domingo, agosto 27, 2006

remoendo...

Passei um sábado ótimo. Uns amigos vieram aqui em casa, vieram pra o almoço e acabaram ficando até umas 23h. Fazia tempo que eu não tinha companhia tão boa por tanto tempo!
Até o meu primeiro namorado veio. Ele está de férias na casa da mãe, vai embora no final desta semana e vai morar em Portugal com a esposa. Pois é, o tempo passou mesmo, ele está até casado. Mas a gente sente um carinho muito forte um pelo outro. O que vivemos juntos foi muito forte. Com certeza ele foi o homem mais importante da minha vida e eu me orgulho imensamente em dizer isso, porque ele é um cara ótimo, sensacional mesmo. Mas realmente a gente tinha que ter se separado naquele momento e tinha que ter vivido vidas tão distintas desde então.
Mas, meus senhores, confesso que, desde que nos conhecemos, eu sabia que não ficaríamos juntos pra sempre a partir daquele momento. A gente era bem diferente em termos de preocupações e metas. Eu imaginava que ficaríamos juntos quando tivéssemos uns 40 anos, quando ele já tivesse tido a esposa e os filhos que tanto queria. Pois é, desde aquela época eu já não me imaginava casa e/ou com filhinhos... Eu achava que ele era o homem da minha vida, mas de uma vida diferente da que eu tinha na época. É, meu timing sempre foi uma bosta...
E agora nossos rumos foram realmente traçados pra estarem em caminhos diferentes. Ele vai pra Portugal e talvez eu não o reveja nem tão cedo. Vai seguir a mulher que ama, a esposa, vai ter um emprego, constituir família. Será que eu sou mesmo uma aberração no seio da sociedade? Será que é tão errado assim não querer fazer o que “todo mundo” faz: casar e ter filhinhos? Será que é por isso que eu estou sempre só, porque esse é um desejo só meu, o de não dividir meus gentes e um teto com um homem? Eu não posso simplesmente amá-lo e namorá-lo, eu tenho que estar matrimonialmente atada a ele?
Sabe, foi estranho estar de novo tão perto dele por tanto tempo... eu havia me esquecido como eu me sentia bem assim, com ele me afagando os cabelos... Não, meus senhores, não ficamos não, não era nada disso, era carinho só mesmo. Ainda quero vê-lo antes dele ir se embora, quero dizer pessoalmente pra ele como o amo e como ele é importante pra mim, não quero morrer levando isso.
Aliás, eu gostaria de poder dizer isso pra todo mundo que eu amo, mas falta coragem. É estranho isso, né? Não ter coragem de dizer algo bom, tão positivo, tão sincero... mas é verdade, eu sinto vergonha, fico toda encabulada... De todos os meus pecados, acho que esse é o mais grave...

Por que eu não me proponho a ter um relacionamento de verdade com alguém de verdade? Por que é tão difícil olhar pra frente e prosseguir?
Por que eu tenho que preferir a solidão e a tristeza às possibilidades reais que a vida me oferece?
Ah, meus senhores... é difícil encarar de frente as respostas dessas perguntas... eu já conheço há séculos as respostas...
Será que eu realmente gosto de Um Certo Alguém ou só engano a mim mesma? Porque é ridículo cair sempre no mesmo buraco... é isso, meus senhores, gostar desse mesmo tipo de homem é cair no mesmo buraco over and over. Eu sou burra, sou uma tapada ou o que? Será que a vida não me ensinou nada nestes quase 29 anos? O que estou fazendo aqui além de cometer sempre o mesmo erro?!
Eu sou uma idiota que precisa de acompanhamento profissional urgente! A homeopata me passou um remedinho mas, sinceramente, não vejo nada acontecer. Talvez eu esteja esperando demais de todo mundo, principalmente de mim mesma.... Não acredito que eu seja tão imbecil assim... Meus deuses, eu sou uma imbecil completa, não sou?
(Não respondam, por favor, sejam gentis!)


Sabe, meus senhores, ele foi o melhor cara que eu poderia ter querido. Ele foi meu amigo, me apoiava quando eu estava num dos piores momentos da minha vida, me colocava pra cima, me amava quando ninguém mais parecia capaz de fazê-lo, me alegrava, fazia tudo o que podia por mim... A gente se dava tão bem, mas tão bem que um dia eu olhei pra ele e vi que o amava como amigo... Eu não queria mais trepar com ele, queria conversar, queria colo, só isso...
Eu sempre tenho as manhas de estragar tudo, né?
Eu mereço estar exatamente onde estou.

sábado, agosto 26, 2006

e a vida continua...

Na madrugada de quinta-feira morreu num acidente o filho de uma colega de trabalho. O cara era mais novo que eu, era noivo, o filho mais velho... o primogênito... Mas a morte é a única que todos nós vamos partilhar nesta vida...
Fiquei muito triste pela colega. Ela era divertida. Sim, meus senhores, era. Duvido muito que ela volte a trabalhar e seja como antes. Ninguém perde um filho e volta sorrindo ao trabalho, pelo menos ninguém normal, e ela é uma mãe preocupada, atenciosa. Ela falava do filho sempre com tanto carinho... Tadinha...
Dizem que a pior dor que se pode sentir é a perda de um filho porque é mais anti-natural, a que contraria as "leis da natureza" porque o certo seria os velhos morrerem antes dos jovens, os pais, dos filhos...
Há umas semanas atrás morreu também o pai da minha cunhada. Eu não ando simpatizando muito com ela, mas ela merce minha antipatia porque implica comiga e não deixa meus sobrinhos andarem comigo, mas o que eu queria dizer é que fiquei com pena dela porque ela amava muito o pai, mas ele estava velhinho e doente, estava na hora de deixar esse mundo de sofrimento. Era esperado que ele morresse. Era uma questão de tempo. Mas um jovem, um garoto de, sei lá, 25 anos, isso é triste mais ainda!
Sabe, toda vez que alguém morre, alguém que eu conheço, procuro pensar nos bons momentos, procuro me elmbrar de cosias boas a respeito da pessoa, e não ficar lamentando que nunca mais a verei. É claro que rola uma saudade, uma puta tristeza, mas é bom poder pensar que eu vivi coisas boas com a pessoa, que ela me acrescentou algo positivo à vida, e que ela fez diferença na minha vida porque eu estou viva agora e eu tenho que carregar as lembranças dos que já se foram antes de mim...
A certeza da morte que eu carrego em todas as fibras deste meu caco de ser é o que me impulsiona a fazer coisas estúpidas porém necessárias como, por exemplo, dizer pra um cara que não me vê que eu gosto dele. A certeza da morte não quer que eu guarde esses arrependimentos das coisas que eu queria fazer e não fiz, de tudo o que em mim eu fiz calar por medo...

