? Se o primeiro foi um fiasco, os sucessores então... Putz, e os dois ainda foram péssimos pais porque criaram um filho assassino e rolou uma boa dose de incesto nisso daí, porque se eles foram os primeiros e foram expulsos do Paraíso, como é q se reproduziram assim? Incesto! Se havia outras pessoas fora do Paraíso, quem as colocou lá? Será que elas também pecaram? Se o Criador é onipotente, onisciente e onipresente, ele já sabia na merda que ia dar e deixou rolar assim mesmo. Livre arbítrio coisa nenhuma! Preciso dormir...

sexta-feira, abril 07, 2006

sete de abril

Estou atrasada pra o trabalho, mas quando eu voltar, de noite, preciso escrever sobre essa coisa das pessoas falarem, meus enhores, que sou isso e mais aquilo, que sou querida, que sou amiga e blá-blá-blá, mas eu sei que hoje tem uma certa festa de aniversário pra qual eu não fui convidada. No mínimo um grande paradoxo, pois não? Se a pessoa me cobre de elogios sempre que tem a oportunidade, porque nunca sou convidada pras festas de aniversário? Bem, mais um dos mistérios que nossa vã filosofia não vai sequer tentar desvendar...
Por isso que não acredito em quase nada daquilo que me é dito, especialmente quando são esses elogios, porque o discurso costuma andar a quilômetros de distância da prática.
Enfim, por que eu perco meu tempo pensando e até escrevendo essas coisas? Porque chegar atrasada no trabalho é minha especialidade.
Quando eu tiver mais tempo, me perderi em especulações a respeito do comportamento estranho dos homens, meus senhores. Por hora, ainda bem que tenho amigas e amigos com quem contar e festas pra ir independentemente do quão volúvel sejam os outros.
Lembrei daquela ópera
"La donna è mobile
qual piuma al vento
muta d'accento
e di pensiero"
antes fossem volúveis só as mulheres... seria tão mais fácil de se viver, não?
afff...
Impressionante como tudo de ruim só sobra pra gente...