Pode ficar com a mina dos
hummms. É isso o que eu diria agora.
Estou com raiva, estou sem sono.
Estou com muita raiva.
Emprego e cursos, né? É o caralho! É o caralho!
Impressionante como as pessoas continuam me surpreendendo negativamente.
Tenho certeza que agora eu ouviria “você sempre pensa o pior de mim”. Eu penso aquilo que me é dado pensar. Não invento nada do nada. As coisas estão aí pra qualquer um ver, eu não estou inventando nada. Se pensei no pior foi porque foi isso o que transpareceu, o que emergiu.
Meu amigos não me chamam de
minha menina. Uns me chamam de querida, outros de doidona, outros de Vevs, e assim vai, mas de
minha menina ninguém nunca me chamou. Já disseram que me amam, e é o que eu digo a eles e, quer saber, amar aos amigos é a melhor coisa porque eles têm consideração. Eles se preocupam comigo e tenho certeza de que nenhum deles faria algo pra me magoar.
Realmente está sendo cada vez mais difícil acreditar num amor possível.
Pode um sentimento tão nobre florescer entre meias-verdades? Acho que não.
Estou perdendo meu tempo. Já perdi mesmo o sono. E agora o que me resta?
Não quero falar com ninguém porque estou me sentindo tão idiota e tão envergonhada por isso que é melhor ficar só. Eu não saberia explicar como pude ser tão imbecil.
Sinto-me enganada, humilhada, aviltada. E o que é pior, com o meu consentimento. Sim, porque esse é o tipo da coisa que só se torna efetiva quando somos cúmplices.
Eu sabia sabia sabia que havia algo muito errado nessa viagem. Sentia que tinha coisas muito mal explicadas, mas pensei, eu sempre tenho que tentar tampar os buracos, pensei que todo mundo precisa de um pouco de espaço, de ficar sozinho, sei lá. Espaço, né? Sozinho, né? O caralho, digo eu!
Meus senhores, eu vos pergunto: como os senhores veriam o fato d’eu viajar, digamos pra o Rio de Janeiro, agora, nesse final de semana + feriado, e resolvesse assim como quem não quer nada, visitar um amigo que só eu conheço lá. Mas a questão é, se eu tenho um namorado, os senhores não acham que eu, enquanto namorada, deveria convidá-lo a ir comigo já que ficarei num hostel e não na casa de parentes ou amigos? Os senhores não acham que, já que eu vou encontrar esse amigo, que é obviamente – claaaro – apenas um amigo, que eu poderia ter comentado com o meu namorado que encontraria esse tal amigo lá? Afinal, é apenas um feriado no qual estarei longe e, por acaso, encontrarei um amigo. Tudo bem que é um amigo de internet que fica me mandando scraps cheios de reticências e
hummms e
minha menina, mas que mal pode haver nisso? Meus senhores, é tudo na inocência, tudo na amizade! Como meu namorado poderia ficar zangado comigo?!
Ora, faça-me o favor!
Eu sou um pouco lenta, lerda, tudo bem, mas não posso ser tão idiota assim a ponto de achar que é tudo amizade, tudo na inocência. Faça-me o favor.
Por acaso eu tenho sangue de barata? Não tenho sangue nas veias? Se as pessoas não querem ser vítimas de mal-entendidos, que não armem situações embaraçosas pra si mesmas.
Estou com muita raiva porque eu gosto dele e achei que ele gostasse de mim...
Isso dói de tal maneira...
o ar está parado
pesado
eu acordei num pesadelo
olhei pela janela e vi o céu no seu colorido de chuva
a terra molhada
aqui, o ar parado
a casa em desordem
eu não estou mais aqui
não estou em parte alguma
meu coração já foi
acabou-se
engolido pela tempestade
dilacerado pelas mãos pequenas e macias daquele que deveria guardá-lo
quem disse que a vida é justa?
quem disse que a gente recebe aquilo que dá?
estou sozinha
ponto final.