Agora estou me sentindo vazia... como uma casca de ovo sem nada dentro... inútil... estragada... Será que algum dia na minha vida eu já fui necessária na vida de alguém? será que quando eu morrer alguém vai poder dizer isso, dizer que eu fiz diferença em sua vida? Bem, isso não vai fazer diferença nenhuma pra mim depois que eu estiver morta porque, enfim, retornarei para o Nada... mas enquanto estou viva eu penso nesse tipo de coisa...

Ouvi aquela bendita música dos Los Hermanos não sei quantas vezes... Ela é tão a minha cara! Tudo bem, eu sei que deve ter milhares de pessoas que pensam a mesma coisa, mas, foda-se!, é como se tivesse sido escrita por mim, pra mim, falando a meu respeito tanto como vítima quanto como algoz... Acho que sou um tipo muito estranho de narcisista... sempre acho que tudo o que é triste é feito pra mim... acho que não é narcisismo, é mania de perseguição mesmo...

Eu me sinto culpada e irremediavelmente condenada a não ter paz comigo mesma. Eu sempre acho que tenho certeza sobre o que quero, meus snehores, mas essas certezas duram tão pouco! Tão pouco! Culpa é a única coisa que permanece, só muda de assunto, mas está sempre presente aqui...

Sabe, o filho da minha colega morreu e eu pensei, meus deuses, não quero deixar arrependimentos quando chegar a minha vez. A minha vontade era agarrar Meu Certo Alguém e lhe dar um beijo ali mesmo, na frente de todo mundo. Mesmo que ele me empurrasse, me chamasse de louca, pelo menos esse arrependimento eu não levaria pra o tumúlo. E talvez as lágrimas que eu derramo agora fossem de felicidade...

Não tem como não me snetir triste diariamente, meus snehores! Eu olho pra ele todo santo dia e é como se eu não existisse porque eu vivo uma mentira. Eu não estou ali de verdade. Meu corpo está. Mas eu não posso dizer nada do que realmente quero, não posso fazer nada do que realmente quero. Eu tenho que respeitar o espaço dele, os limites dele. Ainda que isso me faça muito mal, eu preciso me conter pra que ele não passe por momentos constrangedores porque eu gosto dele, não posso fazer nada pra prejudicá-lo, magoá-lo... Embora meu orgulho ferido às vezes queira um pouco de vingança, mas não dá, não dá! Não é culpa dele ele não gostar de mim... Malditas assincronias! Malditas!
Talvez se eu não o visse mais... mas a escola é boa lá, eu não queria ter que mudar por causa dele... espero tê-lo esquecido até o final do ano. Espero conhecer outro cara que roube a minha atençãoe com o qual eu não conviva com tanta proximidade. Até parece... desde quando em acontece aquilo que eu quero???

terça-feira, agosto 15, 2006

o que os olhos não vêem...

Há um tempinho atrás minha atenção esteve voltada pra um menino do Rio, mas tudo terminou numa briga bizarra. Pois bem, hoje ele me aparece do nada no msn e diz que só queria saber como eu estava. Quando eu respondi, ele disse que estava feliz por eu estar bem e saiu. Achei muito estranho. Mas não vou adiciona-lo aos meus contatos e nem muito menos mandar e-mail. Parte de mim até queria porque eu gostei dele, achei que a gente tinha uma chance, mas foram tantos os atropelos no nosso curtíssimo percurso que eu desisti. Acho que ele esperava que eu lhe escrevesse ou que disesse milhões de coisas, mas eu não farei nada disso. Sim, meus senhores, eu espero mesmo sempre o pior dos homens, especialmente depois que eles já mostraram as garrinhas. Acredito no que me dizem até eu ter motivos pra começar a desacreditar. As pessoas conseguem dizer muito sobre si mesmas quando estão numa discussão. Ele me disse tudo o que eu precisava saber pra querer distância dele na nossa última ‘conversa’... Mas ele não foi o único. Infelizmente não.
Whatever.

Voltei a trabalhar hoje depois de ter ficado na moleza quinta e sexta. Meu Certo Alguém já estava lá quando cheguei e falou ocmigo e me perguntou como tinha sido e se eu estava bem... Conversamos direitinho, eu não passei mal nem nada. Embora toda vez que eu olhe nos seus olhos eu tenha vontade de chorar no fundo... Quando ele me perguntou se eu estava vendo direito, deu uma puta vontade de dizer que o que eu mais queria ver mesmo era ele vindo na minha direção pra me abraçar e dizer que estava tudo bem, que ele queria ficar comigo... mas eu não disse isso, claro, só disse mesmo que estava enxergando ok. Uma coisa é a gente conversar normalmente, fazer piadinhas e tals, outra bem diferente é eu dizer pra ele o que sinto e o que penso sem ele me ter perguntado. Não quero causar problemas pra mim mesma no trabalho e nem transformar aquilo ali num ambiente desagradável. Putz, se ele soubesse como eu estava com saudade dele, como eu queria vê-lo, como eu queria vê-lo direito, sem lentes entre os meus e os seus olhos... Não sei se el consegue perceber que eu olho pra ele com o meu coração míope... Ai, meus deuses, que triste é tê-lo perto dos olhos, tão perto... ele estava ali ao meu lado, eu sentada e ele em pé... eu até cheguei a toca-lo hoje, de leve, pra que ele desse licença pra eu mexer no meu armário, mas isso é tudo o que eu posso ter com ele, esse é o máximo de contato. E meus olhos bons não são suficientemente bons pra ele. Estou vendo melhor e vejo que ele não me vê, continua cego pra mim.

