Dei adeus à miopia nesta quinta-feira passada. Pelo menos até agora parece que foi a melhor coisa que eu fiz com o dinheiro do cheque-especial...
Desde então estive na casa da minha irmã e, no sábado, fomos pra chácara (que fica perto de Luziânia) do meu tio do Gama . Só fui mesmo porque já havia combinado com minhas irmãs porque pensei que fosse estar dependendo de cuidados, mas descobri que só foram necessários até eu poder abrir os olhos cinco horas depois da cirurgia. Mas, até que foi bom ter ido, descansei bastante. Eu poderia até ter ficado em casa, mas não fazia idéia que o resultado era tão imediato.
Estou enxergando! Enxergando sem óculos e sem lentes de contato! É fabuloso!!! Nesses dias, toda vez que eu me deito pra dormir penso, putz, tenho que levantar pra tirar as lentes.... mesma coisa quando vou tomar banho... Ainda não me acostumei que estou enxergando mesmo sem esses auxiliares que me acompanharam durante tantos anos... Agora quem vai ter que me acompanhar pelos próximos dois meses são os colírios e, pra sempre, os óculos escuros.
Mas uma coisa está realmente me incomodando nesses últimos dias: a proximidade do Leitor. Este caro Leitor já me gravou outro cd (o terceiro da série), me mandou mensagem, ligou já umas três vezes esta semana, ainda que eu mesma não tenha dado meu número a ele. Esta proximidade está me deixando hesitante sim. Gato escaldado tem medo de água fria, meus senhores. Eu espero mesmo que essa sensação estranha seja apenas fruto da paranóia que ele próprio instalou em mim. De qualquer forma, quero avisa-lo que não há a menor possibilidade de uma recaída, não mesmo. Não que eu não tenha até vontade e curiosidade, mas a questão é que eu me chateei tanto, me aborreci tanto com coisas que ele fez e que eu não ouvi de ninguém, além dele próprio, que ele se arrependera. Mas é claro que isso é importante, meus senhores, isso é fundamental! Porque eu ouvi muito, demais mesmo, o quanto eu era uma pessoa horrível, a própria Bruxa do 71, mas não ouvi nenhuma vez essas mesmas pessoas dizerem “pois é, Verônica, o Leitor me disse que te pediu desculpas, que ele vacilou contigo...”. E, meus senhores, neste caso específico, eu me importo com o que os outros dizem, porque esses “outros” estão muito próximos de mim. Não o bastante pra me conhecerem bem como eu imaginei que conhecessem, mas o suficiente pra me aborrecer indo-e-vindo com essas estórias rotas e mal contadas. Agora não adianta mais porra nenhuma alguém, qualquer pessoa, vir me dizer que ele me pediu desculpas porque isso seria tentar usar meu blog contra mim e seria ainda mais inútil. Mas eu quero deixar bem claro porque a carne deve se calar diante do peso das lembranças. Tem certas coisas que nem eu com esta minha memória horrível consigo esquecer. Aliás, eu não quero esquecer, apesar de não achar nenhum pouco divertido me lembrar. Eu não posso esquecer que fui ferida e difamada pelos quatro cantos dessa vila, desse povoado que é Brasília. Nenhum argumento seria suficiente pra apagar a dor que eu senti. Eu acho que é realmente melhor deixar pra lá e tentar seguir adiante, tentar fazer uma convivência pacífica, mas esquecer, meus senhores, isso eu não esqueço não. E cada vez que o Leitor me elogia ou faz qualquer coisa fofa pra mim, como gravar um cd, eu lembro vividamente que passei por coisas que não merecia por um capricho dele.
Vocês realmente acham, meus senhores, que, sendo orgulhosa como sou, eu apareceria por aí com o mesmo cara que andava falando mal de mim à deus e todo mundo? Que tipo de pessoa eu seria? Acho que talvez ele próprio não tenha parado pra pensar nisso, que teria que encarar todo mundo pra quem me desfez. Que tipo de cara esculacha uma menina e depois saí por aí de braços dados com ela? No mínimo alguém que não sabe o que diz ou então alguém doidinho pra ser sacaneado de novo, porque,
after all, era essa a mensagem: “essa mina me sacaneou”.
Ah, meus senhores, eu realmente espero que isso seja só coisa da minha cabeça paranóica
mesmo.
Outro dia ele me perguntou o que eu achava dele. Não me ocorreu que ele pudesse estar tendo esse tipo de recaída. Se eu tivesse pensado nisso, teria dito o que aqui escrevo pra ele porque não tenho o que lhe esconder e ele sabe disso. Não sabe, Leitor?
