terça-feira, maio 30, 2006

trinta de maio

Que dia... A manhã foi bastante comum, a não ser pelo fato de eu ter tirado o único 10 na prova na bibliografia da turma.
Alguém passeando na minha cabeça, volteando meus pensamentos, me confundindo, me entristecendo... E O Outro também, reinando nas minhas memórias recentes e passadas, me entristecendo e apetecendo também. Isso deveria ser proibido por lei, homens maltratando mulheres até por pensamento. Que absurdo!
Almocei com uma amiga querida. Comi uma mexerica de sobremesa, a primeira que eu comi no RU. Não gosto de comer mexerica fora de casa. Abri uma exceção por conta do meu humor, do meu desalento, por causa dos homens. Definitivamente, eu nunca mais deveria querer nada nada nada com nenhum deles. Espécie estranha.
Mas a tarde, ah, a tarde... Que tristeza! Meus senhores, será que um de vocês poderia me ensinar a não ter tanto medo, a sustentar os olhos na altura dos olhos de Alguém? Por favor!
Foi mais uma tarde fria, e eu sozinha, cercada por pessoas. Horrível. Odeio essa sensação! Odeio! E, no entanto, estou presa a ela. Não há pra quem acenar... Não há como deixar a vontade fluir, o grito sair da garganta, não há como não me reprimir pra manter a ordem, as aparências de normalidade... Vontade de sair correndo e gritando daquele lugar e não voltar nunca mais; ao mesmo tempo, vontade de esmurrá-lo, chutá-lo, porque me faz sofrer quando tudo o que deveria fazer era me desejar como eu o desejo; vontade de ouvir a voz dele, de tocá-lo, lambê-lo, senti-lo, chorar, rir, deixar tudo transbordar, inundar aquele emprego de amor, de sentimento... E, no entanto, mantive-me silenciada todo o tempo, não falei palavra que fosse com ele, Meu Certo alguém, certo, na medida, do meu modelo... não lhe disse uma palavra sequer, joguei-as fora diante dos outros. Mas elas, aquelas palavras, nada valiam, não eram feitas de nada senão tristeza dissimulada. As palavras pra ele estão aqui, entaladas no meu peito, zunindo entre minha língua e meus lábios, prisioneiras do NÃO, do medo, da tristeza... As palavras dele não podem ser dadas a mais ninguém, devem perecer, extinguir-se como fogo de vela que se consome...
E eu encolhendo diante da possibilidade remota dos olhos dele cruzarem o caminho dos meus... Eu sozinha tremendo de medo da vida, de ser engolida, morrendo de medo de acabar acreditando nas mentiras que devo me contar pra continuar andando, seguindo em frente nessa estrada sem paradeiro, sem rumo, sem nada...
É impreterível chorar, meus senhores.

segunda-feira, maio 29, 2006

oásis

Eu merecia, merecia algo de bom no final do meu triste dia. Merecia os lábios de Um Certo Alguém colados aos meus, língua, pele, suor entrelaçado. Eu merecia algo de bom. Mas Alguém não quis, achou por bem me ignorar, compactuar com meu silêncio mortificante. E eu sofri. Sofro ainda, mas não quero este sofrimento. Ele não me pertence, não deveria estar aqui já que os lábios dele também não estão. Agora eu resolvi que só vestirei luto, só sofrerei diante de causas justas, de amores vividos, de experiências concretas, de perdas, separações, enfim, coisas reais, que acontecem de fato. Chega de sofrer por algo que nunca existiu senão dentro da minha cabeçona de mamão. Chega. Estou farta desse sofrimento platônico que me revira as vísceras, que me corrói, que me castiga física e afetivamente sendo que nunca foi nada mais que uma idéia.
É duro, é difícil, mas eu gosto de Alguém que não gosta de mim. Preciso aceitar e superar isso. Pois bem, comecei meu processo de “cura” hoje mesmo. Transcendendo... Me concentrando na oportunidade de lábios mais anteriormente desejados. Foda-se ele, maldito Alguém que me tortura sem nem querer, foda-se esse gostar inútil. Eu precisava de um carinho, e eu o tive. Fez bem pra meu ego, pra meu coração partido, foi como emplastro sabiá. Foda-se o que sinto e não quer calar, meu desejo pelo Outro é grande também, visceral também, e mais antigo, muito mais antigo. E se não posso tê-lo também do jeito que quero, então o terei como as oportunidades permitirem. Talvez ele seja a grande conquista, meu obstáculo superado, meu muro escalado. Poderia ser. E quanto a Alguém, bem, eu gosto dele, como poderia desejar-lhe mal? Eu só quero o bem dele, embora fique magoadíssima que o bem dele não possa coincidir com o meu, ser convergente, se encontrar com o meu bem... Alguém que se cuide e seja feliz, ainda que longe dos meus carinhos. Eu quero ser feliz também, muito feliz, e se a oportunidade passar por perto, agarrarei seus cabelos. Ela que se descuide pra ver só.Ah, meus senhores, metade de mim está eufórica, a outra metade, querendo encher a cara ouvindo Maysa cantando Ne Me Quittes Pas... As duas metades vão se estapear durante muito tempo ainda, ainda que algum acontecimento faça uma delas prevalecer sobre a outra. Quisera eu poder escolher um determinado acontecimento pra favorecer o lado eufórico porque, vamos e convenhamos, meus senhores, eu bem que merecia uma trégua, um descanso de, no mínimo, uma década. Eu merecia viver um oásis, viver algo bom que durasse tempo o suficiente pra que eu me esquecesse como é ser triste...

domingo, maio 28, 2006

paliativos

Meus ouvidos zunem alto. Estou ouvindo mal por conta do som alto demais ontem. Fui a uma festa. Precisava sair, dançar muito, me exorcizar. Tem gente que prefere igreja, eu acho melhor ir à festas, mas como tudo na vida, sempre há um preço a se pagar. Ficamos muito próximas das caixas de som, por isso o zunido hoje. Foi bom ter saído, ter dançado muito, bebido um pouco, tentado rir das músicas que direcionavam mais ainda os meus pensamentos pra onde eles deveriam justamente se afastar... paliativos... paliativos... Não há cura, só paliativos. Mas dançar é bom, e eu quase consegui não pensar Num Certo Alguém durante um bom tempo, até tocar a música que caiu como uma bigorna na minha cabeça: what difference does it make?

“… now you know the truth about me
You won't see me anymore
Well, I'm still fond of you
But no more apologies
No more, no more apologies

I'm too tired, I'm so sick and tired
And I'm feeling very sick and ill today
But I'm still fond of you…”

Aí o resto da noite foi realmente no piloto automático porque eu só conseguia ouvir essa música dentro da minha cabeçona de mamão. Não me conformarei nunca com o fato de não pararmos de gostar imediatamente de quem nos dá um fora. Acho um absurdo isso! Deveria ser uma coisa de, no máximo, três dias. Aí, como se fôssemos personagens míticos, ressuscitaríamos da nossa própria dor no terceiro dia, abriríamos novas asas e voaríamos pra longe, bem longe daquela carcaça velha e dolorida, como as borboletas que saem dos casulos. Sempre fui lagarta, ainda não conheci o que é ser borboleta. E elas me fascinam. Adoro-as. Invejo-as.

E, mais que nunca, temo a segunda-feira, acordar cedo, ir trabalhar... ai, deuses, ir trabalhar será mais difícil que nunca... E sei que ninguém poderá compartilhar da minha dor, devo permanecer exatamente igual a todos os outros dias. Posso estar morrendo por dentro, mas ninguém poderá ler nada no meu rosto. Ao contrário, devo agir com indiferença, e ficar o mais calada possível e isso, ah, meus senhores, isso pra mim é tarefa homérica porque eu sempre falo demais quando fico nervosa, ou seja, nos momentos em que o silêncio mais me seria útil. Devo calar. Calar. Silenciar. Não olhar pra os lados. Devo preencher diários, concentrar-me na realização de tarefas não muito difíceis, e permanecer calada. Vou ficar mentalizando isso o dia todo, a noite toda até dormir, e amanhã vou acordar mentalizando isso, repetindo pra mim mesma, escrever à caneta nas costas da mão, e eu não vou dizer quase nada amanhã, eu vou conseguir passar desapercebida daqui pra frente, vou conservar meu sofrimento em mim e não vou demonstrar pra ninguém porque ninguém lá tem nada a ver com isso.
Já fui muito melhor nisso, na arte de não deixar transparecer absolutamente nada do que se passava em mim. Eu já fui ostra.
Trabalho não é ambiente pra se misturar esse tipo de sentimento. Não mesmo. E esse sentimento vai ter que morrer sufocado. Será asfixiado. E com ele, como de costume, uma parte boa de mim porque, como tudo na vida, sempre há um preço a se pagar. Sempre há um preço. E eu acredito muito que toda vez que temos que sufocar algo bom, algo puro, não é impunemente, não pode ser sem perdermos algo em nós mesmos. Triste isso, não, meus senhores? Mas a vida continua, and I’m still fond of him...

sábado, maio 27, 2006

meu erro...