Do apartamento do lado o som de cama arrastando. Será que ele tá trepando? Só dá pra ouvir o som seco de algo arrastando no piso de madeira. Antes estava mais alto e sincopado, agora aparece de vez em quando e num ritmo inconstante. Agora tá intenso e rápido. Acho que sou a única pessoa dessa cidade que tem todos os pré-requisitos para, mas não faz sexo... que podre isso... Podre!

Ele me causa um estranhamento tão grande! Ele é Alguém que não pode ser concreto, palpável pra mim. Ele está ali, bem ali, logo ali e, no entanto, só me é possível em sonhos... agora mesmo é que o verei todos os dias. O verei bem, nitidamente, sem manchas, sem nada. Não sei se é pior vê-lo ou não vê-lo... Ainda continuo desconfiada do affair dele e da outra. Não tenho nada a ver com a vida dos dois, mas que isso me incomodaria muito, isso incomodaria. E se eles aparecerem juntos? Ai meus deuses! Nossa, preciso me preparar pra receber esse baque. Preciso estar psicologicamente preparada pra vê-los juntos bem na minha cara e não desabar, não cair em choro compulsivo e nem dar uma de barraqueira. Sei lá, sempre fui calma e consigo reprimir minhas emoções em público, mas isso seria muito foda. Ai meus deuses! Tomara que eles só se assumam no finalzinho do ano, de preferência no ano que vem se eu não estiver mais ali. Taí uma cena que eu não gostaria de ver e nem tampouco de tomar conhecimento... putz, preciso mesmo me preparar pra ver isso e sair numa boa de perto.
Sabe, meus senhores, eu fico com vergonha do que os meus outros colegas de trabalho diriam sobre isso d’eu gostar de Alguém. Bem, eu sei que eles até gostam de mim lá e tudo mais, mas uma coisa é você achar a pessoa legal, outra muito diferente é querer ter qualquer envolvimento afetivo/romântico/sexual com essa pessoa. Eu sei que ele me acha legal, mas isso não foi nunca o bastante pra ele se interessar por mim. Preciso realmente entrar numa academia. Preciso malhar e deixar esses pensamentos infrutíferos pra lá. Sabe o que é pior? Quando eu o vejo, fico feliz por poder vê-lo...
Queria poder ter uma foto dele pra ficar olhando pra ele, olhar Alguém é coisa que eu gosto muito. Descobri hoje que gosto até do pé branquelo dele... Putz, como eu sou patética... Meus senhores, ele, Alguém, o Meu Certo Alguém, não tem a ver comigo, fora que o cara não me dá a mínima... o que, diabos!, eu vi nele pra gostar logo dele? Eu não deveria gostar dele não. Eu não deveria gostar de ninguém nunca mais! nunca mais até que alguém que realmente valesse a pena gostasse de mim antes e me dissesse isso em tempo hábil de se fazer algo positivo a respeito. Eu queria poder gostar só do cara que gostasse de mim... Até isso acontecer, ou seja, até o Dia de São Nunca, melhor eu ficar quietinha na minha, sem olhar pra mais nenhum cara. é isso aí, preciso mesmo é de tempo pra investir em mim. Me cuidar melhor, tanto do corpo quanto da alma. Claro, meu senhores, vai que eu tenho mesmo uma alma, de verdade? Melhor prevenir do que remediar!

Bem que o Meu Certo Alguém podia acordar logo pra vida e perceber que me adora, né? :< A vida é curta, Alguém! Curtíssima pra ser desperdiçada assim....

segunda-feira, agosto 14, 2006

adeus à miopia...

Dei adeus à miopia nesta quinta-feira passada. Pelo menos até agora parece que foi a melhor coisa que eu fiz com o dinheiro do cheque-especial...
Desde então estive na casa da minha irmã e, no sábado, fomos pra chácara (que fica perto de Luziânia) do meu tio do Gama . Só fui mesmo porque já havia combinado com minhas irmãs porque pensei que fosse estar dependendo de cuidados, mas descobri que só foram necessários até eu poder abrir os olhos cinco horas depois da cirurgia. Mas, até que foi bom ter ido, descansei bastante. Eu poderia até ter ficado em casa, mas não fazia idéia que o resultado era tão imediato. Estou enxergando! Enxergando sem óculos e sem lentes de contato! É fabuloso!!! Nesses dias, toda vez que eu me deito pra dormir penso, putz, tenho que levantar pra tirar as lentes.... mesma coisa quando vou tomar banho... Ainda não me acostumei que estou enxergando mesmo sem esses auxiliares que me acompanharam durante tantos anos... Agora quem vai ter que me acompanhar pelos próximos dois meses são os colírios e, pra sempre, os óculos escuros.