Espero que amizade seja o motor único dessa aproximação, desse cuidado. Porque nada mais ele há de receber de mim. Além do mais, seria imoral se aproveitar do meu momento de fragilidade pra obter qualquer coisa de mim além de amizade desinteressada. Imoral!
Meus senhores, estou frágil sim, carente sim, mas estou numas de cuidar de mim e foda-se o resto! Gosto de um cara que não me dá a mínima, foda-se ele! Vou é voltar pra academia e gastar umas calorias malhando. Os homens têm bloqueio comigo, ok, a vida continua. Talvez eu seja mesmo maníaca-depressiva, mas esse ciclo de mania eu vou reverter ao meu favor então, vou me concentrar em mim e na UnB porque isso vai me dar lucro. Família e amigos têm espaço garantido pra mim, mas homens, esses não me vêem mesmo, que diferença faz – pra eles – se eu parar de me preocupar com eles? NENHUMA! Eu não faço diferença nenhuma no mundinho dos homens, então eu só tenho mesmo é que me preocupar com o meu mundinho, porque esse tá sempre à beira do abismo na minha cabeçona. Meus senhores, se o Meu Certo Alguém caísse na real e caísse na minha, lógico que eu aceitaria, não sou masoquista. Mas esta é uma possibilidade tão remota que não dá pra ficar esperando por isso não. A vida continua, mesmo que eu prefira que ela dê uma pausa. Eu e ele estamos perdendo tempo precioso de nossas vidas separados, mas eu fiz a minha parte. Ele não gosta de mim, o que ele pode fazer? Ele não tem mesmo que ficar comigo só pra não ficar sozinho ou pra que as pessoas vejam que ele não é gay. Aliás, pensar nisso me deixa ainda com mais vontade de tê-lo ao meu lado porque ele vale à pena. Ele é muito diferente de todos os outros... E, é muito mais provável, que ele goste de baixinhas peitudas e desbocadas. Talvez ela o faça rir muito mais do que eu. Talvez ele a considere muuuuuito mais atraente do que poderia me considerar. Talvez ele veja nela a mãe dos seus filhinhos que, aliás, eu nem quereria ter... Putz, eu não sirvo pra ele não. Eu sou uma debilóide cuja cabeça está repleta de devaneios inúteis sobre ele...
Mas aquela música do Los Hermanos, do lado de dentro, ainda fica me martelando incessantemente... Que cosia mais patética...
Putz, preciso realmente encomendar o mais rápido possível o remedinho que a homeopata receitou... Preciso de ajuda – qualquer ajuda! – pra tentar ser mais equilibrada ou, pelo menos, menos desequilibrada...
Eu não sou debilóide coisíssima nenhuma! Eu sou uma menina gente fina. Sou engraçada, normalmente, e gosto de conversar sobre quase tudo, não fico xaropando por causa de religião, não fico pegando no pé de ninguém... eu sou legal. Não sou tão feinha quanto costumo achar, apesar de estar com o rosto enchendo de espinhas, mas já fui procurar ajuda médica por conta disso, não vai durar pra sempre essa pele de chokito. Sou chata quando quero, mas isso não é tão freqüente. Enfim, ele teria tanta sorte de me namorar quanto eu de namora-lo. Eu sou uma namorada bacana que se esforça pra agradar. Óbvio que tenho minhas limitações como as têm todo mundo, e costumo ser brava com determinadas pessoas em determinadas situações, mas isso não é coisa pra acontecer o dia inteiro todos os dias. Eu procuro ser calma e conversar com os namorados, mas paciência também tem limite.
Bem, se ele preferi-la à mim, o que eu poderei fazer? Não vou abraça-los e desejar que sejam felizes pra sempre porque isso seria falsidade deslavada. Quero que eles sejam felizes sim, ele comigo e ela com outro. Mas não os dois juntos. Não desejo mal nenhum a eles como casal, mas também não vou ficar agindo na falsidade. E, se por acaso ele ou ela me perguntarem alguma coisa, eu responderei com a sinceridade que me é própria. Espero que não me perguntem nada porque isso seria muito constrangedor... Putz, eu passo muito mais tempo no trabalho do que aqui em casa... mas o ano está acabando e, espero, essa novela mexicana também. Eles que vão cuidar de sua vida em comum e eu que vá cuidar da minha. Gosto muito dela, longe, beeeeeem longe dele, mas eu sou apaixonada pelo cara o que é que eu posso fazer?
Boa noite, meus senhores, e desejem-me sorte no meu projeto de assexualidade... Enfim, já que não posso tê-lo, melhor nem sentir que ele existe...