Hoje eu vou matar aula
Hoje eu vou deitar e chorar até dormir
Hoje eu fiz algo estúpido que me custará horas, dias, semanas e meses de preocupação
Hoje eu não soube me manter quieta
Hoje eu falei demais
Hoje eu me descontrolei e abri a caixa de Pandora pra Alguém
Hoje eu me expus e falei francamente pra Alguém que mal me conhece, mal me vê e o pior é que, apesar de todo meu sofrimento, amanhã será um dia exatamente igual pra todo mundo no mundo, e eu terei que sobreviver a ele também, depois ao domingo, e chegar na segunda-feira com todos medo, com dor, e ser ignorada por Alguém porque eu mesma pedi pra ser ignorada, porque eu não me contento com pouco, porque eu quero tudo.
E de tanto querer, por tanto desejá-lo, sofrerei isolada dos olhos dele, serei esquecida pelos olhos dele.
Eu mesma soltei as palavras de descontentamento no mundo, eu mesma, mais ninguém. Eu cortei minha garganta pra não mais proferir palavra. Eu vazei meus olhos pra não mais ver. A mim não me interessa ver o que não poderei nunca possuir, e que, nos meus sonhos, me atormenta, me queima, me persegue.
Sentimentos dessa natureza só são bons quando repartidos, quando o sonho é de dois, quando a realidade de dois. E eu sou só uma, eu sozinha. Sempre eu sozinha.
Eu carregando o peso dessa porra de imaginação superprodutiva, que não dorme, que não me deixa em paz. Eu não consegui carregar esse fardo sozinha por mais tempo, eu precisava larga-lo no meio do caminho, ou talvez jogá-lo ao mar pra que ele se perdesse. Foi o que fiz, meus senhores, eu dividi meu terror, minha tristeza com Alguém, mas eu disse também “afasta-te! Não quero tua pena! Se não puder colher teus beijos, nada mais me interessa que saia de tua boca, então guarda para ti as palavras de consolo, as belas palavras de consolo, tão úteis para mim quanto para um ornitorrinco”. Eu não sei ser suave, e este Alguém faz bem por não me tomar a mão, por não me acalentar. Sou rude nos meus sentimentos, meu sangue é espesso, e jorra do peito pra fora, derramando carmim por onde passo. Eu não sei ser delicada e nem submissa como é do gosto de tantos homens. Para Alguém, melhor seria não conhecer minha face, ignorar meus sentimentos.
Quanto a mim, sigo sofrendo sozinha. Pois, afinal, que tipo de dor é sentida em conjunto?

Boa noite, meus senhores. Esqueçam de mim também.

sexta-feira, maio 26, 2006

Caramel

Pois é, meus senhores, cheguei naquele ponto crucial das minhas paixões platônicas que é encontrar a trilha sonora para o objeto do meu desejo... Na verdade, eu sempre tenho trilhas sonoras pra tudo, mas ontem eu estava ouvindo uma música que já conheço há tempos e, de repente, não mais que de repente, ela me soou totalmente diferente, como se a Susan Vega dissesse: Verônica, baby, essa vai pra você e pra o seu Alguém.
Essa música é Caramel.
Procurando pela letra dela na internet, achei nesse mesmo site do link, o seguinte comentário feito pela própria Susan: "it's a song about longing for something and wishing for something you know you really shouldn't have. Caramel is the metaphor for the thing you long for, but you shouldn't really touch."
É, meus senhores, continuo devotando muito do meu tempo a pensar em Alguém. A imaginar coisas já que a realidade me dá muito pouco material de trabalho, então eu crio, imagino, porque pra isso tenho criatividade...
Queria ter uma oportunidade de conversar mais com ele, de interagir fora de lá, daquele ambiente tão impróprio a esse tipo de assunto. Mas como eu poderia conseguir isso?
Como poderia conseguir ter uns momentos de tranquilidade com ele? Bem, talvez nem tanta tranquilidade... :> Afinal, se só o cheiro dele já me faz coisas, imagina o resto! Nossa, e como eu imagino...

Ah, ontem a noite foi ótima, ótima!
A esposa de um colega, na verdade meu melhor amigo no trabalho, conseguiu um ingresso pra eu ver "Contos de Alcova" junto com eles. Chegando lá, encontrei duas amigas do antigo trabalho e elas me disseram que havia no elenco um amigo nosso. Foi ótimo reencontrá-las e ver o espetáculo! Mas é uma peça baseada no Decameron do Bocaccio, então vocês já podem imaginar minha aflição... À saída, acabei encontrando uma outra colega do ex-trabalho e fui cumprimentar o ator, resolvemos comer pizza, mas uma teve problemas e fomos só ele, eu e a última colega que reencontrei. Nossa, ficamos comendo e conversando até quase 23h. Foi muito bom! Ri, ouvi estórias, comi pizza pra caramba, enfim, me diverti. E assim eu gostaria de ir levando a vida, até que ela resolva me levar... Putz, ficou bem Zeca Pagodinho isso, mas é verdade. Já que o Homem dos meus desejos não me pode ser concedido, pelo menos amigos e momentos felizes não podem me ser negados de quando em quando.
Poxa, essa semana foi bacana. Na terça fui ver o filminho com os meninos e ontem fui ver a peça e, o que é mais fantástico: de graça!!! Muito bom! Espero poder ter mais momentos assim. Também gostaria de poder incluir Meu Certo Alguém nisso, mas aí já fica mais complexo, eu sei... Que coisa... Não se pode ter tudo, n'est pas?
Whatever.
Enquanto há vida, há esperança e eu espero poder estar com Alguém frente à frente, olhos nos olhos um dia. E não vou mentir, meus senhores, se esse dia chegar em breve, mando tudo às favas e tasco-lhe um beijo, a despeito de todos meus pudores idiotas, do medo da rejeição, de tudo o que me acorrenta os pés ao chão. Que se foda todo esse medo! Se meus olhos estiverem fixos nos dele, e seus lábios estiverem ao alcance dos meus, hei de roubar-lhe um beijo, ainda que seja o único, ainda que dure uma fração de segundos, ainda que... ah, foda-se o medo. Basta uma oportunidade. Uma, apenas uma. Umazinha...

quinta-feira, maio 25, 2006

combustão interna e espontânea...

Sinto-me queimando
um incêndio nas entranhas
mas sinto-me bem...