Mas uma coisa está realmente me incomodando nesses últimos dias: a proximidade do Leitor. Este caro Leitor já me gravou outro cd (o terceiro da série), me mandou mensagem, ligou já umas três vezes esta semana, ainda que eu mesma não tenha dado meu número a ele. Esta proximidade está me deixando hesitante sim. Gato escaldado tem medo de água fria, meus senhores. Eu espero mesmo que essa sensação estranha seja apenas fruto da paranóia que ele próprio instalou em mim. De qualquer forma, quero avisa-lo que não há a menor possibilidade de uma recaída, não mesmo. Não que eu não tenha até vontade e curiosidade, mas a questão é que eu me chateei tanto, me aborreci tanto com coisas que ele fez e que eu não ouvi de ninguém, além dele próprio, que ele se arrependera. Mas é claro que isso é importante, meus senhores, isso é fundamental! Porque eu ouvi muito, demais mesmo, o quanto eu era uma pessoa horrível, a própria Bruxa do 71, mas não ouvi nenhuma vez essas mesmas pessoas dizerem “pois é, Verônica, o Leitor me disse que te pediu desculpas, que ele vacilou contigo...”. E, meus senhores, neste caso específico, eu me importo com o que os outros dizem, porque esses “outros” estão muito próximos de mim. Não o bastante pra me conhecerem bem como eu imaginei que conhecessem, mas o suficiente pra me aborrecer indo-e-vindo com essas estórias rotas e mal contadas. Agora não adianta mais porra nenhuma alguém, qualquer pessoa, vir me dizer que ele me pediu desculpas porque isso seria tentar usar meu blog contra mim e seria ainda mais inútil. Mas eu quero deixar bem claro porque a carne deve se calar diante do peso das lembranças. Tem certas coisas que nem eu com esta minha memória horrível consigo esquecer. Aliás, eu não quero esquecer, apesar de não achar nenhum pouco divertido me lembrar. Eu não posso esquecer que fui ferida e difamada pelos quatro cantos dessa vila, desse povoado que é Brasília. Nenhum argumento seria suficiente pra apagar a dor que eu senti. Eu acho que é realmente melhor deixar pra lá e tentar seguir adiante, tentar fazer uma convivência pacífica, mas esquecer, meus senhores, isso eu não esqueço não. E cada vez que o Leitor me elogia ou faz qualquer coisa fofa pra mim, como gravar um cd, eu lembro vividamente que passei por coisas que não merecia por um capricho dele.
Vocês realmente acham, meus senhores, que, sendo orgulhosa como sou, eu apareceria por aí com o mesmo cara que andava falando mal de mim à deus e todo mundo? Que tipo de pessoa eu seria? Acho que talvez ele próprio não tenha parado pra pensar nisso, que teria que encarar todo mundo pra quem me desfez. Que tipo de cara esculacha uma menina e depois saí por aí de braços dados com ela? No mínimo alguém que não sabe o que diz ou então alguém doidinho pra ser sacaneado de novo, porque, after all, era essa a mensagem: “essa mina me sacaneou”.
Ah, meus senhores, eu realmente espero que isso seja só coisa da minha cabeça paranóica mesmo.
Outro dia ele me perguntou o que eu achava dele. Não me ocorreu que ele pudesse estar tendo esse tipo de recaída. Se eu tivesse pensado nisso, teria dito o que aqui escrevo pra ele porque não tenho o que lhe esconder e ele sabe disso. Não sabe, Leitor?
Espero que amizade seja o motor único dessa aproximação, desse cuidado. Porque nada mais ele há de receber de mim. Além do mais, seria imoral se aproveitar do meu momento de fragilidade pra obter qualquer coisa de mim além de amizade desinteressada. Imoral!

Meus senhores, estou frágil sim, carente sim, mas estou numas de cuidar de mim e foda-se o resto! Gosto de um cara que não me dá a mínima, foda-se ele! Vou é voltar pra academia e gastar umas calorias malhando. Os homens têm bloqueio comigo, ok, a vida continua. Talvez eu seja mesmo maníaca-depressiva, mas esse ciclo de mania eu vou reverter ao meu favor então, vou me concentrar em mim e na UnB porque isso vai me dar lucro. Família e amigos têm espaço garantido pra mim, mas homens, esses não me vêem mesmo, que diferença faz – pra eles – se eu parar de me preocupar com eles? NENHUMA! Eu não faço diferença nenhuma no mundinho dos homens, então eu só tenho mesmo é que me preocupar com o meu mundinho, porque esse tá sempre à beira do abismo na minha cabeçona. Meus senhores, se o Meu Certo Alguém caísse na real e caísse na minha, lógico que eu aceitaria, não sou masoquista. Mas esta é uma possibilidade tão remota que não dá pra ficar esperando por isso não. A vida continua, mesmo que eu prefira que ela dê uma pausa. Eu e ele estamos perdendo tempo precioso de nossas vidas separados, mas eu fiz a minha parte. Ele não gosta de mim, o que ele pode fazer? Ele não tem mesmo que ficar comigo só pra não ficar sozinho ou pra que as pessoas vejam que ele não é gay. Aliás, pensar nisso me deixa ainda com mais vontade de tê-lo ao meu lado porque ele vale à pena. Ele é muito diferente de todos os outros... E, é muito mais provável, que ele goste de baixinhas peitudas e desbocadas. Talvez ela o faça rir muito mais do que eu. Talvez ele a considere muuuuuito mais atraente do que poderia me considerar. Talvez ele veja nela a mãe dos seus filhinhos que, aliás, eu nem quereria ter... Putz, eu não sirvo pra ele não. Eu sou uma debilóide cuja cabeça está repleta de devaneios inúteis sobre ele...
Mas aquela música do Los Hermanos, do lado de dentro, ainda fica me martelando incessantemente... Que cosia mais patética...
Putz, preciso realmente encomendar o mais rápido possível o remedinho que a homeopata receitou... Preciso de ajuda – qualquer ajuda! – pra tentar ser mais equilibrada ou, pelo menos, menos desequilibrada...
Eu não sou debilóide coisíssima nenhuma! Eu sou uma menina gente fina. Sou engraçada, normalmente, e gosto de conversar sobre quase tudo, não fico xaropando por causa de religião, não fico pegando no pé de ninguém... eu sou legal. Não sou tão feinha quanto costumo achar, apesar de estar com o rosto enchendo de espinhas, mas já fui procurar ajuda médica por conta disso, não vai durar pra sempre essa pele de chokito. Sou chata quando quero, mas isso não é tão freqüente. Enfim, ele teria tanta sorte de me namorar quanto eu de namora-lo. Eu sou uma namorada bacana que se esforça pra agradar. Óbvio que tenho minhas limitações como as têm todo mundo, e costumo ser brava com determinadas pessoas em determinadas situações, mas isso não é coisa pra acontecer o dia inteiro todos os dias. Eu procuro ser calma e conversar com os namorados, mas paciência também tem limite.
Bem, se ele preferi-la à mim, o que eu poderei fazer? Não vou abraça-los e desejar que sejam felizes pra sempre porque isso seria falsidade deslavada. Quero que eles sejam felizes sim, ele comigo e ela com outro. Mas não os dois juntos. Não desejo mal nenhum a eles como casal, mas também não vou ficar agindo na falsidade. E, se por acaso ele ou ela me perguntarem alguma coisa, eu responderei com a sinceridade que me é própria. Espero que não me perguntem nada porque isso seria muito constrangedor... Putz, eu passo muito mais tempo no trabalho do que aqui em casa... mas o ano está acabando e, espero, essa novela mexicana também. Eles que vão cuidar de sua vida em comum e eu que vá cuidar da minha. Gosto muito dela, longe, beeeeeem longe dele, mas eu sou apaixonada pelo cara o que é que eu posso fazer?