E apesar de tão sentimental humor, ouvindo Sundays, escrevendo neste ônibus barulhento, pensando em Alguém e sentindo vontade de chorar, estou bem.
Extraordinário me sentir assim, contente só de pensar na forma como ele me olhou nesta tarde...
Loucura...
Eu o abracei hoje de novo e deveria ter sido só uma brincadeira, porque uma colega o abraçou dizendo que não se importava que eu abraçasse um outro colega que ela o abraçaria. Eu abracei este outro colega porque ele me trata muito carinhosamente e conhece meu irmão mais velho e me parece uma figura paterna. Aí ele me chama de Veroniquinha, e me faz sentir como se eu realmente fosse querida, de uma forma paternal mesmo. Mas quando a tal colega abraçou Meu Certo Alguém, nossa, eu olhei rapidamente e já fiquei desconcertada de tão enciumada. Não olhei duas vezes. Fiquei muito muito enciumada e sei que isso é uma loucura só porque era só uma brincadeira e, ainda que não fosse, quem sou eu na vida dele pra sentir ciúme? Enfim, assim que ela o soltou e ficou dizendo bobagens, eu me aproximei dele e o abracei e disse algo do tipo “eu abraço ele também, pode ficar com inveja”. Soou como brincadeira e as pessoas riram e fizeram mais piadinhas, mas pra mim não foi brincadeira coisa nenhuma! Eu, só eu e ninguém mais além de mim poderia abraçá-lo!
O bom da coisa, além do fato óbvio de ter podido abraçá-lo novamente, foi que vi, ainda que olhando apenas de relance, que ele não ficou lá muito confortável com o abraço dela, mas me abraçou carinhosamente quando eu o abracei. Mas, aqui estamos na encruzilhada novamente, meus senhores: não há como saber, como ter a mínima idéia do que ele realmente pensou ou sentiu diante de tão absurda situação. E isso me mata...
Mas o que eu sei é que algo mudou na forma como ele me olhou durante o resto do dia. Eu já havia percebido uma leve mudança na hora em que ele chegou e nos cumprimentamos, mas depois do segundo abraço, ele me olhou com mais freqüência, melhor dizendo, eu percebi que ele me olhou mais freqüentemente do que de costume. E eu, como bicho-do-mato que sou, quase me engasguei com o todinho que bebia no intervalo quando interceptei alguns de seus olhares pra mim. O que eu fiz? O que toda covarde faz: virei o rosto e abaixei os olhos. Meus senhores, o caso é grave, é patético!: eu não tenho forças pra sustentar meus olhos diante do olhar dele. Não sei como receber o peso de seus olhos... não sei se é um olhar de reprovação, de escárnio, de admiração, de melancolia, de desejo... Eu só sei que esse olhar tem mudado e hoje foi diferente. É claro que, na minha cabeça-de-mamão, eu vejo o olhos dele me observarem com desejo, mas entendo que isto é tão provável quanto o extremo oposto... E isso me mata...
Hoje era o dia em que eu daria a parte leste do meu reino por uma carona dele, mas ele nunca me oferece na quarta. Talvez nunca mais me ofereça com medo de ser assediado... Que pensamento horrível! Não, meus senhores, não o fato de ele achar que eu poderia assediá-lo, o fato de não desfrutar mais a sós da companhia dele. Se deixasse, claro que eu gostaria de assediá-lo! E é mais claro ainda que se ele me perguntasse, eu lhe diria com todas as letras que gosto dele... Mas acho que esse é o tipo de pergunta que as pessoas não fazem às outras, e que ele não teria motivos pra fazer à mim. Talvez seja bom eu agradecer o fato dele ainda falar comigo normalmente depois de eu tê-lo abraçado tão “do nada”... Sim, meus senhores, eu lhe diria o que sinto porque estou queimando de dentro pra fora e é uma sensação gostosa agora, mas por quanto tempo continuará sendo? Por quanto tempo eu vou conseguir vê-lo diariamente, e tratá-lo normalmente? “I’m only human and I want to be loved just like everybody else do…”
Eu compreendo perfeitamente aquilo de “I wanna hold your hand”… eu quero segurar a mão dele, quero tocá-lo a porra do tempo inteiro! Quero poder acariciá-lo, fazer carinho durante muito tempo nele, ser abraçada por ele, sumir no abraço dele, deitar naquele peito, tocar aquele corpo, cada pedaço daquele corpo, sentir os lábios dele, as mãos dele, a pele dele. Ficar com o cheiro dele impregnado em mim. Eu penso nele o tempo inteiro! Que merda!!!
Talvez um dia eu venha a segurar suas mãos e tocar muito delicadamente seu rosto e beijá-lo violentamente, apaixonadamente... um dia... talvez um dia...
Que droga, agora fiquei triste...
Gostaria que esse dia fosse hoje, agora!
Ah, meus senhores, espero que os deuses sejam mais brandos no castigo desta vez... porque eu o quero, e isso me consome tempo e energia, apesar de me deixar nessa euforia louca... Gostaria de não sofrer tanto dessa vez... Mas é que ele é tão... Ele mexe muito comigo, muito. E sei que isso começa a me atrapalhar inclusive, e talvez mais especificamente, no trabalho. Tenho medo de não conseguir segurar minha onda por muito tempo... Tenho medo de passar por uma situação constrangedora por causa de um cara que eu acho que talvez me olhe, mas que talvez nem perceba a minha existência de forma particularizada... Sofrer tanto por conta de um cara que não está nem aí pra mim, que nem sequer pretende estabelecer comigo um vínculo de amizade fraternal, que dirá de envolvimento romântico...
E eu queria tanto tanto tanto encontrar com ele sábado na festa, vê-lo fora do circo e do cerco das formalidades (ainda que mais relaxadas que em outros empregos) de lá, conversar mais com ele, rir com ele, dançar com ele. Queria vê-lo noutro contexto, e queria muito. E eu quero tanto que sei que ele não vai aparecer. E aí eu ficarei devastada, tentando fazer de conta que a festa está ótima e que simplesmente não perdeu o sentido pra mim só porque ele não foi quando quase tudo o que eu queria é que ele estivesse ali...
Ou talvez, totalmente dominada pelo medo, eu não vá a festa e resolva ficar chorando em casa abraçada ao travesseiro pra economizar o processo de engolir à seco e segurar o choro em público ao perceber que ele não vai à tal festa.
Loucura...
Eu sei que ficar pensando essas coisas é Loucura pura. Mas é que o Medo é grande... é enorme. E eu tenho muito a perder.
Ah, meus senhores, esse homem está me deixando aos pedaços, sem rumo...
Eu queria que ele se manifestasse positivamente a favor da minha causa, mas não de forma sutil porque eu não tenho paciência pra isso; tinha que ser uma explícita demonstração de afeto e algo mais. Ele poderia me mandar isso até por escrito, via e-mail, sei lá. Mas o importante mesmo é que me desse mais esperanças ou então as retirasse totalmente de mim, o que não é tarefa nem minimamente difícil. Ai, ai...

quarta-feira, maio 24, 2006

mais perto...

O dia foi cansativo, com minha usual correria pra UnB e depois pra o trabalho. A última turma me fez me arrepender amargamente, como sempre, de não ter tomado outro rumo na vida, mas sabe quando de repente, num segundo, talvez dois, a gente se sente deliciosamente ali, naquele exato lugar, naquele preciso momento?
Ah, meus senhores, minha tarde foi cansativa, mas a noite foi boa. Tudo começou MUITO bem e vocês hão de perdoar meu estado de espírito pueril e afobado, mas hoje, meus senhores, hoje eu fiz o que há muito espero: abracei Alguém. Podem rir de mim, meus senhores, mas não zombem do sentimento porque é puro. Eu quis tanto abraçá-lo em tantas ocasiões!, ou seria melhor dizer em todas as ocasiões? Mas hoje, hoje eu senti que deveria abraçá-lo, que deveria... então ele estacionou o carro em cima da calçada e eu disse tchau e percebi uma certa hesitação ou ansiedade na voz dele, sei lá, talvez fosse mesmo pura projeção do meu desejo por ele na minha imaginação me fazendo perceber coisas que simplesmente não existe, mas, enfim, o fato é que eu senti isso e resolvi que lhe daria um abraço e disse simplesmente “me dá um abraço” ou coisa que o valha e o abracei. Tentei retê-lo o quanto pude nos braços, mas foi tão breve o momento... tão curto, tão efêmero que não pôde deixar de estar comigo desde então. Eu saí do carro sorrindo e continuo com esse sorriso na boca, mas só eu sei, só eu o sinto. Só eu senti o corpo dele junto ao meu, aquele cheiro dele de homem, e eu o apertei, eu o retive... E a despeito de tudo e qualquer coisa que ele possa ter imaginado por causa desse gesto nem um pouco espontâneo (mas desse detalhe só eu sei...), eu o abracei. Eu o abracei! Mesmo com medo e com vergonha eu me virei na direção dele e me lancei em seus braços.
Achei que ele tentou me dar um beijo no rosto, mas não chegou a encostar seus lábios na minha bochecha. Uma pena! Fica pra próxima oportunidade. Sei lá se ele vai querer me dar carona outra vez na vida, mas saibam, meus senhores, valeu a pena porque eu me superei naquele momento, eu dominei tudo o que em mim conspirava contra mim mesma e eu o toquei. Finalmente. Finalmente um abraço, um carinho, uma proximidade concreta, para além das palavras.
Talvez ele até me trate de maneira totalmente diferente (negativamente) a partir de agora, por que, afinal, que sei eu de sua vida, de suas motivações? Eu nada sei. Nada. E queria saber muito... Então foi isso, apenas um abraço. Um abraço que foi dado porque algo despertou em mim e disse-se “abrace-o!” com uma voz tão imperativa, tão certeira que eu tive que abraçá-lo...

A outra coisa bacana da noite foi ter visto X-Men 3 antes da pré-estréia. Fui com meus amigos, eles me deram um convite. Foi um filme excelente e ainda mais por ter sido visto de graça! Melhor do que isso, só se tivesse sido visto com Alguém também, aí teria sido perfeito. Mas, enfim, a estória é boa, os efeitos são do caralho, o Wolverine é lindo e eu achei que foi ótimo estar ali com eles.

Ah, meus senhores, agora meu cabelo está escuro, algo entre o castanho e o acaju. Mudei de cor no domingo e, quer saber, estou em constante mudança internamente, como poderia não fazer isso externamente?!
Gostaria de, nestas poucas horas que me restam nesta linda noite, sonhar com ele, já que, na vida real, muito pouco ou quase nada acontece dele pra mim. Ai, ai...

terça-feira, maio 23, 2006

amanhã é vinte e três...

Andei fazendo coisas diferentes:
Domingo fui conhecer o Vale do Amanhecer com duas amigas e foi bacana, apesar de demorado. Na próxima vez, levo um crochê pra ficar fazendo.
Lá é bem diferente do que eu imaginava porque tem muita coisa do cristianismo e eu achei que seria uma coisa mais diferente, de qualquer forma, gostei. Passei por uma médium que me disse umas coisas que eu mesma já me disse várias e várias vezes... Também passei pela indução, ou coisa assim, não consegui entender direito o nome da sala. Gostei, eles usam a questão do toque em alguns lugares (palma da mão nas costas e pontas dos dedos na testa) e muito defumador. Eu gosto de defumadores. Acho que vou comprar um pra mim, pra fazer umas faxinas aqui em casa e depois sair defumando a casa, pra atrair bons fluidos. Gosto dos rituais.
Hoje fiz uma leitura dramática pra alguns colegas de trabalho e não consegui sequer olhar pra platéia. Minha perna tremia tanto, mas tanto que depois ficou doendo. Desde a faculdade eu não subia num palco e, desde aquela época, achei que nunca mais fosse precisar fazer isso. Mas o colega que estava me dirigindo, não sei se pra me sacanear ou de verdade verdadeira mesmo, me chamou pra ser a Lisbela numa montagem que ele vai fazer agora. É óbvio que fiquei encantada com a idéia, mas é também muito óbvio que eu não sou atriz, nunca fui. Tenho fobia de público, péssima memória e não mostro as pernas em público de forma alguma. Mas achei tão bacana ele ter me chamado!
Hoje também vi "National Treasure" com um colega lá no trabalho. Infelizmente o dvd deu umas palaas e aí não deu pra ver o final, mas eu já havia visto esse filme há tempos atrás então me lembrava mais ou menos como ele terminava. Foi bacana porque ele também fica conversando durante o filme, comenta as coisas. Eu gosto de ver filme de ação assim, falando sobre ele. Por isso detesto ir ao cinema sozinha, porque penso em coisas e não tem pra quem falar! E também não tenho como ouvir nada interessante de ninguém sobre o bendito do filme.
É, cheguei à conclusão que Alguém me desperta tanto mais interesse quanto mais carente estou e que se eu não o estivesse, nem teria tido esses olhos pra ele. Não que ele não seja digno de olhares, ele é, o lance é que eu é que não o teria sob meu olhar de desejo. Seríamos apenas colegas e pronto, nada de mais. Mas agora eu fico pensando nele, no cheiro dele, nos olhos dele... Tudo isso porque ele está "disponível", de certa forma, e isso fez com que meu interesse despertasse, mas não deveria. Ele não tá nem aí pra mim, não me dá a mínima bola. Eu deveria esquecer essa estória toda dele, esquecer que ele existe e voltar à minha vida normal, sem sal, sem Alguém, sem o cheiro dele, sem a pele dele, sem vontade de tocá-lo...eu toquei nele hoje, duas vezes... acho que ele nem mesmo percebeu. Eu o toquei com toda a intenção que um gesto assim tão simples pode conter. Mas ele nem se deu conta do meu gesto, do esforço que eu tive que fazer pra que esse gesto durasse apenas um instante, e não se prolongasse em carícias... Tão difícil ficar perto dele... Mas é necessário que haja uma distância entre nós, que haja distância pra segurança dele, porque eu tenho vontade de me jogar nos braços dele toda vez que o olho. E penso nele de forma cada vez mais dolorida porque o sentimento se cristaliza, se sedimenta neste peito frágil que é meu, mas não deveria; não deveria preocupar-se com ninguém, especialmente com um Alguém que sequer me estende a mão num cumprimento amistoso...
Eu estendo meus braços em sua direção, mas ele não vê, está olhando em outra direção, e como não seria? Ele está muito ocupado gerenciando sua vida, seus afazeres. E, se está sozinho, sendo quem ele é, não é por motivo à toa. Homens não ficam sozinhos à toa. Ele tem seus segredos e não cabe a mim perguntar. Aliás, nada me cabe nele, por triste que soe, e eu sei que é triste. Mas ele nem me vê... Eu sei que ele sabe que eu existo, ele fala comigo, ele é gentil comigo, mas talvez isso seja a pior coisa que ele poderia me fazer. Odeio gentilezas! Preferiria que ele me ignorasse por completo, pelo menos me daria um motivo qualquer pra gostar menos dele. Ele deveria parar de falar comigo e me tratar com aspereza. Mas não, não, não, não, meus senhroes, ele é gentil!
E agora eu sei que estou andando em círculos atrás do meu próprio rabo...

Eu deveria ser assexuada.

terça-feira, maio 16, 2006

a Lua e eu

caminhando do shopping pra casa, a Lua vinha me seguindo
eu parava pra olhá-la, ela parava também
às vezes se escondia atrás de uma árvore ou de um prédio tentando me despistar, mas não adiantou muito
eu podia senti-la ainda que não a visse
a Lua cheia faz coisas comigo, me tira o sossego
me deixa ansiosa, querendo uivar
atualmente, além de me deixar com as pernas querendo ir não sei pra onde, ela substitui um certo par de olhos... e me gela a barriga, me deixa zonza, aérea, rindo sozinha enquqnto caminho olhando pra imensidão da luz da Lua...
ontem, um colega me disse que talvez a lua já não esteja mais lá porque na verdade a luz que vemos agora demora um tempão pra percorrer o espaço entre lá e cá.
concordo, talvez ela não esteja mais lá, mas eu prefiro acreditar que ela está.
ai, a Lua...
daqui eu posso vê-la
e agora estou ouvindo Sade... sinto o brilho da lua tentando quebrar as vidraças e inundar tudo de glória, penso nos olhos, na boca, nas mãos, na pele de um Homem e sinto meu coração acelerando... tenho que parar de me torturar, tenho que aprender a esquecer mais do que a lembrar as coisas que não posso ter...
* suspiro *
por que não esqueço o cheiro dele?
por que não esqueço a vontade de prolongar os momentos?
por que não esqueço o nervosismo, o coração disparado, a vontade de, no meio de uma conversa qualquer, selar seus lábios nos meus?

ele é perigosíssimo e não sei se percebe ou se finge que não sabe de nada.
a ausência dele me mata um pouco a cada dia
porque estamos tão próximos e tão distantes
e eu o quero morder e beijar
porque ele me faz rir e nem imagina o estrago que produz
porque ele nunca me tocou
porque ele me sorri e olha pra o outro lado
porque conversamos, e eu com o coração na boca
porque conversamos, e ele me ignora completamente, não faz idéia de quem sou eu, esta pessoa que ele vê quase diariamente e que, no entanto, da qual nada sabe e nem quer saber
quero que ele me reconheça, tenha consciência de mim
e que ele segure minha mão
porque eu choro quando penso no dia de hoje, mais um dia tão perto e tão longe
porque ele me faz rir quando estamos próximos, ao mesmo tempo em que me deixa com o coração apertado porque estamos próximos
e porque ele me faz chorar sem nem saber que eu sou eu
porque a distância existe e insiste em se fazer presente

porque a Lua existe e ele não está aqui...

segunda-feira, maio 15, 2006

com malícia...

a própria noite suspirando em meus ouvidos
maliciosamente
beijando meu pescoço

maliciosamente
deixando-me perdida, e eu querendo me perder
na sua pele de noite
um beijo tão macio
sob um luar tão lindo
a noite linda que cobre a carne dele e brilha nos seus olhos
maliciosamente
eu queria me perder naqueles lábios
maliciosamente
e, por um instante, eu não pude respirar
não pude me mover,
num brevíssimo instante entre um gemido de lua e a eternidade de um abraço

Como um homem pode ser tão bonito?
Como um sorriso pode ser tão doloroso?

entre meus suspiros e gemidos mudos, sufocados,
eu queria uivar dentro da Noite, para A Lua, gritando
maliciosamente
a toda altura meus desejos e esperanças, me afogando
maliciosamente
na carne dele, me embriagando do seu sangue, do meu sangue...