Boa noite, meus senhores, e desejem-me sorte no meu projeto de assexualidade... Enfim, já que não posso tê-lo, melhor nem sentir que ele existe...

segunda-feira, agosto 07, 2006

sete de agosto

eu precisava olhar a lua cheia de novo, vê-la bem no meio do céu, boiando como se fosse num dos meus sonhos.
peguei todos os sinais fechados pra pedestres, mas tudo bem, eu gosto de andar a pé de noite. o peso das sacolas das americanas não me incomodava tanto.
eu tinha que ver um filme e, depois, ver a lua. preciso fazer como se tudo estivesse correndo normalmente. porque se eu tropeçar e as cosias derem errado, só vai haver a escuridão. eu só posso esperar que tudo dê certo, que as cosias fiquem bem, mas e se não derem? e se tudo o que poderia der errado der errado? não estou preparada pra não ver mais a lua, nem as pessoas que eu amo, nem as cores do pôr-do-sol...
não é agora que estou preparada pra escuridão, pra o esquecimento, pra essa solidão ainda mais aguda e irreversível.

ontem, na casa de meu pai, minhas irmãs e um dos meus irmãos, o padre, relembraram passagens medonhas de suas infâncias. eu não disse quase nada. fiz questão de esquecer quase tudo o que vivi. e o pouco do que me lembra eu tento transformar em outro tipo de verdade, tento dar leveza. não sei como eles, tendo vivido o que viveram, são capazes de ir à casa dela, de se importar com ela. eu somente quero esquecê-la. gostaria de esquecê-la como se ela nunca tivesse passado pela minha vida. minha progenitora, aquela que nunca me quis e sempre fez o possível pra tornar minha vida miserável, seca, estéril. se houvesse mesmo um procedeimento como em "o brilho eterno de uma mente sem lembranças", eu faria. tiraria ela de todas as minhas lembranças. não sei como ficaria o resto da família na minha cabeça, provavelmente eu gostaria de deixar só os momentos bons dos meus irmãos e eu e até do meu pai, o negligente. não o perdôo também, esse é o tipo da cosia pra qual não existe perdão, não pra mim. meus irmãos que façam como bem entenderem, mas eu nunca tive jeito pra hipócrita. e só minto quando realmente acho que vale a pena e, neste caso, não vale.