Ele é tão doce que eu poderia beber todo o seu sangue.

sábado, maio 13, 2006

treze de maio

Bem, aqui vamos nós... mais uma vez eu estou chorando essa semana. Acho que chorei todos os dias... Confesso que estava me acostumando a não fazer isso, mas as últimas semanas não têm sido tão fáceis... O que aconteceu? Nada. Nada acontece e eu choro sem motivo ou então pelos motivos mais absurdos aparentemente. Hoje é a segunda vez que choro... A primeira vez foi vendo um balé com alunos no Clube do exército hoje a tarde. Ninguém viu nada porque as luzes estavam apagadas e, felizmente, não havia nenhum professor perto de mim, só os alunos. O balé era lindo, e chorei várias vezes. Mas não acho que foi tanto a beleza do espetáculo quanto o que ele me fez sentir que deixou chorona. Eu quis estar ali sozinha. Nada de alunos, de colegas, de pessoas estranhas ao meu redor. Eu quis estar só de fato porque eu me sentia terrivelmente sozinha de qualquer maneira. Essa solidão é a pior pra mim: estar cercada de pessoas e estar só. Me senti desmoronar e, no entanto, o espetáculo acabou e meu dia prossegui normalmente. Mas me sinto em cacos. E amanhã meu dia prosseguirá normalmente. Ainda estarei em cacos. E o domingo prosseguirá normalmente. E nada vai acontecer na “realidade” concreta deste mundo concreto que mude qualquer coisa, mas aqui por dentro, eu não sei pra onde ir, nem muito menos por que ir... Vocês conhecem, meus senhores, aquela música do Chico Buarque em que ele diz que tem a leve impressão de que já vai tarde? Pois é, é assim que me sinto, como se em todos os lugares em que estou, já devesse ter ido embora há tempos. Eu me sinto como não pertencendo a lugar algum, como alheia a tudo e a todos. Embora eu queira estar em alguns lugares com algumas pessoas, não é isso o que me tem sido dado porque tenho obrigações e horários a cumprir e deveres e tudo isso exclui minha simples vontade por mais forte que ela seja. Submeto-me ao cotidiano, mas perco-me nele de uma forma vaga e triste. Sou um borrão, uma foto tremida, sem foco.

Um amigo me ligou há alguns minutos e me pediu que fizesse um bolo surpresa pra um outro amigo que faz aniversário amanhã. Quando ele me mandou uma mensagem hoje mais cedo eu já imaginei que fosse pra isso e me senti feliz. Dificilmente ele me liga, mas eu sei que ele gosta de mim. Eu também dificilmente ligo pra ele e o amo profundamente. Dificilmente eu deixaria de fazer algo que ele me pedisse. Mas aí ele me perguntou “e como é que você está?”. Respondi um to bem tão mentiroso que saiu baixo e fraco e ele perguntou por que e eu repeti com a falta de convicção de quem não quer prolongar o assunto. Me despedi rapidamente, desliguei o telefone e comecei a chorar. Por quê? Porque eu não to nada bem e ninguém deveria me perguntar isso nunca. Nunca. Especialmente ao me ligar pra pedir um favor e oferecer outro como se eu precisasse de uma contra-partida pra fazer qualquer coisa. Ele me ofereceu uma carona pra o aniversário de uma outra amiga pr’o qual eu bem provavelmente não vá pelo mesmo motivo de sempre: falta de carona. Eu não vou ligar pra ninguém pra pedir carona. Repassei o e-mail da festa mas foi só pra que as pessoas saibam que vai ter algo bacana pra se fazer. Não tenho a menor intenção de ficar pedindo carona pra ninguém. Nem pra esse aniversário e nem pra nenhuma outra festa, já disse isso e repito. Hoje, por exemplo, tem o show do Nação Zumbi mas eu não vou. Queria muito ir, mas não vou. Chamei só minha única amiga que, como eu, não tem carro. Agora eu só chamo ela pra sair. Porque aí ela não vai poder me chamar de interesseira porque andamos de ônibus. Os outros eu informo dos eventos, não chamo mais pra nada não, especialmente se precisar de carona, aí mesmo que eu não chamo.
Então esse telefonema me caiu como uma bigorna na cabeça... Eu disse pra ele que, mesmo que ele não me oferecesse carona, eu faria o bolo, não precisava oferecer carona. Dificilmente ele me oferece carona, até mesmo porque ele não tem carro também, vai de carona com um amigo dele que, aliás, eu adoro. Mas não vou pegar carona com eles não. Fico em casa mesmo, não tem problemas. Não vou fazer o bolo pra poder estar apta a receber a carona. Sei que existe uma grande probabilidade dele nem ter visto a situação por este ângulo, mas é assim que eu vejo e é bem provável que eu esteja ficando louca com essa estória e aí eu gostaria de abrir um parênteses e agradecer às minhas “amigas” por mais este benefício de sua falsa amizade. Não, meus senhores, não tem como esquecer isso não. Não tem porque me magoou de uma forma muito profunda e eu não quero passar por isso nunca mais na vida, embora nada garanta que eu esteja livre dessa merda.
Chorei já demais essa semana. Chorei já lendo e-mails de um outro amigo que está bem longe de mim, mas está sempre comigo. Odeio chorar por tudo! Odeio!

Ontem repassei o e-mail da festa pra Alguém... e já me arrependi amargamente. Vai ver que ele também deve estar achando que só faço as coisas pra garantir caronas. Na hora de ir embora hoje, eu amarrava meu cadarço quando, ao perceber que estávamos só nós dois na sala dos professores, ele disse que não poderia me dar carona hoje porque ia a uma missa de sétimo dia. Eu disse que não havia problema, que estava indo pra UnB. Mas saí com meu rabinho entre as pernas, com vontade de me dar uns tapas porque aquela cena foi tão ridícula! Pensei em mandar um e-mail pra ele dizendo que não acho que ele me deva caronas ou explicações, mas não vou mandar não porque isso vai ser interpretado de uma forma totalmente contrária às minhas intenções. Acontece sempre assim, então chega de criar mal-estar pra mim mesma. Eu realmente acho que ele não tem a menor obrigação de me dar carona. Não é porque a gente mora perto que ele tem que fazer isso. Nós somos apenas colegas, não somos amigos. E acho que ele nem gosta muito da minha companhia e isso é normal, ninguém agrada a gregos e baianos. Não, eu não vou ficar mortificada se ele não me oferecer carona nunca mais. Vou me sentir triste porque eu realmente gosto da companhia dele. Gostaria de estar com ele no grande circular lotado também. Gosto da voz dele e de conversar com ele, só isso. Mas isso eu também não posso falar. Aliás, isso é o que eu menos posso falar. Tenho certeza de que se eu mandasse um e-mail falando pra ele da não-necessidade de me dar caronas, ele interpretaria isso como orgulho ferido, arrogância ou qualquer merda do gênero porque eu não consigo demonstrar meus sentimentos da forma mais agradável e, de novo, recorro a uma outra música porque acho que tenho um jeito muito estúpido de ser... Então insistir no erro pra quê? Eu estou sempre me precipitando com relação aos homens e já passei da hora de parar com isso. Não farei nada mais com Alguém porque nem eu posso ser assim tão masoquista e inconseqüente.

Sabe, antes eu ia pras festas pra dançar, mas tinha uma certa esperança de conhecer alguém legal. Agora eu quase não saio e quando o faço é só pra dançar mesmo, até as esperanças acabaram. É que fica difícil lutar contra as provas, contra o empírico... eu não conheci nenhum cara que valesse a pena em nenhuma festa. Amigos de amigos não contam porque não contam, são só pra dar dois ou três beijinhos no rosto, virar e continuar dançando. Os outros com quem fiquei não deram em nada. Sim, tem alguns que cumprimento até hoje e até acho que são legais, mas é isso, não deu em nada, nada de telefonemas no dia seguinte, de expectativas. Nada de nada. E agora eu não consigo mais conviver com a idéia de beijar alguém e essa pessoa não ter um significado na minha vida além de cumprir com o papel de boca-da-noite. Já tive essa fase e a aproveitei enquanto ela fazia sentido, agora já não faz mais e isso me dá ainda mais motivos pra me sentir triste porque o desejo existe, a libido existe, mas o medo do sofrimento e do vazio são maiores do que qualquer desejo.
Tenho sentido vontade de me afastar dos meus amigos também. É como se eu pudesse quebrar tudo o que toco, então é melhor me distanciar. Estou lutando escrotamente contra isso, contra mim e minhas loucuras, mas é muito foda e Às vezes eu simplesmente não dou conta. Ah, meus senhores, eu me esforço por continuar a vida normalmente com todas as minhas forças todos os dias e isso inclui desde acordar até escrever aqui, tudo pra manter a cabeça voltada pra “realidade”, tudo pra não ser arrastada pela minha Fraqueza.
Mas sabe que imagem me vem à cabeça quando penso em mim mesma? Uma floresta desmatada, uma imensidão de tocos cerrados com um céu cinza de fundo.
Eu não deveria ter mandado a porra do e-mail. Emiti sinais demais, me expus demais a troco de nada. Que merda. Não posso fazer isso comigo mesma. Não posso dar mais deixas ainda pra vida me sacanear. Que merda.

quinta-feira, maio 11, 2006

doze de maio

Ontem eu conheci a namorada de um amigo meu, daquele que eu gosto de encontrar porque me abraça. Realmente ele não mentiu, ela é um mimo. Achei bacana mesmo a menina porque eu gosto muito dele e ficaria meio preocupada se ele também estivesse carregando uma mala-sem-alças... Acontece freqüêntemente isso de um amigo ou amiga ter uma namorada ou namorado que é um chute no saco! Fiquei feliz por ele e por ela.
Antes da aula, ele foi comigo comprar pão-de-mel porque, afinal, alguma coisa tem que ter um gosto bom naquela aula, e ele só anda comigo abraçado a mim, então perguntei se ela não sentia ciúme dele, e ele disse que não podia porque senão seria uma coisa mútua já que ela também tem muita gente em cima dela. Achei uma atitude bacana, mas eu jamais conseguiria fazer isso... Lembrei da conversa de terça com um leitor assíduo, na qual ele me disse que eu tinha "cortes" talvez em excesso pra escolher entre os homens. É, leitor, talvez eu tenha mesmo... Talvez eu realmente escolha demais, ponha prerrogativas demais. Bem, com certeza alguma coisa eu estou fazendo de errado, não que isto queira dizer que a culpa seja toda minha, não é isso, os homens também têm sua parcela de culpa. Mas algo está errado e preciso começar a ter uma idéia do que é pra poder tentar corrigir. Entrei neste assunto porque eu realmente não consigo me ver ao lado de uma figura pop, especialmente do modelo desse meu amigo, que além de pop ainda adora o contato com o povo, então beija e abraça calorosamente todo mundo, quer dizer, todo mundo do sexo feminino... Ele gosta realmente da namorada e faz questão de dizer sempre isso, o que acho bastante positivo, mas eu não gostaria de ter um namorado tão carinhoso assim com as outras mulheres, e este é um corte bem específico. Nisso daí eu sei que preciso melhorar, no meu ciúme, na minha possessividade e na espectativa de que o cara não seja nem ciumento nem possessivo em excesso... Ai, ai, ai... que coisa complexa.

Estou com a impressão de que nada do que eu digo faz sentido...

Ontem passei boa parte do dia sendo atormentada pela minha consciência, ou melhor, pelo meu senso de ridículo... É que eu estava me sentindo absurdamente ridícula, secando Alguém, tentando participar sutilmente das mesmas conversas que ele, e quanto mais eu dizia pra mim mesma "pára com isto, sua louca!", mas eu fazia... Ah, que horror... Foi um verdadeiro show dos horrores, estrelando... eu... afff... Por que as coisas não podem ser mais fáceis? Por que quando a gente gosta de alguém a gente não pode simplesmente ir lá e dizer "olha, eu gosto de você", e ficar tudo bem? Por que as pessoas têm que se sentir invadidas, assustadas, ameaçadas, pressionadas ou sei lá mais o que, só porque alguém diz que gosta delas?
Eu queria poder dizer isso a Alguém. Porra, eu não quero casar e ter filhinhos com ele (nem com ninguém), não sei nem se quero namorar ou ter qualquer envolvimento com ele, eu só queria mesmo era chegar lá e dizer que gosto dele e que queria ficar perto dele mais um pouco, ir conhecendo-o, sei lá. E aí sim, depois de conhecido, dar uns pegas pra conferir a química :>
Mas eu mesma não faço idéia do que faria se alguém usasse de tanta franqueza comigo. Eu sou sempre sincera, honesta, com as pessoas, mas dificilmente as pessoas fazem isso comigo, então fica uma coisa sempre inusitada quando "desconhecidos" resolvem ser francos comigo.

Comprei meias pra usar com chinelo hoje. Ela são como luvas, só que pr'os pés. Achei-as um mimo e não resisti! E é assim que meu salário vai sendo consumido, reduzido à quase nada praticamente após entrar na minha conta... mas, enfim...

Um amigo acabou de me escrever falando pra eu trocar de óculos e mudar o corte de cabelo. Não que eu tenha perguntado qualquer coisa a respeito disso pra ele, mas, enfim, vou guardar esta informação e depois vejo o que faço com ela. Talvez eu até siga o conselho dele e o do amigo de terça, sei lá. Talvez eu nunca mais pense a respeito de nenhuma das duas conversas. Agora não é momento pra isso, depois eu resolvo ou ignoro, sei lá.

Estava me sentindo ontem a pessoa mais imbecil desta galáxia... Porque eu já deveria ter deixado Alguém pra lá porque ele está obviamente totalmente desinteressado em mim. Mas não, eu continuo querendo me aproximar... que triste isso.
Pelo menos hoje eu não pedi carona, ele me deu por livre e espontânea vontade. Acho que faleu demais no carro. Acho que eu não deveria nem ter aceitado a bendita carona e nem ter puxado assunto algum, mas é foda arranjar o que fazer pra não ficar olhando pra ele com cara de cachorro vendo frango rodar em padaria...
Preciso ir diminuindo as tentativas aos poucos, e não radicalmente porque senão aí eu vou começar a importuná-los de verdade...

Vai procurar coisa mais importante pra fazer na vida, Verônica!

terça-feira, maio 09, 2006

oirartnoc oa

Prezados senhores, venho por meio deste informá-los que sou alguém com sérios problemas de volubilidade...
Ah, meus senhores, não me joguem à cara algumas promessas frágeis que fiz relacionadas a não fazer determinadas coisas com um certo Alguém, como pegar carona... Pois é, eu acabei por trocar a carona que já havia aceitado e perguntei ao meu alvo se por acaso ele não viria por estas bandas. Eu faço tudo ao contrário do que deveria! Sou péssima... péssima comigo mesma, com minhas resoluções a meu próprio respeito...
Porq eu eu precisava dessa carona? Simples: pra poder estar perto dele, conversar mais um pouco com ele, saber um pouquinho mais sobre sua vida. Tentei fazer perguntas mais pessoais hoje e, trânsito maldito!, foi tão rápido que ele nem pôde me contar muitas coisas. Sim, eu fiz um percurso que não precisava só pra desfrutar da companhia dele. Eu deveria ter ido direto à casa de minha irmã, mas não, fiz uma volta e peguei o ônibus pra ir até lá, tudo por alguns minutos de conversa descompromissada... Que idiota!
Mas o que mais eu poderia fazer?!
É claro que há muitas coisas que podem ser feitas, meus senhores, ainda que nãod esejemos fazer nenhuma delas, opções sempre há. Reformulando então: eu optei pela cara-de-pau e por todas as conseqüências negativas que poderiam vir disso e perguntei se ele não passaria por aqui, eu pedi carona e ainda dei o motivo mais esfarrapado possível por ter me desfeito da outra carona que eu já havia aceitado antes. Foi tudo tão bobo que acho que ninguém veria algo assim tão óbvio... Quer dizer, espero que as pessoas ali presentes não tenham conseguido perceber o óvio e ululante motivo pelo qual declinei uma pra aceitar outra carona.
não consegui imaginar mais nada que pudesse me proporcionar uns minutinhos a mais com ele, ouvindo a voz dele, sentindo o cheiro dele, podendo estar ali tão próxima dos olhos dele, ainda que longe do seu olhar. Mas, que me importa, eu pude fruir todo aquele momento, apreciá-lo, saboreá-lo. Se pra ele foi inóquo, ok. Pra mim não foi. E se eu é que gosto dele, eu sou a interessada, é óvio que eu é que deveria ter sentido o peso do momento muito mais fortemente.
Engraçado como uma simples carona pode ser tantas coisas e não ser mais do que uma simples carona... me lembrou da música "a kiss is just a kiss...". Mas não, deixa esse pensamento em beijos pra lá. Que se percam tais pensamentos bem antes de me cruzarem o caminho porque é cruel demais pensar em beijos que não serão dados, que não existirão. Os beijos deveriam existir, e serem como flores que se pode simplesmente colher, mas essa não é a natureza deles e isso dói de uma forma tão singular que é melhor calar. todos os beijos não dados deveriam calar-se.
Calo-me pois, mas apenas por esta noite.
Calo-me agora pra deixar a boca dos meus sonhos falar alto.
E pretendo fazer com que meus sonhos franzinos alcem vôo, sobrevoem a vida do possível, do tédio, das frustrações medíocres e toquem as maravilhas, a fantasia, o inesperado.
Durmo com ele, acalanto-o nos meus braços de sonho, adormeço nos braços dele no sonho que é meu e apenas meu.
Um sonho meu onde ele é meu e de ninguém mais.
Possessiva... bem, pelo menos no sonho eu poderia me dar ao luxo, não?

possibly maybe...