não fui trabalhar hoje. saí de casa crente que iria, mas não fui. problemas ainda com os óculos e com os exames. fazendo uma retrospectiva: quinta-feira numa festa eu deixei os óculos caírem e alguém pisou em cima e o óculos ficou todo estropiado. na sexta eu não conseguia ver direito com os óculos mas queria ver uma palestra sobre uma exposição no ECCO sobre Hiroshima, então pus as lentes de contato e fui. as lentes de contato irritaram tanto meus olhos que tive que ir embora do trabalho no segundo horário, direto pra o oftalmologista que me passou um colírio pra inflamação causada pelas lentes. fui a várias óticas e os atendentes todos me disseram a mesma coisa, que poderiam apertar os parafusos do óculos, mas que se mexessem na armação ela se romperia, então ele ficou um pouco menos torto, mas ainda me deu umas dores de cabeça. fui pra uma festa no conic, mas estava cansada e fui embora antes das 3h da manhã, mesma coisa da festa de quinta. estou me sentindo tão entediada e cansada de tudo, inclusive das festas... a impressão que tenho é que tudo o que poderia acontecer de legal numa festa contece só até as 2h. depois é tudo a mesma coisa. é um pensamento estranho, mas é o que tenho sentido.
no sábado eu enrolei o dia inteiro, fiz compras, tentei costurar, tentei ler, tentei ouvir música. estava meio agitada, e, ao mesmo tempo, sem energia pra nada. sei lá. de noite fui ao aniversário de um amigo, depois ao de outra amiga e, por fim, a um chá de fraldas vanguardista no conic. levei minha sobrinha comigo pra o chá de fraldas. ela até que gostou. eu também. mas me diverti mais nos aniversários, especialmente no primeiro porque só tinha gente conhecida lá e rimos muito vendo vídeos xaropes no youtube. o segundo foi uma coisa muito mais light, até porque eu fiquei muito pouco tempo e só conhecia as donas da casa e mais umas poucas pessoas, inclusive uma que eu preferiria evitar de encontrar, apesar de não ter sido tãoo ruim assim... mas, enfim, tenho que aprender a lidar com isso também. no sábado minha cabeça doía constantemente de forma estranha, latejando, creio por conta dos óculos totalmente tortos.
no domingo eu fui pra casa do meu pais com minha sobrinha e meu irmão padre. eu tinha duas festas pra ir, mas acabei perdendo a vontade de ir a ambas. preferi dar mais atenção ao meu irmão que vai embora daqui uns dias. as festas acabam sendo sempre as mesmas e eu acabo indo só pra dançar mesmo, mas a verdade é que posso dançar em casa, posso dançar na próxima festa. nada de excepcional acontece e eu não sou necessária em nenhuma, então, não preciso ir, eu posso ir só quando realmente estiver com vontade mesmo de dançar fora de casa. talvez eu me divirta mais mesmo indo ao cinema ou indo jogar na casa de amigas. acho que o grande problema é que tenho sentindo muitas expectativas com relação a festas e nada nunca acontece. nada nunca acontece.
hoje, segunda, fui ao oftalmo fazer uns exames e num deles minha pupila foi dilatada permanecendo assim durante quase todo o dia, só voltei a poder encarar a luminosidade do dia depois das 16h, isso porque a mocinha me garantiu que o efeito passaria em duas horas. foi por isso que não fui trabalhar hoje, fiquei morgando na casa da minha irmã até conseguir ir embora. e ela ainda teve que me buscar no consultório porque eu não conseguia manteer os olhos abertos fora de sombras e/ou lugares fechados. não deu nem pra aproveitar e ver meus seriados reprisados na tv dela porque eu não tava enxergando quase nada, nem de óculos. ao sair da casa dela, fui pra kingdom dar uma entrevista pra o canal da justiça sobre justiça trabalhista e preconceito estético. falei sobre como foi entrar no mercado de trabalho com tatuagens e piercings, preconceito, relações entre colegas e trabalho e coisas do tipo. foi bacana. dei a entrevista sem óculos porque ele tá me machucando atrás da orelha e tava torto ainda. depois eu fui ao pronto socorro dos óculos e o cara colocou uns pininhos de ferro na partezinha que liga as lentes porque eu deixei os óculos caírem na kingdom e ele partiu no meio... coisa bizarra! tentaram colar com superbonser rpa mim, mas eu deixei cair de novo e aí não queria colar mais de jeito nenhum. tentei até durex, mas também não funcionou. aí fui lá e o cara deu um jeitinho. decidi que veria um filme e fui ver " a prova" com aquela sem-graça da Gwneth Paltrow, mas como tinha o Anthony Hopkins que é ótimo e o lindinho-esquistão do Jack Gyillenhaal, eu me interessei. gostei do filme. acho que eles poderiam ter colocado uma atriz mais expressiva, mas, enfim, ela não esteve tão ruim, o lance é que ela é sempre ela em todos os filmes e, no caso dela, isso não é bom. se fosse o Robert deNiro interpretando ele mesmo, como ele faz às vezes, ou o Jack Nicholson faz sempre, aí seria outra estória. mas, enfim, eu gostei do filme, da estória. triste mas não o suficiente pra comprometer minha noite com pensamentos dramáticos, mas também não esperançosa o suficiente pra me arrancar dos meus costumeiros devaneios do tipo "niunguém em ama, ninguém me quer, ninguém me chama de Baudelaire..." é que teve uma cena em que a Gwneth e o Jack estão começando a se amassar e aí ela diz sontransgida que está sem prática. putz, na hora eu pensei, meus deuses, eu também! será que eu ainda vou lembrar um dia como é dar uns malhos? saí do cinema e vim caminhando e pensando que talvez eu não saiba mais como beijar! pode aprecer absurdo, mas é essa a impressão que eu tenho. meus senhores, acho que eu não sei mais como é o gosto de um beijo. eu lembro que eu gostava muito de uns e não gostei nem um pouco de outros, mas como era, exatamente como era eu não consigo lembrar e faz tempo. eu me esqueci dessas cosias todas. sexo então, aff..., disso eu nem me lembro mesmo! não lembro mais o que eu sentia. não lembro. e, mais uma vez, me vem aquele pensamento de que eu deveria era ter ficado virgem pra me poupar a falta que isso faz. já disse e vou dizer de novo: detesto essa coisas que precisam, que exigem a presença física de outra pessoa. detesto! mas, enfim, esquecer é mesmo a melhor coisa a fazer porque aí isso me incomodará cada vez menos. nos primeiros meses me incomodava muito mais, agora... agora eu tento me lembrar como era, gostaria de saber de novo como era, ou como pode ser, mas isso não depende só de mim, e, por isso, é melhor deixar quieto.
whatever...

meus senhores, tenham todos uma boa noite e até uma próxima oportunidade.

quarta-feira, agosto 02, 2006

dois de agosto

Acabei de voltar da rua. E a saída foi ótima! Fui à abertura do V Festival de Bonecos achando que ia ser uma coisa assim bem light, só pra eu me distrair mesmo, talvez rir um pouquinho, conversar um pouco com meu Novo Amigo (aquele que esteve trabalhando comigo até mês passado)... Mas, nossa, as apresentações foram muito legais, especialmente a caveirinha cantando Pulso do Titãs! Depois ainda rolou uma maria-isabel com caldo de feijão, cachacinha e pé-de-moleque. Tudo delicioso! Ah, e pra fechar com chave de ouro: forró!!! Eu e o Novo Amigo dançamos até o conjunto ir embora. Foi excelente!
Eu me surpreendi mesmo com o menino, ele dança suuuper bem!
Ah, e ainda tinha lua no céu, vejam só que cosia linda, meus senhores. Essa noite foi show de bola. Gostaria de ter outras quartas-feiras assim... Tomara que eu tenha!
A única coisa da qual eu senti muita falta foi beijar, porque quem eu queria beijar não estava lá...

como dois e dois

Acho que estou numa fase de desafiar meus limites. Acabei de voltar do trabalho, mas isso é normal, isso é cotidiano. A barreira que eu rompi foi voltar do trabalho de carona com o Certo Alguém. Eu não precisava, claro, e por isso me pareceu tão necessário chegar nele e muito informalmente perguntar se eu poderia pegar uma carona hoje até em casa. Ele pareceu meio surpreso, mas disse que sim na hora. Mas posso apostar que ele deve ter ficado imaginando o que eu poderia fazer sozinha com ele no carro. Mas eu não tinha a menor intenção de fazer qualquer coisa além de conversar normalmente com ele. Meus senhores, ter intenção é uma coisa, desejar ardentemente algo é outra bem diferente daqui de onde vejo as coisas. É claro que eu desejei que algo acontecesse, algo do tipo ele olhar pra mim e me agarrar, mas eu desejo sempre coisas tão absurdas que nem eu mesma acredito que elas possam acontecer, por isso, mesmo desejando uma cosia, eu não tinha a menor intenção de fazer nada além de romper esse obstáculo: falar com ele normalmente.
Meus senhores, o outro, A Ilha, mexeu demais comigo, mas ele foi impossível de um jeito tão intenso que não dá pra levar como uma paixão ou coisa assim, ele não me fez gostar menos de Alguém. Alguém tem um lugar que ainda não foi perdido pra nenhum par de olhos. Acredito que a gente possa gostar de mais de uma pessoa ao mesmo tempo, mas isso não significa que eu não acredite na monogamia; a vida é uma questão de escolhas. E, se por acaso eu tivesse me dado bem com Alguém, por mexida nenhuma eu o trocaria pelo Homem-Ilha. Gostar de dois é uma coisa, namorar dois é outra totalmente diferente. Bem, de qualquer forma, me comportei suuuper bem, conversei direitinho, o olhei nos olhos, não fiquei tremendo nas bases, enfim, consegui superar o obstáculo da conversa. Conversei normalmente com ele durante o dia todo, fiz piadinhas até. Me sinto bem, mas a verdade é que se ele tivesse perguntado, eu teria dito a verdade, que gosto dele sim, só que não estou mais surtando.

recolocar

Recoloquei dois dos meus piercings, o da língua e a argola no nariz. Não sei como, mas os buracos não fecharam mesmo depois desse tempo todo. Essa semana pretendo passar no freakshow pra recolocar a trave na orelha e a argola no lábio.
Ah, meus senhores, minha experiência foi só uma perda de tempo, eu sou uma pessoa estranha mesmo sem os piercings, só que, sem eles, é como se eu fosse mais artificial, além d’eu ter me sentido como desistindo de algo muito maior, das minhas convicções, da minha moral, do meu caráter. Os preconceituosos que se fodam! Quero usar meus piercings de novo e não tira-los a não ser que haja uma coisa extraordinária.

a volta

Voltei.
Bem, na verdade eu voltei, mas alguma coisa ficou lá naquela Ilha Grande, e, em troca, ela me deu algo também. Foi uma troca estranha. A Ilha imprimiu algo em mim. Ou talvez tenha sido eu mesma que me mudei um pouco, mudei de perspectiva.
O que era meu e ficou lá foi assustador. Ficou lá mas está aqui em forma de ausência, de falta, de dor, de frustração. Meus senhores... Nunca houve uma semana tão intensa, tão misturada, tão terrível, tão linda e entediante na minha vida. Porque eu conheci um cara que me tocou de um jeito tão estranho que só não foi lindo porque foi horrível, foi brutal, não literalmente falando porque ele mal me tocou; foi brutal porque ele me tirou do prumo, da certeza de apatia recíproca entre mim e qualquer outro homem. Ele me dilacerou com frases num português mal dito (desculpem pelo trocadilho, não foi intencional). E porque somos muito parecidos, cada qual fugindo desesperadamente de seus medos, ele nunca soube o impacto que causou em mim, e eu não saberei dele mais nada, nunca mais e acho que isso é o melhor porque se eu conheci um cara, quase um garoto, que me causou assim essa desestruturação, e ele não quer ter responsabilidade nisso, não quer tomar parte, não quer nenhum envolvimento a não ser com mulheres descartáveis, então ele não tem lugar fora do meu coração. Ele jamais poderia habitar qualquer outro lugar, jamais poderia ser alguém com e-mail, com celular, alguém que tentasse me escrever dizendo generalidades e me perguntando sobre a vida. Chega uma hora em que a gente tem que optar pelo menor sofrimento... Eu optei por não pedir a ele o que eu queria, um contato.