"...as much as I definitely enjoy solitude
I wouldn't mind perhaps
spending little time with you
sometimes
sometimes
possibly maybe probably love
uncertainly excites me
baby, who knows what's going to happen?
lottery or car crash
or you'll join a cult
probably maybe..."

Descobri hoje que ele me dá vontade de ouvir Björk e abraçar meu travesseiro, na falta do abraço dele próprio...
Descobri também, com bem menos alegria, que perdi dois quilos. Agora peso pouco mais de cinquenta quilos e isso me deixa muito preocupada porque a sensação de que em breve acabo sumindo fica mais forte. Agora não é só coisa da minha cabeçona de mamão, a balança confirmou. Sim, meus senhores, talvez eu acabe me ruminando e suma, engolida de dentro pra fora pela voracidade das minhas inquietações.
A última descoberta do dia: não importa o que eu faça, o 115.1 nunca vai passar quando eu precisar dele, especialmente de noite, mais precisamente depois das 22h. Ele quer que eu espere muito pra chegar em casa por volta da meia-noite. O 115.1 e todos os demais ônibus me odeiam e querem me ver penar nos pontos de ônibus, de noite, sozinha, com fome e frio correndo de muitos lobos mais famintos que eu. Ok, essa última parte foi drama meu, eram só uns dois, não mais que três lobos...

Meus senhores, o que fazer quando alguém olha pra gente e nos desconcerta ao ponto de não podermos olhar ou falar direito com essa pessoa?
Pensamento maluco que me veio depois de vê-lo hoje: eu quis fazer um bolo pra ele! Quer dizer, pensei que deveria fazer um bolo e levar um pedaço pra ele. Meus deuses, estou regredindo à quinta série quando eu dividia meu lanche com meu vizinho-grande-amor-da-infância e achava que assim ele saberia que gosto dele. Por que eu não posso progredir como as pessoas normais? Anh, ok, não me digam que é porque eu sou anormal, meus senhores, porque esse é o tipo da coisa que uma pessoa fragilizada como eu não quer ouvir de ninguém, muito menos de vós.
Por que eu não pude simplesmente elogiar o corte de cabelo dele?
Por que eu não iniciei uma conversa nos poucos momentos em que tive a oportunidade?
Por que eu sou sempre evasiva e não olho nos olhos?
Ah, meus senhores, quem entende as mulheres?! Quem entende os homens?!

Não, não, não! Meus senhores, chega de meter os pés pelas mãos! Minhas vivências me levaram a evitar confrontos, não sei se por medo ou prudência. Eu não quero mais correr atrás de confusão não, chega! Eu não quero mais mover um dedo se for pra esses fins! Nem pensar, chega! A V 0.6 não vai fazer mais essas coisas não. Nem que seja por puro medo. Foda-se! Cansei de me sabotar, e toda vez que eu faço alguma coisa pra me aproximar de alguém eu me complico toda.
O medo é um professor muito eloqüente.
E eu não vou fazer porra de bolo coisíssima nenhuma. Nada de demonstrar afeição. Tenho mais é que ficar na minha porque isso não vai dar em nada mesmo e, na verdade, tanto melhor se não der em nada ao invés de dar em merda.
Tenho certeza que vou me estrepar se fizer alguma coisa, se der a entender qualquer coisa.

mas o que eu queria...
queria que quando sua mão me alcançasse,
eu fosse suave
e pudesse ser agradável aos seus olhos e ouvidos
e que eu fosse como uma mousse na sua boca
queria estar sob seus cuidados
e, no entanto,
está cego e surdo para mim
e, não me vendo, me desconhecendo, como poderia querer-me?
como poderia bem-querer-me?

corro sempre atrás do meu próprio rabo...

queria mesmo era poder me jogar nos seus braços
roçar essa pele de homem, agarrar esses cabelos de homem
porque você é homem no porte e até na meninice
um homem que não me é possível
que não me é dado conhecer
eu, mulher impossível, inviável, melancólica e besta
uma verdadeira cabeça-de-mamão...

como fechar os olhos e sonhar com este disparate?
sim, porque nós dois juntos é um disparate
o que tem a ver você junto de mim?
eu sou legal, beleza, mas desde quando isso é o bastante?
você é legal, eu sei, mas e o resto? cadê as outras coisas?
eu só sei que é fácil fácil me deixar levar pelas impossibilidades porque isso é Romântico, é Trágico, e eu adoro isso.
difícil é olhar pra você e me manter na mais profunda normalidade, como se o seu sorriso não me afetasse
como se eu não esperasse pela sua entrada na sala
como se eu não me esforçasse pra falar com outras pessoas quando, na verdade, era só a sua voz que eu desejava ouvir
porque nos conhcemos tão pouco... e eu queria conhecê-lo mais e mais
e, não sendo verdadeira a recíproca, sinto uma inutilidade enorme nos meus gestos, nas minhas palavras...

ah, meus senhores, encerro por aqui porque já sinto meus olhos úmidos e a voz, embora presa na garganta, pesada, embargada.

quinta-feira, maio 04, 2006

assédio

Putz, ainda acabo sendo processada por assédio sexual...
V: _ Quantos anos você tem?
Alguém: _ 36... tô velho, né?
V: _ Tá nada! _ mas queria ter dito "tá no ponto, Alguém!, do jeitinho que o diabo gossssta!"
Sei lá porque perguntei a idade dele além da óbvia curiosidade. Ah, se ele soubesse quantas coisinhas passaram na minha cabeça-playground-do-demo...
Enfim, continuo carente... Que triste... Desse jeito acabo falando alguma bobagem pra Alguém. O ruim é que as brincadeirinhas podem acabar tendo muito mais de verdades engraçadinhas do que qualquer outra coisa...

Acho que encontrei o cara certo pra mim: mais ocupado e cansado que eu! Fabuloso! Mas é claro, meus senhores, que ele não sabe e nem nunca vai saber disso! A ignorância é uma benção pra algumas pessoas. E ele deve ignorar que eu o acho fabuloso. Homens nunca deveriam saber quando são cortejados assim tão platonicamente. Homens não sabem ter admiradoras secretas. E eu gosto mesmo é de apreciar a paisagem, gosto de contemplar. Percebi que gosto de olhar pra ele, ele tem umas expressões engraçadas e nem percebe. A Beleza é realmente uma coisa tão peculiar! Isso não é realmente divino, meus senhores? Saber da existência hoje de algo cuja Beleza ignorávamos até ontem?
Não me precipitarei desta vez. Não farei nada que possa me complicar. Chega de auto-sabotagem! Este é o ano da Nova Verônica, daquela que resiste aos comichões da precipitação e deixa as coisas fluirem. Tudo Flui, pois não? Sim, Tudo Flui. E vai de maneira tão imprevisível que torna a vida suportável e até bonita às vezes.
Eu não preciso me fazer notar porque isso é tão inútil quanto frustrante. O que eu preciso é continuar anônima como o conjunto indistinto de árvores que circundam as quadras e que você sabe que existe mas não se pergunta nem como e nem por quê. Você não pára e olha pra elas, no máximo dá graças quando passa por uma sombra. Quem pára pra olhar as árvores? Eu não...

Maldito Alface!