Esse cara, esse cara me consumiu mais intensamente do que qualquer outro e isso é tão trágico quanto patético porque eu dispus de todas as minhas armas pra me defender e ele me dobrou como se eu fosse um papel. Não precisou me dizer muitas coisas, me disse só tudo o que eu não sou, tudo o que era ele na verdade. Ele me fez rir, me ofendeu, dançou comigo sem música, me elogiou, me fez chorar sozinha num banheiro de madrugada, me olhou felinamente, e partiu meu coração. Não sei como é que isso tudo pôde acontecer tão intensamente com um cara que eu mal conheço, que mal me conhece. Só sei é que dele não me esquecerei jamais porque ele gravou com fogo e sal seu nome em mim. Só sei que eu saí de perto dele tantas vezes quando tudo o que eu queria é que ele se calasse e me calasse com um beijo. Mas a gente só trocou mesmo um abraço, só um único abraço quando ele partiu. E ele demorou tanto tempo pra sair dali e mesmo tendo deixado sua mochila perto de mim, aos meus pés, deu tantas voltas quanto conseguiu pelo lugar e, quando conseguiu pôr a mochila nas costas, se afastou e acenou de uma distância segura pra mim. Foda-se esse meu orgulho, eu pensei, e me levantei e o abracei como eu pude naquele momento... Meu coração em pedaços, eu em pedaços, eu querendo pedir pra ele não ir, pra ele ficar, pra me dar tempo pra me acostumar a não tê-lo de jeito nenhum, nem perto dos olhos... mas eu não disse nada além de “have a nice trip”, ao que ele respondeu “it was nice meeting you” e se foi.
Agora ele é o fantasma da vez, me atormentando os dias e as noites.
Eu devo ter visto coisas onde nada havia, mas eu não consigo acreditar que ele me tratava mal porque simplesmente não gostava de mim. Que ele não tivesse me suportado, isso eu até aceito, mas porque me tratar mal e me tratar bem numa alternância tão esquisita? Não consigo deixar de sentir que ele é ainda pior que eu, que fugiu antes de qualquer coisa, que queria se poupar tanto que pisaria no meu coração pra não se ferir. Ele me disse que eu era perigosa e noutra ocasião que eu brincava com o coração dos homens. Custei a entender que ele falava de si mesmo. Quem me dera se eu pudesse oferecer qualquer perigo a qualquer homem... Ninguém me deu bola naquela Ilha, do jeitinho que eu saí daqui eu voltei no que diz respeito a contato físico com o tão desejado sexo oposto... teria sido bom se tivesse acontecido porque, enfim, é bom se sentir desejada, mas nada houve. Quer dizer, nada além dessa coisa conturbada com ele que, é provável, só tenha existido na minha cabeça. Mas, sei lá, um cara que faz piadinhas e tira sarro da cara da gente falando um português super gringo não ia entender justamente o que eu lhe disse? Meus senhores, agora entra o julgamento de vocês, me ajudem! Vejam bem, eu disse a ele que gostava dele mas que o achava estranho porque ele me tratava de forma estranha. Aí ele disse uns “eu não estranho não” e me perguntou por que eu dizia isso e eu expliquei que ele era esquisito, que me tratava muito estranhamente, fazia piadinhas, depois me tratava mal, me tratava bem e me tratava mal de novo. O que ele respondeu? Meu senhores, ele me disse que não era estranho, que tinha dormido com uma mulher dias antes e que na noite anterior tinha dormido com outra e q talvez a encontrasse de novo mas que disse a ela pra ela “ir com outros homens” porque ele não queria se prender a ninguém, não queria ficar preso. E que eu não o conhecia. O que eu respondi? Nada. NADA! Fiquei com o choro travado na garganta junto com todas as palavras. Tanta coisa me passou pela cabeça, mas nada passou pela garganta... Eu me virei e saí. Prendi o choro o quanto pude, mas achei que ia ter um troço de tanto que me doía aquilo... Por que diabos ele tinha que me contar esses detalhes da sua vida sexual? Era pra me magoar, pra provar que é o tal, o fodão? É pra enfatizar que não quer nada mais que uma trepada com uma mulher a cada noite? O que foi mais triste, pra mim, nisso tudo, é que eu entendi que ele me disse ali, naquele exato momento, que queria comer todas as mulheres da Ilha menos eu. A mim ele fudeu em outro sentido, muitíssimo menos agradável... Achei que fosse desmaiar de tanta dor, mas eu só podia olhar pra frente, pra longe dos olhos dele, e andar entre a multidão. Eu queria ter sido teletransportada pra casa antes mesmo que ele terminasse a frase, mas ainda demorei muito tempo pra ir. Tive que encarar seus olhos durante o café da manhã do dia seguinte, e é dele a visão mais recorrente que tenho da Ilha. O sorriso, a voz, os olhos... É como naquela música: ele tem todos os defeitos que um dia eu sonhei pra mim...
Ah, meus senhores... ele é a Ilha da qual eu não queria voltar... mas ele me cuspiu pra fora, como o vulcão vomitando lava. Ele me cuspiu pra fora de si só porque eu cheguei perto demais... e o resto foi transformado em cinza... ele queimou tudo, reduziu a cinzas tudo o que tocou em mim. E não me sinto mais forte ou mais sábia, só me sinto anestesiada, como se tivesse sido dopada pra não desabar antes de voltar pra casa. Mas uma coisa é certa: espero que isso nunca mais me aconteça na vida. Nunca mais quero passar por uma experiência dessas na vida. Nunca mais quero que alguém cause um impacto dessa intensidade em mim se não for pra se deixar afetar por mim também. Sabe, meus senhores, é muito foda pensar que eu estive totalmente desbaratinada por um cara que não sente nada, absolutamente nada por mim, que me tratava de forma estranha simplesmente porque é estranho. Que eu goste de um cara que não gosta de mim, isso é clichê já, ok, já tá pra lá de lugar comum, mas me atingir assim, feito uma bigorna na cabeça, isso não é nada ordinário e eu detestei isso. Detestei!

Uma música que está me martelando a cabeça agora é Eighties Fan do Camera Obscura. A letra não tem nada a ver com ele, mas o jeito como a vocalista canta, a melodia... putz, fico arrepiada pensando nele... Mas, sei lá, ao mesmo tempo é como se essa música estivesse falando dele, daquele ar hostil de moleque, como uma criança acuada, e eu sou como ele. Não sei… As coisas ficam tão confusas quando eu me meto nelas...

"...I'm gonna tell you something good about yourself
I'll say it now and I'll never say it about no one else..."