Meu único amigo no departamento é o cara mais carinhoso que eu já conheci. Ele é um mimo e é assim com todo mundo que conhece. Acho isso fantástico! Nunca consegui ser assim, expressar meus sentimentos com tamanha naturalidade e extroversão. Lembro do dia em que ele me disse que me amava “de graça”, sem eu precisar fazer nada. Foi no bandeijão, durante um de nossos jantares. Ele simplesmente virou pra mim e disse isso rindo. Eu nunca nem falei isso pra maioria das pessoas que eu amo há muitos anos, minha família, minhas amigas e meus amigos... Queria poder fazer isso, gostar de alguém e dizer assim, na lata, sem firulas e sem rodeios. Talvez um dia eu consiga.
Não, meus senhores, nem pensem que há algo entre nós além de amizade. Ele é carinhoso e faz questão de demonstrar quando gosta de alguém. Só isso. Só isso mesmo. E eu acho ótimo. Pelo menos tenho alguém pra abraçar todas as vezes em que encontro. Não dá pra fazer isso com o pessoal do trabalho, por exemplo, e tem muita gente lá que eu gosto, apesar de conhecer há pouco tempo. Eu gostaria de poder chegar lá e abraçar todas as pessoas das quais eu gosto. Não consigo, fico achando sempre que serei mal interpretada e, além do mais, nunca vejo ninguém lá se abraçando quando se vê. Talvez as pessoas achem que, por se verem diariamente, não precisem desse gesto. Bem, eu preciso. E por isso fico feliz em encontrar meu amigo que vai me abraçar carinhosamente todas as vezes em que nos virmos. É claro que acontece o mesmo com todos os meus amigos e com as amigas também, mas ele eu encontro três vezes por semana na bendita da aula do último horário.
Hoje também encontrei com o leitor (talvez ele leia isso algum dia...). Ele me disse que foi aceito no mestrado. Acho que ele já havia me comentado isso antes, mas minha memória meia-boca não me permite afirmar nada. De qualquer forma, fiquei feliz por ele, não tivesse, não o teria parabenizado. Este é um mérito que deve ser reconhecido. Espero que ele aproveite bem tudo o que esta experiência lhe forneça, tanto as partes boas quanto as ruins: tudo é aprendizado nessa vida, pois não?
Continuo achando que ele ficaria melhor sem o perfume de tabaco.
Só não entendi porque ele fez questão de não me apresentar o amigo apesar de ter permanecido tempo o bastante pra cumprimentar um dos meus amigos que ele já conhece e um outro que lhe apresentei naquele momento. Não pude deixar de pensar se isso ainda era um resquício de seu velho hábito de – SIMBOLICAMENTE – urinar em torno de mim pra delimitar território. Engraçado como um “lapso” pode indicar vários caminhos de interpretação, todos eles nada simpáticos...
Voltei pra casa pensando sobre essa questão de como o meio acadêmico tanto pode fazer com que nossa mente se dilate, nossos horizontes abram-se em todas as direções possíveis, quanto pode nos fazer pular num assunto limitado e nele permanecer como se fosse uma ilhazinha de segurança e arrogância, achando que se pode filtrar todo o Mundo por este pequeno conhecimento específico e limitado. Pensar nesses acadêmicos que se acham auto-suficientes porque sabem muito sobre um assunto me faz lembrar do Pequeno Príncipe reinando seu planetinha e achando que sua rosa era a única rosa. A diferença é que o pequenino foi conhecer o que havia por aí, cheio de boas intenções, e não foi sem amor à sua rosa que se deixou conhecer outras rosas, conheceu até raposas!
Ah, sei lá, essa metáforas estão ficando cada vez piores. Bem, mas se alguma aspirante a Miss ler isso, vai reconhecer alguma coisa... Estou com uma vontade louca hoje de ofender alguém, nem que seja uma categoria tão ridícula quanto a das misses. Pra que serve uma miss universo, por exemplo? Pra que serve uma rainha da primavera e coisas assim, senão pra fazer com que as outras candidatas a odeiem? Meus senhores, é claro que eu entendo que algumas coisas nesta vida não têm outra finalidade a não ser a fruição, eu passei anos suficientes num curso de Artes pra saber isso. Mas entendo que há coisas que deveriam ser banidas por representarem apenas um lixo da indústria cultural. Eu acabaria com todo e qualquer concurso de beleza. Quanto às mães das misses, essas seriam obrigadas a pular da prancha antes das filhas. Quanto às filhas, todas deveriam pular tendo amarrado ao corpo o equivalente ao seu peso em chumbo, acrescido de um exemplar do Pequeno Príncipe e com a frase “salvar o mundo” ou qualquer baboseira dessas que elas dizem da boca pra fora tatuadas na testa.
Os organizadores desses concursos de merda seriam enforcados e decapitados pra que suas cabeças fossem expostas na entrada de grandes cidades.
Silicone flutua?
O que eu acho é que a beleza feminina deveria ser incentivada por ser natural, ou seja, às mulheres belas são as normais, não as que passam mais tempo nas academias e consultórios de cirurgias estéticas do que vendo um filme, lendo um livro ou fazendo qualquer coisa menos inútil. É, estou me sentindo radical hoje. Meus senhores, o fato de eu tingir os cabelos, dentre outras coisas, não me foi esquecido. Mas, enfim, estou à quilômetros do padrão de beleza. Mas conheço tantas mulheres bonitas que são postas de lado por serem pessoas normais, por terem defeitos como todo mundo normal. Por pesarem mais de 50kg e terem menos de 1,75m. Esse padrão de beleza de hoje em dia é desumano e absurdo. Só uma meia dúzia de esquálidas anoréxicas e/ou bulímicas consegue participar dele. Abaixo a ditadura do alface!!!
Sabe, eu tenho quase 30 anos.
Vocês sabiam, meus senhores, que eu tenho quase trinta anos?

Não prestem atenção no que digo, meus senhores... não me levem à sério, me levem pra tomar um sorvete... (isso é o mais descarado plágio, mas eu não consigo lembrar de onde tirei essa frase...)

Talvez hoje eu tenha me superado no quesito idiotices por linha, mas, enfim, eu escrevo o que me pop up na cabeça e lê quem quer...
Boa noite, meus senhores. E que os deuses me livrem de mais pesadelos nesta noite.

segunda-feira, maio 01, 2006

primeiro de maio no playground do Demo...

Eu estou aqui na frente deste computador há mais ou menos duas horas, enrolando. Fiz uma pausa pra o almoço que acabou se estendendo... Eu deveria estar costurando agora. Preciso fazer umas bolsas. Mas bateu uma preguiça enorme. Hoje eu até que já fiz bastante coisas, fui devolver a câmera digital que esteve comigo neste final de semana, fiz faxina (só falta terminar o banheiro), lavei louça, lavei roupa, cortei a bolsa que devo entregar amanhã. Pensei em ir ao cinema ver algum filme bobo de ação, mas desisti. Aliás, coisa muito comum isso de desistir de sair. Uma amiga me ligou ontem a noite chamando pra sair. Era tarde e eu estava acordada costurando. Estava de pijama e sonolenta. Não, não iria me animar pra sair pra lugar nenhum. Gostei muito dela ter me ligado. Faz séculos que ninguém me liga assim depois de meia-noite me chamando pra sair. Talvez porque eu quase não saia mais de casa, talvez porque as pessoas têm outras coisas a fazer do que ficar me ligando. Sei lá.
Sei que ontem, quando voltava da casa do meu pai, pensei seriamente em me mudar pra uma satélite e pagar menos aluguel. Nessa latura do campeonato, que diferença poderia me fazer morar aqui no Plano? Eu tenho que pegar ônibus pra todo e qualquer lugar mais longe que o Brasília shopping mesmo... Pra voltar da UnB às 22h30 é punk pra qualquer pessoa que dependa de ônibus...
Considerarei ir pra uma satélite quando eu me formar, porque trabalhando e estudando no Plano fica ruim morar mais longe do que já moro. Eu quase não saio mais mesmo, só fico em casa e a minha está ficando cada vez menor. Talvez eu devesse alugar um apartamento maior numa satélite ee aí pagaria até menos do que pago. Sei lá, Taguatinga Centro, algum lugar relativamente próximo do metrô. Sei lá.
Só vejo minha família aos domingos e mesmo assim por enquanto. Assim que meu pai estiver bom mesmo, eu não vou ficar aparecendo lá com tanta frequência. Gosto de ficar domingo em casa e tenho muito o que fazer.
Meus amigos quase não vêm à minha casa e acho que isso é até culpa minha, mas não sei o que fazer a respeito. Será que eu tenho que ficar convidando todo mundo o tempo inteiro? Eu achei que minha casa ficava sempre de portas abertas, mas acho que só mesmo M* sabe disso, só ela que me liga e diz: "você vai ficar hoje em casa? vou passar aí então." Ou então ela diz que está pensando em dormir aqui. Sei lá, achei que era assim que as coisas funcionavam com os amigos. Mas estou aprendendo muito a respeito das amizades nos últimos tempos. Muito.
Não preciso nem considerar o fator "distância da casa do namorado" porque, enfim, não tenho namorado, nem paquera, nem nada. E se eu for esperar por isso pra decidir onde morar, vou mofar aqui...
Esssa questão habitacional consegue ser muito estressante.

Bateu uma tristeza imensa de pensar que amanhã eu terei que sair de casa... tenho aula de manhã e tenho que trabalhar de tarde. É, isso me dói por antecedência. Preferiria ficar em casa. Ainda mais agora que ela está limpinha.
É, não dá pra ficar enrolando mais não: o banheiro me espera... Banheiros deveriam ser auto-limpantes, assim como as cozinhas. Tarefas domésticas são uma porcaria! Eu as odeio! Odeio lavar louça! Odeio tirar pó. Odeio varrer, passar pano, arrumar armários, limpar a geladeira, esfregar as louças do banheiro... ODEIO!!!
Mas, enfim, p-elo menos limpando banheiro eu tenho menos tempo pra pensar em bobagens...